quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Limitações sobre a prevenção das enchentes


                                                     

         Divulgamos em outro espaço matéria contida no site da Prefeitura sobre a prevenção das enchentes.  É importante saber que há essa preocupação, mas acreditamos que essa prevenção tenha limites, dadas as condições de ocupação das margens do Rio Chopotó, como do Piedade.

         Construções de casas e da Avenida Beira Rio dentro do espaço que a Natureza exige para a vida dos cursos de água tornaram-se agressivas à passagem normal do volume de águas previstas desde a enchente de 1932, a maior referência que conhecemos.

         A agressividade das margens que comprimem a passagem das águas gera conflito com a quantidade de massa líquida que desaba de uma vez e procura seu caminho em direção ao mar. A falta das matas ciliares impede o equilíbrio no impacto das enchentes e a retenção de parte da umidade destinada a alimentar essa flora, e ser liberada lentamente na estiagem, cumprindo no curso fluvial o papel de nascentes para não deixar o rio morrer.  A umidade retida, além de alimentar as matas, mantém a consistência do solo contra as erosões marginais que tanto estrago vêm fazendo, notadamente naquela Avenida, cujos reparos têm custado caro aos cofres públicos e, por consequência, à população contribuinte.  Esses reparos duram muito tempo e impedem o aproveitamento dos trechos atingidos de modo a compensar a relação custo/beneficio.
        
         No que tange às construções dentro dos rios, faltou aos agentes públicos os cuidados necessários para se evitar a criação de tantas áreas de risco.  Tanto assim que tivemos vítimas fatais, além dos prejuízos particulares incalculáveis e nunca sanados. 

         Para comprovar a existência dessas áreas de risco, basta observar o trecho do Rio Piedade, nas proximidades do encontro com o Chopotó; e dentro do Chopotó, como as construções espremeram o espaço destinado à passagem das águas, por toda a extensão da Rua Major Felicíssimo, desde Ponte do Dr. Lelé até além da Ponte da Água Limpa. As construções particulares se encontram literalmente dentro do Rio. E o trecho da Av. Beira Rio paralelo à Rua Dr. Altino Peluso está à margem, ocupando o lugar das matas ciliares.
Construções dentro do Rio Piedade até o encontro com o Chopotó. CM 16/07/2012
Construções dentro do Chopotó, após o encontro do Piedade.  CM 16/07/2012
Construções dentro do Chopotó.  CM 16/07/2012
Construções dentro do Chopotó, com frente para Rua Major Felicíssimo.  CM 16/07/2012
Construções dentro do Chopotó, com frente para Rua Major Felicíssimo. No local desse gabião desabou um prédio de 2 pavimentos na enchente de nov.2010.  CM 16/07/2012

Construções dentro do Chopotó, entre a Ponte do Dr. Lelé e a do Carrapicho.  CM 16/07/2012
Construções dentro do Chopotó, abaixo da Ponte do Carrapicho. À esquerda,  prédios espremidos entre a  Av. Beira Rio e o Chopotó. À direita, Rua Dr. AltinoPeluso  CM 16/07/2012
Rio Chopotó entre Av. Beira Rio e Rua José Lopes. CM 16/07/2012


          A Avenida Beira Rio tem duas seções: uma vai da Rua Presidente Antônio  Carlos(Ponte do Carrapicho) até a Ponte da Água Limpa(Praça Correa Dias).  Esse  é o trecho mais atingido, visível nas várias erosões por ocasião de diferentes enchentes. A segunda seção começa na Rua Diogo Braga(Ponte da Coopertiva – Ração – próximo ao Posto de Saúde) e vai até a Ponte Branca, na Av. Oscar Salermo.  Nesse trecho surgiram várias outras áreas de risco, dos dois lados do Rio: a própria Avenida e a Rua José Lopes, com muitas residências, lojas comerciais, oficinas e um bairro em plano baixo do lado esquerdo.  Todo o curso do Rio, desde a Ponte do Dr. Lelé até a Ponte Branca, não tem espaço para alargamento, ora por impedimento das obras particulares dentro do Rio, ora pelas próprias vias públicas abertas às suas margens.  

            E, além da dragagem, pouco ou nada se pode fazer no plano vertical, por crescerem os riscos de erosão; a não ser que tentassem muros de arrimo(gabiões), por toda aquela extensão, o que mais provocará a velocidade das correntes pluviais, por falta de terra e matas que amorteçam o seu impacto.
        
             Ainda existe a limitação dos vãos de cada ponte, cujas extremidades já se encontram comprometidas como ponto de apoio de obras particulares e públicas. 

              Tudo tem jeito.  É um conceito.  Mas para resolver este problema das enchentes,  a não ser nos extremos do perímetro urbano, os custos seriam tão altos, que seria mais viável, economicamente, construírem viadutos para substituir essas pistas resultantes de erros de cálculo e por falta avaliação preventiva bem amadurecida.  Obras realizadas sob emoção sempre têm resultados desastrosos e caros.

              Se forem abertas as margens nas cabeceiras do perímetro urbano, precisam se formar diques que retenham as águas por algum tempo, para serem liberadas lentamente, em quantidade que evite o transbordamento danoso para as laterais. Isto depende de técnica avançada, semelhante ao processo usado nos Países Baixos, e em algumas outras partes do mundo, onde áreas urbanas se situam em nível  muito baixo, em relação a mares, lagos ou rios. As cabeceiras, no perímetro urbano, em Visconde do Rio Branco vão além do Bairro da Piedade, por um lado; e além do Distrito Industrial(Colônia), do outro, por onde passa o Chopotó. 

"Na América do Sul, existem diques que protegem a região costeira da Guiana (incluindo a capital Georgetown), sendo esta uma das regiões mais baixas do continente" (wikipédia.org).

         Obras dessa natureza parecem fora do alcance econômico-financeiro do Município. Dependeriam de convênio com os governos do Estado e da União.  O partido do prefeito Iran(PT) é o mesmo da presidente da República Dilma Rousseff.  O ministério do Meio Ambiente e o das Cidades devem  mostrar, em situações assim, a razão de sua existência.  O meio ambiente está em todas as cidades.  E o Ministério das Cidades precisa sair de Brasília para chegar a cada município.  Os gestores públicos locais têm de se articular com seus apoiadores ou aliados políticos para resolver os problemas sob sua jurisdição.

(Franklin Netto – viscondedoriobrancominasgerais@gmail.com) 

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