quinta-feira, 14 de junho de 2012
O Seu Jornal - 14/06/2012 - Quinta-feira
Dr. Antônio Carlos Ignachitti Gomes(1956-2005)
Sem fins comerciais, para ser livre
Visconde do Rio Branco - Minas Gerais - Brasil - 14/06/2012 - Quinta-feira
IMAGENS
Parte alta da Praça 28 de Setembro. Fórum. Imagem: Isah Baptista
Centro Industrial - Colônia. Fórum. Imagem: Isah Baptista
Praça 28 de Setembro. Coreto. . Imagem: Isah Baptista
Prédio construído no Jardim na década de 50(Séc.XX) para o primeiro Terminal Rodoviário. Imagem: Isah Baptista
Vista aérea do Centro da cidade. Destaque: Praça Tiradentes.Imagem: Isah Baptista
Esquina de Rua do Divino com Rua Nova. Imagem: Isah Baptista
Esquina do Pecado. Semáforo. Imagem: Isah Baptista
Estação Ferroviária - Plataforma. Imagem: Isah Baptista
Hospital São João Batista. Imagem: Isah Baptista
Vista aérea do Centro. Destaque: Rua Voluntários da Pátria. Imagem: Isah Baptista
Matriz de São Sebastião - Barreiro. Imagem: Isah Baptista
Praça 28 de Setembro. Prédios da Farmácia América, da Papelaria Império, do Acácio Mota e do Aero Clube. Imagem: Isah Baptista
Praça 28 de Setembro. Caos no trânsito e estacionamento congestionado. Imagem: Isah Baptista
Praça 28 de Setembro. Prédios antigos e novos. Imagem: Isah Baptista
Rua Cel. Geraldo. Estacionamento congestionado. Imagem: Isah Baptista
Rua Nova - Av. Dr. Carlos Soares, única rua plana e reta a ligar o Centro à periferia. Imagem: Isah Baptista
Terminal Rodoviário, construído no início dos anos 90(Sec. XX). Imagem: Isah Baptista
Rua Teófilo Otôni - antigo Barreirinho. Imagem: Isah Baptista
Ladeira José Soares da Costa - Morro da Forca -,seguida pela Rua Teófilo Otôni. Imagem: Isah Baptista
Coreto antigo. Imagem: Danton Ferreira.
Coreto antigo e o atual. Imagem: Danton Ferreira
Descentralização das atividades em Visconde do Rio Branco
14/06/2012 - Quinta-feira
A construção do novo Fórum na Avenida Theophille Dubreil, bem em
frente ao antigo acesso do Engenho
Central, vem abrir caminho para a descentralização que se faz necessária na
cidade há muito tempo, para os serviços públicos e demais atividades de grande
porte. A única dúvida é saber se a obra está a salvo de enchentes da envergadura
da última, que atingiu aquela avenida e destruiu a ponte da Barra dos Coutos. O
piso onde os seus alicerces estão plantados fica entre o Rio Xopotó(Chopotó) e
a estrada de ferro, abaixo do nível atingido pelas águas.
Av. Theophille Dubreil - Rua dos Pedro. Imagem: www.asminasgerais.com.br
O raio de um quilômetro em torno do jardim da Praça 28 de
Setembro ficou pequeno para o trânsito e estacionamento. As idas e vindas da
periferia de um lado para outro, forçosamente se congestionam nas poucas opções
de tráfego na passagem pelo Centro. E quem
tem problemas a resolver nas instituições de saúde, repartições públicas,
agências bancárias ou casas comerciais tem que gastar muita gasolina e perder
tempo até encontrar um local para estacionar.
Praça 28 de Setembro, início do Ponto de Táxi. Imagem: Isah Baptista
Os estacionamentos rotativos amenizaram o problema durante algum
tempo. Mas vai chegando a um ponto em que, mesmo pagando por uma vaga por tempo
determinado, as oportunidades se afunilam.
Os
idealizadores do Hospital São João Batista tiveram visão muito além de seu
tempo, quando no longínquo 1910, começaram a construí-lo a um quilômetro e meio
da Praça 28 de Setembro, cujo jardim havia sido inaugurado há praticamente um
ano(17 de outubro de 1909, com no nome de
“Parque Municipal Peixoto Filho”, conforme crônica do Professor Sylvio Passos).
Visita do Presidente Antônio Carlos. Imagem: Irma de Paula
Visita do Presidente Antônio Carlos. Imagem: Irma de Paula
O Professor Sylvio passos conta que “os ideais da
construção de um hospital vinham desde o Império”. E que, já no Regime
Republicano “ocorreu um surto de febre amarela na
cidade, que veio, naturalmente, despertar no povo a necessidade de cuidar, mais
seriamente, da profilaxia, do tratamento de doentes, da higiene e de outros
problemas da vida comunal”.
E que
“Tendo, o Dr. Joaquim Correia Dias, prestado relevantes serviços de assistência às vítimas daquela epidemia, em 1896, foi agraciado, pelos poderes públicos, com um prêmio de oito contos de réis - quantia essa bem vultosa na época – a qual ele doou integralmente ao futuro Hospital de Rio Branco”.
E que
“Tendo, o Dr. Joaquim Correia Dias, prestado relevantes serviços de assistência às vítimas daquela epidemia, em 1896, foi agraciado, pelos poderes públicos, com um prêmio de oito contos de réis - quantia essa bem vultosa na época – a qual ele doou integralmente ao futuro Hospital de Rio Branco”.
Essa informação deixa a dúvida se o Hospital teria
sido construído longe do centro da cidade por visão de futuro, ou para proteger
a população contra a picada do mosquito Aedes
aegypti, o mesmo que transmite a dengue, e que transmitia a febre de primatas para
humanos ainda não vacinados e, quem sabe, de enfermos para pessoas sãs.
Para a população
urbana de uma época de Brasil essencialmente agrícola, o Hospital estava muito distante
do centro. Com o tempo as unidades de saúde, o comércio, bancos, escolas e as
repartições públicas foram se instalando naquele miolo, próximo à Igreja Matriz
e à Estação da Leopoldina. As saídas para
os cantos da cidade(subúrbios) eram de chão batido. Durante as chuvas, os
morros de acesso ao “Largo” se tornavam literais barreiras para os carros de
boi e pedestres. Do lado da Rua Santo
Antônio havia a subida da Rua Voluntários da Pátria, por muito tempo chamada de
Quebra.
Para a Piedade e Chácara havia o Musungu e o morro do Rosário.
Para a Barra dos Coutos o obstáculo era o Morro do Hospital. Para o Barreiro de
Trás, o Morro da Forca era um verdadeiro topete; mesmo a pé era pesado de
subir. Somente a Rua Nova – Av. Dr. Carlos Soares – oferecia uma reta praticamente
plana para ao seu final, que já era subúrbio.
Desse final, durante muito tempo chamado de Manoel Craveiro, uma ligeira
subida em curva dava acesso ao Filipinho.
Av. Dr. Carlos Soares - Rua Nova - trecho próximo à Av. Governador Valadares. Imagem: Isah Batista
Como o Barreiro de
Trás, havia o Barreirinho, atualmente Rua Téofilo Otôni, uma ligeira subida
para os carros de boi levarem cana à Usina São João(Bouchardet). Em todos esses morros, os animais sofriam as
ferroadas das aguilhadas dos carreiros e candieiros.
Desse tempo em
que menos de 10% da população vivia na cidade(Zona Urbana), as transformações
sócio-econômicas inverteram os percentuais. Hoje Visconde do Rio Branco tem
mais de 80% de habitantes na Zona Urbana.
A roça ficou vazia, com baixa densidade demográfica.
A paciência dos carreiros de boi cedeu lugar à velocidade e à
impaciência dos motoristas. Acabaram-se as cocheiras para charretes e cavalos. As ruas são poucas e estreitas. Há prédios de
valor histórico sendo demolidos para se transformar em estacionamentos de
veículos motorizados, em plena Praça 28 de Setembro.
O primeiro Terminal Rodoviário foi construído na lateral do
jardim, nos anos 50 do Século passado. O bairrismo de nossos políticos
considerou-o “a melhor Rodoviária de Minas, depois de Belo Horizonte”. Não havia mentalidade ecológica. A obra exigiu derrubada
de belas árvores do Parque Peixoto Filho, cantado por Lourival Passos, em Luar de Rio
Branco. Na verdade, deixou o Parque
aleijado na sua composição ideal. A estética
daquela riqueza natural veio a ser abalada com a construção, bem no meio, do
atual Coreto, nada bucólico, em comparação com o original, cheio de arte e criatividade,
charmoso. Essa obra parece dar mais uma
mensagem de poder, de ocupação(ou usurpação), à semelhança das motosserras que
devastam a Amazônia, como terra de ninguém, porque pertence a todos.
Prédio construído na década de 50(Sec. XX), para o primeiro Terminal Rodoviário. Imagem: Isah Batistap
Coreto construído nos anos 70(Séc. XX). Imagem: Isah Batista
Coreto atual: Jefferson Coelho
Coreto antigo. Imagem: Danton Ferreira
Coreto antigo e o atual. Imagem: Danton Ferreira
O Terminal Rodoviário, construído no início dos anos 90 a dois
quilômetros do Jardim, teve a opinião pública divida. Os moradores dos extremos
da cidade, a não ser os próximos a ele, achavam que ficava muito distante para
quem tivesse de viajar para outras cidades. Os que na época já viam a
necessidade de descentralizar apoiaram. Hoje é de se reconhecer o acerto da
medida.
Terminal Rodoviário - Entre a Rua Nova e a Gen. Osório. Imagem: Isah Baptista
A criação de bairros com acesso às vias principais, provocou a
expansão de muitas atividades para lugares mais distantes. Os poderes públicos
precisam transferir parte de seus próprios serviços, como acontece com o Fórum.
E serem criativos para conceder incentivos aos investidores produtivos realizarem seus negócios para além
dos aglomerados populacionais, onde há espaço suficiente para se instalarem
negócios e se abrirem ruas.
(Franklin Netto – taxievoce@hotmail.com)
AGÊNCIA BRASIL - 14/06/2012 Quinta-feira
12h01
Prazo de cobrança de IOF volta a ser dois anos
11h36
Divididos em sete grandes grupos, os negociadores da conferência intensificam as articulações em busca de um acordo sobre o documento final a ser assinado pelos 115 chefes de Estado e de Governo presentes ao encontro, de 20 a 22 de junho. Apenas um quarto do texto tem consenso.
Agenda deve ser positiva, diz Patriota
Índios se preocupam com preservação
CNI: indústria avançou na produção
Pará quer lugar de destaque
Sustentabilidade domina debates
Transporte é feito com etanol
12h33
A internação do ex-presidente ontem (13), para reavaliar as condições da laringe e retirar um cateter, fez com que sua participação na conferência, prevista para sábado (16), fosse adiada. Ele participará da Rio+20 quarta-feira (20), segundo o ministro da Secretaria-geral da Presidência, Gilberto Carvalho.
11h50
11h15
Segundo pesquisa da Fiesp, o resultado foi registrado em relação a abril, na série com ajuste sazonal. Sem o ajuste, houve elevação de 0,8%, com a criação de 21 mil vagas. No acumulado do ano, o aumento foi 1,5%, com 38,5 mil novos postos de trabalho.
10h39
O resultado foi registrado em relação a março. Na mesma comparação, que também considera o ajuste sazonal, a receita nominal do setor teve aumento de 0,6%. No confronto com abril de 2011, sem o ajuste, o comércio varejista registrou acréscimos de 6% no volume de vendas e de 7,5% na receita nominal.
12h04
A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito do Cachoeira aprovou a quebra dos sigilos bancário, fiscal, telefônico e de mensagens eletrônicas dos governadores Agnelo Queiroz (PT), do DF, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás. A comissão terá acesso aos dados dos dois referentes aos últimos dez anos.
Cunha: situação é diferente
Justiça solta acusado
Senadores: quebra é pouco eficaz
Justiça desbloqueia bens
Governadores oferecem sigilos
5h51
A paralisação completa um mês no próximo domingo (17). O movimento, que conta com a adesão de 51 instituições, afeta a rotina dos estudantes que aguardam as negociações entre a categoria e o governo federal para que o semestre letivo possa ser retomado e concluído.
11h20
12h12
A Corte Constitucional determinou que o candidato presidencial Ahmed Shafiq poderá participar do segundo turno, que ocorre nos próximos dias 16 e 17. A candidatura de Shafiq vinha sendo questionada porque ele foi o último primeiro-ministro do governo do líder deposto Hosni Mubarak.
22h39
Uma força-tarefa do Judiciário, Ministério Público e Ministério da Justiça conseguiu levantar todos os inquéritos de assassinatos abertos até 2007 e não concluídos – 135 mil – e colher provas para oferecer denúncias à Justiça em pelo menos 8,2 mil casos.
ÚLTIMAS NOTÍCIAS - Agência brasil
12h03
11h43
11h36
COLUNA DO PAULO TIMM(Torres-RS) - IELA lança Coleção Pátria Grande – a Biblioteca do Pensamento Crítico Latino-Americno
14/06/2012 - Quinta-feira
... a partir das variáveis como inflação, cambio e juros!
Continuação...
Contudo, não há razão para pensar que a vida pudesse ter sido diferente. O domínio manualesco na formação do economista e as “análises” apologéticas igualmente dominantes na sociologia e ciência política na atualidade não são menos que expressão da hegemonia burguesa contra a qual sempre se insurgiu Ruy Mauro Marini. Nascem,portanto, de condições concretas permitidas pelo desenvolvimento do subdesenvolvimento que finalmente caracteriza o capitalismo em nosso país. Esta constatação implica num grande desafio intelectual para as correntes radicais que lutam pelo socialismo em nosso continente e em especial em nosso país, pois é precisamente neste terreno – na disputa intelectual – que necessitamos avançar com celeridade para recuperar o espaço perdido por quase três décadas de ditadura e mais duas de hegemonia liberal (conservadora ou progressista).
No momento em que publicamos esta obra e iniciamos a publicação de Pátria Grande. Biblioteca do Pensamento Crítico Latino-Americano, a burguesia industrial impõe como tema de discussão a “desindustrialização”, numa inequívoca demonstração de impotência e
esperteza de classe. Uma das lições clássicas do pensamento crítico latino-americano ensina que a industrialização encontraria limites intransponíveis sob a dominação imperialista (divisão internacional do trabalho) da mesma forma que o desenvolvimento do capitalismo dependente não poderia jamais apoiar-se na expansão do mercado interno
sem a ruptura com a superexploração da força de trabalho que finalmente o caracteriza. Neste contexto, tanto a “tese” da desindustrialização quanto aquela que indica a emergência de uma “nova classe média” não passam de ideologia destinada a legitimar a
monstruosidade do subdesenvolvimento no Brasil, narcotizando amplos setores sociais com a ilusão da mobilidade social por um lado e conferindo, por outro, compensações da política estatal (subsídios,isenções de impostos, programas especiais, etc) para as frações
perdedores da burguesia nacional diante das empresas multinacionais e sua dinâmica global. Enfim, sob nova roupagem, resurgem as conhecidas ilusões sobre as possibilidades ilimitadas do capitalismo dependente brasileiro, velho bordão do otimismo burguês nacional segundo o qual o Brasil não se assemelha aos demais países latino-americanos e, em cosequencia, goza de alternativas que outros países da região não possuem. É precisamente por esta razão que a obra e o método de análise de Ruy Mauro Marini – inspirado na rica tradição do marxismo latino-americano – ganham novamente relevância e se tornam indispensáveis para todos aqueles que lutam pelo socialismo. Mas também é uma demonstração de que o trabalho intelectual realizado num meio universitário dominado pelo academicismo pode e deve superar as graves limitações e estreiteza teórica que marcam sua evolução recente e pode abrir-se para os grandes desafios de nosso tempo, entre os
quais esta, sem dúvida alguma, a superação do subdesenvolvimento e da dependência pela via socialista.
No momento em que publicamos esta obra e iniciamos a publicação de Pátria Grande. Biblioteca do Pensamento Crítico Latino-Americano, a burguesia industrial impõe como tema de discussão a “desindustrialização”, numa inequívoca demonstração de impotência e
esperteza de classe. Uma das lições clássicas do pensamento crítico latino-americano ensina que a industrialização encontraria limites intransponíveis sob a dominação imperialista (divisão internacional do trabalho) da mesma forma que o desenvolvimento do capitalismo dependente não poderia jamais apoiar-se na expansão do mercado interno
sem a ruptura com a superexploração da força de trabalho que finalmente o caracteriza. Neste contexto, tanto a “tese” da desindustrialização quanto aquela que indica a emergência de uma “nova classe média” não passam de ideologia destinada a legitimar a
monstruosidade do subdesenvolvimento no Brasil, narcotizando amplos setores sociais com a ilusão da mobilidade social por um lado e conferindo, por outro, compensações da política estatal (subsídios,isenções de impostos, programas especiais, etc) para as frações
perdedores da burguesia nacional diante das empresas multinacionais e sua dinâmica global. Enfim, sob nova roupagem, resurgem as conhecidas ilusões sobre as possibilidades ilimitadas do capitalismo dependente brasileiro, velho bordão do otimismo burguês nacional segundo o qual o Brasil não se assemelha aos demais países latino-americanos e, em cosequencia, goza de alternativas que outros países da região não possuem. É precisamente por esta razão que a obra e o método de análise de Ruy Mauro Marini – inspirado na rica tradição do marxismo latino-americano – ganham novamente relevância e se tornam indispensáveis para todos aqueles que lutam pelo socialismo. Mas também é uma demonstração de que o trabalho intelectual realizado num meio universitário dominado pelo academicismo pode e deve superar as graves limitações e estreiteza teórica que marcam sua evolução recente e pode abrir-se para os grandes desafios de nosso tempo, entre os
quais esta, sem dúvida alguma, a superação do subdesenvolvimento e da dependência pela via socialista.
Continua na próxima Edição: (amanhã, sexta-feira, 15)
A greve nas universidades federais
14/06/2012 - Quinta-feira
(Página compilada por Paulo Timm(Torres-RS)
Simon Schwartzman
A greve das universidades federais não é um evento isolado, mas parte de um processo que,infelizmente, tem tudo para acabar mal. Para
entender, é importante lembrar que, diferentemente da maioria dos outros países da América Latina, o Brasil nunca teve grandes universidades nacionais abertas para todos que concluem o ensino médio, e optou, desde o início, por universidades seletivas, abrindo espaço para o crescimento cada vez maior do ensino superior privado,que, com seus cursos noturnos, de baixo custo e sem vestibulares
difíceis, acabou atendendo à grande demanda por ensino superior de pessoas mais pobres e sem condições passar nos vestibulares e estudar de dia, que o setor público não atendia. Hoje, apesar do esforço do governo federal em aumentar a matrícula em suas universidades, 75% dos estudantes estão do setor privado.
Com um setor público pequeno e seletivo, as universidades brasileiras conseguiram criar um corpo de professores de tempo integral e dedicação exclusiva, desenvolver a pós-graduação e criar muitos cursos de qualidade, coisas que quase nenhum outro país da região conseguiu.
Mas, como parte do serviço público, elas possuem um sistema homogêneo de contratos de trabalho, regras e promoção de professores e programas
de ensino que não tomam em conta o fato de que elas são, na verdade,muito diferentes entre si.
Algumas têm programas de qualidade de graduação e pós-graduação em áreas dispendiosas como engenharia e medicina e fazem pesquisas relevantes, enquanto outras simplesmente copiam os modelos organizacionais, as regras de funcionamento e os custos das primeiras,com muito pouco de sua cultura institucional e conteúdos.
Com a generalização dos contratos de tempo integral e a estabilidade dos professores, os custos subiram, sem mecanismos para controlar a
qualidade e o uso adequado de recursos, que variam imensamente de um lugar para outro, independentemente de resultados.
Na década de 90, com Paulo Renato de Souza como Ministro da Educação,houve algumas tentativas de colocar esta situação sob controle,introduzindo um sistema de avaliação de resultados (o provão),
vinculando parte do salário dos professores ao número de aulas dadas,e tentando introduzir legislação dando às universidades autonomia não
somente para gastar, mas também para assumir a responsabilidade pelo uso eficiente dos recursos públicos através de orçamentos globais, e tentando fazer valer a prerrogativa do governo federal de escolher reitores a partir das listas tríplices selecionadas pelas universidades.
Estas políticas encontraram grande resistência, os orçamentos globais nunca foram instituídos, o “provão” na prática só afetou alguns segmentos do setor privado, e o conflito entre as universidades e o governo no episódio da nomeação do reitor da UFRJ, em um tempo em que os salários não aumentavam, mobilizou grande parte dos professores,alunos e administradores das universidades federais contra o Ministério da Educação e o governo Fernando Henrique Cardoso.
Nos primeiros anos do governo Lula as relações das universidades federais com o governo passaram por um período de lua de mel: tudo era concedido, e nada era cobrado. A gratificação de docência foi
incorporada aos salários, que passaram a crescer graças à melhora da economia e do aumento geral dos gastos públicos; o “provão” foi substituído por um pretencioso sistema de avaliação, o SINAES, que demorou em se organizar e continuou sem afetar as instituições federais; e a nomeação dos reitores eleitos internamente pelas universidades se transformou em regra.
Para atender à demanda crescente por educação superior, o governo comprou vagas no setor privado com o Prouni, em troca de isenção de impostos, aumentando cada vez mais a proporção de estudantes no setor privado. Ao mesmo tempo, o governo iniciava uma política de expansão do acesso às instituições federais, primeiro com a introdução de cotas raciais e sociais, depois com a criação de novas instituições e a abertura de novas sedes das universidades existentes, e finalmente com
o programa Reuni, que, em troca de mais recursos, exigiu que as universidades federais praticamente duplicassem o número de vagas abrindo novos cursos, sobretudo noturnos, e aumentassem o número de aulas dadas por professor.
Ao mesmo tempo, os antigos centros federais de educação tecnológica,os CEFETs, foram transformados em Institutos Federais de Tecnologia eequiparados às universidades em termos de custos e prerrogativas.
de ensino que não tomam em conta o fato de que elas são, na verdade,muito diferentes entre si.
Algumas têm programas de qualidade de graduação e pós-graduação em áreas dispendiosas como engenharia e medicina e fazem pesquisas relevantes, enquanto outras simplesmente copiam os modelos organizacionais, as regras de funcionamento e os custos das primeiras,com muito pouco de sua cultura institucional e conteúdos.
Com a generalização dos contratos de tempo integral e a estabilidade dos professores, os custos subiram, sem mecanismos para controlar a
qualidade e o uso adequado de recursos, que variam imensamente de um lugar para outro, independentemente de resultados.
Na década de 90, com Paulo Renato de Souza como Ministro da Educação,houve algumas tentativas de colocar esta situação sob controle,introduzindo um sistema de avaliação de resultados (o provão),
vinculando parte do salário dos professores ao número de aulas dadas,e tentando introduzir legislação dando às universidades autonomia não
somente para gastar, mas também para assumir a responsabilidade pelo uso eficiente dos recursos públicos através de orçamentos globais, e tentando fazer valer a prerrogativa do governo federal de escolher reitores a partir das listas tríplices selecionadas pelas universidades.
Estas políticas encontraram grande resistência, os orçamentos globais nunca foram instituídos, o “provão” na prática só afetou alguns segmentos do setor privado, e o conflito entre as universidades e o governo no episódio da nomeação do reitor da UFRJ, em um tempo em que os salários não aumentavam, mobilizou grande parte dos professores,alunos e administradores das universidades federais contra o Ministério da Educação e o governo Fernando Henrique Cardoso.
Nos primeiros anos do governo Lula as relações das universidades federais com o governo passaram por um período de lua de mel: tudo era concedido, e nada era cobrado. A gratificação de docência foi
incorporada aos salários, que passaram a crescer graças à melhora da economia e do aumento geral dos gastos públicos; o “provão” foi substituído por um pretencioso sistema de avaliação, o SINAES, que demorou em se organizar e continuou sem afetar as instituições federais; e a nomeação dos reitores eleitos internamente pelas universidades se transformou em regra.
Para atender à demanda crescente por educação superior, o governo comprou vagas no setor privado com o Prouni, em troca de isenção de impostos, aumentando cada vez mais a proporção de estudantes no setor privado. Ao mesmo tempo, o governo iniciava uma política de expansão do acesso às instituições federais, primeiro com a introdução de cotas raciais e sociais, depois com a criação de novas instituições e a abertura de novas sedes das universidades existentes, e finalmente com
o programa Reuni, que, em troca de mais recursos, exigiu que as universidades federais praticamente duplicassem o número de vagas abrindo novos cursos, sobretudo noturnos, e aumentassem o número de aulas dadas por professor.
Ao mesmo tempo, os antigos centros federais de educação tecnológica,os CEFETs, foram transformados em Institutos Federais de Tecnologia eequiparados às universidades em termos de custos e prerrogativas.
Segundo dados do INEP, o gasto por aluno do governo federal passou de 9 mil reais ao ano em 2001 para 18 mil em 2010, acompanhando a inflação. Como o número de alunos do sistema federal duplicou nestes dez anos, devendo estar hoje em cerca de um milhão, os custos do sistema aumentaram na mesma proporção em termos reais, embora o númerode formados tenha aumentado pouco. Só o programa Reuni custou 4 bilhões de reais, metade para investimentos e outra metade que passou a se incorporar ao orçamento das universidades federais.
###
SEM PLANEJAMENTO
Esta política de expansão acelerada não obedeceu a nenhum plano ou avaliação cuidadosa sobre prioridades, abrindo instituições aonde não havia demanda, admitindo alunos antes de existirem os edifícios e instalações adequadas, forçando as universidades a criar cursos noturnos e contratar mais professores mesmo quando não havia candidatos qualificados, e sobretudo sem preparar as universidades para lidar com alunos que chegavam do ensino médio cada vez menos preparados.
Ao mesmo tempo, a necessidade de contenção de gastos do governo Dilma tornou impossível atender às expectativas de aumento salarial dos professores, gerando um clima generalizado de insatisfação revelado pela greve.
É possível que a greve leve a algumas concessões salariais por parte do governo federal, como costuma acontecer, mas o efeito mais visível
deste tipo de movimento é o de prejudicar os estudantes e professores mais comprometidos com o estudo e pesquisa, levando à desmoralização
das instituições, sem que as questões de fundo sejam tocadas.
A principal questão de fundo é a impossibilidade de o setor público continuar se expandindo e aumentando seus custos sem modificar profundamente seus objetivos e formas de atuação, diferenciando as instituições dedicadas à pesquisa, à pós-graduação e ao ensino superior de alta qualidade, que são necessariamente mais caras e centradas em sistema de mérito, das instituições dedicadas ao ensino de massas em carreiras menos exigentes, que é onde o setor privado atua com custos muito menores e qualidade pelo menos equivalente.
Esta é uma tese que provoca enorme reação nas instituições federais e os sindicatos docentes, que querem sempre continuar iguais e niveladas
por cima em seus direitos, embora esta nivelação não exista em relação aos resultados. Mas a conta, simplesmente, não fecha.
Uma diferenciação efetiva exigiria limitar os contratos de trabalho de tempo integral e dedicação exclusiva às instituições que consigam
demonstrar excelência em pesquisa, pós-graduação e formação profissional; introduzir novas tecnologias de ensino de massas e à distancia, aumentando fortemente o número de alunos por professor; e criar mecanismos efetivos que estimulem as instituições a definir seus objetivos, trabalhar para eles, e receber recursos na proporção de seus resultados.
Um exemplo do que poderia ser feito é o processo de Bologna que está ocorrendo na Europa, que cria um primeiro estágio de educação de superior de massas de três anos, com muitas opções, e depois as instituições se especializam em oferecer cursos avançados de tipo profissional e científico conforme sua vocação e competência. É necessário, também, criar condições e estimular as instituições federais a buscar recursos próprios, inclusive cobrando anuidades dos alunos que podem pagar. Esta diferenciação exigiria que as
universidades federais fossem muito mais autônomas e responsáveis pelos seus resultados do que são hoje, sobretudo na gestão de seus recursos humanos e financeiros, o que se torna impraticável quando os salários dos professores são negociados diretamente entre os sindicatos e o Ministério da Educação e as tentativas de diferenciar benefícios e financiamento em função do desempenho são
sistematicamente combatidas.
Se nada disto for feito, o mais provável é que as universidades federais continuem a se esgarçar, com greves sucessivas e piora nas condições de trabalho dos professores e de estudo para os alunos,abrindo espaço para que o setor privado ocupe cada vez mais o segmento de educação superior de qualidade, como ocorreu no passado com o ensino médio.
###
SEM PLANEJAMENTO
Esta política de expansão acelerada não obedeceu a nenhum plano ou avaliação cuidadosa sobre prioridades, abrindo instituições aonde não havia demanda, admitindo alunos antes de existirem os edifícios e instalações adequadas, forçando as universidades a criar cursos noturnos e contratar mais professores mesmo quando não havia candidatos qualificados, e sobretudo sem preparar as universidades para lidar com alunos que chegavam do ensino médio cada vez menos preparados.
Ao mesmo tempo, a necessidade de contenção de gastos do governo Dilma tornou impossível atender às expectativas de aumento salarial dos professores, gerando um clima generalizado de insatisfação revelado pela greve.
É possível que a greve leve a algumas concessões salariais por parte do governo federal, como costuma acontecer, mas o efeito mais visível
deste tipo de movimento é o de prejudicar os estudantes e professores mais comprometidos com o estudo e pesquisa, levando à desmoralização
das instituições, sem que as questões de fundo sejam tocadas.
A principal questão de fundo é a impossibilidade de o setor público continuar se expandindo e aumentando seus custos sem modificar profundamente seus objetivos e formas de atuação, diferenciando as instituições dedicadas à pesquisa, à pós-graduação e ao ensino superior de alta qualidade, que são necessariamente mais caras e centradas em sistema de mérito, das instituições dedicadas ao ensino de massas em carreiras menos exigentes, que é onde o setor privado atua com custos muito menores e qualidade pelo menos equivalente.
Esta é uma tese que provoca enorme reação nas instituições federais e os sindicatos docentes, que querem sempre continuar iguais e niveladas
por cima em seus direitos, embora esta nivelação não exista em relação aos resultados. Mas a conta, simplesmente, não fecha.
Uma diferenciação efetiva exigiria limitar os contratos de trabalho de tempo integral e dedicação exclusiva às instituições que consigam
demonstrar excelência em pesquisa, pós-graduação e formação profissional; introduzir novas tecnologias de ensino de massas e à distancia, aumentando fortemente o número de alunos por professor; e criar mecanismos efetivos que estimulem as instituições a definir seus objetivos, trabalhar para eles, e receber recursos na proporção de seus resultados.
Um exemplo do que poderia ser feito é o processo de Bologna que está ocorrendo na Europa, que cria um primeiro estágio de educação de superior de massas de três anos, com muitas opções, e depois as instituições se especializam em oferecer cursos avançados de tipo profissional e científico conforme sua vocação e competência. É necessário, também, criar condições e estimular as instituições federais a buscar recursos próprios, inclusive cobrando anuidades dos alunos que podem pagar. Esta diferenciação exigiria que as
universidades federais fossem muito mais autônomas e responsáveis pelos seus resultados do que são hoje, sobretudo na gestão de seus recursos humanos e financeiros, o que se torna impraticável quando os salários dos professores são negociados diretamente entre os sindicatos e o Ministério da Educação e as tentativas de diferenciar benefícios e financiamento em função do desempenho são
sistematicamente combatidas.
Se nada disto for feito, o mais provável é que as universidades federais continuem a se esgarçar, com greves sucessivas e piora nas condições de trabalho dos professores e de estudo para os alunos,abrindo espaço para que o setor privado ocupe cada vez mais o segmento de educação superior de qualidade, como ocorreu no passado com o ensino médio.
Assinar:
Postagens (Atom)