segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Povo quer ver trabalho nas vias públicas do centro da cidade






       

      É normal a administração que entra apontar defeitos da que sai, principalmente quando são de facções adversárias.
Faz parte do jogo político.  Mas o povo sente falta do trabalho efetivo tanto na correção dos prováveis erros encontrados, como na rotina administrativa.

         Com meio mês da posse, as ruas centrais continuam esburacadas como antes, e até com defeitos crescentes, o que retém o trânsito.  O caos se manifesta nas longas filas de veículos em boa parte da Rua Major Felicíssimo, na Av. São João Batista, na Rua do Divino(Tabelião Orlando Costa), na Avenida Dr. Carlos Soares, na Rua Cel. Geraldo, em volta da Praça 28 de Setembro e nas Ruas que lhe dão escoamento, como Raul Soares – Morro da Escola -, Floriano Peixoto, Voluntários da Pátria e Presidente Antônio Carlos.

         Os defeitos de pista vão muito além, no seguimento das  vias citadas.  A reparação e manutenção desse miolo congestionado requerem ação de emergência para o desembaraço do movimento de rotina. E também como respeito aos automobilistas e condutores de veículos de carga que sofrem prejuízos na manutenção de seus meios de locomoção, devido aos estragos em todo o sistema de suspensão, embreagens, freios, pneus que os buracos e as freadas bruscas provocam.  Este mês tudo isto é sentido, porque todo proprietário de veículo automotor paga o IPVA adiantado deste hoje, 14, segunda-feira, até o dia 27. Esse imposto destina-se à manutenção das rodovias e pistas de rolamento do perímetro urbano para o ano inteiro.  No Estado,  esse tributo era pago ao longo do ano, de abril até outubro.  A voragem por arrecadar dinheiro do contribuinte, além de espremer para o mês de janeiro, ainda criou a inexplicável taxa pelo documento de propriedade do veículo.  Nós vemos o absurdo nessa forma de cobrança, quando comparamos ao Estado de São Paulo, que estabelece o pagamento do IPVA até o mês de dezembro de cada ano, e ainda concede uma tolerância sem ônus para algum tempo depois.

         Em Visconde do Rio Branco o abuso de autoridade também se faz sentir no constante fechamento da Praça 28 de Setembro fora de época justificada, como o Carnaval e as comemorações da Semana Santa.  No último sábado, por exemplo, 12, a Praça ficou interditada para uma festa extemporânea.  E aquele trecho é estratégico.  O Centro da cidade está muito limitado em opções de vias alternativas.  Quem trafega de um Bairro a outro tem que passar forçosamente por aquela área. O fechamento sem uma forte razão prejudica motoristas no seu direito de ir e vir.  Esse fechamento deixa a impressão de que os mandatários estão  empenhados em fazer demonstração força, de provar que têm o poder.  Essas festas poderiam ser realizadas no interior do jardim, ou no Parque de Exposições.  Os veículos precisam fluir normalmente, dentro dos limites de civilidade, com respeito aos pedestres e à sinalização estabelecida.  Mas é uma arbitrariedade impedir a sua passagem, ou chegada aonde precisam.

         A administração pública estaria sendo mais bem vista se estivesse com a equipe de obras públicas nas ruas, ainda que fosse em uma operação tapa-buraco emergencial.  Isto implica algumas despesas. Mas as festas também.  No momento, entre uma coisa e outra, corrigir os defeitos de pista tem maior importância e serve melhor a população.  Do contrário, fica parecendo a velha tática desde o Império Romano de dar pão e circo ao povo, no lugar de trabalho sério e útil na administração pública.

De certa forma, festa para demonstração de poder tem um viés de infantilidade.  Para brincar, estamos a menos de um mês do Carnaval.  Naquele período é compreensível fechar a Praça. A tradição fez do hábito uma segunda natureza.  Nestes dias que antecedem a festa de Momo, seria muito bom colocar o Bloco de trabalhadores na rua, para concertar as vias de trânsito. Muita gente vem de fora, entre rio-branquenses ausentes e amantes do carnaval da cidade.  Aumenta o número de veículos em circulação.  Se todos puderem ver as ruas bem pavimentadas,  levarão ótimas impressões da administração recentemente empossada.  Na bastará a festa para tapar os olhos das pessoas.  Todo folião terá seu carro, ou estará na carona de alguém. Se rodarem em ruas esburacadas, perderão o gosto da folia. E muitos que visitarão o município nesse período virão por outros motivos também.  Às vezes até indiferentes ao Carnaval. Poderão apenas estar aproveitando o feriado para passear, rever parentes e amigos, e fazer turismo.  Para esses e os que gostam de Carnaval - mas pensam, os desfiles de escolas de samba e dos vários blocos serão uma atração a mais.  Engana-se quem imagina fazer da festa o “ópio do povo”.  Pode servir para alguns. Não para todos. 

         Tudo o que tem acontecido ultimamente, como o processo do Mensalão, a edição da Lei da Ficha Limpa,  demonstra que a sociedade começa a despertar para separar uma coisa da outra. O povo já está voltando as atenções para improbidade administrativa,  compra de votos, necessidade de reforma política, altos rendimentos e mordomias de parlamentares e afins.  Na Internet, despertam grupos de discussão e de contestação às práticas abusivas de poder, ao desperdício de dinheiro público, ao enriquecimento ilícito.

         O cachimbo põe a boca tora. Muitos estão mal habituados e não acreditam na necessidade de lisura no trato da coisa do povo. Mas a justiça – a partir de Joaquim Barbosa – tem procurado demonstrar que não é conivente com o abuso do poder, e toda forma de ludibriar as regras da ética e dos princípios legais.  Se os mal habituados a agir de maneira tortuosa não se adequarem aos novos tempos, chega a hora em que o cachimbo cai. E a boca torta não volta ao normal.

         Os fatos estão provocando mudança de comportamento de grande parcela da população, que se torna mais crítica e analítica. As mudanças poderão surpreender quem não acredita nelas.  O financiamento privado de campanha ainda tem sido um embaraço para as transformações que o povo clama. Esse financiamento é o pai da compra de votos e da corrupção dos eleitos.
Esse fruto contaminado vai cair de podre, nem que seja necessário outro projeto de iniciativa popular, como foi o Ficha Limpa, aprovado contra a vontade dos parlamentares e de toda a classe política. Mas veio com o clamor das ruas. Em um caso e em outro, os resultados são demorados, porque o sistema sócio-político vem viciado de muito tempo. E a própria justiça encontra embaraço nos rituais de tramitação, nos prazos de recurso, e na elasticidade da presunção de inocência, mesmo diante de casos públicos e notórios.

         Todo este comentário está girando em torno da morosidade da administração pública local, embora com ampla abrangência. Não se nega aos novos administradores o direito de apontar erros dos antecessores. Mas não se justifica que essa atitude impeça-os de trabalhar  e mostrar serviço nos locais onde gira toda a vida do Município.  A menina dos olhos de Visconde do Rio Branco está na Praça 28 de Setembro e nas ruas que lhe dão acesso. Não bastam luzes e foguetes de festa. É preciso haver fluência nas ruas por onde pulsam as artérias da cidade.    

(Franklin Netto – viscondedoriobrancominasgerais@gmail.com)

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