Ao determinar que
sejam ouvidas as testemunhas do Mensalão Mineiro, o presidente interino do
Supremo Tribunal Federal dá exemplo de imparcialidade, quando defensores do
petismo pensavam encontrar brechas para levantar suspeitas sobre as condenações
aplicadas.
Eduardo Azeredo(PSDB-MG) aparece, desde 1998, como o primeiro nome a figurar nessa prática
de crime eleitoral, que antes recebia outras denominações. Não por acaso, muitas personagens da política
mineira, e rio-branquenses em especial, apareceram antes nesses atos delituosos
envergando as ricas plumagens do tucanato, e, posteriormente no petismo
lulista.
A mudança de sigla não fazia diferença, desde que fosse para
levar vantagem na lama que corria no valerioduto, alimentada pelo Banco
Rural. É o oportunismo e o fisiologismo
de quem procura se beneficiar de qualquer meio para justificar seus fins. Esses fins são a apropriação da coisa pública
como se fosse a sua privada, para a qual vale o duplo sentido, até mesmo como o
biombo por trás do qual escondem suas vergonhas.
O Mensalão mineiro teve em Juvenil Alves um de seus maiores
expoentes, quando se elegeu Deputado Federal em 2006 com a maior votação do PT
mineiro, aliado a filiados do PSDB na época, quando em Visconde do Rio Branco
obteve 2.850 votos. Naquelas eleições,
candidatou-se, registrou candidatura, elegeu-se e tomou posse por força de
liminares, porque já estava inelegível, ao comandar a Operação Castelhana, que
provocou a vinda da Polícia Federal a este Município, que tinha políticos e
empresários associados a Juvenil, em aliança acima de partidos, mas unidos em
torno do bem de cada um deles. Como é
público e notório, aquela Operação causou prejuízo de 1 BILHÃO DE REAIS à Receita
Federal, na blindagem de patrimônio de empresas, na lavagem de dinheiro, na
evasão de divisas, na prática de peculato, estelionato, além do abuso do poder
econômico no processo eleitoral.
A Operação Castelhana recebeu essa denominação devido a
transferência de 99 por cento das ações das empresas envolvidas no esquema para
o Uruguai, o que faria seus impostos no Brasil girarem somente em torno de 1
por cento sobre o seu faturamento. Daí,
a evasão de divisas.
Por sua abrangência internacional, até a INTERPOL fez
intervenção em movimentação bancária do grupo em outros países.
Pensar que Visconde do Rio Branco, este pendão de terra
mineira, perdido no mapa do Gigante das Américas, tivesse ligações perigosas nesse nível,
parece coisa de cinema. Mas não é. Infelizmente não. E esse limo não foi
removido da Terra. A sua viscosidade teima em resistir.
Vem desde os tempos de Cabral, quando os europeus invadiram o
Continente – que era de todos – e resolveram dividir entre alguns dos seus. No Brasil formaram as Capitanias Hereditárias,
os atuais estados, subdivididos em paróquias, nossos municípios de hoje. Um
pequeno grupo cisma de ser dono de cada território e das suas gentes. Por isto,
buscam o poder a qualquer custo.
Os Mensalões de agora tinham a forma dos currais eleitorais
de outrora, como instrumento de corromper mentes, dominar a força de trabalho
para acumular riqueza e renda a custa do sacrifício e da carência de quem
produz esses bens.
No poder, esses agentes movimentam os bens públicos como se fossem sua propriedade
particular, sem respeitar leis e princípios que tentam reger essas relações.
Tantos são os desmandos e arbitrariedades desde o princípio,
que tivemos várias tentativas de libertação, como foram os Quilombos, a Inconfiência
Mineira, a Era Vargas e a Campanha da Legalidade. O terror dos
dominadores/colonizadores decapitou Zumbi dos Palmares, Felipe dos Santos,
Tiradentes – que tiveram as cabeças espetadas em Praça Pública para intimidar
outras consciências libertárias. Getúlio
foi “suicidado”; Juscelino “acidentado”;
Jango “infartado” e Brizola morreu de maneira misteriosa na porta de um
elevador de hospital onde fora internado.
Torcemos pela sorte do destemido Joaquim Barbosa. Começou a
cortar na própria carne, se considerarmos que sua nomeação para o Supremo se
dera por ato de Lula, o chefe da ala petista.
E agora
estende suas ações ao Mensalão Mineiro, no muro dos tucanos. Uns e outros como gêmeos siameses, xifópagos
unidos pelo ventre comum do valerioduto.
O Brasil precisa evoluir, a partir dos
municípios, onde o bem público seja administrado realmente pelo dono desses bens:>
o seu povo, através de seus representantes de fato, constituídos na mesma proporção
das parcelas sociais da população: mulheres, negros, índios, brancos, mestiços,
pobres e ricos, e tudo mais o que represente a pluralidade na formação de uma
comunidade.
Se cada município tiver escola gratuita
ao alcance de todos em todos os níveis, essas ‘paróquias’ libertam-se a si
mesmas, ao estado e à nação, contra as aves de rapina que só fazem sugar o
sangue, a riqueza e o trabalho de quem produz.
(Franklin Netto – viscondedoriobrancominasgerais@gmail.com)
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