Começamos a ver a disparidade em cada
município, aonde a renda por habitante não chega a cada um. Como em todo o
Brasil, os 10% mais ricos abocanham o fruto do suor da maioria que produz, gera
riqueza, mas recebe valores irrisórios, insuficientes para as necessidades
básicas de uma família.
A renda por habitante do Brasil no mudo
coloca o país em posição intermediária e, estranhamente, outros países do América
Latina têm melhor posição, embora com menos riqueza e recursos naturais.
Três organismos internacionais
divulgaram números relativos ao ano de 2010, nos quais a este país situa-se sempre em posição
intermediária, diante de sua pujança como provável 5ª maior potência econômica
mundial.
O Fundo Monetário Internacional coloca
o Brasil na 76ª posição, com renda per capita de 11.769,41 dólares. No câmbio
apregoado pela equipe econômica dá R$ 23.538,82. Não é o ideal, mas daria para uma família de
quatro pessoas receber por mês pelo menos R$ 3.923,13, correspondente à metade de
sua renda gerada para o Estado, admitindo-se que a outra metade seria destinada
a manter a máquina dos três poderes.
Outros países da AL gozam de posições
melhores nessa avaliação do FMI: Argentina(52ª), Chile(53ª), México(64ª),
Panamá(66ª), Venezuela(73ª), Costa Rica(75ª).
Para o Banco Mundial, o Brasil fica na
63ª posição, com 11.289, dólares, valor aproximado da avaliação do FMI. Neste
relatório, aparecem acima: Argentina(43ª),
México(53ª), Chile(47ª), Uruguai(51ª), Panamá(53ª), Venezuela(59ª).
Já para a CIA. Word Factbook, o Brasil
tem a mesma posição do FMI(76ª), superado por Chile(56ª), Argentina(57ª),
Uruguai(65ª), Panamá(70ª), Venezuela(71ª) e Costa Rica(75ª).
Desses países, a Argentina tem a melhor
colocação nas três avaliações, com 17.516 dólares conforme o FMI.
Brasil e Argentina, fora a rivalidade no futebol, têm muita coisa em comum. O peronismo lá e o varguismo aqui conviveram
em uma mesma época e deixaram fortes heranças no conceito de nacionalismo e na
legislação trabalhista. Ambos
enfrentaram hostilidade dos Estados Unidos e das classes dominantes de cada
país, passaram por ditaduras militares e convivem com as sequelas posteriores
às ditaduras. A diferença é que a
Argentina retomou a tentativa da soberania nacional e puniu alguns chefes
militares responsáveis pelas torturas e desaparecimentos de presos
políticos. O Brasil, ao contrário,
mantém as alienantes privatizações e empurra com a barriga a questão do período
de exceção.
São considerações à parte.
Por outro lado, há uma série de países
latino-americanos em posições inferiores ao Brasil, na questão de pib per
capita, nas três avaliações: Peru, Suriname, Republica Dominicana, Equador, El
Salvador, Guiana, Paraguai, Guatemala, Bolívia, Nicarágua, Haiti, Costa
Rica(Banco Mundial), Colômbia, Peru, Cuba.
É bom haver esses estudos por órgãos
diferentes. No contexto, poucas
variações aparecem. Talvez por motivo de metodologia.
Há um dado que chama a atenção e revela
a importância da distribuição de renda. Cuba aparece em 85ª posição no
relatório da CIA. Word Factbook, com renda per capita de 9.900 dólares. Nos outros dois não consta a posição da Ilha
de Fidel, talvez por exclusão ideológica.
No entanto, nos dados sobre Educação no
mundo, até 2007, esse pequeno país das Antilhas se encontra entre os cinco
primeiros colocados, ao lado de Nova Zelândia, Dinamarca, Finlândia e
Austrália, com IDH 0,993, com indicação de que seu aprimoramento cresceu em relação
aos anos anteriores, enquanto os outros quatro se mantiveram estáveis. A Venezuela ocupa a 46ª posição, cm IDH 0,921,
e também com indicação de melhora em relação aos anos anteriores. A maioria dos países do mundo tem indicadores
negativos comparados ao passado. A Bolívia, mal colocada em renda per capita,
aparece na posição 63ª, em ascensão, com IDH 0,892. O Brasil vem em 65ª posição, com IDH 0,891, e
com sinalização de queda.
Naquele ano
de 2007, a Líbia de Kadafi era a primeira colocada na África, com IDH 0,894. Quando assumiu o poder, havia somente 8% da
população alfabetizados. Quando foi assassinado, o país tinha somente 8% de
analfabetos. Com a renda de seu petróleo, dispensava impostos do seu povo,
oferecia casa para os recém casados e financiamento para seus cidadãos comprarem
carro. E havia transformado 80% do deserto em fazendas férteis, com um
vitorioso sistema de irrigação. Pretendia comercializar o petróleo com o mundo
em moeda própria. Os Estados Unidos e
seus aliados fizeram a ONU determinar a invasão do país pelas forças
mercenárias da OTAN, que assassinaram com requintes de crueldade aquele líder
em luta de resistência junto a seu povo.
Em outra
relação dos 10 primeiros colocados em educação em 2006, nas Américas, Cuba
aparece em segundo lugar, com IDH 0,976,
abaixo do Canadá(0,991) e acima dos Estados Unidos(0,968).
Nesta o
Brasil aparece em nono lugar(0,905), abaixo de Chile(918), Guiana(0,939), Barbados(0,940),
Argentina(0,948-há probabilidade de erro) e Uruguai(0,955).
Todos se
lembram da campanha da mídia dominante internacional contra Muammar Kadafi,
seguida cegamente pelos meios de comunicação domésticos(e domesticados).
Depois desta
volta ao mundo, atrás de alguns indicadores sociais, voltamos ao seio do
município, que pode ser Visconde do Rio Branco, como qualquer outro dos 5.565
brasileiros. Vemos o semblante da
multidão nos sinais abertos das grandes avenidas, ou nos transeuntes de
qualquer calçada. Podemos pensar o que
se passa na vida de cada um quando temos certeza de que a maioria vegeta com o
salário mínimo de R$ 622,00. Sobre
educação basta conversar um pouco com alguém aleatoriamente para percebermos qual
é o grau predominante. De vez em quando,
encontramos alguém suando para conseguir uma bolsa de estudo para um curso
superior.
Os caminhos
são muito caros e difíceis para se chegar a uma faculdade pública, mais fácil
para a camada social privilegiada que pode pagar escolas particulares nos
estágios inferiores.
Muitos
passam pelas escolas. E poucos sabem ler
e escrever. Livros caros, mensalidades
caras, o tempo é pouco e o cansaço é grande.
Tudo teria
de começar no município, com cursos básicos gratuitos e de qualidade. Com
professores bem remunerados e escolas públicas equipadas com estrutura para
oferecer a estudantes e professores meios de aperfeiçoamento e atualização.
Nossos
políticos custam muito caro. E os trabalhadores recebem muito pouco, menos da
quarta parte do necessário.
O próprio
povo tem que tomar a iniciativa da transformação diante dos crimes de mensalões
e improbidade na administração pública. Iniciativas como a da Ficha Limpa têm
de ser multiplicadas para a reforma política, a distribuição de renda e cada um
ter participação nos bens de acordo com o que produz.
Quando as
aves de rapina voarem para outras plagas, prevalecerá a máxima de “A César o
que é de César”. Ao povo o que é do
povo.
(Franklin Netto – viscondedoriobrancominasgerais@gmail.com.)
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