terça-feira, 7 de agosto de 2012

Retrospectiva do 1º Festival de Cinema de Visconde do Rio Branco “Geraldo Santos Pereira”




Segunda-23----Benhame e Jorsom produziram e apresentaram: Escandalosas e Saudades do Jeca

Na segunda-feira, 23 de julho começava o 1º Festival de Cinema de Visconde do Rio Branco “Geraldo Santos Pereira”.  E começou muito bem, com dois cineastas que vivem na cidade e, com todas as suas limitações financeiras e técnicas, realizaram filmes de grande qualidade. São o Jorge Luiz da Silva(Jor-Som), produtor, roteirista e ator  do seu famoso Saudades do Jeca, uma comédia onde as imagens predominam sobre as palavras.  O ator procura imortalizar a figura do Mazzaropi - de quem é fã desde criança – e tem um desempenho que supera o seu próprio guru.
    imagem: girafamania.com.br


    A história é simples, em cenário da zona rural, com água no terreiro, as plantações e a capina. O personagem é um caipira preguiçoso que passa mais tempo pitando no seu cachimbo, soltando cusparadas incontáveis entre duas tragadas de fumaça. A graça gira em torno da sua preguiça e da indisposição até para atender a porta.  Diz-se sempre ocupado, sem estar fazendo nada.  Convive  bem com seu patrão, também muito simplório e um “bão sujeito”.  








O Jeca mal diz a mulher que é só encher a barriga e esvaziar.  E os “menino” vão crescendo.  Ela está grávida igual a uma melancia. Passa a sentir dores e gritar.  Ele pede o carro de boi emprestado ao patrão e consegue.  Leva a “famia” toda até  o hospital e nascem trigêmeos, com dois brancos e um preto, que ele estranha.  Mas, por sorte, aparece no sítio o “doutor” dirigindo um fusca, que veio trazer o verdadeiro filho branco, que fora trocado no hospital. 

    Imagem: tapira.mg.gov.br



    Logo depois o Jeca ganha na loteria(O cacófato está no espírito da peça).  Leva a “muié e os minino” a pé pela estrada até chagarem à cidade, onde foi gastar o dinheiro passeando de trem. 


O filme termina com eles voltando à roça cheios de opulência, mas sem perder o jeitão mazzaropiano de caminhar...   Não faltou a cantoria durante a viagem no carro de boi, que embeleza o contexto de uma simplicidade roceira.  Houve gente na platéia que riu o tempo todo, e pedia para esse filme ser reprisado. 


    Na mesma noite, Luciano Benhame exibe Escandalosas, uma história melodramática sobre a vida de uma casal, que, depois ter um filho, o marido faz a opção pela homosexualidade.  O  enredo se divide entre Visconde do Rio Branco e Juiz de Fora.  A mulher, que era bem afortunada, passa dificuldades, porque o “marido”  teria levado praticamente todos os seus recursos para a vida mundana.  Há mistura desse desvio no submundo das drogas e da alimentação de “boa vida” para parceiros de orgia, exploradores do ambiente da prostituição.




















Há bons atores nesse filme, embora amadores, com destaque para a atriz Neusa Raya, que tem desempenho comparável a profissionais.  Jotta Barroso fez ponta no final, gravada no seu próprio apartamento, na Rua do Rosário, Carrapicho, como pai da mulher abandonada pelo marido vivida por Neusa.   

Os dois filmes daquela noite de abertura do Festival foram uma bela amostra de que Visconde do Rio Branco tem valores pouco conhecidos na área do cinema e do teatro.   Haja vista que todos os produtores deste Festival eram rio-branquenses, com exceção de Erick Leite, que foi o autor de EU É GERALDO, onde conta a vida do também rio-branquense Geraldo Santos Pereira, o homenageado da semana.

A semana que durou de segunda-feira, 23, até o sábado, 27 de julho, mostrou filmes de vários matizes, alguns baseados em livros, outros com inteira criatividade dos produtores.  Mas, não se nega, todos têm algum vínculo com a realidade.  Ninguém sabe com certeza até onde a arte imita a vida, ou a vida imita a arte.  E, neste jogo entre a imaginação e a realidade, cada expectador faz uma leitura da cada história.  Essa leitura mexe com o raciocínio.  Erick leite disse que acha fantástico quando um filme permite várias leituras.

Esse trabalho todo, que vai desde a idealização de um enredo até à apreciação de um público grandioso, provoca interpretações diversas.  Uns acham que a parte principal está no começo; outros pensam que está no meio; outros mais têm convicção que está no fim.  Mas ninguém entende um filme se perder algumas de suas partes.

Conclusão:  Cinema é a arte que faz o povo pensar.  Este é o seu mérito maior.

(Franklin Netto)

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