terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Escolas de Tempo Integral, uma necessidade relegada ao esquecimento



 

         Com a permanência das crianças nas creches até os seis anos de idade, há necessidade de criação das escolas em tempo integral, para o Ensino Básico e o Médio. A sociedade, através dos seus governantes, tem o dever de evitar a permanência das crianças e jovens nas ruas, até completarem idade ideal para saberem distinguir o certo do errado.

         Tudo acontece nos municípios onde de fato existe a vida social. A escala de Estado e União somente existe para funcionamento administrativo, cada qual coordenando as unidades da organização política menores sob sua jurisdição. Do ponto de vista prático, visível, de vivência, esses setores maiores são uma ficção.  E se configuram em máquinas arrecadadoras de impostos que devem ser destinados ao pagamento do pessoal, da abertura de estradas intermunicipais e interestaduais e de estabelecimentos de políticas gerais impostas e controladas por ministérios(União), e secretarias(Estado).  No cômputo geral têm a função de manter a unidade nacional, baseada na língua, nos costumes e no respeito às diferenças de raças, etnias, credos, filosofias existentes como resultado da história e da formação da grande pátria.

         Por isto, os municípios se constituem a células formadoras desse grande organismo social. E como tais, eles se tornam os elementos mais importantes da grande organização sócio-política que é o país.

         Estamos no início de mandato dos prefeitos e vereadores eleitos em outubro do ano passado. É o momento mais delicado para a prática administrativa, porque, se houver responsabilidade e senso de dever social, os prefeitos têm que pensar nos cidadãos que começam a se formar agora, para serem os agentes da vida municipal daqui a alguns anos, como pessoas comuns, como trabalhadores, como empresários, professores e políticos. Quem agora dirige o município tem a vida limitada pelo tempo. É o processo natural na sucessão de gerações. Nenhuma prepotência pessoal pode fechar os olhos para esta realidade.  Dentre os adultos do futuro estão os filhos e netos de quem agora participa da ciranda dinâmica do município. 

         É tempo de buscar nos sentimentos mais puros de cada um, conforme sua função neste contexto da vida, as iniciativas para contribuir para uma cidade melhor e, consequentemente, para um país mais evoluído, fora de slogans e frases de efeito que visem impressionar o povo.  É um momento que exige dignidade e desprendimento, para pensar na formação de cada elemento a compor a sociedade de daqui a alguns anos.

         Nesse caminho, entra a necessidade das escolas de tempo integral. A experiência nos mostra que as crianças e jovens soltos na rua antes de terem a personalidade formada, são levados a comportamento deprimente, prejudicial a eles mesmos e a toda a sociedade. A legislação que torna impunes os menores infratores funciona como faculdade do crime. Com esse Congresso Nacional , as Assembleias Legislativas e as Câmaras Municipais compostas de legisladores desqualificados – com raríssimas exceções – o resultado é uma legislação capenga, contraditória e, na maioria das vezes, protetoras de criminosos, quando no casuísmo  legislam em causa própria.  

         Para evitar caminhar aceleradamente no desvirtuamento do comportamento social, a forma de amenizar essa escalada de corrupção geral, o começo teria que ser no seio das famílias.  Mas, como os problemas sociais vêm provocando a desestruturação crescente do núcleo familiar, cabe aos administradores públicos a tarefa de proteger as crianças e os jovens do convívio corruptor. Então, é necessário  cada administrador público revelar suas qualidades positivas com atitudes e medidas públicas que influenciem os menores, para a sua boa formação.

         Neste sentido, as escolas de tempo integral estão acima do ideal de sonhadores. Tornam-se uma insubstituível necessidade de ação de agentes públicos bem intencionados. Os prefeitos recém empossados precisam aproveitar o início de mandato coincidente com início de ano letivo, e traçar políticas educacionais que mantenham as crianças na escola o dia inteiro, em atividades cognitivas(de aprendizagem), lúdicas, culturais, em um ambiente onde tenham alimentação, higiene e um convívio sadio. Elas, que saem das creches aos seis anos de idade, têm de ter continuidade nos estudos de manhã até o fim da tarde, até de noite, conforme as condições dos pais, quando existirem.

         O prefeito Iran Silva Couri colocou em seu livro de campanha: ESCOLA DE TEMPO INTEGRAL – “Iran vai implantar escolas em tempo integral, com atividades orientadas, que vão desde o acompanhamento das tarefas escolares até a prática de esportes, aulas de artes e informática”.  Nada mais adequado para os nossos tempos e a nossa realidade. É um sistema avançado para tudo o que aconteceu até agora em matéria de educação.  Ele ainda adotou o slogan: “Seu compromisso é cuidar da gente!”.

         Vejam bem: o povo adulto não precisa de alguém para “cuidar da gente”.  Quem precisa desses cuidados são exatamente as crianças e adolescentes.  “Cuidar da gente” para adultos é humilhante, é atitude paternalista, como se os adultos fossem considerados incapazes administrar a própria pessoa.  Adultos precisam de respeito como cidadãos.  Mas as crianças sim. Principalmente muitos que são órfãos, ou aqueles cujos pais trabalhem fora o dia inteiro, porque os salários que recebem são menores do que a quarta parte de suas necessidades.  E educação é a base de tudo.

         Se cumprir a promessa de campanha contida no seu livro, implantar e consolidar a escola de tempo integral na rede municipal, a geração que começar agora a freqüentar essas escolas, daqui a 15, 20 anos comporá um novo tipo de adultos, melhor qualificados em comportamento e saber, capazes de influenciar outros tantos na difusão da cultura de aprender. Estarão contribuindo para melhorar o meio social, na formação de caráter, e na qualificação para o trabalho.  Muitos estarão conscientes de suas próprias capacidades, de seus valores individuais, munidos de amor-próprio, com elevadíssima auto-estima.

         Nessas condições, uma coisa é certa:  vão desagradar aos comandantes do Crime Organizado, que não terão sua mão de obra impune para o transporte de suas “mercadorias” corruptoras de mentes;  vão desagradar aos exploradores de mão de obra barata por falta de preparo e consciência de seus valores; vão desagradar a todo grupo de corruptores.

         Esta proposta acabou por se tornar um desafio:  ou se implanta por questão de honra; ou se abandona por conivência com o quadro de deterioração da sociedade. 

(Franklin Netto  -  viscondedoriobrancominasgerais@gmail.com)
  

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