A população visitou seus mortos sem o
problema das chuvas que eram esperadas nesta sexta-feira, apesar do tempo
nublado durante todo o dia. Cada qual procurava as raras covas e os túmulos de
seus antepassados para fazer preces e acender velas.
A campa mais visitada continua sendo a
da benzedeira Dona Filomena, evocada pelos seus devotos como “Mãe Filomena”,
que, em vida, recebia durante muitos anos romaria em sua casa, na zona rural das
Pedras, a quase 10 quilômetros da cidade. Nos seus atendimentos, orava por
doentes ou pessoas que lhe faziam pedidos especiais. Era costume passar receitas em papel comum
para serem aviadas em farmácias. Havia
visitas de representantes de laboratórios à sua casa, que lhe serviam de
orientação para indicar os remédios para cada caso de seus devotos/clientes.
Pelo que se sabe, as benzeções e preces
não tinham conteúdo espírita. Faziam parte das crenças tradicionais que vêm de
gerações antigas. Muitos consideram
simpatia, outros crendices.
Inúmeros
foram os seus adeptos que a visitavam religiosamente nos dias da semana, e que
iam a pé, a cavalo, de charrete ou de carro, tanto do Município como de outros lugares, até mesmo de fora do
estado.
Algumas lendas surgiram em torno da figura de Dona Filomena.
Conta-se
que três cavaleiros incrédulos a visitaram com fins desrespeitosos. Lá chegando, deixaram seus cavalos escondidos
a boa distância de sua casa e seguiram a
pé. Teriam perguntado:
- Dizem que a
senhora sabe de tudo, então diga de quê que nós viemos?
E ela teria respondido:
- Vocês
vieram a cavalo e vão voltar a pé.
Quando eles voltaram ao “esconderijo”,
os três cavalos estavam mortos.
Outra lenda é de que um delegado de
polícia quis prendê-la por charlatanismo. E ela disse que o delegado veria a justiça. Poucos dias depois, o delegado teria quebrado
uma perna da qual nunca se recuperou,
porque ficou mais curta que a outra e ele virou mancola.
Lendas à parte, a verdade é que seu
túmulo continua sendo o mais procurado neste dia de veneração aos mortos.
Há também o túmulo do Padre Raimundo
Nonato de Carvalho, construído em forma de miniatura da Igreja Matriz de São João Batista,
onde fora pároco. O padre faleceu em
viagem ao exterior, na cidade de São Francisco de Assis(Itália). Os paroquianos quiseram que ele viesse a ser
sepultado em Visconde do Rio Branco. O
traslado demorou muito. Apesar do embalsamento, o cadáver chegou em caixão
lacrado, em adianto estado de decomposição, exalando odor muito forte. Foi levado à sepultura acompanhado pela
multidão sob elevada comoção, em urna de bronze.
Devido ao valor da urna, há algum tempo
seu túmulo sofreu violação, na tentativa de roubar o material. Por motivos ignorados, o roubo não se
consumou. E ficou apenas o sacrilégio.
Fora essas lembranças, as visitas ao
cemitério fizeram constatar que esta necrópole está carente de vagas para novas
covas e para túmulos. Fala-se que já está havendo especulação comercial, com
ofertas de túmulo a preços exorbitantes.
Esse é também um lugar impróprio para a especulação imobiliária que existe
lá fora: isto aí é profanação.
Como a expansão está invadindo da Vila
Ozanan(Vila dos Pobres), é momento de pensar em acomodar seus moradores em
outro lugar a igual distância do centro da cidade, e liberar o espaço para dar
continuidade ao cemitério.
(Franklin
Netto-viscondedoriobrancominasgerais@gmail.com)
Boa tarde, teria mais informações sobre a Senhora Filomena ?
ResponderExcluirDiziam que ela usava barba ?
Minha avó e mãe que a conheceu, disseram que ela tinha barba.
ResponderExcluirDormia numa cama de bambu e tinha vidência