quinta-feira, 14 de junho de 2012

COLUNA DO PAULO TIMM(Torres-RS) - IELA lança Coleção Pátria Grande – a Biblioteca do Pensamento Crítico Latino-Americno

14/06/2012 - Quinta-feira



... a partir das variáveis como inflação, cambio e juros!

Continuação...

Contudo, não há razão para pensar que a vida pudesse ter sido diferente. O domínio manualesco na formação do economista e as “análises” apologéticas igualmente dominantes na sociologia e ciência política na atualidade não são menos que expressão da hegemonia burguesa contra a qual sempre se insurgiu Ruy Mauro Marini. Nascem,portanto, de condições concretas permitidas pelo desenvolvimento do subdesenvolvimento que finalmente caracteriza o capitalismo em nosso país. Esta constatação implica num grande desafio intelectual para as correntes radicais que lutam pelo socialismo em nosso continente e em especial em nosso país, pois é precisamente neste terreno – na disputa intelectual – que necessitamos avançar com celeridade para recuperar o espaço perdido por quase três décadas de ditadura e mais duas de hegemonia liberal (conservadora ou progressista).

No momento em que publicamos esta obra e iniciamos a publicação de Pátria Grande. Biblioteca do Pensamento Crítico Latino-Americano, a burguesia industrial impõe como tema de discussão a “desindustrialização”, numa inequívoca demonstração de impotência e
esperteza de classe. Uma das lições clássicas do pensamento crítico latino-americano ensina que a industrialização encontraria limites intransponíveis sob a dominação imperialista (divisão internacional do trabalho) da mesma forma que o desenvolvimento do capitalismo dependente não poderia jamais apoiar-se na expansão do mercado interno
sem a ruptura com a superexploração da força de trabalho que finalmente o caracteriza. Neste contexto, tanto a “tese” da desindustrialização quanto aquela que indica a emergência de uma “nova classe média” não passam de ideologia destinada a legitimar a
monstruosidade do subdesenvolvimento no Brasil, narcotizando amplos setores sociais com a ilusão da mobilidade social por um lado e conferindo, por outro, compensações da política estatal (subsídios,isenções de impostos, programas especiais, etc) para as frações
perdedores da burguesia nacional diante das empresas multinacionais e sua dinâmica global. Enfim, sob nova roupagem, resurgem as conhecidas ilusões sobre as possibilidades ilimitadas do capitalismo dependente brasileiro, velho bordão do otimismo burguês nacional segundo o qual o Brasil não se assemelha aos demais países latino-americanos e, em cosequencia, goza de alternativas que outros países da região não possuem. É precisamente por esta razão que a obra e o método de análise de Ruy Mauro Marini – inspirado na rica tradição do marxismo latino-americano – ganham novamente relevância e se tornam indispensáveis para todos aqueles que lutam pelo socialismo. Mas também é uma demonstração de que o trabalho intelectual realizado num meio universitário dominado pelo academicismo pode e deve superar as graves limitações e estreiteza teórica que marcam sua evolução recente e pode abrir-se para os grandes desafios de nosso tempo, entre os
quais esta, sem dúvida alguma, a superação do subdesenvolvimento e da dependência pela via socialista.



Continua na próxima Edição:  (amanhã, sexta-feira, 15)

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