É normal a administração que entra apontar defeitos da que
sai, principalmente quando são de facções adversárias.
Faz parte do
jogo político. Mas o povo sente falta do
trabalho efetivo tanto na correção dos prováveis erros encontrados, como na
rotina administrativa.
Com meio mês da posse, as ruas centrais
continuam esburacadas como antes, e até com defeitos crescentes, o que retém o
trânsito. O caos se manifesta nas longas
filas de veículos em boa parte da Rua Major Felicíssimo, na Av. São João
Batista, na Rua do Divino(Tabelião Orlando Costa), na Avenida Dr. Carlos
Soares, na Rua Cel. Geraldo, em volta da Praça 28 de Setembro e nas Ruas que
lhe dão escoamento, como Raul Soares – Morro da Escola -, Floriano Peixoto,
Voluntários da Pátria e Presidente Antônio Carlos.
Os defeitos de pista vão muito além, no
seguimento das vias citadas. A reparação e manutenção desse miolo
congestionado requerem ação de emergência para o desembaraço do movimento de rotina.
E também como respeito aos automobilistas e condutores de veículos de carga que
sofrem prejuízos na manutenção de seus meios de locomoção, devido aos estragos
em todo o sistema de suspensão, embreagens, freios, pneus que os buracos e as
freadas bruscas provocam. Este mês tudo
isto é sentido, porque todo proprietário de veículo automotor paga o IPVA
adiantado deste hoje, 14, segunda-feira, até o dia 27. Esse imposto destina-se
à manutenção das rodovias e pistas de rolamento do perímetro urbano para o ano
inteiro. No Estado, esse tributo era pago ao longo do ano, de
abril até outubro. A voragem por
arrecadar dinheiro do contribuinte, além de espremer para o mês de janeiro,
ainda criou a inexplicável taxa pelo documento de propriedade do veículo. Nós vemos o absurdo nessa forma de cobrança,
quando comparamos ao Estado de São Paulo, que estabelece o pagamento do IPVA
até o mês de dezembro de cada ano, e ainda concede uma tolerância sem ônus para
algum tempo depois.
Em Visconde do Rio Branco o abuso de
autoridade também se faz sentir no constante fechamento da Praça 28 de Setembro
fora de época justificada, como o Carnaval e as comemorações da Semana
Santa. No último sábado, por exemplo,
12, a Praça ficou interditada para uma festa extemporânea. E aquele trecho é estratégico. O Centro da cidade está muito limitado em
opções de vias alternativas. Quem
trafega de um Bairro a outro tem que passar forçosamente por aquela área. O
fechamento sem uma forte razão prejudica motoristas no seu direito de ir e
vir. Esse fechamento deixa a impressão
de que os mandatários estão empenhados
em fazer demonstração força, de provar que têm o poder. Essas festas poderiam ser realizadas no
interior do jardim, ou no Parque de Exposições.
Os veículos precisam fluir normalmente, dentro dos limites de
civilidade, com respeito aos pedestres e à sinalização estabelecida. Mas é uma arbitrariedade impedir a sua
passagem, ou chegada aonde precisam.
A administração pública estaria sendo mais
bem vista se estivesse com a equipe de obras públicas nas ruas, ainda que fosse
em uma operação tapa-buraco emergencial.
Isto implica algumas despesas. Mas as festas também. No momento, entre uma coisa e outra, corrigir
os defeitos de pista tem maior importância e serve melhor a população. Do contrário, fica parecendo a velha tática
desde o Império Romano de dar pão e circo ao povo, no lugar de trabalho sério e
útil na administração pública.
De certa
forma, festa para demonstração de poder tem um viés de infantilidade. Para brincar, estamos a menos de um mês do
Carnaval. Naquele período é compreensível fechar a
Praça. A tradição fez do hábito uma segunda natureza. Nestes dias que antecedem a festa de Momo,
seria muito bom colocar o Bloco de trabalhadores na rua, para concertar as vias
de trânsito. Muita gente vem de fora, entre rio-branquenses ausentes e amantes
do carnaval da cidade. Aumenta o número
de veículos em circulação. Se todos
puderem ver as ruas bem pavimentadas,
levarão ótimas impressões da administração recentemente empossada. Na bastará a festa para tapar os olhos das
pessoas. Todo folião terá seu carro, ou
estará na carona de alguém. Se rodarem em ruas esburacadas, perderão o gosto da
folia. E muitos que visitarão o município nesse período virão por outros
motivos também. Às vezes até
indiferentes ao Carnaval. Poderão apenas estar aproveitando o feriado para
passear, rever parentes e amigos, e fazer turismo. Para esses e os que gostam de Carnaval - mas
pensam, os desfiles de escolas de samba e dos vários blocos serão uma atração a
mais. Engana-se quem imagina fazer da
festa o “ópio do povo”. Pode servir para
alguns. Não para todos.
Tudo o que tem acontecido ultimamente,
como o processo do Mensalão, a edição da Lei da Ficha Limpa, demonstra que a sociedade começa a despertar
para separar uma coisa da outra. O povo já está voltando as atenções para
improbidade administrativa, compra de
votos, necessidade de reforma política, altos rendimentos e mordomias de
parlamentares e afins. Na Internet,
despertam grupos de discussão e de contestação às práticas abusivas de poder,
ao desperdício de dinheiro público, ao enriquecimento ilícito.
O cachimbo põe a boca tora. Muitos
estão mal habituados e não acreditam na necessidade de lisura no trato da coisa
do povo. Mas a justiça – a partir de Joaquim Barbosa – tem procurado demonstrar
que não é conivente com o abuso do poder, e toda forma de ludibriar as regras
da ética e dos princípios legais. Se os
mal habituados a agir de maneira tortuosa não se adequarem aos novos tempos,
chega a hora em que o cachimbo cai. E a boca torta não volta ao normal.
Os fatos estão provocando mudança de
comportamento de grande parcela da população, que se torna mais crítica e
analítica. As mudanças poderão surpreender quem não acredita nelas. O financiamento privado de campanha ainda tem
sido um embaraço para as transformações que o povo clama. Esse financiamento é
o pai da compra de votos e da corrupção dos eleitos.
Esse fruto
contaminado vai cair de podre, nem que seja necessário outro projeto de
iniciativa popular, como foi o Ficha Limpa, aprovado contra a vontade dos
parlamentares e de toda a classe política. Mas veio com o clamor das ruas. Em
um caso e em outro, os resultados são demorados, porque o sistema
sócio-político vem viciado de muito tempo. E a própria justiça encontra
embaraço nos rituais de tramitação, nos prazos de recurso, e na elasticidade da
presunção de inocência, mesmo diante de casos públicos e notórios.
Todo este comentário está girando em
torno da morosidade da administração pública local, embora com ampla
abrangência. Não se nega aos novos administradores o direito de apontar erros
dos antecessores. Mas não se justifica que essa atitude impeça-os de
trabalhar e mostrar serviço nos locais
onde gira toda a vida do Município. A
menina dos olhos de Visconde do Rio Branco está na Praça 28 de Setembro e nas
ruas que lhe dão acesso. Não bastam luzes e foguetes de festa. É preciso haver
fluência nas ruas por onde pulsam as artérias da cidade.
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