Divulgamos em outro espaço matéria
contida no site da Prefeitura sobre a prevenção das enchentes. É importante saber que há essa preocupação,
mas acreditamos que essa prevenção tenha limites, dadas as condições de
ocupação das margens do Rio Chopotó, como do Piedade.
Construções de casas e da Avenida Beira
Rio dentro do espaço que a Natureza exige para a vida dos cursos de água
tornaram-se agressivas à passagem normal do volume de águas previstas desde a
enchente de 1932, a maior referência que conhecemos.
A agressividade das margens que
comprimem a passagem das águas gera conflito com a quantidade de massa líquida
que desaba de uma vez e procura seu caminho em direção ao mar. A falta das
matas ciliares impede o equilíbrio no impacto das enchentes e a retenção de
parte da umidade destinada a alimentar essa flora, e ser liberada lentamente na
estiagem, cumprindo no curso fluvial o papel de nascentes para não deixar o rio
morrer. A umidade retida, além de
alimentar as matas, mantém a consistência do solo contra as erosões marginais
que tanto estrago vêm fazendo, notadamente naquela Avenida, cujos reparos têm
custado caro aos cofres públicos e, por consequência, à população contribuinte. Esses reparos duram muito tempo e impedem o
aproveitamento dos trechos atingidos de modo a compensar a relação
custo/beneficio.
No que tange às construções dentro dos
rios, faltou aos agentes públicos os cuidados necessários para se evitar a
criação de tantas áreas de risco. Tanto
assim que tivemos vítimas fatais, além dos prejuízos particulares incalculáveis
e nunca sanados.
Para comprovar a existência dessas
áreas de risco, basta observar o trecho do Rio Piedade, nas proximidades do encontro
com o Chopotó; e dentro do Chopotó, como as construções espremeram o espaço
destinado à passagem das águas, por toda a extensão da Rua Major Felicíssimo,
desde Ponte do Dr. Lelé até além da Ponte da Água Limpa. As construções
particulares se encontram literalmente dentro do Rio. E o trecho da Av. Beira
Rio paralelo à Rua Dr. Altino Peluso está à margem, ocupando o lugar das matas
ciliares.
Construções dentro do Rio Piedade até o encontro com o Chopotó. CM 16/07/2012
Construções dentro do Chopotó, após o encontro do Piedade. CM 16/07/2012
Construções dentro do Chopotó. CM 16/07/2012
Construções dentro do Chopotó, com frente para Rua Major Felicíssimo. CM 16/07/2012
Construções dentro do Chopotó, com frente para Rua Major Felicíssimo. No local desse gabião desabou um prédio de 2 pavimentos na enchente de nov.2010. CM 16/07/2012
Construções dentro do Chopotó, entre a Ponte do Dr. Lelé e a do Carrapicho. CM 16/07/2012
Construções dentro do Chopotó, abaixo da Ponte do Carrapicho. À esquerda, prédios espremidos entre a Av. Beira Rio e o Chopotó. À direita, Rua Dr. AltinoPeluso CM 16/07/2012
Rio Chopotó entre Av. Beira Rio e Rua José Lopes. CM 16/07/2012
A Avenida Beira Rio tem duas seções:
uma vai da Rua Presidente Antônio
Carlos(Ponte do Carrapicho) até a Ponte da Água Limpa(Praça Correa
Dias). Esse é o trecho mais atingido, visível nas várias
erosões por ocasião de diferentes enchentes. A segunda seção começa na Rua
Diogo Braga(Ponte da Coopertiva – Ração – próximo ao Posto de Saúde) e vai até
a Ponte Branca, na Av. Oscar Salermo.
Nesse trecho surgiram várias outras áreas de risco, dos dois lados do
Rio: a própria Avenida e a Rua José Lopes, com muitas residências, lojas
comerciais, oficinas e um bairro em plano baixo do lado esquerdo. Todo o curso do Rio, desde a Ponte do Dr.
Lelé até a Ponte Branca, não tem espaço para alargamento, ora por impedimento
das obras particulares dentro do Rio, ora pelas próprias vias públicas abertas
às suas margens.
E, além da dragagem, pouco
ou nada se pode fazer no plano vertical, por crescerem os riscos de erosão; a
não ser que tentassem muros de arrimo(gabiões), por toda aquela extensão, o que
mais provocará a velocidade das correntes pluviais, por falta de terra e matas
que amorteçam o seu impacto.
Ainda
existe a limitação dos vãos de cada ponte, cujas extremidades já se encontram
comprometidas como ponto de apoio de obras particulares e públicas.
Tudo tem jeito. É um conceito. Mas para resolver este problema das enchentes, a não ser nos extremos do perímetro urbano, os
custos seriam tão altos, que seria mais viável, economicamente, construírem
viadutos para substituir essas pistas resultantes de erros de cálculo e por falta
avaliação preventiva bem amadurecida.
Obras realizadas sob emoção sempre têm resultados desastrosos e caros.
Se forem abertas as margens nas
cabeceiras do perímetro urbano, precisam se formar diques que retenham as águas
por algum tempo, para serem liberadas lentamente, em quantidade que evite o
transbordamento danoso para as laterais. Isto depende de técnica avançada, semelhante
ao processo usado nos Países Baixos, e em algumas outras partes do mundo, onde
áreas urbanas se situam em nível muito
baixo, em relação a mares, lagos ou rios. As cabeceiras, no perímetro urbano, em Visconde do Rio Branco vão além do Bairro da Piedade, por um lado; e além do Distrito Industrial(Colônia), do outro, por onde passa o Chopotó.
"Na América
do Sul, existem diques que protegem a região costeira da Guiana (incluindo a
capital Georgetown), sendo esta uma das regiões mais
baixas do continente" (wikipédia.org).
Obras dessa natureza parecem fora do
alcance econômico-financeiro do Município. Dependeriam de convênio com os
governos do Estado e da União. O partido
do prefeito Iran(PT) é o mesmo da presidente da República Dilma Rousseff. O ministério do Meio Ambiente e o das Cidades
devem mostrar, em situações assim, a razão de sua existência. O meio ambiente está em todas as
cidades. E o Ministério das Cidades
precisa sair de Brasília para chegar a cada município. Os gestores públicos locais têm de se
articular com seus apoiadores ou aliados políticos para resolver os problemas
sob sua jurisdição.
(Franklin Netto – viscondedoriobrancominasgerais@gmail.com)
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