Retrospectiva do 1º Festival de Cinema de Visconde do Rio Branco Geraldo Santos Pereira –
Jotta Barroso, Vida e Arte
--Sexta-27-------Jota Barroso, vida e Arte (de Antônio Pinto Neto- Palestra Prof. Sandra Cristina Medeiros. (Tema de tese)
Escritor e cineasta Antônio Pinto Neto
Professora Sandra Cristina Medeiros
Na sexta-feira, 27 de julho, o escritor e cineasta Antônio Pinto Netto apresentou o documentário que conta a vida artística de Jotta Barroso, com um grande depoimento do próprio ator. Barroso fala desde a razão de seu nome José Barroso transformado em Jotta Barroso, onde ele acentua que faz questão do t dobrado para caracterizá-lo.
No depoimento, diz que a mudança de José para Jotta aconteceu quando teve a primeira oportunidade de maneira acidental. Ele acompanhava uma companhia de teatro. Faltou um ator na apresentação de determinada peça, e alguém sugeriu colocá-lo em cena, mas era lembrado somente pelo sobrenome Barroso. E um provável contra-regra teria sugerido, na pressa da solução:
- Põe aí o Barroso.
- Mas que Barroso?
- Ah! Vá lá... J. Barroso.
Para quem se chama José, o J se encaixa.
Barroso conta que, desde criança, quando via uma companhia de teatro ou um circo na cidade, ficava rodeando, procurava se infiltrar no meio dos artistas, ver ensaios e os bastidores. Sempre queria ir embora, acompanhando aquela gente.
Depois de já estar integrado ao meio artístico, trabalhando fora, havia um convite para dirigir a Rádio Cultura Rio Branco, inaugurada há poucos anos.
À esquerda da Ponte do Carrapicho, prédio construído para a Rádio Cultura
Em dada oportunidade, por razões pessoais, achou necessária sua presença aqui na cidade, onde tinha seus pais adotivos. Perguntou ao então diretor da Rádio Cultura, João Braga, se o convite ainda estava em vigor.
Com a confirmação, no começo dos anos 50 do Século Passado, passou a dirigir a emissora local, que era a única na cidade.
Naquela época, a Rádio Cultura tinha bom quadro de locutores que dividiam sua vida profissional, ou estudantil extra-rádio com o microfone por prazer, a troco de cachê. Foi o tempo de Sebastião Cesário – Tatão Garricha -, Alvair Valente, Mauro Lopes, Jesus Fonseca, Clarisse Adad, Dalva Lopes, Antônio Ribeiro de Almeida, José Carlos Gomes – Zezinho Macarrão, Genaro Pacheco. Eram funcionários públicos, estudantes e profissionais liberais.
E havia as pessoas que gostavam de rádio e estavam sempre entre seus ativistas.
Com essa disponibilidade, Jotta Barroso procurou fazer uma programação muito semelhante à da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, que era o padrão do país, na época considerada “a maior emissora da América Latina”.
Com esse modelo, surgiu o programa de auditório Caleidoscópio, aos domingos, à tarde, no estilo dos de César de Alencar, Paulo Gracindo e Manoel Barcelos, da Nacional.
O Caleidoscópio tinha o elenco formado pelos cantores e cantoras: Trio Marajó, Luiz Violão, Hélio Ferreira, Viçoso Ferreira(Piruzinho), Boby Cruz, Lia Prata, Marília Pereira, Glória Couto e as Irmãs Ferreira(de São Geraldo).
O Trio Marajó de então são os irmãos Juarez, Jair e Jarbas, atualmente denominados J. Trio. Luiz Violão veio a ser o Luiz Roberto, componente de Os Cariocas que ficaram famosos com Garota de Ipanema – de Vinícius de Morais, e tiveram projeção internacional. Hélio Ferreira cantava músicas latino-americas, notadamente do repertório de Gregorio Barrios, Trio Los Pachos, Lucho Gatica e similares. Lia Prata se dedicava ao repertório de Ângela Maria. Marília Pereira tinha voz semelhante à de Dalva de Oliveira e, por isto, cantava o seu repertório. As Irmãs Ferreira faziam dueto com repertório semelhante ao de Hélio Ferreira.
Os cantores eram acompanhados pelo Conjunto Cultura, formado pelo cavaquinho de Juarez, violões de Jair e Jarbas e, às vezes de Luiz Violão, e o pandeiro de Piruzinho.
J. Trio(Jarbas, Juarez e Jair)
Depois do Caleidoscópio, a programação dominical ao vivo seguia com a dupla sertaneja Marcelo e Piruzinho. E, no final, o mesmo conjunto instrumental, acompanha calouros no programa À PROCURA DE TALENTOS, durante algum tempo patrocinado pela Casa Santo Antônio, de Chicre Amin.
Ainda seguindo o modelo Rádio Nacional, Jotta Barroso criou o rádio-teatro. Não apresentava novelas. Mas histórias completas, algumas baseadas em letras de música, no programa Rua da Saudade. Uma das histórias marcantes desse programa foi o Serra da Boa Esperança, conhecido na voz de Francisco Alves, um samba-canção de Lamartine Babo(1952), de letra e melodia com muita beleza.
produtomercadolivre.com.br wp.clicrbs.com.br - Francisco Alves, o Rei da Voz
A Wikipédia conta que essa música nasceu de um falso romance entre Lamartine e uma fã que se fazia passar por Nair(de Dores da Boa Esperança). Na verdade um fã: Carlos Alves Netto, que colecionava fotos de celebridades do rádio. E, para conseguir a foto do autor no auge da fama, adotou aquele pseudônimo feminino e manteve correspondência com Lamartine, que quis conhecer a “Nair” e viajou até Dores. Descoberta a fraude, tornaram-se amigos. Na despedida, Lalá teria solfejado a melodia e Carlos Netto feito a letra.
Mas, voltando ao Jotta Barroso e à produção de Antônio Pinto Neto, Tempos depois de dirigir a Rádio Cultura, Barroso volta ao Rio, passa pelas iniciantes TV Tupi, outras emissoras de rádio e TVs do Rio e de Belo Horizonte, até se aposentar e vir morar em Visconde do Rio Branco, na Rua do Rosário(Carrapicho), onde faleceu em 2006.
Na sua trajetória artística, influiu para ser filmado em Visconde do Rio Branco O Menino e o Vento, Direção: Carlos Hugo Christensen, no qual Barroso tem discreta aparição como ator.
No noite dessa última sexta-feira, 27/07/2012, a Prof. Sandra Cristina Medeiros realizou palestra(Tema de tese) sobre esse artista, no auditório que guarda o seu nome(Jotta Barroso), situado na Água Limpa, como parte do Festival de Cinema de Visconde do Rio Branco Geraldo Santos Pereira.
Obs.: Nem todo o conteúdo desta matéria está inserido no documentário de Antônio Pinto Neto e na palestra da Professora Sandra Cristina. Há informações complementares de conhecimento próprio.
(Franklin Netto)
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