Moradores da margem direita do Rio
Piedade, nas proximidades do encontro com o Chopotó(Xopotó) manifestam-se
preocupados com a obra da projetada Av. Dr. José Barreto Mesquita(Dr. Lelé),
que pretende ligar o Bairro da COHAB à rua Major Felicíssimo, no local onde a
enchente de novembro de 2010 derrubou um prédio de dois pavimentos, a alguns
metros da história Ponte do Dr. Lelé.
Ainda não temos imagem. Mas a
altura do piso visto a partir da antiga estrada de ferro revela-se acima do que
era antes da terraplanagem. Em caso de
enchente, as águas que por aquele lado se espalhavam, recairão para o lado
contrário, e atingirão proporções trágicas às construções e ruas do Bairro
Veneza e do Carrapicho.
Encontro do Rio Piedade com o Chopotó. À esquerda, Bairro Veneza. à direita, ponto da terraplanagem do "trecho Chácara Mesquita>COHAB" Imagem: 16/07/2012
Encontro do Rio Piedade com o Chopotó. À direita, ponto da terraplanagem do "trecho Chácara Mesquita>COHAB" Imagem: 16/07/2012
Ainda não se tem informação sobre o
impacto ambiental ao longo do trecho dessa avenida que atravessa grande área de
vegetação cerrada como consequência de longo tempo em que a fazenda se supõe
desativada.
Procuramos no site da Prefeitura e não
encontramos qualquer referência àquela obra.
Há várias versões sobre o que será feito a partir daquele ponto
levantado pela preocupação dos moradores:
1 – conexão com
a Rua Voluntários da Pátria no local onde se encontra o Restaurante Doce Sabor;
2 – ponte para
chegar à Rua Major Felicíssimo(estrada de ferro);
3 – ponte para
ligar ao Carrapicho, via Bairro Veneza.
Tudo são versões, porém. Uma coisa é certa: a projetada avenida não tem finalidade para terminar ali, do outro lado do rio. Neste caso, há necessidade de se rebaixar o
nível de terra e deixar espaço para que as águas das enchentes se espalhem para
aquela margem para não inundarem o lado contrário. Para haver esse rebaixamento, com a volta aos
níveis de antes da terraplanagem, o
início da ponte, ou do viaduto terá de começar de um ponto muito anterior e
mais alto para que essa ligação viária seja feita por cima da área reservada ao
escoamento da águas. Na hipótese de
chegar à Rua Voluntários da Pátria o viaduto terá de ter formas gigantescas
para cruzar o Chopotó, e a Estrada de Ferro.
E vários prédios terão de ser demolidos. A obra em si, mais as
desapropriações atingirão cifras elevadíssimas.
Se for para a Rua Major Felicíssimo, será com certeza uma grande
ponte. E, se fizer ligação também com o
Carrapicho o custo total dependerá de muitos cálculos para a população saber o quanto
vai pagar.
Benefícios haverá inegavelmente. O trecho do Carrapicho desde a esquina com
Rua Presidente Antônio Carlos é muito estreito para o movimento de mão dupla e
para estacionamento e manobra de veículos em área de intenso comércio. O encurtamento da distância entre a COHAB e
o Centro da cidade também é considerável, embora, por si só, há dúvida se
compensa. O trajeto COHAB/cidade tem um
quilômetro e meio no perfil atual. Se
considerarmos linha reta o traçado da avenida, talvez reduza para um
quilômetro. Fica a dúvida se isto
compensaria o custo da obra e o impacto ambiental que certamente causará. Para a população ter maior conhecimento sobre
a questão e avaliar o custo/benefício, será preciso haver transparência, com
divulgação ampla das análises e pareceres dos órgãos responsáveis pelo meio
ambiente. Do mesmo modo, é dever da
prefeitura publicar no site, na imprensa falada e escrita, nos grupos sociais da
internet, o critério da licitação, o custo da obra, mapa da avenida, com a
forma dos seus terminais(pontes, viadutos), a origem dos seus recursos, os
valores das desapropriações e tudo o que leve o povo a estar ciente daquilo que
vai pagar e que vai lhe servir.
É público e notório que o Brasil paga a
maior carga tributária da América Latina.
Isto foi amplamente divulgado pela mídia. Esses tributos começam no
Município. Essa representa realmente uma
grande obra. Se realizada e atingir seus objetivos a população estará bem
servida. Mas ela tem que saber quanta
paga por isto. Os gestores públicos são administradores dos bens pertencentes
aos munícipes em comum. O conjunto dos
poderes Executivo, Legislativo e Judiciário representa o síndico de um
patrimônio comum. Esses poderes têm a
função de administrar e prestar contas aos pagadores de impostos, fontes de
recursos para as obras e para pagamento dos vencimentos dos seus agentes.
Na procura que fizemos no site da
Prefeitura encontramos ainda em branco um EDITAL DE TOMADA DE PREÇOS relativo
àquela obra onde consta a designação “para
execução de obra viária no trecho “Chácara Mesquita” até o Bairro Cohab”. Se houver maiores esclarecimentos sobre o
andamento do processo, execução e conclusão da obra, será de boa prática que
aquele órgão público divulgue por todos os meios, e agradeceríamos se
recebêssemos as informações com todos os detalhes para contribuirmos no
esclarecimento à população.
Nosso interesse, ao começarmos esta
matéria, foi levantarmos a questão de segurança para os moradores da margem
direita do Rio Piedade. E, no desenrolar
do tema, pensamos na conveniência de aprofundar na questão de interesse público, em um momento que o
Brasil inteiro clama por transparência e transformações na gestão da coisa
pública. O modelo dos mecanismos do exercício do poder está em baixa na
credibilidade popular. As formas como se
articulam os interessados para alcançarem os postos de autoridade estão
esgotadas. Os partidos perderam
significado como agremiações de ética e de princípios. Sabemos que a qualidade
da classe política depende do respeito que cada agente tem com os
contribuintes. O Brasil depois do mês de
junho pensa. E está descontente com o
estado de coisas desde a forma de se articularem as campanhas eleitorais até o
exercício efetivo da administração e execução de cada obra, de cada compra de
material, de cada formação do quadro funcional.
Talvez haja nos faltado habilidade para
encontrar no site da Prefeitura o Mapa da Avenida e suas conexões com o outro
lado do Rio. De que forma e como serão
essas conexões. Pareceu-nos imprecisa a
denominação “Chácara Mesquita” até o Bairro Cohab”. Faltam as pontes e/ou viadutos. O que não soubemos encontrar, esperamos que a
Prefeitura faça a gentileza de nos mostrar,
com mapa, imagens, e tudo aquilo em que tivermos falhado. Será uma gentileza pela qual antecipamos
agradecimentos.
(Frankin Netto – viscondedoriobrancominasgerias@gemail.com)
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