O crescimento urbano é, acima de tudo,
um grande negócio para as prefeituras, embora faça parte do desenvolvimento
social. O proprietário de um simples lote padrão de 10 x 20 m(200m²), paga por
metro quadrado muito mais caro do que o proprietário de uma grande área
contínua. Assim, o surgimento de muitos loteamentos e novos bairros faz crescer
a arrecadação municipal.
Outro fator evidente da desigualdade social: os 10% mais ricos da
população ficam com 75% da renda. São dados do Ipea
(Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).
Vamos
transformar esses números em bens: Se 10 pessoas se reúnem para produzir 10
pães; 1 pessoa fica com 7,5 pães.
Resultado: Restam 2,5 para 9 pessoas. Este é o quadro real da situação
de cada município e, por extensão do Brasil. Essas nove pessoas, na disputa por
apenas dois pães e meio, inevitavelmente entram em conflito e formam o quadro
de violência que assistimos em cada agrupamento populacional. E aquele que,
sozinho, detém as sete unidades e meia pode distribuir milhas para dominar todos
aqueles nove carentes que fazem fila para ganhar um naco, qualquer que seja.
Essa
desigualdade se evidencia na diferença de vencimentos(ou salários) entre as
classes sociais. Os Ministros de Supremo Tribunal Federal passam a ganhar por
mês, como teto, 28.059,29 reais.
Esse serve de base para os funcionários públicos que, por tabela, vão atingir
parlamentares, presidente da república, membros do primeiro escalão de governo
e formam uma escalada que provoca aumento nas folhas das assembleias legislativas
e nas câmaras municipais. Governadores e prefeitos também entram nos
privilégios. O povo tem de bancar tudo em impostos.
No Brasil,
cerca de 49 milhões recebem até meio salário mínimo per capita, cerca de 54
milhões de brasileiros não possuem rendimento, esses são considerados pobres. Mais de 115 milhões de brasileiros, quase 60% da
população brasileira (32,2 milhões de um total de 54 milhões
dos domicílios ocupados), vive com menos de um salário mínimo de
renda mensal per
capita.
Na propaganda oficial, como dos próprios organismos
internacionais que servem ao capitalismo do mundo, o Brasil acabou com a
pobreza e promoveu esse segmento social à classe média. É como se tivesse
havido uma distribuição de renda efetiva, graças a programas como o Bolsa
Família. São propagandas enganosas. Para haver real distribuição de renda,
teria que sair dos 10% mais ricos para serem distribuídos à classe média baixa
e aos pobres, de maneira que a pequena e a média empresa pudessem remunerar melhor
seus trabalhadores e fortalecer o mercado interno.
- Mas o que faz o governo?
Baixa o rendimento real dos aposentados e
pensionistas com mais de um salário mínimo e transfere para esses programas
assistencialistas com ônus para a Previdência, e com queda do nível de vida
desses trabalhadores que já cumpriram seu dever social de trabalhar e
contribuir para essa instituição no seu período de vida ativa, no processo de
solidariedade entre gerações. Os 10% mais ricos aumentam cada vez mais o naco
de sua apoderação do processo produtivo. Há algum tempo, eles ficavam com
metade da renda. Era um absurdo. Agora ficam com 75%. Mais metade da metade.
E dessa grande massa que recebe o salário mínimo
vigente, inconstitucional, as classes dominantes levam mais de três quartos,
porque o salário necessário é quatro vezes maior. Daí, vem essa relação
perversa dos pães. De dez que produziram dez, um fica com sete e meio; e nove
têm que disputar dois e meio. Os trabalhadores que produzem toda a riqueza,
ficam sem o mínimo necessário para
viver. Isto provoca a sua eterna dependência de quem distribui as migalhas, e
exige o máximo de empenho para a “vítima” não perder o emprego.
Sem condição de estudar e de dar melhor formação à
família, a ciranda social mantém todos os membros da classe trabalhadora
incapazes de prosperar, de se educar, condenados à ignorância e simplesmente
aptos a cumprir uma tarefa limitada a produzir riquezas para os outros.
Para mudar este quadro, teria de haver profunda
mudança nas regras do jogo político-social. Na verdade, uma Grande Reforma
Política, que alterasse o perfil dos governantes.
Que pudessem chegar ao poder homens e mulheres independentes do poder
econômico que aprisiona quem governa. Seria uma transformação revolucionária,
inviável pela violência, porque até o poder das armas está nas mãos das classes
dominantes. O instrumento seria uma intensa mobilização popular, que forçasse o
Congresso a convocar uma nova Constituinte, composta de gente de reputação
ilibada, livre do poder econômico e do quadro político existente. E que essa
gente assumisse o compromisso de honra de não se candidatar a cargo político
por pelo menos 10 anos, para evitar legislar em causa própria. E que
elaborassem uma Nova Constituição baseada em um programa mínimo feito pelas
classes sociais fora do poder. Entre esses compromissos deveria haver o
critério de financiamento público exclusivo de campanha; exigência de folha
corrida dos candidatos a candidatos; responsabilização dos partidos pelos
deslizes dos seus membros.
Na plutocracia em que vivemos, há alternância de
partidos no poder, ou de membros comprometidos com as classes dominantes. Em
uma efetiva democracia, precisamos de alternância de classes sociais no poder,
inverter a pirâmide social. Há necessidade de todas as pessoas terem acesso à
educação gratuita e de qualidade, desde a pré-escola aos cursos superiores, e
que a sociedade adquira a cultura do saber.
Que uns exerçam sobre os outros a
influência de ser conveniente aprender;
aprender a aprender. Que adquiram
a convicção de que a aprendizagem continua depois de concluídos todos os cursos,
como um modo de vida, um processo de evolução permanente, um compromisso
individual e social, bom para todos, para o município e para o país. É uma
forma de auto-libertação, de afirmação de cidadania, de elevação da auto-estima
e de conquista de soberania.
Que seja a aplicação do princípio de “a todos
segundo suas necessidades, e a cada um segundo seu merecimento”.
(Franklin Netto – viscondedoriobrancominasgerais@gmail.com)
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