quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Retrospectiva do 1º Festival de Cinema de Visconde do Rio Branco Geraldo Santos Pereira






Retrospectiva do 1º Festival de Cinema de Visconde do Rio Branco Geraldo Santos Pereira –

Jotta Barroso, Vida e Arte


--Sexta-27-------Jota Barroso, vida e Arte  (de Antônio Pinto Neto- Palestra Prof. Sandra Cristina Medeiros. (Tema de tese)
Escritor e cineasta Antônio Pinto Neto


Professora Sandra Cristina Medeiros


Na sexta-feira, 27 de julho, o escritor e cineasta Antônio Pinto Netto apresentou o documentário que conta a vida artística de Jotta Barroso, com um grande depoimento do próprio ator. Barroso fala desde a razão de seu nome José Barroso transformado em Jotta Barroso, onde ele acentua que faz questão do t dobrado para caracterizá-lo.
No depoimento, diz que a mudança de José para Jotta aconteceu quando teve a primeira oportunidade de maneira acidental.  Ele acompanhava uma companhia de teatro. Faltou um ator na apresentação de determinada peça, e alguém sugeriu colocá-lo em cena, mas era lembrado somente pelo sobrenome Barroso.  E um provável contra-regra teria sugerido, na pressa da solução:
- Põe aí o Barroso.
- Mas que Barroso?
- Ah! Vá lá... J. Barroso. 
Para quem se chama José, o J se encaixa.
Barroso conta que, desde criança, quando via uma companhia de teatro ou um circo na cidade,  ficava rodeando, procurava se infiltrar no meio dos artistas, ver ensaios e os bastidores.  Sempre queria ir embora, acompanhando aquela gente.
Depois de já estar integrado ao meio artístico, trabalhando fora, havia um convite para dirigir a Rádio Cultura Rio Branco, inaugurada há poucos anos.



 À esquerda da Ponte do Carrapicho, prédio construído para  a Rádio Cultura

Em dada oportunidade, por razões pessoais, achou necessária sua presença aqui na cidade, onde tinha seus pais adotivos.  Perguntou ao então diretor da Rádio Cultura, João Braga, se o convite ainda estava em vigor.
Com a confirmação, no começo dos anos 50 do Século Passado, passou a dirigir a emissora local, que era a única na cidade.
Naquela época, a Rádio Cultura tinha bom quadro de locutores que dividiam sua vida profissional, ou estudantil extra-rádio com o microfone por prazer, a troco de cachê.   Foi o tempo de Sebastião Cesário – Tatão Garricha -, Alvair Valente, Mauro Lopes, Jesus Fonseca, Clarisse Adad, Dalva Lopes, Antônio Ribeiro de Almeida, José Carlos Gomes – Zezinho Macarrão, Genaro Pacheco.  Eram funcionários públicos, estudantes e profissionais liberais.
E havia as pessoas que gostavam de rádio e estavam sempre entre seus ativistas. 
Com essa disponibilidade, Jotta Barroso procurou fazer uma programação muito semelhante à da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, que era o padrão do país, na época considerada “a maior emissora da América Latina”.
radiomec.com                       diretodaredacao.com

Com esse modelo, surgiu o programa de auditório Caleidoscópio, aos domingos, à tarde, no estilo dos de César de Alencar, Paulo Gracindo e Manoel Barcelos, da Nacional.  
César de alencar                    Marlene/Emilinha
arcadovelho.net                   bloln.ling.com
Os Cariocas
elizabethdiariodamusica.blogspot.com

O Caleidoscópio tinha o elenco formado pelos cantores e cantoras: Trio Marajó, Luiz Violão, Hélio Ferreira, Viçoso Ferreira(Piruzinho), Boby Cruz, Lia Prata, Marília Pereira, Glória Couto e as Irmãs Ferreira(de São Geraldo). 
O Trio Marajó de então são os irmãos Juarez, Jair e Jarbas, atualmente denominados J. Trio. Luiz Violão veio a ser  o Luiz Roberto, componente de Os Cariocas que ficaram famosos com Garota de Ipanema – de Vinícius de Morais, e tiveram projeção internacional.  Hélio Ferreira cantava músicas latino-americas, notadamente do repertório de Gregorio Barrios, Trio Los Pachos, Lucho Gatica  e similares.  Lia Prata se dedicava ao repertório de Ângela Maria. Marília Pereira tinha voz semelhante à de Dalva de Oliveira e, por isto, cantava o seu repertório.  As Irmãs Ferreira faziam dueto com repertório semelhante ao de Hélio Ferreira.
Os cantores eram acompanhados pelo Conjunto Cultura, formado pelo cavaquinho de Juarez, violões de Jair e Jarbas e, às vezes de Luiz Violão, e o pandeiro de Piruzinho.
J. Trio(Jarbas, Juarez e Jair)

Depois do Caleidoscópio, a programação dominical ao vivo seguia com a dupla sertaneja Marcelo e Piruzinho. E, no final, o mesmo conjunto instrumental, acompanha  calouros no programa À PROCURA DE TALENTOS, durante algum tempo patrocinado pela Casa Santo Antônio, de Chicre Amin.
Ainda seguindo o modelo Rádio Nacional, Jotta Barroso criou o rádio-teatro. Não apresentava novelas. Mas histórias completas, algumas baseadas em letras de música, no programa Rua da Saudade.  Uma das histórias marcantes desse programa foi o Serra da Boa Esperança, conhecido na voz de Francisco Alves, um samba-canção de Lamartine Babo(1952), de letra e melodia com muita beleza.
        
produtomercadolivre.com.br                  wp.clicrbs.com.br -  Francisco Alves, o Rei da Voz

A Wikipédia conta que essa música nasceu de um falso romance entre Lamartine e uma fã que se fazia passar por Nair(de Dores da Boa Esperança). Na verdade um fã: Carlos Alves Netto, que colecionava fotos de celebridades do rádio.  E, para conseguir a foto do autor no auge da fama, adotou aquele pseudônimo feminino e manteve correspondência com Lamartine, que quis conhecer a “Nair” e viajou até Dores.  Descoberta a fraude, tornaram-se amigos. Na despedida, Lalá teria solfejado a melodia e Carlos Netto feito a letra. 
Mas, voltando ao Jotta Barroso e à produção de Antônio Pinto Neto, Tempos depois de dirigir a Rádio Cultura, Barroso volta ao Rio, passa pelas iniciantes TV Tupi, outras emissoras de rádio e TVs do Rio e de Belo Horizonte, até se aposentar e vir morar em Visconde do Rio Branco, na Rua do Rosário(Carrapicho), onde faleceu em 2006.
Na sua trajetória artística, influiu para ser filmado em Visconde do Rio Branco  O Menino e o Vento, Direção: Carlos Hugo Christensen, no qual Barroso tem discreta aparição como ator. 
Cenário de "O Menino e o Vento" em Visconde do Rio Branco dos anos 60(Sec.XX)
No noite dessa última sexta-feira, 27/07/2012, a Prof. Sandra Cristina Medeiros realizou palestra(Tema de tese) sobre esse artista, no auditório que guarda o seu nome(Jotta Barroso), situado na Água Limpa, como parte do Festival de Cinema de Visconde do Rio Branco Geraldo Santos Pereira.

Obs.: Nem todo o conteúdo desta matéria está inserido no documentário de Antônio Pinto Neto e na palestra da Professora Sandra Cristina.  Há informações complementares de conhecimento próprio.

(Franklin Netto)

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