Este fim de semana, o último do ano,
está mexendo com a cabeça das pessoas, quando as emoções afloram no espaço do
feriadão. Ninguém pensa em trabalho na
segunda-feira, 31, porque o réveillon domina com o pico da festa na virada de
2012 para 2013.
Paralelamente, o grupo vencedor das
eleições vive ansioso para assistir à posse dos eleitos, com o mesmo sentimento
de um torcedor de futebol que vê seu clube sagrar-se campeão.
Seria um passo bem avançado se a
população encarasse os dois acontecimentos com significado diferente. Mas ainda não chegamos a esse ponto.
O prefeito eleito Iran Silva Couri vai
para o terceiro mandato alternado completar 12 anos à frente do poder
executivo. Somados aos 16 anos de quatro mandatos de João Antônio de Souza(Dr.
João), os dois completam 28 anos ininterruptos. Iran, tento a condição legal de se reeleger,
poderá empatar com seu rival em quatro mandatos, o que parece ser sua maior
aspiração. Neste caso, juntos, chegarão aos 32 anos que terminarão em
2020.
Voltando no tempo, João elegeu-e pela primeira vez em 1988. E não
transferiu seus votos para ex-prefeito Viçoso Camacho Lacerda(então seu vice),
nas eleições de 1992, na primeira vitória do Iran. E nem se empenhou para isto,
confirme diziam os observadores à época.
Parece ter fundamento, porque, logo depois o ex-prefeito passou para a
corrente do Iran. Em 1996, Iran não transferiu votos suficientes para eleger o
seu tio, médico Edgard Silva, contra João que teve seu segundo mandato
encerrado com a segunda vitória de Iran em 2000. Em 2004, Iran não transferiu votos
suficientes para Gilberto Cadedo contra João, que chegou ao terceiro
mandato. Em 2008, João completava seu
terceiro mandato. O instituto da reeleição
já estava em vigor. Era o momento em que
Iran tentava empatar com João, em confronto direto, para ambos ficarem com três
mandatos. Mas, por diferença de pouco mais de 400 votos(2%), João foi reeleito
e chegou ao Tetra e Iran permaneceu no Bi.
Fizeram
lembrar Brasil x Argentina na Copa do Mundo de 1994, nos Estados Unidos. Argentina
tinha o Bi, tentava se igualar ao Tri do Brasil, quando um pênalti chutado para
as nuvens pelo italiano
Roberto Baggio fez o Brasil Tetra Campeão. Daí para frente, o Brasil chegou ao Penta e luta para o Hexa.
Roberto Baggio fez o Brasil Tetra Campeão. Daí para frente, o Brasil chegou ao Penta e luta para o Hexa.
A partir daí, começam as diferenças para
comparação. A reeleição só pode ser uma
vez. João não pôde se candidatar de novo. Neste ano de 2012, lança o novato Fabinho(Fábio Antonucci Filho,
filho do Vice-Prefeito Fábio Antonucci). No começo sua aceitação mal chegava
aos 16%, segundo as estimativas extra-oficiais.
No contexto geral, desde 2004 o
eleitorado demonstrava um desejo de certa maneira desorganizado, e de pouca
percepção objetiva, de mudança notado no elevado número de votos brancos, nulos
e abstenções. Em 2008, esse desejo tornou-se
claro na renovação marcante no quadro da Câmara de Vereadores. De 9 vereadores,
6 não se reelegeram. E os novatos tiveram o dobro dos votos dos reeleitos.
Tendência que se repetiu agora, em 2012, a revelar forte insatisfação com o
Poder Legislativo Municipal, que passou a ter um quadro funcional multiplicado,
junto com despesas elevadas com viagens nem sempre justificadas, o que
acarretou custos pesados para os cofres públicos sustentados por uma população contribuinte de
muito baixa renda. Desta vez também somente três vereadores se reelegeram, por
desistência de alguns, como o próprio presidente da Câmara Jayme Silva Filho, e
rejeição de outros. Um fato raro, que
desagradou ao eleitorado, foi a permanência do mesmo presidente por quatro
anos, quando a praxe é alternância em dois anos.
Apesar da candidatura do Luiz do Bigode,
a campanha se polarizou em torno do Fabinho, por ser o indicado por João, e do
Iran, em busca de diminuir a diferença de mandato em relação ao seu competidor.
Os eleitores, de um lado e de outro, e
que desejavam algo de novo, evitaram se aventurar pelo completamente novo, o
candidato alternativo, e facilitar a vitória do rival. E Fabinho, mesmo sendo
candidato da situação, tinha a imagem de novidade, por sua própria condição de
jovem, e de nunca ter tido qualquer mandato.
Com esse perfil de representar algo de
novo e de servir de acolhedor do eleitorado fiel a João, a campanha mudou de
rumo, e tomou um aspecto plebiscitário. Praticamente o SIM contra o NÃO. E a imagem
da candidata a Vice, Nelcy Braz, na chapa do Fabinho, acrescentou-lhe o conteúdo
de seriedade, graças à boa reputação da grande família Braz, a partir do
povoado de Santa Maria para todos os seus consanguíneos espalhados pela cidade
e por todo o Brasil. Além disto, a Nelcy tem ótima aceitação pelos que passam
diariamente pelos serviços do Posto de Saúde da Beira-Rio e vêem como positiva
a sua atuação, considerada como muito atenciosa e interessada nos problemas dos
pacientes. Esses fatores arrefeceram a
imagem de “menino maluquinho” que os adversários tentaram imputar a Fabinho. O
seu trabalho pela recuperação da Faculdade em Visconde do Rio Branco, deu-lhe
mais um atributo favorável de atuação política.
Não parecia mais que era uma disputa
desigual. A movimentação dos comícios mostrava desta vez maior envolvimento
espontâneo da população. Havia “algo novo” no ar.
E
a disputa ficou acirrada. Ninguém tinha certeza da vitória. Cada um “comemorava”
antecipadamente para encorajar os militantes.
Era uma disputa tão dividida, que a
virada de qualquer eleitor significava dois. Diminui de um lado e soma do
outro.
Iran venceu com 622 votos(2,57%). Para os que
pensam em eleitores que viram, isto pode significar um comportamento de 311.
Mas tudo são hipóteses que dão margem a muita especulação. O melhor é adotar a posição de um velho
político mineiro, Milton Campos. Perguntado por que João Goulart ganhou a
vice-presidência da República em 1960, ele simplesmente respondeu:
- Foi
porque ele teve mais votos.
Assunto
encerrado.
Dr.
João tem o mérito de ter governado esses quatro anos com minoria na Câmara de
Vereadores sem ter apelado para a barganha de cargos a troco de apoio.
Da
maioria oposicionista, o Amigo Xereba merece reconhecimento por ter agido com
independência ao tomar posições de interesse público, qualquer que fosse a
iniciativa. E foi quem mais apresentou
projetos e requerimentos de conteúdos sociais. Teve trânsito livre em todas as
camadas da população e, crê-se, recebeu votos de todas as correntes políticas.
É o vereador mais habilitado para presidir a Casa,
por sua experiência no mandato que finda, na sua capacidade de legislador,
conhecedor do Regimento Interno e da Lei Orgânica do Município. Respeitado por
todos. E, como suporte maior, o apoio
recebido em peso da população. E o maior número de votos: 1.148.
O
empate de Iran com Dr. João em número de mandatos é possível, mas não são favas
contadas. Com essa diferença de pouco
mais de 2%, Fabinho e Nelcy em três meses saíram do nada para a competição de
igual para igual. Sem se falar no próprio
Dr. João que continua vivo, com todo o direito de concorrer de novo. Muita água
tem de passar debaixo das pontes. Iran
ainda não passou pelo desafio das enchentes que abalaram a cidade nos últimos
oito anos, principalmente a tênue Avenida Beira Rio que ele mesmo construiu no
seu primeiro mandato resultante das eleições de 1992. Hoje um engenheiro mais experiente do que
naquele começo, há de saber explicar e resolver a capacidade da calha do
Chopotó e do Piedade para absorver o volume das águas das enchentes, como
aconteceu em 2006, 2008, 2010 e em janeiro de 2012, uma repetição da de 1932, a
principal referência dos tempos conhecidos.
A
população de Visconde do Rio Branco deseja que Iran acerte em todo o seu
mandato, favorecido com maioria parlamentar de que dispõe na Câmara, e seja
bem sucedido. O Município não pertence particularmente a nenhum mandatário ou
corrente política. Pertence ao seu povo,
os contribuintes de todas as camadas sociais, que precisam de escola, saúde,
moradia, e uma qualidade de vida compatível com a dignidade humana.
Se
neste ano que finda a cidade foi melhor em saúde do que o Estado de Minas
Gerais, a Região Sudeste e o Brasil, na avaliação do SUS, teremos de caminhar
para frente. Nunca admitirmos retrocesso.
O povo quer e precisa mais ainda, não só em saúde, mas, principalmente
em Educação, com as escolas de tempo integral, como consta no programa do então
candidato e agora prefeito eleito. Além dessas escolas para os cursos básicos,
os jovens desejam atingir os cursos médio e superior. Enfrentamento dos
problemas sociais é necessário para tirar as novas gerações do ambiente do
narcotráfico e da violência que aniquilam caráter, valores e vidas.
Todos vão
comemorar as festas de passagem de ano.
O dia 1º de janeiro, dia da posse dos eleitos, é, apropriadamente, o DIA
CONFRATERNIZAÇÃO UNIVERSAL. É oportuno
que não haja vencedores e vencidos, mas todos competidores por uma cidade melhor
e uma população mais feliz!
(Franklin
Netto – viscondedoriobrancominasgerais@gmail.com)
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