--Terça-24------“A
Banda” de José Augusto Muleta); e “Visconde
do Rio Branco, Um Passeio no Tempo” de Jacynto
Batlha) Palestras de Jacynto e José Augusto Muleta.
Na terça-feira,
24 de julho, foram exibidos dois filmes: “A Banda”, um curta metragem de José Augusto
Muleta; e “Visconde do Rio Branco, Um Passeio no Tempo”, de Jacynto Batalha.
Em A Banda,
com 06 minutos de duração, o produtor mostra, em um terminal rodoviário, dois
passageiros de nível de vida diferente: uma mulher de meia idade e um idoso
humilde, aparentemente mendigo, sentados no banco de espera. Entre eles um pacote de biscoito que os dois
vão comendo parte a parte. O velho de maneira tranquila. A mulher a revelar indignação, embora sem dizer
palavra. As suas expressões no rosto,
nos gestos e nos olhos falavam mais do que palavras de um desejo de gritar,
esbravejar e até agredir, se não fosse o seu “competidor” uma pessoa fraca e
digna de dó. Ao chegar a hora da saída
do ônibus, o velho partiu o último biscoito do pacote, comeu uma parte e deixou
a outra.
- Ah! Que
ousadia! – Eram as palavras que ela gostaria de dizer, mas saiu a passos
nervosos para a condução. Mal se assentou, abriu sua bolsa e viu que lá estavam
intactos seus pacotes de biscoito. Conclusão: era ela quem estava comendo os biscoitos
do velho, que aceitava dividir calmamente e ainda teve o gesto de partir ao
meio o último do pacote, comeu a sua “banda” e cedeu a outra.
Dessa
narrativa, sem palavras, e de gestos que falam, em poucos minutos fica uma
lição de vida: temos de ter cuidado nos impulsos de julgamento. Pensar muito
antes. Quem sabe, ao pensarmos que o
outro erra, somos nós o errado? Cenas
de 06 minutos que falam mais do que um livro.
Na mensagem,
a genialidade do cineasta que contou com Margareth Galvão, Edinardo Pinheiro e Sônia
Fontes, nas interpretações impecáveis, onde gestos e imagens falam mais do que
palavras.
Em seguida,
Jacynto Batalha apresentou o documentário “Visconde do Rio Branco, Um Passeio
No Tempo”, em que busca imagens a partir da origem do Parque Municipal Peixoto
Filho, o nosso jardim da Praça 28 de Setembro, inaugurado em 17 de outubro de
1909, conforme crônica do Professor Sylvio Passos. E faz um levantamento de
imagens da beleza de nossa arquitetura histórica, com prédios antigos,
alinhados e harmônicos no visual de conjunto.
Asfaltamento da Praça 28 de Setembro - 1928 - Image: Paulo Infante Vieira
Nos anos 60 do Século passado, esse conjunto, no centro da cidade,
serviu de cenário para a filmagem de “O Menino e o Vento”, por influência do
ator Jotta Barroso.
Cenário de "O Menino e o Vento". Imagem: Luiz Orlando de Oliveira
"O Menino e o Vento."Imagem: Luiz Orlando de Oliveira
Jacynto, no
seu trabalho, une trechos de cenas variadas de ruas, prédios e de momentos
políticos, onde recorda discurso de posse do ex-prefeito Ruy Bouchardet,
falecido precocemente em acidente de carro no Km 03 da antiga estrada Rio
Branco-Ubá. Mostra cenas também de outro ex-prefeito, Raul Cardoso da
Silva. As cerimônias da Semana Santa ao
vivo estão incluídas nesse documentário, com narrativa do radialista ubaense
Xavier Pereira, e onde se destaca a voz inigualável da cantora Mariazinha, como
Verônica, na Paixão de Cristo.
O
documentário de Jacynto Batalha é uma obra para servir de referência,
muito útil aos estudantes e aos apaixonados pela história do Município. E destaca o cenário básico do centro da
cidade, que merecia ter sido preservado,
infelizmente descaracterizado principalmente a partir dos anos de 1970.
Praça 28 de Setembro. Imagem: Isah Baptista
Antes da
exibição dos filmes, os cineastas José Augusto Muleta e Jacynto Batalha
comentaram o seu trabalho para o público que compareceu ao Auditório Jotta
Barroso naquela noite.
Jacynto Batalha, entre Erick Leite e Jorge Luiz da Silva
José Augusto Muleta com Luciano Huck
Depois do
Festival, nós percebemos informações mostradas no Evento, ou já sabidas
anteriormente: A inauguração do jardim, a criação do Cine Brasil e a idéia do
Hospital São João Batista ocorreram em datas próximas umas das outras. E a
harmonia das construções dos prédios da época revela a existência de uma
cultura social avançada para a época, quando o país e o município eram essencialmente agrícolas. Pouca gente vivia no perímetro urbano, talvez
menos de 10%.
Essa
harmonia, essa civilidade contrastavam com o estilo coronelista dos cafezais,
dos senhores de engenho, dos crimes de encomenda que deram ao município a fama
de “cidade onde se manda matar”, que ainda tem seus resquícios nos dias de
hoje.
E o cinema,
com seus temas variados, com a sua sutileza, com suas ficções baseadas em
fatos, é uma arte saudável e também didática que faz o povo pensar.
(Franklin
Netto)
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