Está no noticiário da
Agência Brasil de hoje que “Unicef alerta para trabalho infantil como causa
significativa do abandono escolar”.
Mas tem que saber primeiro
qual a causa do trabalho infantil. Todo pai e toda mãe preferiam ter seus
filhos na escola do que no trabalho. E as crianças também gostariam de estar
fora dos ferimentos na pele causados pelo corte de cana da indústria do açúcar
e do álcool, e do calor ardente das carvoarias.
Por que as crianças
trabalham?
Essas instituições, com a
complacência dos poderes constituídos e das classes dominantes, desviam o foco
principal dos motivos que praticamente obrigam as famílias a aceitarem ou até
determinarem que os meninos comecem a vida no sacrifício de trabalhos pesados e
perigosos.
Evitam tratar da criminosa
concentração de renda nas mãos dos 10% mais ricos no alto da pirâmide
social. Essa concentração que satisfaz o
egoísmo dos privilegiados, se distribuída, faria a felicidade da massa geradora
de toda a renda.
Os governantes teriam de
usar os impostos e salários como instrumento dessa distribuição. Teriam que
fazer as equipes econômicas estabelecerem normas para essa distribuição,
voltada para satisfazer o interior do país, ao contrário do que fazem: procuram
beneficiar o capital especulativo de fora, do exterior, e os seus aliados
internos, no luxo e na ostentação, em contraste com a massa de trabalhadores.
Aí está o salário mínimo
vigente que não dá para a quarta parte do que precisa uma família de dois adultos
e duas crianças viverem, em contradição com a Constituição Federal que
determina o seu valor necessário. Todo mês o DIEESE mostra esse valor, baseado
na variação da cesta básica estudada em 17 capitais brasileiras.
A grande imprensa, sempre a
serviço das classes dominantes e das conveniências governamentais, omite a
informação da opinião pública. Prefere dedicar-se a
banalidades que dão IBOPE e desviam o foco dos temas principais.
Se um chefe de família
ganhasse o salário necessário, os filhos poderiam ter a presença da mãe no seu desenvolvimento.
E estes estariam na escola e aprimorando os estudos em casa para uma educação
melhor.
Ao mesmo tempo, se houvesse
governantes e uma elite interessadas na evolução do grupo social, teríamos as
escolas de tempo integral, onde as crianças estudariam, brincariam, teriam
alimentação e higiene completas, o que diminuiria as despesas do grupo
familiar.
Permanecendo o dia todo na
escola, não haveria motivo para o cansaço do trabalho prejudicar o seu
aprendizado.
Durante o tempo na escola,
haveria sempre a presença de professores para auxiliar em pesquisas e tirar
dúvidas de matérias não compreendidas.
Tudo dependeria de usar a
renda nacional com investimentos condizentes com a nobreza da educação, na
remuneração de professores e na estrutura pedagógica de cada estabelecimento de
ensino.
E, em escola que ofereça
alimentação, bem estar, lazer e aprendizado, não há razão para a sempre
lembrada evasão escolar.
Ficar procurando causas
superficiais torna-se uma fuga deliberada diante de um problema sério e necessário
de resolver.
O país investe pouco em
educação. Mas gasta muito em obras faraônicas para palácios governamentais,
para estádios de futebol, para presídios e toda a estrutura prisional.
Dá prioridade ao tratamento
dos criminosos, ao invés de preparar as novas gerações para que não sejam os
formadores de quadrilhas e máfias do futuro.
Estamos vivendo o momento
das campanhas políticas municipais. Será que algum candidato a prefeito ou
vereador tem plano sincero voltado para a educação de qualidade?
Quando vemos o “PIB per
capita” brasileiro, temos certeza de que há condições de o país poder fazer a
distribuição de renda que proporcione salários dignos às famílias e fazer da
educação um instrumento para formar a nação de cidadãos e cidadãs de elevado
nível de conhecimentos, preparados para trabalho qualificado e capazes de virem
a criar suas famílias dentro dos padrões condizentes com a dignidade humana.
A renda per capita nacional
está em torno de R$ 19.000,00 anuais. Isto dá por mês R$ 1.583,33. Se cada
pessoa produz essa riqueza, uma família de quatro gera R$ 6.333,33.
Se os governantes, através
de suas equipes econômicas, estabelecerem mecanismos para cada família receber
a metade do que produz, dará R$ 3.166,66.
Este valor está acima dos R$ 2.519,97 estudados pelo DIEESE para julho
passado como salário mínimo necessário.
Os R$ 622,00 que o trabalhador recebe são menores do que a quarta parte
do necessário.
Com os R$ 3.166,66
destinados a cada família, a outra parte da renda daria para manter a máquina
governamental em suas ações administrativas.
A diferença entre o mínimo
necessário e o possível, seria R$ 1.256,62. Variando para mais e para menos,
estabeleceria as diferenças de remuneração, conforme a capacitação e o mérito.
Para isto, teria que haver um teto de remuneração.
Completamente injusto é
alguém receber valor correspondente a infinitos salários mínimos, nem sempre
trabalhando, enquanto o trabalhador tem que batalhar anos para ver passar em
suas mãos o mesmo que um parlamentar, por exemplo, recebe por mês.
Ninguém é tão
desqualificado para receber tão pouco(R$ 622,00). E ninguém é tão qualificado para receber
tanto(um parlamentar custa ao país mais de R$ 100.000.00) por mês. Um operário tem que trabalhar mais de quatro
anos para alcançar o mesmo que um deputado recebe por mês, somente o direto
para si, sem falar nas verbas de gabinete, despesas com assessoria, transporte,
motorista particular, correspondência, viagens extras...
A Unicef precisa voltar sua
atenção para a estrutura governamental do país. Da maneira como tem feito, está
culpando os menores e suas famílias pelo trabalho infantil e pela evasão
escolar.
Ponham-se as coisas em seus
devidos lugares, e não haverá menor fora da escola. E o trabalho infantil será
substituído por adultos melhor remunerados que poderão estar preparando as
respectivas famílias para um futuro desejado.
A propósito, voltamos ao
início da conversa.
As eleições vão apontar
prefeitos e vereadores para 2013.
Em Visconde do Rio Branco,
o Fórum vai ser deslocado para prédio novo na Barra dos Coutos – Av. Theophille
Dubreil. O prédio atual, na Praça 28 de
Setembro, ao lado da Igreja Matriz e atrás da Prefeitura, será muito bem
aproveitado se transformado em Escola de Tempo Integral. O Estádio da Boa Vista Joseph Lambert(tombado)
servirá para as atividades esportivas ao ar livre. Melhor proveito não há.
Prédio do Fórum. Imagem: Luiz Bareza
Estádio da Boa Vista Joseph Lambert
(Franklin Netto – viscondedoriobrancominasgerais@gmail.com)
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