Segunda-23----Benhame e Jorsom produziram e apresentaram: Escandalosas e Saudades do Jeca
Na segunda-feira,
23 de julho começava o 1º Festival de Cinema de Visconde do Rio Branco “Geraldo
Santos Pereira”. E começou muito bem,
com dois cineastas que vivem na cidade e, com todas as suas limitações
financeiras e técnicas, realizaram filmes de grande qualidade. São o Jorge Luiz
da Silva(Jor-Som), produtor, roteirista e ator
do seu famoso Saudades do Jeca, uma comédia onde as imagens predominam
sobre as palavras. O ator procura imortalizar
a figura do Mazzaropi - de quem é fã desde criança – e tem um desempenho que
supera o seu próprio guru.
imagem: girafamania.com.br
A história é
simples, em cenário da zona rural, com água no terreiro, as
plantações e a capina. O personagem é um caipira preguiçoso que passa mais
tempo pitando no seu cachimbo, soltando cusparadas incontáveis entre duas
tragadas de fumaça. A graça gira em torno da sua preguiça e da indisposição até
para atender a porta. Diz-se sempre
ocupado, sem estar fazendo nada. Convive
bem com seu patrão, também muito
simplório e um “bão sujeito”.
O Jeca mal
diz a mulher que é só encher a barriga e esvaziar. E os “menino” vão crescendo. Ela está grávida igual a uma melancia. Passa
a sentir dores e gritar. Ele pede o
carro de boi emprestado ao patrão e consegue.
Leva a “famia” toda até o
hospital e nascem trigêmeos, com dois brancos e um preto, que ele
estranha. Mas, por sorte, aparece no
sítio o “doutor” dirigindo um fusca, que veio trazer o verdadeiro filho branco,
que fora trocado no hospital.
O filme
termina com eles voltando à roça cheios de opulência, mas sem perder o jeitão
mazzaropiano de caminhar... Não faltou a cantoria durante a viagem no
carro de boi, que embeleza o contexto de uma simplicidade roceira. Houve gente na platéia que riu o tempo todo,
e pedia para esse filme ser reprisado.
Na mesma
noite, Luciano Benhame exibe Escandalosas, uma história melodramática sobre a
vida de uma casal, que, depois ter um filho, o marido faz a opção pela
homosexualidade. O enredo se divide entre Visconde do Rio Branco
e Juiz de Fora. A mulher, que era bem
afortunada, passa dificuldades, porque o “marido” teria levado praticamente todos os seus
recursos para a vida mundana. Há mistura
desse desvio no submundo das drogas e da alimentação de “boa vida” para
parceiros de orgia, exploradores do ambiente da prostituição.
Há bons
atores nesse filme, embora amadores, com destaque para a atriz Neusa Raya, que tem
desempenho comparável a profissionais. Jotta
Barroso fez ponta no final, gravada no seu próprio apartamento, na
Rua do Rosário, Carrapicho, como pai da mulher abandonada pelo marido vivida
por Neusa.
Os dois
filmes daquela noite de abertura do Festival foram uma bela amostra de que
Visconde do Rio Branco tem valores pouco conhecidos na área do cinema e do
teatro. Haja vista que todos os
produtores deste Festival eram rio-branquenses, com exceção de Erick Leite, que
foi o autor de EU É GERALDO, onde conta a vida do também rio-branquense Geraldo
Santos Pereira, o homenageado da semana.
A semana que
durou de segunda-feira, 23, até o sábado, 27 de julho, mostrou filmes de vários
matizes, alguns baseados em livros, outros com inteira criatividade dos
produtores. Mas, não se nega, todos têm
algum vínculo com a realidade. Ninguém
sabe com certeza até onde a arte imita a vida, ou a vida imita a arte. E, neste jogo entre a imaginação e a
realidade, cada expectador faz uma leitura da cada história. Essa leitura mexe com o raciocínio. Erick leite disse que acha fantástico quando
um filme permite várias leituras.
Esse
trabalho todo, que vai desde a idealização de um enredo até à apreciação de um público grandioso, provoca interpretações diversas. Uns acham que a parte principal está no
começo; outros pensam que está no meio; outros mais têm convicção que está no
fim. Mas ninguém entende um filme se
perder algumas de suas partes.
Conclusão: Cinema é a arte que faz o povo pensar. Este é o seu mérito maior.
(Franklin
Netto)
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