terça-feira, 14 de agosto de 2012

A educação que temos envergonha



Os números que o IDEB – Instituto de Desenvolvimento da Educação Básica – atribuem aos anos iniciais do ensino de 05, para uma menta de 4,6 envergonham, considerando-se a variação de 01 a 10, se essa avaliação fosse uma prova.
Diante da nossa realidade de aprovação automática, sem depender de conhecimento, a meta é medíocre, quando alunos chegam ao final dessa primeira fase(1ª à 5ª série) sem saber ler ou fazer uma conta elementar. E, se consideramos o sistema educacional como um todo, os analfabetos funcionais que chegam aos Cursos Superiores indicam necessidade de urgência para  reformar o Sistema de Ensino de maneira a transformá-lo em instrumento de dotar a população jovem e adulta em portadores de saber qualificado, não apensas de diploma como prova de ter passado por estágios escolares.
Para isto teria de estabelecer prioridade e metas de gastos superiores aos determinados para construir os estádios de futebol onde serão disputadas algumas partidas da Copa do Mundo, em 2014, e das Olimpíadas em 2016.
As fábulas gastas para essa finalidade falta para orçamentos destinados a programas sociais geradores de emprego bem remunerado e para a educação para o povo brasileiro.
“O objetivo do Ideb é fomentar a melhoria da qualidade do ensino para que o país atinja a nota 6 para as séries iniciais do ensino fundamental até 2022, bicentenário da Independência.”
Esse enunciado é risível  se não fosse trágico. 
Festejar os 5 de agora, para a meta de 4,6,  e estabelecer uma meta para 10 anos à frente para se chegar a uma avaliação de 6, “no ano da Independência” é, no mínimo falta de seriedade. Nem simbolicamente, nada em a ver uma coisa com a outra. Essa Independência, que não houve, e esse objetivo de avaliação nada têm de sério, nem se fosse a curto prazo. Isto é empurrar com a barriga uma questão séria como é a educação, a geradora de todos os bens ou males de um povo, dependendo do seu grau na abrangência de uma sociedade. Até lá(2022), estarão no poder outros governantes, outros partidos, não se sabe quem, nem quais. Poderão até estar muitos dos que agora compõe o quadro. Talvez com mais cabelos brancos e habituados à comodidade do poder.
Essa emergência para os gastos astronômicos  nos estádios de futebol, o bolsa família e o descaso com a educação é a  mais debochada forma de imitarem os imperadores romanos na distribuição de pão e circo para o povo.  
 Imagem: diadefolga.blogspot.com
devorador-d6-pecado.blogspot.com
doceinutensilio.blogspot.com

Aqueles gastos poderiam ser aplicados no interior das escolas, inclusive com a construção de campos de futebol para os alunos terem seu lazer aliado à frequência às aulas, no desenvolvimento da saúde física e mental – mens sana in corpore sano. Não só campos poderiam ser destinados ao lazer. As oficinas de arte seriam instrumentos de lazer e aprendizagem, união de cultura, desenvolvimento de raciocínio, da palavra escrita e falada, do diálogo, da história.  Educação é cultura. Uma é caminho, a outra resultado.
Se governos, representantes das classes dominantes, negam conhecimento a seu povo, é porque  querem-no ignorante de seus direitos e deveres, dócil, agradecido por migalhas que lhe atiram, como galinhas do seu terreiro a correr para comer na sua mão, e, depois, se tornar prato de sua mesa.
Essas fábulas gastas nos estádios seriam muito bem empregadas na remuneração dos professores e todos os agentes da educação, em níveis comparados aos dos parlamentares – por que não?  O que deputados e senadores têm melhor do que os educadores? Não só deputados e senadores. Também nos municípios, prefeitos e vereadores.
Dos professores é exigida Formação Superior. Dos prefeitos, vereadores, deputados, governadores e presidentes da república a justiça pede que simplesmente saibam ler e escrever. E muitos fazem essa “prova” elementar com muita dificuldade.  Talvez um professor leigo seja mais  habilitado.
Lembram-se do Tiririca?
Então, quando um governo, através das pompas de um Ministro da Educação, estabelece metas como essas, está disposto a chegar a lugar nenhum.  Ainda há quem defenda que temos governantes de esquerda, mesmo com a política neoliberal em voga, com as leis de mercado para tudo, com o salário mínimo tabelado por um ano em valor que mal cobre um quarto das necessidades de uma família.  Mesmo com o analfabetismo absoluto em altos níveis, dentro ou fora da escola. “Me engane, que eu gosto”.
É bom pesquisarmos informações relacionadas a este tema. Vejam:
“O Brasil tem 33 milhões de analfabetos funcionais (cerca de 18% da população), ou seja, pessoas com menos de quatro anos de estudo, e 16 milhões de pessoas com mais de 15 anos que ainda não foram alfabetizadas. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).”




ACABOU O ANALFABETISMO

"Uma pequena nota do jornalista João Alberto, no Diário de Pernambuco, informa que a Unesco reconhece que acabou o analfabetismo em três países da América do Sul: Venezuela, Equador e Bolívia. É bom saber que esses países irmãos conseguiram esse feito. Ao mesmo tempo, ficamos preocupados pois sabemos que o Brasil, com maiores potencialidades, ainda está longe de alfabetizar todos os homens e mulheres em idade para tal. Os índices de pessoas que não sabem ler e escrever, entre nós, ainda são alarmantes.”

“Após quase cinquenta e tres anos de governo de Castro, Cuba exibe seus melhores êxitos no campo social, tendo conseguido eliminar o analfabetismo, implementar um sistema de saúde pública universal, diminuir significativamente as taxas de mortalidade infantil e reduzir o índice de desemprego"(wikipedia.org)
Aí estão informações de governos realmente de Esquerda.  Há uma sistemática negação da mídia em difundir essa notícias, por preconceito e por conveniência, já que a midia convencional está a serviço das classes dominantes.
A própria Unesco ignora Cuba.  Mas, com um ano  do governo Castro, o analfabetismo foi elinado, assim como de Evo Morares e Hugo Chaves.
E hoje, "depois de 50 anos a Campanha de Alfabetização volta a ser notícia, com uma Cuba sem nenhum analfabeto e mais de um milhão de universitários" - (http://artesquerda.blogspot.com.br/2011/12/cuba-territorio-livre-do-analfabetismo.html).

No Brasil, a responsbilidade pelo analfabetismo está nos governantes dos municípios, dos estados e da república.
Preferíamos dizer a responsabilidade pelo ensino. Infelizmente “ensino” é  ficção. São heróis os professores que lutam para preparar os alunos. Mas o ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente – e as regras pedagógicas impedem quem quer fazer de cada criança ou adulto um cidadão de pleno saber. É como se houvesse uma determinação sutil de que “é proibido ensinar”.
(Franklin Netto)


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