sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Salário mínimo de novembro deveria ser de R$ 2.514,09





Com a queda de preços da cesta básica em 13 das 17 capitais pesquisadas pelo DIEESE, o salário mínimo necessário para manter o trabalhador e sua família caiu para R$ 2.514,09,  4,04 vezes o vigente de R$ 622,00(24,74% do necessário).

Mesmo com essa ligeira queda, o mínimo que é pago ao trabalhador não dá para cobrir ¼ “de gastos com alimentação, moradia, educação, vestuário, saúde, transportes, higiene, lazer e previdência social”.

Mesmo assim, notícias internacionais divulgadas hoje pela Agência Brasil afirmam que “O Brasil influenciou de forma determinante a manutenção do crescimento dos salários na América Latina e no Caribe durante e após a crise financeira internacional, segundo o Relatório Mundial sobre Salários, da Organização Internacional do Trabalho (OIT). A média anual de crescimento do salário real no Brasil superou a média mundial entre 2009 e 2011”

Quem vive sabe que os salários no Brasil têm cada vez menor poder aquisitivo. Somente o mínimo teve uma ligeira recuperação, que oscila em torno de menos dos 25% do necessário. Dificilmente ultrapassa esse patamar. E mantém-se abaixo dele a maior parte do tempo. Somente nos primeiros meses do ano, após o reajuste de janeiro, seu valor real atinge ou vai além desse percentual, mas muito pouco acima.


“Em novembro de 2011, o salário mínimo necessário era de R$ 2.349,26 ou 4,31 vezes o valor mínimo em vigor na época, R$ 545,00.”, diz o DIEESE.  23,20% do vigente para o necessário.

Se em um ano houve  crescimento real de 1,54%, para quando poderemos esperar que o valor real necessário seja atingido?   

O salário fica congelado por um ano, enquanto os preços dos bens de primeira necessidade ficam livres, e obedecem “às leis de mercado”, estabelecidas pelos produtores que oferecem suas mercadorias conforme as conveniências de lucro e de concorrência.

Não sabemos se a OIT  - Organização Internacional do Trabalho - baseia suas pesquisas a partir dos consumidores, dos fornecedores ou dos órgãos governamentais. Porque, se a América Latina e Caribe estiverem com poder de compra da classe trabalhadora inferior à do Brasil, então podemos afirmar com toda a certeza que o capitalismo fracassou nesta parte do mundo. E, se considerarmos que a crise financeira internacional atinge em cheio as grandes potências, concluímos que esse sistema está esgotado.  

         E a questão gira fora das oscilações do salário mínimo. Os aposentados e pensionistas brasileiros com referências acima do mínimo estão sofrendo reajustes inferiores às oscilações de mercado. Seu poder aquisitivo cai a cada ano. Dentro de pouco tempo, todos estarão nivelados por baixo, recebendo um salário mínimo.

         Nas grandes empresas, principalmente multinacionais, os custos da folha de pagamento diminuem por uma estratégia sutil: dispensam funcionários melhor remunerados contratam novatos com salários de principiantes para as mesmas funções. Os empregadores têm sempre procura de emprego a qualquer custo. O desemprego, causado pela rotatividade da mão de obra e das gerações novas que chegam ao mercado, deixa os empresários com todos os trunfos, e os candidatos sem opção. Isto tem um preço no resultado. A qualidade de mercadorias e a administração das empresas se depreciam. E, não raro, tem levado algumas firmas à falência. O despreparo dos principiantes abala a eficiência.

Se o piso salarial desses iniciantes servir de base para as  pesquisas que chegam à OIT, pode dar a falsa impressão de crescimento salarial.  Mas, ser for considerada a folha de pagamento com pessoal, ver-se-á que a massa trabalhadora recebeu menos. Resultado: menos dinheiro em circulação e mercado consumidor mais fraco.  Em efeito dominó, as pequenas e médias empresas vendem menos, têm menor ganho, dispensarão funcionários que vão engrossar as filas de desempregados para gáudio da classe patronal na sua ânsia de diminuir custos com mão de obra, em um círculo vicioso.  Não entendem que essa onda acaba envolvendo a todos.

As injustiças da falta de remuneração condizente aos  trabalhadores provocam essa carência generalizada. Os que deixam de receber ¾ do necessário para viver ficam sem casa, com pouca comida, sem educação, lazer, pouca roupa, sem saúde e sem futuro. Suas forças produtivas caem, adoecem, envelhecem e não alcançam meios para uma velhice sadia e digna. Formam os bolsões de pobreza das favelas e da marginalidade.  E respondem pela parcela maior de encarcerados, que fazem o Estado gastar muito mais com um prisioneiro do que com um professor.

Tudo está neste resultado de concentração de renda nas mãos  dos 10% mais ricos da pirâmide social.  Muito pouco fica liberado para servir a quem trabalha e produz.

Quando a presidente Dilma rebate  a revista britânica “The Economist, que sugere a demissão da equipe econômica brasileira”, percebemos sinais de conflito sobre culpados da crise financeira internacional. Todos os países capitalistas vivem a vergonha do seu fracasso. Em cada um deles existe a separação de classes. Umas muito privilegiadas, a grande maioria na marginalidade social e na miséria. Os guetos são menos evidentes onde a diferença entre o maior e o menor salário é pequena.  São poucos esses países, geralmente pequenos, mas com povo mentalmente mais evoluído. Neles o nível escolar é muito elevado e abrangente. E até seus presídios oferecem condições humanas aos apenados, que ficam em um ambiente que lhes possibilite refletir sobre os erros cometidos e a conveniência de recuperação.

       Tudo começa na possibilidade de uma vida saudável, com garantia dos meios indispensáveis ao aprendizado, ao aperfeiçoamento para a capacitação no trabalho, que possa abrir as portas para a ascensão social e a felicidade, o sonho de todos.

       Nesses países, sem qualquer clichê ideológico, podemos dizer que o capital é socializado. Há mais paz e as pessoas se respeitam mutuamente.

       Somente para ilustrar e refletir. Segue a relação dos 10 primeiros países em educação no mundo:


Posição
País
Educação
Dados de 2007 (publicados em 2009)
Mudança comparada a 2006
Dados de 2007 (publicados em 2009)
Mudança comparada a 2006
1
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0,993
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1
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0,993
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1
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0,993
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1
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0,993
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1
 (8)
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/b/bd/Flag_of_Cuba.svg/20px-Flag_of_Cuba.svg.png Cuba
0,993
 0,017
6
 (1)
0,991
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7
Straight Line Steady.svg
0,989
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8
 (1)
0,988
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9
 (1)
0,985
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10
 (1)
0,985
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67
 (2)
0,891
Straight Line Steady.svg





Expectativa de vida ao nascimento (anos)
Posição
País/território
Geral
Homens
Mulheres
Média mundial
67,2
65,0
69,5
1
82,6
79,0
86,1
2
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/5/5b/Flag_of_Hong_Kong.svg/20px-Flag_of_Hong_Kong.svg.png Hong Kong (R.P.China)
82,2
79,4
85,1
3
81,8
80,2
83,3
4
81,7
79,0
84,2
5
81,2
78,9
83,6
6
80,9
77,7
84,2
7
80,9
78,7
83,0
8
80,7
78,5
82,8
9
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/6/63/Flag_of_Macau.svg/20px-Flag_of_Macau.svg.png Macau (R.P.China)
80,7
78,5
82,8
10
80,7
77,1
84,1


92
72,4
68,8
76,1


Ficam estas duas estatísticas, com os dez primeiros colocados no mundo em Educação e em Expectativa de Vida, com fonte da ONU.  E logo mostramos a posição do Brasil.  Apesar de rico em riquezas naturais, anda muito mal colocado nos indicadores sociais, porque é um dos piores em distribuição de renda e em corrupção. Uma minoria concentra tudo. E a massa do povo é obrigada a viver com menos da quarta parte do necessário para atender os quesitos básicos na condição humana.  Isto vemos em todo lugar, em todos os municípios, onde moramos, onde trabalhamos, onde visitamos.

Quem vive e reside em Visconde do Rio Branco vê de perto a situação do trabalhador que produz, gera renda e recebe muito pouco. E vê os que nada produzem e exploram o sangue e o suor dos que labutam, e ficam com toda a riqueza.

(Frankin Netto – viscondedoriobrancominasgerais@gmail.com)

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