Faz parte dos programas de candidatos e da publicidade dos
eleitos a geração de emprego, como metas prioritárias a empolgar a população,
iludida no seu anseio de meio de vida. Às vezes acontece relativa criação
desses empregos. No entanto, fica muito longe de proporcionar às pessoas, e
muito menos às famílias, as condições básicas para uma sobrevivência condizente
com a dignidade humana.
Os governantes estão nas mãos
das classes dominantes nacionais e internacionais, financiadoras de suas
campanhas e avalistas da viabilidade eleitoral, desde os pequenos núcleos
municipais. Os 10% mais ricos detêm o controle
geral da vida sócio-econômica de cada célula populacional. Controlam, por isto,
o sistema de capacitação dos indivíduos ao longo do crescimento de cada um.
Evitam o acesso ao conhecimento substancial nos currículos escolares. Impõem
programas medíocres de ensino e impedem a repetência, ou reprovação, para
satisfazerem as exigências de organismos internacionais na formação de
estatísticas que servem de base para serem liberadas verbas destinadas à
manutenção da (des) educação das massas, um crime de lesa humanidade.
Este processo tem o destino
das escolas públicas, para ficarem as particulares reservadas aos estudantes
das famílias formadoras desses 10% mais ricos. E nelas funcionam os processos
seletivos pelo natural domínio do poder econômico. Como instituições da
iniciativa privada, contratam profissionais capazes de transmitir conhecimentos
de excelência, nos programas de livre preparação para que esses alunos recebam ensinamentos privilegiados que os
capacitem a chegar ao fim dos estudos com mais elevada competência em relação
àqueles que só puderam frequentar as instituições públicas, onde se chega ao
Ensino Superior como analfabeto funcional.
É um processo sutil de
separação de classes. Os formados nas
escolas particulares vão ser os dirigentes na vida pública e privada. Os dos
estabelecimentos públicos vão ser os servidores desses dirigentes, sucessores
dos 10% mais ricos na evolução das gerações.
Essa minoria passa a ocupar os cargos bem remunerados do Estado, ou das
grandes empresas em operação no país. Os 90% vão “brigar” pelas vagas acaso surgidas nos serviços públicos, ou na “geração
de emprego” das empresas que recebem incentivos fiscais, isenção de impostos,
doação de terreno, preparação de infra-estrutura para sua instalação e
funcionamento. Esses “favores” concedidos
com recursos públicos acabam se incorporando ao patrimônio desses privilegiados
“investidores”.
Aquela massa de 90% mal
habilitada, que vai brigar por algumas vagas disponíveis na “geração de emprego” forma filas quilométricas, como
ingrediente perverso da lei da “oferta e
procura”. O empregador tem todo o trunfo
para pagar o que quiser às pessoas melhor habilitadas entre tantos
pretendentes. E quem conseguir ser
aprovado vai se dedicar com tanto zelo e submissão, porque existem muitos à
espera de uma oportunidade para ocupar o seu lugar.
Os trabalhadores “favorecidos”
pela geração de emprego vão aceitar qualquer coisa, nem que seja o salário mínimo vigente
de R$ 680,00, que não cobre nem a quarta parte das necessidades das respectivas
famílias. Os empregadores ainda pagam
esse mínimo por força de Lei. Uma lei
ordinária, contrária ao preceito constitucional que estabelece: “De acordo com a Constituição
de 1988, o salário mínimo deve suprir as necessidades básicas (alimentação,
moradia, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência
social) do trabalhador e sua família”. A lei máxima do nosso país também define
o reajuste periódico do salário mínimo para preservar o poder aquisitivo do trabalhador (Art.. 7º Inciso
IV).
O DIEESE –
Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudo Socioeconômico – estuda mensalmente
o valor da cesta básica em 17 capitais. Com os resultados, mostra o valor
necessário para o trabalhador e sua família viverem dentro dos padrões
estabelecidos no Art.7º - Inciso IV da Constituição Federal(1988). Para
dezembro último, esse valor era de R$ 2.561,47,
4,20 vezes os R$ 622,00 efetivamente pagos para a maioria dos
brasileiros.
Pelo que já
analisamos, a “geração de emprego” destina-se a colocar o trabalhador sob jugo.
Se ele não tem trunfo para negociar o valor do que precisa, é obrigado a
aceitar 24,28% das suas necessidades. Se tiver que aceitar quatro vezes abaixo
do que precisa, isto é um trabalho escravo; escravidão social, fruto da plutocracia,
onde os governantes se movem pela força do dinheiro de quem pode mais.
Resultado, os
governantes, de campanhas financiadas pelos grandes capitalistas “geram” postos
para serem ocupados a favor dos escravocratas modernos. E esses mesmos governantes, que facilitam
tudo para os donos do capital nas isenções já relacionadas, nada oferecem aos
trabalhadores e suas famílias, para complementar aquelas necessidades
constitucionais. Por isto, a divisão de classes continua. Os 90% despossuídos
são condenados, como uma fatalidade, a ficarem distantes dos conhecimentos que
poderiam lhes promover ascensão social.
Por tudo isto
pensado, dá para concluir que as escolas públicas de má qualidade, com
desvalorização de professores são uma deficiência programada e prevista pelas
classes dirigentes através de seus serviçais eleitos para manter o quadro
inalterado.
(Franklin Netto – viscondedoriobrancominasgerais@mail.com)
Gostei muito do blog, realmente a divisão de classes começa o quanto antes hoje em dia. As vezes quando encontro uma pessoa com formação em nível superior me impressiona que ela desconheça tudo isso e simplesmente tem a opinião de senso comum, de culpar os sujeitos pelo processo.
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