Com a queda de preços da cesta básica em 13 das 17 capitais
pesquisadas pelo DIEESE, o salário mínimo necessário para manter o trabalhador
e sua família caiu para R$ 2.514,09, 4,04
vezes o vigente de R$ 622,00(24,74% do necessário).
Mesmo com essa ligeira queda, o mínimo que é pago ao
trabalhador não dá para cobrir ¼ “de gastos com alimentação, moradia, educação,
vestuário, saúde, transportes, higiene, lazer e previdência social”.
Mesmo assim, notícias
internacionais divulgadas hoje pela Agência Brasil afirmam que “O
Brasil influenciou de forma determinante a manutenção do crescimento dos
salários na América Latina e no Caribe durante e após a crise financeira
internacional, segundo o Relatório
Mundial sobre Salários, da Organização Internacional do Trabalho
(OIT). A média anual de crescimento do salário real no Brasil superou a média
mundial entre 2009 e 2011”
Quem vive sabe que os salários no Brasil têm cada vez menor
poder aquisitivo. Somente o mínimo teve uma ligeira recuperação, que oscila em
torno de menos dos 25% do necessário. Dificilmente ultrapassa esse patamar. E
mantém-se abaixo dele a maior parte do tempo. Somente nos primeiros meses do
ano, após o reajuste de janeiro, seu valor real atinge ou vai além desse
percentual, mas muito pouco acima.
“Em novembro de 2011,
o salário mínimo necessário era de R$ 2.349,26 ou 4,31 vezes o valor mínimo em
vigor na época, R$ 545,00.”, diz o DIEESE.
23,20% do vigente para o necessário.
Se em um ano houve crescimento real de 1,54%, para quando
poderemos esperar que o valor real necessário seja atingido?
O salário fica
congelado por um ano, enquanto os preços dos bens de primeira necessidade ficam livres, e obedecem “às leis de mercado”, estabelecidas pelos produtores que oferecem suas
mercadorias conforme as conveniências de lucro e de concorrência.
Não sabemos se a
OIT - Organização Internacional do
Trabalho - baseia suas pesquisas a partir dos consumidores, dos fornecedores ou
dos órgãos governamentais. Porque, se a América Latina e Caribe estiverem com
poder de compra da classe trabalhadora inferior à do Brasil, então podemos
afirmar com toda a certeza que o capitalismo fracassou nesta parte do mundo. E,
se considerarmos que a crise financeira internacional atinge em cheio as
grandes potências, concluímos que esse sistema está esgotado.
E a questão gira fora das oscilações do salário mínimo. Os
aposentados e pensionistas brasileiros com referências acima do mínimo estão
sofrendo reajustes inferiores às oscilações de mercado. Seu poder aquisitivo cai
a cada ano. Dentro de pouco tempo, todos estarão nivelados por baixo, recebendo
um salário mínimo.
Nas grandes empresas, principalmente multinacionais, os
custos da folha de pagamento diminuem por uma estratégia sutil: dispensam
funcionários melhor remunerados contratam novatos com salários de principiantes
para as mesmas funções. Os empregadores têm sempre procura de emprego a
qualquer custo. O desemprego, causado pela rotatividade da mão de obra e das
gerações novas que chegam ao mercado, deixa os empresários com todos os
trunfos, e os candidatos sem opção. Isto tem um preço no resultado. A qualidade
de mercadorias e a administração das empresas se depreciam. E, não raro, tem
levado algumas firmas à falência. O despreparo dos principiantes abala a eficiência.
Se o piso salarial
desses iniciantes servir de base para as pesquisas que chegam à OIT, pode dar a falsa
impressão de crescimento salarial. Mas,
ser for considerada a folha de pagamento com pessoal, ver-se-á que a massa
trabalhadora recebeu menos. Resultado: menos dinheiro em circulação e mercado
consumidor mais fraco. Em efeito dominó,
as pequenas e médias empresas vendem menos, têm menor ganho, dispensarão
funcionários que vão engrossar as filas de desempregados para gáudio da classe
patronal na sua ânsia de diminuir custos com mão de obra, em um círculo vicioso. Não entendem que essa onda acaba envolvendo a
todos.
As injustiças da falta
de remuneração condizente aos trabalhadores
provocam essa carência generalizada. Os que deixam de receber ¾ do necessário
para viver ficam sem casa, com pouca comida, sem educação, lazer, pouca roupa, sem
saúde e sem futuro. Suas forças produtivas caem, adoecem, envelhecem e não
alcançam meios para uma velhice sadia e digna. Formam os bolsões de pobreza das
favelas e da marginalidade. E respondem
pela parcela maior de encarcerados, que fazem o Estado gastar muito mais com um
prisioneiro do que com um professor.
Tudo está neste
resultado de concentração de renda nas mãos dos 10% mais ricos da pirâmide social. Muito pouco fica liberado para servir a quem
trabalha e produz.
Quando a presidente
Dilma rebate a revista britânica “The Economist, que sugere a
demissão da equipe econômica brasileira”, percebemos sinais de conflito sobre
culpados da crise financeira internacional. Todos os países capitalistas
vivem a vergonha do seu fracasso. Em cada um deles existe a separação de
classes. Umas muito privilegiadas, a grande maioria na marginalidade social e
na miséria. Os guetos são menos evidentes onde a diferença entre o maior e o
menor salário é pequena. São poucos
esses países, geralmente pequenos, mas com povo mentalmente mais evoluído. Neles
o nível escolar é muito elevado e abrangente. E até seus presídios oferecem
condições humanas aos apenados, que ficam em um ambiente que lhes possibilite
refletir sobre os erros cometidos e a conveniência de recuperação.
Tudo
começa na possibilidade de uma vida saudável, com garantia dos meios
indispensáveis ao aprendizado, ao aperfeiçoamento para a capacitação no
trabalho, que possa abrir as portas para a ascensão social e a felicidade, o
sonho de todos.
Nesses
países, sem qualquer clichê ideológico, podemos dizer que o capital é socializado.
Há mais paz e as pessoas se respeitam mutuamente.
Somente
para ilustrar e refletir. Segue a relação dos 10 primeiros países em educação no mundo:
|
Posição
|
País
|
Educação
|
||
|
Dados de 2007
(publicados em 2009)
|
Mudança comparada a
2006
|
Dados de 2007
(publicados em 2009)
|
Mudança comparada a
2006
|
|
|
1
|
|
0,993
|
|
|
|
1
|
|
0,993
|
|
|
|
1
|
|
0,993
|
|
|
|
1
|
|
0,993
|
|
|
|
1
|
▲ (8)
|
0,993
|
▲ 0,017
|
|
|
6
|
▼ (1)
|
0,991
|
|
|
|
7
|
|
0,989
|
|
|
|
8
|
▼ (1)
|
0,988
|
|
|
|
9
|
▼ (1)
|
0,985
|
|
|
|
10
|
▼ (1)
|
0,985
|
|
|
|
67
|
▼ (2)
|
0,891
|
|
|
Expectativa de
vida ao nascimento (anos)
|
||||
|
Posição
|
País/território
|
Geral
|
Homens
|
Mulheres
|
|
Média mundial
|
67,2
|
65,0
|
69,5
|
|
|
1
|
82,6
|
79,0
|
86,1
|
|
|
2
|
82,2
|
79,4
|
85,1
|
|
|
3
|
81,8
|
80,2
|
83,3
|
|
|
4
|
81,7
|
79,0
|
84,2
|
|
|
5
|
81,2
|
78,9
|
83,6
|
|
|
6
|
80,9
|
77,7
|
84,2
|
|
|
7
|
80,9
|
78,7
|
83,0
|
|
|
8
|
80,7
|
78,5
|
82,8
|
|
|
9
|
80,7
|
78,5
|
82,8
|
|
|
10
|
80,7
|
77,1
|
84,1
|
|
|
92
|
72,4
|
68,8
|
76,1
|
Ficam estas
duas estatísticas, com os dez primeiros colocados no mundo em Educação e em
Expectativa de Vida, com fonte da ONU. E
logo mostramos a posição do Brasil.
Apesar de rico em riquezas naturais, anda muito mal colocado nos
indicadores sociais, porque é um dos piores em distribuição de renda e em
corrupção. Uma minoria concentra tudo. E a massa do povo é obrigada a viver com
menos da quarta parte do necessário para atender os quesitos básicos na
condição humana. Isto vemos em todo
lugar, em todos os municípios, onde moramos, onde trabalhamos, onde visitamos.
Quem vive e reside em Visconde do Rio Branco vê de perto a
situação do trabalhador que produz, gera renda e recebe muito pouco. E vê os
que nada produzem e exploram o sangue e o suor dos que labutam, e ficam com
toda a riqueza.
(Frankin Netto – viscondedoriobrancominasgerais@gmail.com)
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