O Festival de Cinema de Visconde do Rio Branco Geraldo Santos Pereira tem na Professora Maria de Lourdes Torres, Secretária Municipal da Educação, um grande fator de sua concretização.
Desde a vinda do cineasta rio-branquense à sua terra natal, em 2006, o empenho de Maria de Lourdes para garantir a estrutura necessária junto à Administração Municipal teve importância fundamental. E contou sempre com a força de outra professora, Dona Teresinha de Almeida Pinto, Diretora do Museu do Patrimônio Histórico Municipal, para reforçar o espírito cultural do acontecimento.
Naquela oportunidade, em meados do ano, Geraldo exibiu o Filme “O Aleijadinho – paixão, glória e suplício”, e realizou palestras sobre a história e produção do filme, como uma abordagem geral em relação à arte do Barroco Mineiro. Falou de sua intenção de filmar uma documentário sobre Guido Tomás Marlière militar nascido na França, em 3 de dezembro de 1767 e falecido em Guidoval, no dia 15 de junho de 1836. Apesar de militar francês atuou como colonizador dos índios no Brasil, a serviço da Coroa Portuguesa. Guido teria sido designado para esse trabalho na região que tinha como sede Rio Pomba, antes da criação da Paróquia do Presídio de São João Batista, desmembrada de Rio Pomba. A Paróquia do Presídio abrangia toda a região aproximada do Piranga até a divisa com o Estado do Rio de Janeiro, no atual município de Campos dos Goitacazes.
Guido teria agido de forma amistosa na colonização e pacificação dos índios, ao contrário dos colonizadores portugueses que tinham como método a violência contra os nativos.
A vinda de Geraldo a Visconde do Rio Branco aconteceu quase que por acaso. Ele promovia palestra na Universidade de Viçosa, no início de 2006, e disse ser natural de Visconde do Rio Branco. José Luiz Lopes Gomes, nascido em Ervália e que veio cedo para esta cidade, onde cresceram seus irmãos. Como rio-branquense de coração, sentiu um impulso de orgulho “pátrio”.
Terminada a palestra, despertou-lhe o desejo de provocar contacto com tão eminente conterrâneo, formado na França e produtor de grande obra cultural junto com seu irmão gêmeo Renato Santos Pereira. Na verdade, os dois têm o prenome de José: José Geraldo e José Renato. Mas a notoriedade de ambos veio somente como Renato e Geraldo.
José Luiz muito pesquisava e não encontrava qualquer resposta na Internet. Na sua lembrança dominava ‘Geraldo Pereira Santos’. Muitos fragmentos de nomes apareciam ora com Geraldo, ora com Pereira, ora com Santos. Mas nunca integrados em um nome só. Até que lhe deu um toque de inverter os sobrenomes e pesquisou Geraldo Santos Pereira.
Foi “Abre-te, Sésamo”. Apareceu-lhe uma gama imensa de respostas com referências que dariam um livro.
Descoberta a mina, passou a pesquisar forma de contato. Telefone, e-mail, qualquer coisa que pudesse estabelecer uma comunicação. E conseguiu. Feito o contato, Geraldo prontificou-se com muita alegria a vir à sua terra que não visitava fazia tempo.
Para ele, sua esposa dona Elza e a filha Laurinha a própria casa do José Luiz serviu de hospedagem, na sua simplicidade de gênio sem vaidade.
O desafio agora passava a ser aonde e como realizar palestra e exibir o filme “O Aleijadinho”.
Casa de José Luiz serviu de ponto de encontro da nova safra de cineastas rio-branquenses: Jacynto Batalha, Jorsom, Antônio Pinto Neto, Luciano Benhame; Professora Theresinha de Almeida Pinto, diretora do Museu do Patrimônio Municipal; do acadêmico de Direito Aloísio Paulo Ferreira, da professora Maria de Lourdes Torres – Secretária Municipal da Educação, do intelectual Joevá Benatti Filho, formado em Letras pela Universidade Federal de Viçosa; das irmãs Dra. Margareth, empresárias Stella e Beth Ignacchitti.
A partir daí, foram necessárias as gestões da Secretária da Educação, para conseguir lugar e meios para exibição do filme e realização da palestra do ilustre visitante. Ela conseguiu junto à Administração Municipal a liberação do Auditório Jotta Barroso, na Avenida São João Batista – Água Limpa, mesma rua onde nasceram os irmãos gêmeos que se tornaram famosos na arte do cinema.
Geraldo permaneceu com a família durante uma semana em Visconde do Rio Branco. Aproveitou e visitou acompanhado de grande comitiva de amigos o Monumento a Guido Marlière a sete quilômetros de Guidoval, na velha estrada que leva a Cataguases, às margens do Rio Chopotó, nas proximidades da Serra da Onça. Ali bem perto ficava a fazenda do Pacificador dos Índios, onde falecera.
De volta, tentou com os prefeitos de Guidoval, de Ubá e de Visconde do Rio Branco, recursos para concretizar seu intento de filmar a vida de Guido. Não teve êxito.
No entanto, exibiu o filme e realizou a palestra em duas noites consecutivas: uma no auditório Jotta Barroso, outra ao ar livre, no jardim da Praça 28 de Setembro, bem em frente ao Jardim, inaugurado em 1909 com o nome de Parque Municipal Carlos Peixoto Filho. Durante a exibição, cenas fortes, como escravo sendo chibatado no pelourinho, levaram o público às lágrimas.
O Festival
No dia quatro de dezembro de 2011, a equipe da Café Pingado Filmes, de Belo Horizonte, visitou a casa de José Luiz Lopes Gomes, colhendo subsídios históricos sobre a vida do famoso cineasta Geraldo Santos Pereira. O projeto era realizar documentário sobre a vida do artista. Mais uma vez, aquela casa, que vem se tornando embrião de atividades culturais no município, recebeu os representantes da intelectualidade local. A café pingado tinha como líder o cineasta Erick Leite.
O grupo já havia visitado Maria Ceiça, Milton Gonçalves, Ivo Pitangui e outros amigos e atores que haviam convivido com Geraldo Santos Pereira, com a mesma finalidade.
Nos primeiros meses deste ano de 2012, chegavam-nos notícias de que Erick e a Café Pingado estavam caminhando para estrear o filme, com o nome de EU É GERALDO, com um erro de concordância proposital. O personagem-verdade estava acometido do mal de Alzheimer. A narração de sua vida não pudera ser feita por ele mesmo. Dependeu de pesquisas e viagem de Erick à França, para percorrer lugares e tentar descobrir pessoas com quem Geraldo havia convivido. Neste caso, o Geraldo contado no filme não era aquele que fora o sujeito da história(sou), mas aquele visto pelos outros como sendo ele(é).
Ao chegar às testemunhas da vinda de Geraldo e da equipe produtora de seu filme a notícia da estréia em meados deste ano, houve a reivindicação para que o lançamento se fizesse em sua terra natal, o que foi aceito com tranquilidade por Erick e equipe.
Mais uma vez, veio a questão: como, onde e quando, já que Visconde do Rio Branco não dispõe de uma casa de espetáculo em atividade livre.
Em reunião no Museu Municipal, estavam presentes os cineastas Jorsom, Jacynto Batalha; os agentes culturais José Luiz Lopes Gomes, Aloísio Paulo Ferreira; as professoras Theresinha de Almeida Pinto e Maria de Lourdes Torres – Secretária da Educação.
A idéia seria Semana Cultural de Cinema, com exibição de produções dos novos cineastas, algumas do próprio Geraldo e como principal EU É GERALDO.
Mas, por que Semana de Cinema, e não Festival?
A idéia foi aceita.
O grupo elegeu a Professora Theresinha de Almeida Pinto como Coordenadora do Evento. E ela foi muito feliz ao estabelecer o nome: 1º Festival de Cinema de Visconde do Rio Branco “Geraldo Santos Pereira”.
Mais uma vez a Secretária Municipal de Educação, Professora Maria de Lourdes Torres conseguiu o apoio do poder Executivo Municipal. Data: 23 a 28 de julho(Segunda-feira a sábado, sempre às 20 horas). Segunda a sexta, no Auditório Jotta Barroso. Sábado: noite de gala, com exibição no mesmo lugar onde, há seis anos Geraldo exibiu o Aleijadinho, ao ar livre, no jardim, em frente ao Cine Brasil.
Assim, aconteceu. Abertura do Festival pela Professora Maria de Lourdes Torres, na segunda-feira, e exibição dos filmes Escandalosas, de Luciano Benhame; e Saudades do Jeca, de Jorge Luiz Silva(Jorsom). Na terça, palestra sobre nossa música, por Franklin F. Netto, e os filmes A Banda, curta metragem de José Augusto Muleta, e Um Passeio no Tempo, documentário de Jacynto Batalha. Na quarta, apresentação de José Luiz Lopes Gomes, palestra do escritor e professor José de Anchieta, falando sobre o amigo Geraldo, e exibição do filme do próprio Santos Pereira: O Seminarista. Na quinta, palestra da Professora Theresinha de Almeida Pinto sobre a história do Cinema Brasil, e exibição do filme também de Geraldo, Rebelião em Vila Rica. Na sexta, palestra da Professora Sandra Cristina Medeiros sobre o ator Jotta Barroso, e exibição do filme Jotta Barroso, Vida e Arte, documentário do cineasta e escritor Antônio Pinto Neto. Até aqui, tudo aconteceu no Auditório Jotta Barroso, na Av. São João Batista – Água Limpa. E, no sábado, no jardim da Praça 28 de Setembro, em frente à fachada do Cine Brasil, lançamento do filme EU É GERALDO, documentário produzido pelo grupo da Café Pingado Filmes. Erick Leite falou sobre Geraldo e sobre a memória do cinema nacional.
Encerrado o Festival, no domingo seguinte, o grupo organizador reuniu-se no Museu Municipal, com a presença de Erick Leite, e traçaram planos para o próximo festival que deverá ter continuidade com o mesmo nome, com inclusão possível de outros produtores, em um leque maior para a expansão desta atividade cultural, sempre lutando para a criação de uma casa de espetáculo como pregou Geraldo Santos Pereira e que atenda a exibição de filmes, teatro, musicais, palestras e toda atividade que contribua para a elevação da cultura no município.
O 1º Festival contou com intelectuais do município e de fora, como o escritor de Viçosa José de Anchieta, e o cineasta José Augusto Muleta, que embora seja rio-branquense, vive entre Vitória(ES) e Rio de Janeiro(RJ).
Este acontecimento teve grande repercussão em jornais da região, como o Popular e Contato, de Viçosa. E foi muito badalado nas redes sociais da Internet, sobretudo no Facebook.
A Professora Maria de Lourdes Torres, nos oito anos à frente da Secretaria Municipal de Educação, contribuiu decisivamente para conseguir local e logística necessários ao sucesso do Festival. E a Professora Theresinha de Almeida Pinto exerceu com maestria a liderança e dinamismo para o êxito e a perpetuação deste acontecimento no calendário do Município.
E o público, com muitos assistentes assíduos, autenticou de maneira indelével o fato novo de Visconde do Rio Branco ser um dos poucos municípios da Zona da Mata e de Minas Gerais e a promover Festival dessa envergadura.
(Pesquisa wikipédia)
(Franklin Netto – viscondedoriobrancominasgerias@gmail.com)
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