Vamos começar por Visconde do Rio
Branco, uma cidade em torno de 40.000
habitantes. A renda por pessoa, neste município era de R$ 13.390,47 em
2009. Isto dá uma renda mensal individual de R$ 1.115,87. O método de cálculo do DIEESE considera uma
família-base composta de 04 membros, dois adultos e duas crianças. Renda por pessoa é o resultado da divisão do
Produto Interno Bruto-PIB- pelo número de habitantes. Isto mostra que até a
compra do leite e da frauda de um bebê contribui para a soma das riquezas de um
município, do estado, ou do país.
Neste caso, uma família local contribui
com quatro vezes essa renda: R$ 4.463,48.
O Salário Mínimo Necessário para essa família, calculado pelo DIEESE
para o mês de setembro/2012, deveria ter sido de R$ 2.616,41. E este é um direito constitucional
desrespeitado pelas classes dirigentes, pelos serviços da equipe econômica do
governo. Vejam que só neste município sobrariam R$ 1.847,07 para a máquina governamental.
A família estaria pagando um imposto de
41,38% de impostos ao município, ao estado e à União. Já seria uma contribuição muito alta, se
considerar que a Inconfidência Mineira estourou por causa dos 20% da renda dos
cidadãos do reino, no fim do século XVIII.
Era 1/5 da renda, amaldiçoado como ‘os quintos dos infernos!’.
Se sairmos da esfera do município e
entrarmos no domínio da União, o descalabro cresce.
A estimativa
do Brasil era de R$19.706 de renda per capita em 2011.
O normal é que em 2012 seja maior. Mesmo assim, vamos ver a quanto corresponde
essa renda mensal:> dá R$ 1.642,16 por habitante, logo: 6.568,64 por
família. Se tirarmos desse total a
sustentação de uma família com o mínimo necessário de R$ 2.616,41, sobram R$
2.952,23 para o governo, que dá 60,16% para a máquina política!
Mas os
governantes não dão nem aquele mínimo para as famílias e poderiam dar até mais.
Ao contrário, tiram mais de ¾ do mínimo e destinam somente R$ 622,00, uma
miséria! São 23,77% do mínimo necessário!
A família do trabalhador sofre um confisco de 76,23% das suas
necessidades e direitos constitucionais. É uma medida compulsória, arbitrária,
injusta e de lesa-humanidade, porque afeta o acesso à moradia, alimentação,
vestuário, educação, higiene, lazer... que chega ao ponto de desestruturar a
convivência e os valores familiares pela carência inevitável de tudo aquilo que
poderia contribuir para o bem-estar, a harmonia e a felicidade de um grupo consanguíneo.
Nem um
Eike Batista paga imposto dessas proporções!
Por
que então os trabalhadores que estão na parte mais baixa da pirâmide social
sofrem tamanho sacrifício?
As
riquezas naturais do país e a geração das outras riquezas produzidas pelas mãos
e pelos cérebros humanos teriam que se juntar para garantir vida de conforto,
educação elevada e felicidade para o seu povo.
A
equipe econômica teria que trabalhar com ética e com honestidade para promover
a justa distribuição da riqueza e da renda, e impedir que tão poucas pessoas
acumulem tanto, a custa da fome e da carência generalizada das grandes massas
populares que ralam nos postos de trabalho, e nas filas amargas do desemprego,
com o estômago vazio, onde dez, cem, mil... disputam uma única vaga. E essa fila, quanto maior, menos valoriza o
trabalho. O modelo do liberalismo econômico cria esta cruel conjuntura,
amaldiçoada de lei de mercado..., lei da oferta e procura. Os desempregados formam o “exército de
reserva” da mão de obra barata, para promover o lucro fácil dos detentores do
poder econômico, acumuladores de riqueza sem limite, com a qual corrompem
políticos em exercício e eleitores carentes.
“Por trás de toda grande fortuna há um crime”. (Honoré de Balzac, em Comédia Humana).
É isto mesmo. Não
adianta criar eufemismos para aliviar consciências culpadas por ação ou omissão
desta realidade. As grandes fortunas acumuladas em poucas mãos são arrancadas
de multidões famintas e mutiladas em seu trabalho nobre e levadas à queda
prematura da saúde e de sua vida útil.
Essas grandes fortunas arrancam a oportunidade de cérebros privilegiados
terem acesso a maiores conhecimentos e se desenvolverem a favor do bem comum.
Fazem proliferar a ignorância que humilha. Impedem a evolução social e a emancipação
individual e coletiva, que poderia fazer um povo tornar-se altivo, feliz,
consciente de si mesmo, cheio de amor próprio e de elevadíssima auto-estima, o
bem maior de todo ser humano e de toda uma coletividade.
Somos um país com 200 milhões de
habitantes, onde 49 milhões recebem até meio salário mínimo per capita, cerca
de 54 milhões de brasileiros não possuem rendimento, esses são considerados
pobres, esse contingente corresponde a mais da metade da população. Se
considerarmos, como antes mostrado, que o salário mínimo vigente é menor do que
a quarta parte do necessário, evidencia-se que os poucos criminosos donos das
grandes fortunas estão usando a miséria dos 54 milhões para continuar sua
mafiosa concentração de riqueza, sua fortuna indigna, sua insaciável
apropriação indébita, corruptora e corrupta que manipula gente, corporações. Agridem
a natureza de maneira predatória que a torna hostil ao conjunto humano que dela
necessita.
Esta ação nefasta se processa através da
política, na compra venal de seus agentes e na corrupção de seus poderes.
Consciente, ou inconscientemente,
levanta-se um clamor nem tanto barulhento, mas rumoroso, de indignação que
clama por Reforma, por uma Assembléia Nacional Constituinte Exclusiva, da qual
não deverão participar nenhum dos que hajam contribuído para este estado de
coisas.
Se a Assembléia vier a ser autêntica
conforme o momento exige, há de ser pacífica, mas revolucionária nos seus resultados
e inverter a ordem(desordem) vigente e colocar essa pirâmide de cabeça para
baixo.
(Franklin
Netto – viscondedoriobrancominasgerais@gmail.com)
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