Na historia das colonizações, os invasores sempre usaram
destruir a memória, a cultura, a língua, as tradições e todo o passado dos
povos dominados, como a limparem qualquer sombra de sua identidade. E sempre
deixar como única opção aos sobreviventes a aceitação incondicional da
escravidão e a cultura do colonizador. Resistência à escravidão teve o preço do
extermínio físico. Assim desapareceram
os Aztecas, os Incas, os Maias, a maioria das tribos indígenas e os negros dos
quilombos. Os remanescentes acaso
existentes se contam nos dedos.
Imagem de civilização Azteca. Códiog Diamante
As cidades das terras conquistas vieram
surgindo com história comum de chegada de aventureiros, bandeirantes no contato
com os nativos que antes não foram alcançados pelos invasores. Os contatos nem
sempre eram pacíficos, o que resultou na quase extinção dos verdadeiros donos
destas terras. Juntos, estavam os negros
submissos à escravidão que acompanhavam os senhores nas aventuras da descoberta
de outro, ou que eram beneficiados com as sesmarias onde estabeleciam suas
fazendas, seus engenhos e praticavam a agricultura.

Sesmarias. Imagem: Geo Conceição
O tempo fez as cidades do interior
terem histórias em comum, a partir de uma capela, do surgimento dos povoados, das vilas, das paróquias e das cidades.
Imagem: Fabinho Batista Soares
Para algumas dessas localidades
costumavam vir comunidades formadas por membros com graus de parentesco
próximos, o que resultava em cultura comum.
Por isto, muitos desses lugares cresceram até certo ponto com
características comuns no seu conjunto populacional, que resultou na expressão
de harmonia de suas construções.
Rua do Divino. Imagem: Jefferson Colelho
Dentro desse quadro, Visconde do Rio
Branco adquiriu uma feição neoclássica expressa nas fachadas de seus prédios
menores e nos seus sobrados.
Conjunto Neoclássico. Imagem: Mauro Afonso
Conjunto Neoclássico. Imagem: Clara Brito
Conjunto Neoclássico. Imagem: Danton Ferreira
O Neoclassicismo foi
um movimento cultural nascido na Europa em
meados do século XVIII, que teve larga influência na arte e cultura de todo o
ocidente até meados do século XIX. Teve como base os ideais do Iluminismo e
um renovado interesse pela cultura da Antiguidade clássica,
advogando os princípios da moderação, equilíbrio e idealismo como uma reação
contra os excessos decorativistas e dramáticos do Barroco e Rococó.(WikipédiA).
As construções que deram à cidade um status neoclássico
traziam em si mensagens implícitas do Iluminismo, como filosofia da razão sobre
o obscurantismo e o absolutismo, e tiveram maior expressão no Brasil no
movimento da Inconfidência Mineira, na luta pela liberdade e por uma sociedade
justa.
Imagem: História Brasileira
O tempo fez o município expressar nas suas construções a
harmonia neoclássica, como se, em silêncio, a sociedade aspirasse esses ideais
de justiça com predominância da razão.
Mansão dos Carone e conjunto neoclássico, antes de ser Conservatório, e antes da construção da Caixa Federal. Imagem: Clara Brito
O tempo passa e as gerações se sucedem. Mas há algo em comum nos rio-branquenses que
são levados a procurar meios de vida fora do município: o desejo de voltar a
passeio ou de mudança e encontrar as feições da imagem de sua cidade, nem que
seja naquele centro onde tudo começou ainda no tempo do Presídio: Praça 28 de
Setembro. Data de forte simbolismo
porque é a mesma da Lei do Ventre Livre(1871) e do Sexagenário( 1885) . Essas duas leis dispensariam o 13 de maio de 1888. Negros nasciam livres depois de 1871; e seus
pais se tornariam livres ao completarem 60 anos de idade. Era só questão de tempo. Então, aquele centro em torno da Praça ficou
impregnado das expressões de liberdade e da razão na arquitetura de seus
prédios, um sentimento que ultrapassou gerações, e que ganhou identidade.
Praça 28 de Setembro. Imagem: Danton Ferreira.
Praça 28 de Setembro. Imagem: Paulo Infante Vieira
Praça 28 de Setembro. Imagem: Clara Brito
Praça 28 de Setembro. Imagem:: Clara Brito
Praça 28 de Setembro. Imagem:: Danton Ferreira
Praça 28 de Setembro. Imagem: Danton Ferreira
Praça 28 de Setembro. Imagem: Danton Ferreira
Praça 28 de Setembro. Imagem: Danton Ferreira
Praça 28 de Setembro. Imagem: Danton Ferreira
Mas
o tempo também consumiu o entendimento dessa cultura. O estresse da luta pelo
poder político, ao lado do frisson pela multiplicação rápida do poder econômico
criou um clima de destruição de toda a expressão da liberdade sublime pela
liberdade da força. E os poderes
constituídos que deveriam estabelecer um equilíbrio entre o desejo do
crescimento econômico e a preservação dos valores da liberdade sublime,
aliaram-se a um “neo-colonialismo” do massacre da razão pelo que se pode
entender como escuridão.
Rua Floriano Peixoto. Local de prédios demolidos
Rua Floriano Peixoto. Local de prédios demolidos. Imagem: Roberto Paula
Rua Floriano Peixoto. Prédios demolidos. Imagem: Isah Baptista
Tudo
poderia coexistir em harmonia, houvesse uma disciplina derivada do
planejamento, onde o ímpeto do progresso sensato se aliasse à preservação dos
valores elevados do equilíbrio da razão sobre a emoção.
É
claro que há questões a ponderar: o direito de propriedade; a capacidade dos
proprietários de imóveis antigos em conservá-los. Entretanto, o poder público poderia e deveria
estabelecer normas para as demolições inevitáveis e preservar o que fosse
possível, encampando alguns, fazendo-lhes a manutenção, transformando-os em
instituições públicas, como escolas, secretarias, salas de cultura e tanta
coisa necessária que falta no município.
Essas normas deveriam determinar que no lugar dos imóveis demolidos
pudessem ser erguidos novos, dentro de certos padrões que não agredissem a
harmonia de conjunto. E, enquanto vazios, que fossem erguidos muros e fachadas
com formas artísticas e alturas semelhantes aos prédios demolidos. Isto teria que estar contido em um plano
diretor, não de um prefeito, ou de uma administração, mas de uma sociedade,
para ter perenidade por um tempo razoável que contribuísse para preservação
daqueles valores que devem se perpetuar no tempo. Afinal, o mundo, a vida, não são domínios de
uma geração, ou um grupo de ocasião. A evolução sadia está na preservação do
que vem de bom do passado, aliado ao útil do presente para ser melhor o futuro.
Praça 28 de Setembro. Imagem Iaci Cacilhas
Praça 28 de Stembro. CM 14/04/2013
Praça 28 de Stembro. CM 14/04/2013
Praça 28 de Setembro. Lote vazio ao lado do antigo prédio da família Ferreira. Imagem: Marcelo Pinto(Facebook)
Esquina de Rua Pres. Antônio Carlos com Praça 28 de Setembro. CM 14/04/2013
Esquina de Rua Pres. Antônio Carlos com Praça 28 de Setembro. CM 14/04/2013
O
neo-colonialismo de hoje não é o domínio de um povo sobre outro. Seu sentido é metafórico. Na verdade, vem
acontecendo o domínio de uma mentalidade eventual sobre uma cultura
sedimentada, cristalizada. “Uma morte cultural”,
como disse a Professora Theresinha de Almeida Pinto, diretora de Museu
Municipal. E foi quem impediu a transformação do Estádio da Boa Vista Joseph
Lambert(o campo do Nacional A.C.) em condomínio fechado. Ela havia feito o seu
tombamento e não cedeu às pressões para “destombar”.
Estádio da Boa Vista Joseph Lambert. Imagem: Romilda Aparecida Pereira
(Franklin
Netto – viscondedoriobrancominasgerais@gemail.com)
Minha família viveu nesta cidade em um casarão na praça na esquina do lado da rua do Divino.O casarão aparece parcialmemte numa foto ao fundo com aparentememte uma menina no canto da janela no andar superior. Acho que era minha mãe. Gostaria de saber se existem mais fotos desse lado da praça. Sou sobrinho neto de Dona Pequita, muito conhecida e viveu nesta cidade até 1976.
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