sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Renda por habitante no Brasil não chega à população





         Começamos a ver a disparidade em cada município, aonde a renda por habitante não chega a cada um. Como em todo o Brasil, os 10% mais ricos abocanham o fruto do suor da maioria que produz, gera riqueza, mas recebe valores irrisórios, insuficientes para as necessidades básicas de uma família.

         A renda por habitante do Brasil no mudo coloca o país em posição intermediária e, estranhamente, outros países do América Latina têm melhor posição, embora com menos riqueza e recursos naturais.

         Três organismos internacionais divulgaram números relativos ao ano de 2010, nos quais a  este país situa-se sempre em posição intermediária, diante de sua pujança como provável 5ª maior potência econômica mundial.

         O Fundo Monetário Internacional coloca o Brasil na 76ª posição, com renda per capita de 11.769,41 dólares. No câmbio apregoado pela equipe econômica dá R$ 23.538,82.  Não é o ideal, mas daria para uma família de quatro pessoas receber por mês pelo menos R$ 3.923,13, correspondente à metade de sua renda gerada para o Estado, admitindo-se que a outra metade seria destinada a manter a máquina dos três poderes.

         Outros países da AL gozam de posições melhores nessa avaliação do FMI: Argentina(52ª), Chile(53ª), México(64ª), Panamá(66ª), Venezuela(73ª), Costa Rica(75ª).

         Para o Banco Mundial, o Brasil fica na 63ª posição, com 11.289, dólares, valor aproximado da avaliação do FMI. Neste relatório, aparecem acima:  Argentina(43ª), México(53ª), Chile(47ª), Uruguai(51ª), Panamá(53ª), Venezuela(59ª).

         Já para a CIA. Word Factbook, o Brasil tem a mesma posição do FMI(76ª), superado por Chile(56ª), Argentina(57ª), Uruguai(65ª), Panamá(70ª), Venezuela(71ª) e Costa Rica(75ª).

         Desses países, a Argentina tem a melhor colocação nas três avaliações, com 17.516 dólares conforme o FMI.

         Brasil e Argentina, fora a rivalidade no futebol, têm muita coisa em comum.  O peronismo lá e o varguismo aqui conviveram em uma mesma época e deixaram fortes heranças no conceito de nacionalismo e na legislação trabalhista.  Ambos enfrentaram hostilidade dos Estados Unidos e das classes dominantes de cada país, passaram por ditaduras militares e convivem com as sequelas posteriores às ditaduras.  A diferença é que a Argentina retomou a tentativa da soberania nacional e puniu alguns chefes militares responsáveis pelas torturas e desaparecimentos de presos políticos.  O Brasil, ao contrário, mantém as alienantes privatizações e empurra com a barriga a questão do período de exceção.

         São considerações à parte.
         
         Por outro lado, há uma série de países latino-americanos em posições inferiores ao Brasil, na questão de pib per capita, nas três avaliações: Peru, Suriname, Republica Dominicana, Equador, El Salvador, Guiana, Paraguai, Guatemala, Bolívia, Nicarágua, Haiti, Costa Rica(Banco Mundial), Colômbia, Peru, Cuba.

         É bom haver esses estudos por órgãos diferentes.  No contexto, poucas variações aparecem. Talvez por motivo de metodologia.

         Há um dado que chama a atenção e revela a importância da distribuição de renda. Cuba aparece em 85ª posição no relatório da CIA. Word Factbook, com renda per capita de 9.900 dólares.  Nos outros dois não consta a posição da Ilha de Fidel, talvez por exclusão ideológica.

         No entanto, nos dados sobre Educação no mundo, até 2007, esse pequeno país das Antilhas se encontra entre os cinco primeiros colocados, ao lado de Nova Zelândia, Dinamarca, Finlândia e Austrália, com IDH 0,993, com indicação de que seu aprimoramento cresceu em relação aos anos anteriores, enquanto os outros quatro se mantiveram estáveis.  A Venezuela ocupa a 46ª posição, cm IDH 0,921, e também com indicação de melhora em relação aos anos anteriores.  A maioria dos países do mundo tem indicadores negativos comparados ao passado. A Bolívia, mal colocada em renda per capita, aparece na posição 63ª, em ascensão, com IDH 0,892.  O Brasil vem em 65ª posição, com IDH 0,891, e com sinalização de queda. 

Naquele ano de 2007, a Líbia de Kadafi era a primeira colocada na África, com IDH 0,894.  Quando assumiu o poder, havia somente 8% da população alfabetizados. Quando foi assassinado, o país tinha somente 8% de analfabetos. Com a renda de seu petróleo, dispensava impostos do seu povo, oferecia casa para os recém casados e financiamento para seus cidadãos comprarem carro. E havia transformado 80% do deserto em fazendas férteis, com um vitorioso sistema de irrigação. Pretendia comercializar o petróleo com o mundo em moeda própria.  Os Estados Unidos e seus aliados fizeram a ONU determinar a invasão do país pelas forças mercenárias da OTAN, que assassinaram com requintes de crueldade aquele líder em luta de resistência junto a seu povo.

         Em outra relação dos 10 primeiros colocados em educação em 2006, nas Américas, Cuba aparece em segundo lugar,  com IDH 0,976, abaixo do Canadá(0,991) e acima dos Estados Unidos(0,968).

         Nesta o Brasil aparece em nono lugar(0,905), abaixo de Chile(918), Guiana(0,939), Barbados(0,940), Argentina(0,948-há probabilidade de erro) e Uruguai(0,955).

         Todos se lembram da campanha da mídia dominante internacional contra Muammar Kadafi, seguida cegamente pelos meios de comunicação domésticos(e domesticados).  

         Depois desta volta ao mundo, atrás de alguns indicadores sociais, voltamos ao seio do município, que pode ser Visconde do Rio Branco, como qualquer outro dos 5.565 brasileiros.  Vemos o semblante da multidão nos sinais abertos das grandes avenidas, ou nos transeuntes de qualquer calçada.  Podemos pensar o que se passa na vida de cada um quando temos certeza de que a maioria vegeta com o salário mínimo de R$ 622,00.  Sobre educação basta conversar um pouco com alguém aleatoriamente para percebermos qual é o grau predominante.  De vez em quando, encontramos alguém suando para conseguir uma bolsa de estudo para um curso superior.

         Os caminhos são muito caros e difíceis para se chegar a uma faculdade pública, mais fácil para a camada social privilegiada que pode pagar escolas particulares nos estágios inferiores.

         Muitos passam pelas escolas.  E poucos sabem ler e escrever.  Livros caros, mensalidades caras, o tempo é pouco e o cansaço é grande.

         Tudo teria de começar no município, com cursos básicos gratuitos e de qualidade. Com professores bem remunerados e escolas públicas equipadas com estrutura para oferecer a estudantes e professores meios de aperfeiçoamento e atualização.

         Nossos políticos custam muito caro. E os trabalhadores recebem muito pouco, menos da quarta parte do necessário.

         O próprio povo tem que tomar a iniciativa da transformação diante dos crimes de mensalões e improbidade na administração pública. Iniciativas como a da Ficha Limpa têm de ser multiplicadas para a reforma política, a distribuição de renda e cada um ter participação nos bens de acordo com o que produz. 

         Quando as aves de rapina voarem para outras plagas, prevalecerá a máxima de “A César o que é de César”.  Ao povo o que é do povo.

(Franklin Netto – viscondedoriobrancominasgerais@gmail.com.) 

Nenhum comentário:

Postar um comentário