sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Dia de Finados mostra a falta de vagas no cemitério de Visconde do Rio Branco




         A população visitou seus mortos sem o problema das chuvas que eram esperadas nesta sexta-feira, apesar do tempo nublado durante todo o dia. Cada qual procurava as raras covas e os túmulos de seus antepassados para fazer preces e acender velas.

         A campa mais visitada continua sendo a da benzedeira Dona Filomena, evocada pelos seus devotos como “Mãe Filomena”, que, em vida, recebia durante muitos anos  romaria  em sua casa, na zona rural das Pedras, a quase 10 quilômetros da cidade. Nos seus atendimentos, orava por doentes ou pessoas que lhe faziam pedidos especiais.  Era costume passar receitas em papel comum para serem aviadas em farmácias.  Havia visitas de representantes de laboratórios à sua casa, que lhe serviam de orientação para indicar os remédios para cada caso de seus devotos/clientes.

         Pelo que se sabe, as benzeções e preces não tinham conteúdo espírita. Faziam parte das crenças tradicionais que vêm de gerações antigas.  Muitos consideram simpatia, outros crendices.

          Inúmeros foram os seus adeptos que a visitavam religiosamente nos dias da semana, e que iam a pé, a cavalo, de charrete ou de carro, tanto do Município como  de outros lugares, até mesmo de fora do estado.    

         Algumas lendas surgiram em  torno da figura de Dona Filomena. 

        Conta-se que três cavaleiros incrédulos a visitaram com fins desrespeitosos.  Lá chegando, deixaram seus cavalos escondidos a boa distância de sua casa e seguiram  a pé.  Teriam perguntado:

- Dizem que a senhora sabe de tudo, então diga de quê que nós viemos?

         E ela teria respondido:

- Vocês vieram a cavalo e vão voltar a pé.

         Quando eles voltaram ao “esconderijo”, os três cavalos estavam mortos.

         Outra lenda é de que um delegado de polícia quis prendê-la por charlatanismo. E  ela disse que o delegado veria a justiça.  Poucos dias depois, o delegado teria quebrado uma perna da qual nunca  se recuperou, porque ficou mais curta que a outra e ele virou mancola.

         Lendas à parte, a verdade é que seu túmulo continua sendo o mais procurado neste dia de veneração aos mortos.

         Há também o túmulo do Padre Raimundo Nonato de Carvalho, construído em forma de miniatura da Igreja Matriz de São João Batista, onde fora pároco.  O padre faleceu em viagem ao exterior, na cidade de São Francisco de Assis(Itália).  Os paroquianos quiseram que ele viesse a ser sepultado em Visconde do Rio Branco.  O traslado demorou muito. Apesar do embalsamento, o cadáver chegou em caixão lacrado, em adianto estado de decomposição, exalando odor muito forte.  Foi levado à sepultura acompanhado pela multidão sob elevada comoção, em urna de bronze.

         Devido ao valor da urna, há algum tempo seu túmulo sofreu violação, na tentativa de roubar o material.  Por motivos ignorados, o roubo não se consumou. E ficou apenas o sacrilégio.

         Fora essas lembranças, as visitas ao cemitério fizeram constatar que esta necrópole está carente de vagas para novas covas e para túmulos. Fala-se que já está havendo especulação comercial, com ofertas de túmulo a preços exorbitantes.  Esse é também um lugar impróprio para a especulação imobiliária que existe lá fora: isto aí é profanação. 

         Como a expansão está invadindo da Vila Ozanan(Vila dos Pobres), é momento de pensar em acomodar seus moradores em outro lugar a igual distância do centro da cidade, e liberar o espaço para dar continuidade ao cemitério.

(Franklin Netto-viscondedoriobrancominasgerais@gmail.com)   

2 comentários:

  1. Boa tarde, teria mais informações sobre a Senhora Filomena ?
    Diziam que ela usava barba ?

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  2. Minha avó e mãe que a conheceu, disseram que ela tinha barba.
    Dormia numa cama de bambu e tinha vidência

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