sexta-feira, 28 de junho de 2013

O Seu Jornal - Sexta-feira, 28/06/2013

(Dr. Antônio Carlos Ignachitti Gomes(1956-2005)
Sem fins comerciais, para ser livre.

Visconde do Rio Branco - Minas Gerais - Brasil - Sexta-feira, 28/06/2013

Imagens:
Rua Raul Soares - Morro da Escola. Imagem: Isah Baptista

Rua Raul Soares - Morro da Escola. Imagem: Isah Baptista

Casa Paroquial antiga. Imagem: Isah Baptista


Centro com destaque para Rua do Divino.  Imagem: Isah Baptista

Visão áerea do Centro. Imagem: Isah Baptista

Centro Industrial - Colônia. Imagem: Isah Baptista

Chácara do Dr.Lelé. Imagem: Isah Baptista

COHABs 1 e 2.  Imagem: Isah Baptista

Conservatório Estadual de Música. Imagem: Isah Baptista

Balaústre, Matriz e Prefeitura. Imagem: Isah Baptista

Jardim - Coreto. Imagem: Isah Baptista

Correios - Ruas Major Felicíssimo e Pres. Antônio Carlos. Imagem: Isah Baptista


Outras Imagens:

Imagem: profe Ana Cláuda

Ninguém pode negar minha vocação democrática


Imagem: Notícias R 7 

Somos todos unidos com o voto na mão

Imagem: Frog 

Praticamos o exercício pleno da Democracia

Cada um quer tirar proveito das manifestações pelos jovens nas ruas


                  


         Os jovens que pareciam uma geração adormecida, mergulhada no ópio, despertam de uma hora para outra, em protesto aparentemente por causa de R$ 0,20 centavos no aumento de passagens.  Mas havia um elenco de causas justas que o povo sentia, reclamava e não agia.

         Talvez o futebol, paixão nacional, deu maior visibilidade à orgia dos governantes realizadas com os recursos arrancados da população em forma de impostos e jogados à festança perdulária sem parcimônia e qualquer cerimônia no acintoso abuso de poder.

         Essa lambança começou a se tornar evidente na comparação com os gastos para construção e reforma de luxuosos estádios de futebol, enquanto as necessidades de vida e sobrevivência dos brasileiros eram entregues às traças: hospitais, escolas, vencimentos de aposentados e pensionistas, salários dos trabalhadores, estradas de rodagem.  Licitações fraudulentas e obras superfaturadas.  Foi só levantar a ponta o iceberg e as razões da revolta foram aumentando, e puxando a indignação de quem está sendo lesado na sua boa fé sob o ópio que os meios de comunicação e o “pão e circo” espertamente usados pelos poderosos: nepotismo, farra com passagens, privilégios abusivos aos membros dos poderes, aos seus parentes e amigos. De abuso em abuso, fizeram o mundo nos revelar que pagamos os políticos mais caros do mundo, por meio dos mais altos impostos da América Latina.

         Os jovens sem perspectiva de vida, observada na baixa qualidade das escolas e nas agruras por que passam  seus próprios pais, sentiram-se escandalizados  e envergonhados diante do mundo; não se contiveram e extravasaram sua revolta, até então contida, em uma propagação que se alastrou ao país inteiro de forma indomável.  Em cada canto havia as mesmas angústias que somente dependeram de um grito.  Um povo inteiro é capaz de suportar sacrifícios, se for por uma causa maior em que governantes e governados estejam passando pelo bem e pela honra de todos.  Mas os sacrifícios impostos à nação em consequência das despesas irresponsáveis movidas pela canalhice dos que manobram receitas e custos com imposição de impostos e salários que concentram riqueza nas mãos de quem menos faz a custa de carência a quem tudo produz, provocam a ira  geral.  O mal é menor, porque nosso povo tem vocação pacífica.  E, sabiamente, recusa o apelo às armas. Quem tem e usa as armas irracionalmente são os opressores, despreparados para suas funções, sem qualquer filosofia humanitária.

         Pelas bravas manifestações de usar a flor contra o canhão, com as mensagens firmes de indignação contra os agentes políticos e suas instituições, estes sabem que não adiantam discursos bonitos no momento em que todos “de promessa andam cheios”.   As palavras perderam sentido diante dos fatos.  O povo gostaria de que houvesse um Código de Defesa do Contribuinte e do Eleitor, a exemplo do Código do Consumidor.  Todos os responsáveis pela propaganda enganosa e pelo serviço público negado ou prestado de maneira relapsa, teriam que responder pela má fé e pelas lesões causadas ao patrimônio físico e moral de cada cidadão e de cada cidadã, os verdadeiros donos da coisa pública, da qual cada agente é apenas um gestor, um administrador, que passou no concurso das urnas,  mas que tenha fraudado as regras.  Crime múltiplo, no concurso e no exercício das funções específicas.

         Quando a indignação é procedente, legítima e dentro dos critérios democráticos, aparecem os oportunistas querendo tirar proveito dela, às vezes demonstrando solidariedade, às vezes se colocando ao dispor dos revoltosos.

         Assim acontece com velhas raposas da própria classe política, coniventes com o quadro de desgaste na sua parcela de participação no poder, às vezes na imagem de órgãos repressores por natureza com história bem conhecida.

         Neste caso, encontram-se os clubes militares.  No início dos anos 60 do Século passado havia o Instituto de Cooperação Militar Brasil/Estados Unidos.  Para quem entende, saber que isto significa Instituto de Submissão Militar Brasil aos Estados Unidos.  O Império do Norte vinha tentando invadir o Brasil desde o início da descoberta do petróleo com a sutileza do uso da imprensa(anos 40/50).     David Rockefeller, magnata de uma família dominadora da exploração e industrialização do “ouro negro”, armou o esquema a junção de poderosos anunciantes de seu pais para fornecer propaganda aos veículos de notícias do Brasil. E condicionava à manutenção das propagandas divulgação de notícias interessantes aos Estados Unidos de maneira a tornar simpática a imagem daquele país aos olhos dos leitores brasileiros. Dos desdobramentos, passou-se a aproximar as forças armadas estadunidenses às brasileiras, de onde vieram a surgir esses institutos.

        Dessas corporações, resultaram as campanhas contra a existência do petróleo brasileiro, a deposição de Getúlio Vargas em 1945, a campanha contra a eleição de Getúlio em 1951; depois de sua posse, as campanhas voltaram-se contra a criação de Petrobrás e que redundou na sua morte em 1954. Como havia vice-presidente eleito, Café Filho, simpático aos militares e aos Estados Unidos, o Golpe foi adiado.  Tentado de novo após a eleição de Juscelino Kubuschek e contra a sua posse, garantida, no entanto pelo Marechal legalista Henrique Lott.  Terminado o mandato de JK, fizeram seu sucessor Jânio Quadros, que tinha condecorado Chê Guevara com a Ordem do Cruzeiro do Sul,  renunciar com 7 meses de mandado. 

        Da renúncia de Jânio, quiseram impedir a posse do Vice eleito João Goulart, o que foi evitado devido à criação da resistência ao Golpe, liderado pelo então Governador do Rio Brande do Sul, Leonel Brizola, com a criação da Cadeia da Legalidade, em que teve como aliado o Governador Mauro Borges, de Goiás.

Mesmo assim, a posse somente foi possível sob o regime Parlamentarista, derrubado no Plebiscito de 06 de janeiro de 1963 com mais de 10 milhões de votos pelo NÃO, contra apenas 2 milhões pelo SIM.

        A conspiração Estados Unidos e forças armadas brasileiras prosseguiu até derrubar o presidente brasilieiro em 01 de abril de 1964 definitivamente. E instaurou uma Ditadura fascista e violenta durante 21 anos.  Para tanto, o país ianque manteve a Escola das Américas no Panamá, onde preparava militares brasileiros para as operações de tortura e ações anti-guerrilha urbana. Aquela escola ficou conhecida na história como “casa dos horrores”

        Agora, os remanescentes dessas forças armadas emitem uma nota denominada “Mensagem dos Clubes Militares”, assumida como “Comissão Interclubes Militares”, onde dizem que fazem a leitura “das recentes manifestações populares é que elas expressam, majoritariamente, o grito daqueles que estão indignados com o descaso e, às vezes, com a conivência das autoridades governamentais, no que diz respeito às legítimas aspirações da sociedade, ressalvado o perigoso aproveitamento por segmentos radicais que buscam interesses inconfessáveis.”

       O texto termina afirmando: “Estaremos sempre atentos e acompanharemos a evolução dos fatos.”

       E, por ironia história, coloca o refrão de uma música de Geraldo Vandré, Caminhado(Pra não dizer que não falei de flores), que serviu de hino dos protestos da juventude contra a Ditadura entreguista e violenta que durou 21 anos e levou o Brasil ao atraso cultural, social e constitucional de mais 100 de anos:  “Quem sabe faz a hora, não espera acontecer”, como se tivessem legitimidade para isto. 

        A história não esquece: os Estados Unidos invadiram o Brasil sem usar um soldado. Bastou a submissão do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, mantidos pelos brasileiros, e que tinha o dever constitucional de defender a soberania, as fronteiras, as riquezas e os interesses nacionais contra ameaças estrangeiras.

        A simpatia que manifestam aos jovens agora pode ser o cavalo de Tróia, com a saudade de usarem as instruções da Casa das Américas, que apodrecem na ociosidade, no desconhecimento das novas gerações e no desprezo que a história lhe reserva.

Este é o manifesto militar:

TERÇA-FEIRA, 25 DE JUNHO DE 2013






COMISSÃO  INTERCLUBES  MILITARES

Mensagem dos Clubes Militares

Rio de Janeiro, 20 de junho de 2013.

       A leitura que os Clubes Naval, Militar e de Aeronáutica fazem das recentes manifestações populares é que elas expressam, majoritariamente, o grito daqueles que estão indignados com o descaso e, às vezes, com a conivência das autoridades governamentais, no que diz respeito às legítimas aspirações da sociedade, ressalvado o perigoso aproveitamento por segmentos radicais que buscam interesses inconfessáveis.
       Quando o povo se convence de que antigos vícios e omissões se repetem, impunemente, percebe que é chegada a hora de se manifestar clamorosamente. Não mais aceita ser conduzido, resignadamente, como grupo ingênuo. Obriga-se a dar um basta à impostura e à impunidade.
       Estaremos sempre atentos e acompanharemos a evolução dos fatos.
“Quem sabe faz a hora, não espera acontecer”.

 Gen Ex Renato César Tibau da Costa
             Presidente do Clube Militar                     

V Alte Paulo Frederico Soriano Dobbin    
Presidente do Clube Naval                         

Ten Brig Ivan Moacyr da Frota
Presidente do Clube de Aeronáutica

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(Franklin Netto – viscondedoriobrancominasgerais@gmail.com)



José Luiz Lopes Gomes(De Viçosa-MG) - Leandro Severo: Como os EUA conquistaram o Brasil usando a mídia

(Compilação) 



23 de Junho de 2013 - 9h37 

Leandro Severo: Como os EUA conquistaram o Brasil usando a mídia

Em 1957, uma CPI da Câmara dos Deputados, comprovou que O Estado de São Paulo, O Globo e Correio da Manhã foram remunerados pela publicidade estrangeira para moverem campanhas contra a nacionalização do petróleo.

Por Leandro Severo*

Nelson Rockfeller, governador de Nova York, recebido pelo ditador Costa e Silva.
Em momentos cruciais para o país se inclinaram para o golpismo e a traição aos interesses nacionais: contra Getúlio, a Petrobrás, JK, contra Jango, apoiando a ditadura, Collor, FHC e suas privatizações, atacando Lula.

Em 1941, enquanto milhões de homens e mulheres derramavam seu sangue pela liberdade nos campos da Europa e da União Soviética, a elite dos círculos financeiros dos Estados Unidos já traçava seus planos para o pós-guerra.

Como afirmou Nelson Rockefeller, filho do magnata do petróleo John D. Rockefeller, em memorando que apresentava sua visão ao presidente Roosevelt: “Independente do resultado da guerra, com uma vitória alemã ou aliada, os Estados Unidos devem proteger sua posição internacional através do uso de meios econômicos que sejam competitivamente eficazes…” (COLBY, p.127, 1998).

Seu objetivo: o domínio do comércio mundial, através da ocupação dos mercados e da posse das principais fontes de matéria-prima.

Anos mais tarde o ex-secretário de imprensa do Congresso americano, Gerald Colby, sentenciava sobre Rockefeller: “No esforço para extrair os recursos mais estratégicos da América Latina com menores custos, ele não poupava meios” (COLBY, p.181, 1998).

Neste mesmo ano, Henry Luce, editor e proprietário de um complexo de comunicações que tinha entre seus títulos as revistas Time, Life e Fortune, convocou os norte-americanos a “aceitar de todo o coração nosso dever e oportunidade, como a nação mais poderosa do mundo, o pleno impacto de nossa influência para objetivos que consideremos convenientes e por meios que julguemos apropriados” (SCHILLER, p.11, 1976).

Ele percebeu, com clareza, que a união do poder econômico com o controle da informação seria a questão central para a formação da opinião pública, a nova essência do poder nacional e internacional.

Evidentemente para que os planos de ocupação econômica pelas corporações americanas fossem alcançados havia uma batalha a ser vencida: como usurpar a independência de nações que lutaram por seus direitos? Como justificar uma postura imperialista do país que realizou a primeira insurreição anticolonial?

A resposta a esta pergunta foi dada com rigor pelo historiador Herbert Schiller: “Existe um poderoso sistema de comunicações para assegurar nas áreas penetradas, não uma submissão rancorosa, mas sim uma lealdade de braços abertos, identificando a presença americana com a liberdade – liberdade de comércio, liberdade de palavra e liberdade de empresa. Em suma, a florescente cadeia dominante da economia e das finanças americanas utiliza os meios de comunicação para sua defesa e entrincheiramento onde quer que já esteja instalada e para sua expansão até lugares onde espera tornar-se ativa” (SCHILLER, p.13, 1976).

Foi exatamente ao que seu setor de comunicações se dedicou. Estava com as costas quentes, já que as agências de publicidade americanas cuidavam das marcas destinadas a substituir as concorrentes europeias arrasadas pela guerra.

O setor industrial dos EUA havia alcançado um vertiginoso aumento de 450% em seu lucro líquido no período 1940-1945, turbinado pelos contratos de guerra e subsídios governamentais.

Com esta plataforma invadiram a América Latina e o mundo.

Com o suporte do coordenador de Assuntos Interamericanos (CIIA), Nelson Rockefeller, mais de mil e duzentos donos de jornais latinos recebiam, de forma subsidiada, toneladas de papel de imprensa, transportada por navios americanos.

Além disso, milhões de dólares em anúncios publicitários das maiores corporações eram seletivamente distribuídos. É claro que o papel e a publicidade não vinham sozinhos, estavam acompanhados de uma verdadeira enxurrada de matérias, reportagens, entrevistas e releases preparadas pela divisão de imprensa do Departamento de Estado dos EUA.

A vontade de conquistar as novas “colônias” e ocupar novos territórios como haviam feito no século anterior, no velho oeste, não tinha limites.

No Brasil, circulava desde 1942, a revista Seleções (do Reader’s Digest), trazida por Robert Lund, de Nova York.

A revista, bem como outras publicações estrangeiras, pagavam os devidos direitos aduaneiros por se tratarem de produtos importados, mas solicitou, e foi atendida pelo procurador da República, Temístocles Cavalcânti, o direito de ser editada e distribuída no Brasil, com o argumento de ser uma revista sem implicações políticas e limitada a publicar conteúdos culturais e científicos. Assim começou a tragédia.

Logo chegou o grupo Vision Inc., também de Nova York, com as revistas Dirigente Industrial, Dirigente Rural, Dirigente Construtor e muitos outros títulos que vinham repletos de anúncios das corporações industriais.

Um fato bastante ilustrativo foi o da revista brasileira Cruzeiro Internacional, concorrente da Life International, que apesar de possuir grande circulação, nunca foi brindada com anúncios, enquanto a concorrente americana anunciava produtos que, muitas vezes, nem sequer estavam à venda no Brasil.

Ficava claro que os critérios até então estabelecidos para o mercado publicitário, como tempo de circulação efetiva, eficiência de mensagem e comprovação de tiragem, de nada adiantavam. O que estava em jogo era muito maior.

Um papel importantíssimo na ocupação dos novos mercados foi desempenhado pelas agências de publicidade americanas. McCann-Erickson e J. Warter Thompson eram as principais e tinham seu trabalho coordenado diretamente pelo Departamento de Estado. Para se ter uma ideia a McCann-Erickson , nos anos 60, possuía 70 escritórios e empregava 4619 pessoas, em 37 países, já a J. Warter Thompson tinha 1110 funcionários, somente na sede de Londres.

Os Estados Unidos tinham 46 agências atuando no exterior, com 382 filiais. Destas 21 agências em sociedade com britânicos, 20 com alemães ocidentais e 12 com franceses. No Brasil atuavam 15 agências, todas elas com instruções absolutamente claras de quem patrocinar.

No início dos anos 50, Henry Luce, do grupo Time-Life, já estava luxuosamente instalado em sua nova sede de 70 andares na área mais nobre de Manhattan, negócio imobiliário que fechou com Nelson Rockefeller e seu amigo Adolf Berle, embaixador americano no Brasil na época do primeiro golpe contra o presidente Getúlio Vargas.

Luce mantinha fortes relações com os irmãos Cesar e Victor Civita, ítalo-americanos nascidos em Nova Iorque. Cesar foi para a Argentina em 1941 onde montou a Editorial Abril, como representante da companhia Walt Disney, já Victor, em 1950, chega ao Brasil e organiza a Editora Abril.

Neste mesmo período seu filho, Roberto Civita, faz um estágio de um ano e meio na revista Time, sob a tutela de Luce e logo retorna para ajudar o pai.

Poucos anos depois, o mercado editorial brasileiro está plenamente ocupado por centenas de publicações que cantavam em prosa e verso o american way of life.

Somente a Abril, financiada amplamente pelas grandes empresas americanas, edita diversas revistas: Claudia, Quatro Rodas, Capricho, Intervalo, Manequim, Transporte Moderno, Máquinas e Metais, Química e Derivados, Contigo, Noiva, Mickey, Pato Donald, Zé Carioca, Almanaque Tio Patinhas, a Bíblia Mais Bela do Mundo, além de diversos livros escolares.

Em 1957, uma Comissão Parlamentar de Inquérito da Câmara dos Deputados, comprova que O Estado de São Paulo, O Globo e Correio da Manhã foram remunerados pela publicidade estrangeira para moverem campanhas contra a nacionalização do petróleo.

Em 1962, o grupo Time-Life encontra seu parceiro ideal para entrar de vez no principal ramo das comunicações, a Televisão. A recém-fundada TV Globo, de Roberto Marinho. Era uma estranha sociedade.

O capital da Rede Globo era de 600 milhões de cruzeiros, pouco mais de 200 mil dólares, ao câmbio da época. O aporte dado “por empréstimo” pela Time-Life era de seis milhões de dólares e a empresa tinha um capital dez mil vezes maior.

Como denunciou o deputado João Calmon, presidente da Abert (Associação Brasileira de Empresas de Rádio e Televisão): “Trata-se de uma competição irresistível, porque além de receber oito bilhões de cruzeiros em doze meses, uma média de 700 milhões por mês, a TV Globo recebe do Grupo Time-Life três filmes de longa metragem por dia – por dia, repito… Só um ‘package’, um pacote de três filmes diários durante o ano todo, custa na melhor das hipóteses, dois milhões de dólares” (HERZ, p.220, 2009).

O Brasil e o mundo estão em efervescência. A tensão é crescente com revoluções vitoriosas na China e em Cuba. A luta pela independência e soberania das nações cresce em todos continentes e os EUA colocam em marcha golpes militares por todo o planeta. A Guerra Fria está em um ponto agudo.

É nesse quadro que a Comissão de Assuntos Estrangeiros do Congresso dos EUA, em abril de 1964, no relatório “Winning the Cold War. The O.S. Ideological Offensive” define: “Por muitos anos os poderes militar e econômico, utilizados separadamente ou em conjunto, serviram de pilares da diplomacia. Atualmente ainda desempenham esta função, mas o recente aumento da influência das massas populares sobre os governos, associado a uma maior consciência por parte dos líderes no que se refere às aspirações do povo, devido às revoluções concomitantes do século XX, criou uma nova dimensão para as operações de política externa. Certos objetivos dessa política podem ser colimados tratando-se diretamente com o povo dos países estrangeiros, em vez de tratar com seus governos. Através do uso de modernos instrumentos e técnicas de comunicação, pode-se hoje em dia atingir grupos numerosos ou influentes nas populações nacionais – para informá-los, influenciar-lhes as atitudes e, às vezes, talvez, até mesmo motivá-los para uma determinada linha de ação. Esses grupos, por sua vez, são capazes de exercer pressões notáveis e até mesmo decisivas sobre seus governos” (SCHILLER, p.23, 1976).

A ordem estava dada: “informar”, influenciar e motivar. A rede está montada, o financiamento definido.

O jornalista e grande nacionalista, Genival Rabelo, exatamente nesta hora, denuncia no jornal Tribuna da Imprensa do Rio de Janeiro: “Há, por trás do grupo (Abril), recursos econômicos de que não dispõem as editoras nacionais, porém muito mais importante do que isso está o apoio maciço que a indústria e as agências de publicidade americanas darão ao próximo lançamento do Sr. Victor Civita, a exemplo do que já fizeram com as suas 18 publicações em circulação, bem como as revistas do grupo norte-americano Vision Inc.” (RABELO, p.38, 1966)

Mas é necessário mais. É preciso enfraquecer, calar e quebrar tudo que seja contrário aos interesses dos monopólios, tudo que possa prejudicar os interesses das corporações. A General Eletric, General Motors, Ford, Standard Oil, DuPont, IBM, Dow Chemical, Monsanto, Motorola, Xerox, Jonhson & Jonhson e seus bancos J. P. Morgan, Citibank, Chase Manhattan precisam estar seguros para praticar sua concorrência desleal, para remeter lucros sem controle, para desnacionalizar as riquezas do país se apossando das reservas minerais.

Várias são as declarações, nesta época, que deixam claro qual o caminho traçado pelos EUA. Nas palavras de Robert Sarnoff, presidente da RCA – Radio Corporation of America – “a informação se tornará um artigo de primeira necessidade equivalente a energia no mundo econômico e haverá de funcionar como uma forma de moeda no comércio mundial, convertível em bens e serviços em toda parte” (SCHILLER, p.18, 1976).

Já a Comissão Federal de Comunicações (FCC), em informe conjunto dos Ministérios do Exterior, Justiça e Defesa, afirmava: “As telecomunicações evoluíram de suporte essencial de nossas atividades internacionais para ser também um instrumento de política externa” (SCHILLER, p.24, 1976).

É esclarecedor o pensamento do delegado dos Estados Unidos nas Nações Unidas, vice-ministro das Relações Exteriores, George W. Ball, em pronunciamento na Associação Comercial de Nova Iorque: 

“Somente nos últimos vinte anos é que a empresa multinacional conseguiu plenamente seus direitos. Atualmente, os limites entre comércio e indústria nacionais e estrangeiros já não são muito claros em muitas empresas. Poucas coisas de maior esperança para o futuro do que a crescente determinação do empresariado americano de não mais considerar fronteiras nacionais como demarcação do horizonte de sua atividade empresarial” (SCHILLER, p.27, 1976).

A ação desencadeada pelos interesses externos já havia produzido a falência de muitos órgãos de imprensa nacionais e, por outro lado, despertado a consciência de muitos brasileiros de como os monopólios utilizam seu poder de pressão e de chantagem.

Em 1963, o publicitário e jornalista Marcus Pereira afirmava em debate na TV Tupi, em São Paulo: “Em última análise, a questão envolve a velha e romântica tese da liberdade de imprensa, tão velha como a própria imprensa. Acontece que a imprensa precisa sobreviver, e, para isso, depende do anunciante. Quando esse anunciante é anônimo, pequeno e disperso não pode exercer pressão, por razões óbvias. É o caso das seções de ‘classificados’ dos jornais. Mas poucos jornais têm ‘classificados’ em quantidade expressiva. A maioria dos jornais e a totalidade das revistas vivem da publicidade comercial e industrial, dos chamados grandes anunciantes. Acho que posso parar por aqui, porque até para os menos afoitos já adivinharam a conclusão” (RABELO, p.56, 1966).

Não é difícil perceber o quanto a submissão aos interesses econômicos estrangeiros levou a dita “grande mídia” brasileira a se afastar da nação. A se tornar, ao longo dos anos, em uma peça chave da política do Imperialismo.

Em praticamente todos os principais momentos da vida nacional se inclinaram para o golpismo e a traição. Já no primeiro golpe contra Getúlio, depois, contra sua eleição, contra sua posse, contra a criação da Petrobrás, contra a eleição de Juscelino, contra João Goulart, contra as reformas de base, apoiando a Ditadura, apoiando a política econômica de Collor, apoiando Fernando Henrique e suas privatizações, atacando Lula.

Hoje, ela novamente tem lado: o das concessões de estradas, portos e aeroportos, o dos leilões de privatização do petróleo e da necessidade da elevação das taxas de juros, do controle do déficit público com evidentes restrições aos investimentos governamentais, ou seja, da aceitação de um neoliberalismo tardio.


Porque atuam desta forma?


Genival Rabelo deu a resposta: “Um industrial inteligente desta cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro me fez outro dia, esta observação, em forma de desafio: ‘Dou-lhe um doce, se nos últimos cinco anos você pegar uma edição de O Globo que não estampe na primeira página uma notícia qualquer da vida americana, dos feitos americanos, da indústria americana, do desenvolvimento científico americano, das vitórias e bombardeios americanos. A coisa é tão ostensiva que, muita vez, sem ter o que publicar sobre os Estados Unidos na primeira página, estando o espaço reservado para esse fim, o secretário do jornal abre manchete para a volta às aulas na cidade de Tampa, Miami, Los Angeles, Chicago ou Nova Iorque. Você não encontra a volta às aulas em Paris, Nice, Marselha, ou outra cidade qualquer da França, na primeira pagina de O Globo, porque, de fato, isso não interessa a ninguém. Logo, não pode deixar de haver dólar por trás de tudo isso…’ Outro amigo presente, no momento, e sendo homem de publicidade concluiu, deslumbrado com seu próprio achado: ‘É por isso que O Globo não aceita anúncio para a primeira página. Ela já está vendida. É isso. É isso!’. ‘E muito bem vendida, meu caro – arrematou o industrial – A peso de ouro’ ” (RABELO, p.258, 1966).

*Delegado à Conferência Nacional de Comunicação, Secretário Municipal de Comunicação em São Carlos entre 2007 e 2012 .

Referências:




COLBY, G; DENNETT, C. Seja feita a vossa vontade: a conquista da Amazônia, Nelson Rockefeller e o evangelismo na idade do Petróleo. Tradução: Jamari França. Rio de Janeiro: Record, 1998.



HERZ, D. A história secreta da Rede Globo. Porto Alegre: Dom Quixote, 2009. Coleção Poder, Mídia e Direitos Humanos.



RABELO, G. O Capital Estrangeiro na Imprensa Brasileira. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1966.

SCHILLER, H. I. O Império norte-americano das comunicações. Tradução: Tereza Lúcia Halliday Petrópolis: Vozes, 1976.



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Leia:

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Comitê Popular da Copa anuncia protesto domingo no entorno do Maracanã


28/06/2013 - 15h05

Flávia Villela
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – O Comitê Popular da Copa e das Olimpiadas do Rio de Janeiro está organizando uma manifestação para domingo (30), no entorno do Maracanã, estádio que as seleções do Brasil e da Espanha disputam, às 19h, a final da Copa das Confederações. As entidades que compõem o comitê vão protestar, sobretudo, contra o processo de urbanização do Rio de Janeiro para os dois megaeventos, que, segundo elas, envolveu remoções forçadas e violação de direitos humanos, e contra a privatização do Maracanã.
Hoje (28), em entrevista coletiva, os coordenadores do ato informaram que a concentração será na Praça Saens Peña, a cerca de 1 quilômetro  do Maracanã, de onde os manifestantes se dirigirão ao estádio. Depois de anunciarem suas reivindicações, eles vão se dispersar na Praça Afonso Pena, no mesmo bairro.
O representante da organização Justiça Global e membro da articulação do comitê, Renato Cosentino, disse esperar que não haja qualquer impedimento por parte da polícia na chegada do Maracanã. Ele ressaltou que, se houver bloqueios nas imediações do estádio, a orientação é não furá-los. “O movimento é pacífico. Este é nosso quinto ato, e não temos nenhuma intenção de atrapalhar o jogo." Cosentino explicou que o objetivo é chegar ao Maracanã, como nas outras manifestações. "Esperamos ter garantia de fazer essa manifestação, é um direito constitucional nosso."
O movimento reivindica, sobretudo, a interrupção do que chamaram de elitização e privatização do Maracanã, fim do processo de demolição do Parque Aquático Julio De Lamare e do Estádio de Atletismo Célio de Barros, que fazem parte do complexo desportivo do Maracanã, e da Escola Municipal Friedenreich, no entorno da arena.
“O Maracanã agora só tem 75 mil lugares, as áreas VIPs [áreas exclusivas] se multiplicaram, e o preço das entradas subiu muito. Além disso, estão retirando pessoas pobres das áreas centrais e nobres para lugares mais distantes, e tudo isso com recursos públicos para os jogos”, lamentou Cosentino. “Estão transformando o Maracanã em um shopping. O Julio De Lamare e o Célio de Barros eram aproveitados diariamente por cerca de 10 mil pessoas que ali se exercitavam, usando-os como equipamentos de saúde. Tirar esses espaços para transformá-los em estacionamento, que é a proposta do projeto de privatização, é um absurdo”, completou.
Gustavo Mehl, também integrante do Comitê Popular da Copa no Rio, lembrou que protestos paralelos ocorrerão durante todo o domingo em outras áreas da cidade. Ele espera que as manifestações pressionem as autoridades para que ajam de forma mais transparente e democrática, já que, pelas vias legais, as reivindicações sociais não têm sido ouvidas ou acatadas. “Temos uma série de liminares que foram apreciadas diretamente pela presidência do Tribunal de Justiça, que derrubou todas as que tiveram parecer favorável dos juízes de primeira instância.”
Ele informou que a articulação enviou ao Comitê Olímpico Internacional e à Federação Internacional de Futebol (Fifa) documento com denúncias sobre irregularidades nas remoções, mas, até o momento, não obteve resposta. “Em relação ao Maracanã, em dezembro de 2012, entregamos um documento listando todas as violações, ilegalidades e arbitrariedades que aconteciam no complexo do maracanã à comitiva do Jérôme Valcke [secretário-geral da Fifa].”
O Comitê Popular da Copa e das Olimpíadas reúne representantes de comunidades, movimentos sociais, organizações e entidades diversas e de pessoas que contestam a forma como estão sendo geridos os recursos públicos e realizadas as obras de infraestrutura nas 12 cidades-sede da Copa do Mundo de 2014, e no Rio de Janeiro, onde serão realizados os Jogos Olímpicos de 2016.

Edição: Nádia Franco
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AGÊNCIA BRASIL - 28/06/2013

14h37
Primeiro deputado federal preso durante o exercício do mandato, desde 1988, Natan Donadon (RO) será levado para o presídio da Papuda. Ele vai ficar separado dos demais presos, em cela especial. O STF condenou Donadon pelos crimes de peculato e formação de quadrilha



CCJ da Câmara não notifica deputado sobre processo de cassação
Polícia Federal confirma prisão de Natan Donadon
15h44
No dia 1º de setembro, serão aplicadas as provas discursivas e objetivas para os cargos de nível superior. E no dia 15 de setembro, para os cargos de nível médio. O concurso foi cancelado no início do mês após falhas na aplicação das provas em três estados
13h15
No segundo leilão de venda de dólares no mercado futuro, foram ofertados 40 mil contratos, com vencimentos em outubro e novembro deste ano. O Banco Central tem feito intervenções para conter a alta do dólar
12h09
A edição de inverno do Programa Universidade para Todos totalizou 436.941 candidatos. As inscrições foram encerradas quinta-feira (28) e a primeira chamada será divulgada no domingo (30) pela internet
15h55
O governador Geraldo Alckmin anunciou a extinção de uma secretaria, unificação de três fundações e queda nas despesas com aluguel de veículos, além da venda de um helicóptero. Em 2013, o corte será equivalente a R$ 129,5 milhões

11h22
A defesa do ativista italiano Cesare Battisti pediu a revisão de sua condenação por uso de carimbos oficiais falsos do serviço de imigração brasileiro em passaportes estrangeiros. Os magistrados entenderam que há a “configuração de infração”
9h20
Os trabalhadores que recebem até dois salários mínimos (aproximadamente R$ 1,3 mil) têm até esta sexta-feira (28) para retirar o abono salarial (R$ 678) referente ao período 2012/2013. De acordo com balanço do Ministério do Trabalho, 1.070.848 trabalhadores ainda não sacaram o benefício
15h05
O Comitê Popular da Copa e das Olimpíadas do Rio de Janeiro está organizando uma manifestação para domingo (30) no entorno do Maracanã, onde as seleções do Brasil e da Espanha vão disputar a final da Copa das Confederações. O grupo vai protestar contra as remoções forçadas de famílias por causa dos eventos e a privatização do estádio

16h11
O prazo para a entrega de declaração termina às 23h59 de hoje. A Receita Federal aconselha evitar o envio na última hora, para não correr o risco de enfrentar dificuldades pelo acúmulo de acessos à página na internet
11h22
O resultado do setor público consolidado – governos federal, estaduais e municipais e empresas estatais – ficou em R$ 5,681 bilhões. Em maio do ano passado, a economia do governo para pagar os juros da dívida foi R$ 2,653 bilhões, mas teve redução em relação a abril deste ano (R$ 10,328 bilhões)
12h30
Raymundo Santos Rocha Magno substituirá o atual titular Marcel Biato. A mudança, segundo o chanceler Antonio Patriota, é “natural” e ocorre quando o embaixador está no posto por um período de três a cinco anos
9h19
Nas ruas, um número cada vez maior de manifestantes se unem para cantar e fazer orações pelo ex-presidente da África do Sul e Prêmio Nobel da Paz de 1993. Ele está internado há três semanas em estado grave, mas estável, em Pretória, devido a uma infecção pulmonar