Luiz Gonzaga fez uma verdadeira
revolução na cultura e na música brasileira, com a introdução das histórias,
sotaque e costumes do nordestino ao seio dos lares, bares e salões da sociedade dominante nas regiões do Sul e do
Sudeste.
Com a força da Rádio Nacional do Rio de
Janeiro nos anos 40 e 50, a música brasileira urbana vivia seu esplendor, com
predominância do romantismo das modinhas, canções, sambas e suas variações de
mesclagem. A voz do morro descia ao
asfalto da Cidade Maravilhosa e se expandia por todo Brasil nas vozes
consagradas de Francisco Alves, Orlando Silva, Carlos Galhardo, Sílvio Caldas,
Nelson Gonçalves, Dalva de Oliveira, Emilinha Borba, Marlene, Isaurinha Garcia,
as irmãs Linda e Dircinha Batista, Heleninha Costa e tantos e tantas outras que
marcaram época. Fundiram o samba e a
canção em samba-canção que dava o estilo brasileiro ao bolero vindo dos países
de língua espanhola, cantado por Agustín
Lara, compositor de mais de 200 boleros, entre eles “Solamente Una
Vez”. Outros nomes vêm a seguir, como Bienvenido Granda, Lucho Gática,
Gregório Barrios, Pedro Vargas, Trio Los Pachos e muitos outros. A origem desse
ritmo é disputada por México e Cuba.
Historiadores alegam que o “Bolero, ora
conhecido como “dança”, ora como “contradança”, teria nascido na Inglaterra,
passando pela França e chegado à Espanha, de importância inquestionável na
colonização do Caribe”. E conquistou
cantores brasileiros que tiveram em Anísio Silva seu maior expoente.
A nossa mistura de raças e culturas
gerou com naturalidade essa variação de estilos e tinha na música sertaneja um
formato diferente para as sociedades urbanas. Entre esse gênero, o Luar do
Sertão superou todos os estilos e
dominou as variadas classes sociais. Na
poderosa Rádio Nacional, servia de característica de afirmação brasileira em
cada momento de a emissora anunciar o seu prefixo. As letras “caipiras”, eram vistas com maus
olhos, ou ouvidas por maus ouvidos, no ambiente urbano.
E
nesse meio surge Luiz Gonzaga
trazendo a sanfona, a zabumba e o triângulo com as angústias do Nordeste,
marcadamente em Asa Branca, onde fala da seca e do êxodo do sertanejo que parte
para qualquer lugar, nos caminhões “pau-de-arara”, em busca de vida
melhor. São Paulo é o destino maior
desse povo que larga tudo para trás.
Talvez, por essa “leva”, em constantes chegadas de nordestinos, mais o
grande espaço do interior daquele estado, com suas populações rurais, na época
de ouro do rádio, as programações das emissoras paulistas eram recheadas de
programas sertanejos.
Embora Asa Branca tenha sido lançada
como Xote, Baião foi o forte no repertório de Gonzaga.
Sua imagem
ficou consagrada como Rei do Baião, e a ele é atribuída sua criação. Apesar disto, houve crítica, na época, sobre
essa autoria. Os mesmos Quatro Ases e um Coringa, que
lançaram Baião, de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, cantaram outro baião que dizia: “Andam dizendo
que o Baião é invenção/ Quem disse isto nunca foi no meu sertão/ Pra ver um
cego nesse ritmo cantando/ Um violeiro no baião improvisando”.
Houve que atribuísse ao baião a origem no Calango.
Luiz Gonzaga compôs muitas outras
músicas que contavam histórias do seu Nordeste: “No meu pé de Serra”, A Dança
da Moda, A morte do vaqueiro, A triste partida, A vida do viajante, Acauã,
Adeus, Iracema; Á-bê-cê do sertão; Adeus, Pernambuco; Algodão; Amanhã eu vou;
Amor da minha vida; Asa Branca; Assum Preto e uma infinidade de sucessos. Rara
era uma sua música que não ganhasse o gosto popular. Teve como parceiros, entre muitos, Zé Dantas,
Nelson Barbalho, Patativa do Assaré, Hervê Cordovil, Manezinho Araújo,
E teve também o parceiro rio-branquense
Lourival Passos, irmão do Professor Sylvio Passos, no baião Tacacá.
O Rei do Baião gostava de fazer turnê
pelo interior do país. Foi um dos primeiros a realizar esta experiência. A maioria dos artistas ficava entre Rio de
Janeiro e São Paulo.
Luiz Gonzaga se apresentou várias vezes
em Visconde do Rio Branco, principalmente nas festas de São João, promovidas no
Engenho da Piedade pelo senhor Antônio Soares, que era seu compadre.
O Centenário do Rei do Baião
corresponde a uma afirmação de cultura e arte genuinamente brasileiras que
fazem falta nos dias de hoje, quando, lamentavelmente, vemos as programações de
rádio voltadas para músicas de língua inglesa para um público que mal fala a
Língua Pátria.
Muitos dos nossos cantores gravam em
inglês, como estratégia de fazerem as emissoras alienadas tocarem suas gravações
e conseguirem vender os CDs.
(Pesquisas:
wiquipedia)
(Franklin
Netto – viscondedoriobrancominasgerias@gmail.com)
+Franklin2.jpg)
Nenhum comentário:
Postar um comentário