Aos governantes cabe promover a
educação sob todas as formas, no âmbito das escolas públicas, com oferta
gratuita de vagas para estudantes desde as creches até os cursos
superiores. Um sistema de ensino de
qualidade tem de estabelecer a escola de tempo integral, principalmente do Fundamental
até o Segundo Grau. Nesta fase, via de
regra, os alunos se encontram na idade mais vulnerável e precisam ficar o tempo
todo ocupados em uma atividade sadia, voltada para a sua formação como cidadão.
O ambiente fora das escolas, nestes tempos de famílias desestruturadas, leva ao
desvio de conduta, quando o livre exercício do crime organizado é
atraente. E seus agentes estão sempre de
olho em jovens desocupados que, por sua impunidade diante da deprimente
legislação de proteção ao menor, torna-o peça importante nos grupos de
contravenção.
A educação que o país precisa e as
manifestações de rua cobram dependem de governantes de espírito elevado, e
livres de compromissos abjetos de cumplicidade com financiadores de campanha
política que pressionam os financiados a lhes retribuir com altos lucros os
investimentos usados para sua eleição. E essa forma de educação exige tempo de
empenho de governo que vai além de um mandato.
Depende muito do respeito que os sucessores tenham para com os projetos
iniciados em mandatos anteriores, sejam correligionários ou adversários. A educação
é função do estado, entendido como município ou união. Mas é em cada município que tudo acontece e
tem visibilidade.
Já na cultura, a função do estado é de
facilitar as iniciativas do gênero, com oferecimento de espaços para realização
de eventos e os meios necessários para a expressão livre dos produtores de
cultura nas suas diversas formas nas artes da dramaturgia, da música e toda
maneira que expressa os sentimentos, sonhos , angústia e expectativas do
povo. Suas expressões se dão nas letras
musicais, no teatro, no cinema e similares.
Nesse campo, não cabe a governos realizar, porque inibe a livre
manifestação que os autores pretendam dar a suas criações.
A arte é a
válvula de escape do povo nas suas insatisfações ou desejos que sempre o estado
deixa de atender, ou de cumprir. Quase toda
produção artística traz uma mensagem de
protesto, ou de insatisfação. Todo
governante que pretenda atender as necessidades e desejos da população prefere
deixar fluir a arte e dela tirar as “reivindicações” claras ou subjetivas, para
se tornarem ação/meta de governo.
Quando o governante procura tomar a si a incumbência de “realizar” uma
promoção cultural, pratica implicitamente um ato totalitário, porque inibe
compositores e autores de peças de expressarem seu provável descontentamento. Torna-se um ato de censura velada ou
explícita. E, passado o evento, procura transformá-lo em ato de promoção
pessoal. Fere a ética de quem está no
poder.
Não raro, quando isto acontece, fica
evidente a prática mesquinha de usar as pessoas, pois organizadores de certames
e os artistas envolvidos não estão ali como funcionários públicos. Agem como cidadãos que realizam por ideal ou
por vocação um acontecimento para a ampliação da cultura tão rara como
necessária. Através dela, o povo pensa,
tanto autores e atores em cena, como o público na ação de ver, ouvir,
interpretar e captar o sentido de uma letra de melodia, um drama ou uma
comédia. Em tudo há uma mensagem que depende
desse livre fazer e do livre pensar. Dessa
liberdade de expressão e interpretação brota em cada um a capacidade de
entender a qualidade das relações dos governantes com a população, na cobrança
de tributos, na prestação dos serviços públicos e na confecção da folha de
pagamento que mantém o corpo burocrático existente para fazer a máquina funcionar.
Para haver os eventos culturais, os
governantes devem dispor de espaços e até de verbas, em uma sociedade
avançada. Espaços e verbas públicas para
determinados fins são sempre de bens pertencentes a todos os moradores de um
município, estado ou país. Sob o foco de
uma mentalidade elevada não dependem de favores oficiais, mas simplesmente de
requerimento, dentro do prazo cabível para ser agendado. Na verdade, não devem
ser concedidos favores com recursos públicos.
São fontes de direitos e de deveres.
A gestão do bem público é função para ser exercida como um condomínio,
onde o gestor é um síndico e todos os moradores da área são condôminos. Nesse conceito não há opositores nem
aliados. Cada um tem os direitos e
deveres de um acionista.
A propósito, o 2º Festival de Cinema de
Visconde do Rio Branco Geraldo Santos Pereira nada teve a ver com a gestão
pública, desde a descoberta de sua origem rio-branquense em uma palestra na
Universidade Federal de Viçosa, passando por suas visitas, em 2006, à cidade,
ao Monumento a Guido Marlière em Guidoval, suas palestras e exibição do filme “O
Aleijadinho” no Auditório Jotta Barroso e no Jardim da Praça 28 de Setembro.
Dependeu somente da cessão do Auditório que foi construído com recursos
públicos e de certa logística na Praça para seu funcionamento. Mas, como é público e notório, “A Praça é do
povo”.
Em 2006, equipe amigos de Geraldo o acompanham ao Monumento a Guido Marlière(Guidoval)
O primeiro Festival surgiu a esmo dos
poderes. Houve a notícia de que estava
sendo filmada a vida de Geraldo, baseada em depoimentos de pessoas que o
conhecem, o que trouxe a equipe Café Pingado Filmes de Belo Horizonte aos
amigos de Geraldo. Diante da ideia do
lançamento do documentário em meados de 2012, o grupo aqui ligado ao cineasta
reivindicou que se realizasse em sua terra tal acontecimento. Pensou-se em organizar uma “semana cultural”,
que evoluiu para Festival de Cinema. E assim
nasceu, no ano passado, o 1º Festival de Cinema de Visconde do Rio Branco
Geraldo Santos Pereira. No seu programa
estavam os cineastas amadores da cidade, com a ideia de ser completado com
filmes do próprio Geraldo em parceria com seu irmão gêmeo Renato. Com a repercussão da notícia, outro
rio-branquense se interessou em participar do iniciante Festival: José Augusto
Muleta, profissional, que incluiu o curta metragem “A Banda”. O resultado despertou no grupo organizador o
desejo de tornar o Festival em tributo a Geraldo Santos Pereira um evento anual
contínuo, como existe em Tiradentes, Ouro Preto e algumas poucas cidades
mineiras.
Equipe da Café Pingado Filmes na casa de José Luiz Lopes Gomes, em 04/12/2011.
No ano passado, o 1º Festival teve o
apoio da instituição pública Prefeitura de Visconde do Rio Branco, através da
Secretaria da Educação. Pessoas físicas e
jurídicas também deram apoio cultural ao acontecimento.
Nenhuma
entidade, porém, avocou-se a exigência de ser a realizadora. E houve farto material componente do cenário
de tal espetáculo: banners e boletins.
Este ano, com divulgação pela Internet, o 2º Festival
ultrapassou as fronteiras do país, e houve sondagens a seu respeito da Espanha,
dos Estados Unidos e de outros lugares.
E vieram inscrições de Porto Alegre(RS), Rio de Janeiro(RJ), e das
cidades mineiras de Cataguases, Viçosa, Ubá e do próprio município de Visconde
do Rio Branco.
A
Prefeitura, procurada para apoiar, como era natural, deu o apoio pela recém
criada Secretaria da Cultura. Só com uma
diferença: quando a data estava marcada, as inscrições feitas e a expectativa
consolidada, a instituição avocou-se o status de realizadora. E até divulga no seu site: “A Prefeitura,
através da Secretaria de Cultura e Turismo, realizou o II Festival de Cinema de
Visconde do Rio Branco Geraldo dos Santos Pereira, entre os dias 12 a 18 de
agosto”.
No 1º FestCine VRB GSP a tela era assim.
No "II" Festival a tela foi assim
O 2º Festival de
Visconde do Rio Branco Geraldo Santos Pereira, como o 1º, escrito como II, em
algarismos romanos, soa como Brazil, ao invés de Brasil.
Brazil é a
forma imperialista de se referirem ao nosso país. Logo, II Festival......
(Franklin Netto –
viscondedoriobrancominasgerais@gmail.com)
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