sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Trabalho infantil, abandono escolar e suas causas





Está no noticiário da Agência Brasil de hoje que “Unicef alerta para trabalho infantil como causa significativa do abandono escolar”.
Mas tem que saber primeiro qual a causa do trabalho infantil. Todo pai e toda mãe preferiam ter seus filhos na escola do que no trabalho. E as crianças também gostariam de estar fora dos ferimentos na pele causados pelo corte de cana da indústria do açúcar e do álcool, e do calor ardente das carvoarias.
Por que as crianças trabalham?
Essas instituições, com a complacência dos poderes constituídos e das classes dominantes, desviam o foco principal dos motivos que praticamente obrigam as famílias a aceitarem ou até determinarem que os meninos comecem a vida no sacrifício de trabalhos pesados e perigosos.
Evitam tratar da criminosa concentração de renda nas mãos dos 10% mais ricos no alto da pirâmide social.  Essa concentração que satisfaz o egoísmo dos privilegiados, se distribuída, faria a felicidade da massa geradora de toda a renda.
Os governantes teriam de usar os impostos e salários como instrumento dessa distribuição. Teriam que fazer as equipes econômicas estabelecerem normas para essa distribuição, voltada para satisfazer o interior do país, ao contrário do que fazem: procuram beneficiar o capital especulativo de fora, do exterior, e os seus aliados internos, no luxo e na ostentação, em contraste com a massa de trabalhadores.
Aí está o salário mínimo vigente que não dá para a quarta parte do que precisa uma família de dois adultos e duas crianças viverem, em contradição com a Constituição Federal que determina o seu valor necessário. Todo mês o DIEESE mostra esse valor, baseado na variação da cesta básica estudada em 17 capitais brasileiras.
A grande imprensa, sempre a serviço das classes dominantes e das conveniências governamentais, omite a informação da opinião pública. Prefere dedicar-se a banalidades que dão IBOPE e desviam o foco dos temas principais.
Se um chefe de família ganhasse o salário necessário, os filhos poderiam ter a presença da mãe no seu desenvolvimento. E estes estariam na escola e aprimorando os estudos em casa para uma educação melhor.
Ao mesmo tempo, se houvesse governantes e uma elite interessadas na evolução do grupo social, teríamos as escolas de tempo integral, onde as crianças estudariam, brincariam, teriam alimentação e higiene completas, o que diminuiria as despesas do grupo familiar.
Permanecendo o dia todo na escola, não haveria motivo para o cansaço do trabalho prejudicar o seu aprendizado.
Durante o tempo na escola, haveria sempre a presença de professores para auxiliar em pesquisas e tirar dúvidas de matérias não compreendidas.
Tudo dependeria de usar a renda nacional com investimentos condizentes com a nobreza da educação, na remuneração de professores e na estrutura pedagógica de cada estabelecimento de ensino. 
E, em escola que ofereça alimentação, bem estar, lazer e aprendizado, não há razão para a sempre lembrada evasão escolar.
Ficar procurando causas superficiais torna-se uma fuga deliberada diante de um problema sério e necessário de resolver.
O país investe pouco em educação. Mas gasta muito em obras faraônicas para palácios governamentais, para estádios de futebol, para presídios e toda a estrutura prisional.
Dá prioridade ao tratamento dos criminosos, ao invés de preparar as novas gerações para que não sejam os formadores de quadrilhas e máfias do futuro. 
Estamos vivendo o momento das campanhas políticas municipais. Será que algum candidato a prefeito ou vereador tem plano sincero voltado para a educação de qualidade?   
Quando vemos o “PIB per capita” brasileiro, temos certeza de que há condições de o país poder fazer a distribuição de renda que proporcione salários dignos às famílias e fazer da educação um instrumento para formar a nação de cidadãos e cidadãs de elevado nível de conhecimentos, preparados para trabalho qualificado e capazes de virem a criar suas famílias dentro dos padrões condizentes com a dignidade humana.
A renda per capita nacional está em torno de R$ 19.000,00 anuais. Isto dá por mês R$ 1.583,33. Se cada pessoa produz essa riqueza, uma família de quatro gera R$ 6.333,33.
Se os governantes, através de suas equipes econômicas, estabelecerem mecanismos para cada família receber a metade do que produz, dará R$ 3.166,66.  Este valor está acima dos R$ 2.519,97 estudados pelo DIEESE para julho passado como salário mínimo necessário.  Os R$ 622,00 que o trabalhador recebe são menores do que a quarta parte do necessário.
Com os R$ 3.166,66 destinados a cada família, a outra parte da renda daria para manter a máquina governamental em suas ações administrativas.
A diferença entre o mínimo necessário e o possível, seria R$ 1.256,62. Variando para mais e para menos, estabeleceria as diferenças de remuneração, conforme a capacitação e o mérito. Para isto, teria que haver um teto de remuneração.
Completamente injusto é alguém receber valor correspondente a infinitos salários mínimos, nem sempre trabalhando, enquanto o trabalhador tem que batalhar anos para ver passar em suas mãos o mesmo que um parlamentar, por exemplo, recebe por mês.
Ninguém é tão desqualificado para receber tão pouco(R$ 622,00).  E ninguém é tão qualificado para receber tanto(um parlamentar custa ao país mais de R$ 100.000.00) por mês.  Um operário tem que trabalhar mais de quatro anos para alcançar o mesmo que um deputado recebe por mês, somente o direto para si, sem falar nas verbas de gabinete, despesas com assessoria, transporte, motorista particular, correspondência, viagens extras...
A Unicef precisa voltar sua atenção para a estrutura governamental do país. Da maneira como tem feito, está culpando os menores e suas famílias pelo trabalho infantil e pela evasão escolar.
Ponham-se as coisas em seus devidos lugares, e não haverá menor fora da escola. E o trabalho infantil será substituído por adultos melhor remunerados que poderão estar preparando as respectivas famílias para um futuro desejado.
A propósito, voltamos ao início da conversa.
As eleições vão apontar prefeitos e vereadores para 2013.
Em Visconde do Rio Branco, o Fórum vai ser deslocado para prédio novo na Barra dos Coutos – Av. Theophille Dubreil.  O prédio atual, na Praça 28 de Setembro, ao lado da Igreja Matriz e atrás da Prefeitura, será muito bem aproveitado se transformado em Escola de Tempo Integral.  O Estádio da Boa Vista Joseph Lambert(tombado) servirá para as atividades esportivas ao ar livre.  Melhor proveito não há.
Prédio do Fórum. Imagem: Luiz Bareza

Estádio da Boa Vista Joseph Lambert

(Franklin Netto – viscondedoriobrancominasgerais@gmail.com)

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