terça-feira, 25 de setembro de 2012

Bernadete Lage(Viçosa-MG) - MANIFESTO POR MINORIA EXCLUÍDA E AVILTADA.


Bernadete Lage
11:59


(a luta tem que continuar...)

De: Walter Shigueru Emura <walter.emura@mds.gov.br>
Para: Bernadete Lage <l.bernadete@yahoo.com.br>
Enviadas: Terça-feira, 25 de Setembro de 2012 11:14
Assunto: RES: (com fone de Sr. Carlos) MANIFESTO POR MINORIA EXCLUÍDA E AVILTADA.

Prezada Bernadete
  Grato pelas informações.
 
Por oportuno informo que já encaminhei junto à área competente o documento entregue quando do nosso contato, bem como o teor da conversa bastante enriquecedora que tivemos em Viçosa e retransmitida esta mensagem, para que seja considerada no desenvolvimento de ações voltadas às  comunidades tradicionais e específicas que tanto necessitam da nossa atenção.
  Att,
  Walter Emura
  ------------------------------------------------------
  
  Exmo Sr. Walter Shigueru Emura
Diretor do Departamento de Benefícios
Secretaria Nacional de Renda e Cidadania
Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome
BRASÍLIA - DF
 
Estive com o senhor aqui em Viçosa. Sou ativista social e luto por minorias e pessoas em situação de 
risco há 27anos. 
Fiquei imensamente feliz ao constatar que o senhor, mesmo tão jovem, se mostrou extremamente sensível
no exercício  de seu trabalho. Isto se consolidou ainda mais, quando se mostrou solidário
com esta causa tão dolorosa que é o estado de abandono de 90% dos ciganos no país.
Gostaria de lhe assegurar que não se trata, em absoluto, de ingerência nos saberes e cultura de
uma etnia. Estamos apenas tentando ajudar  pessoas que precisam ser alfabetizadas por questão práticas
tais como lerem a placa da condução, a bula de um remédio ou descobrirem o conteúdo de uma embalagem de alimento,
ou, o mais importante, tomarem conhecimento de seus direitos,
inalienáveis, garantidos pela Constituição, conseguindo frequentar uma escola sem constrangimentos.
E acesso à profilaxia e assistência médica, como vacinação, pré-natal, 
ou atendimento  respeitoso em todos os postos de saúde, estabelecimentos comerciais, ruas, o que tem sido
secularmente negado a eles. 
Estamos conclamando a todos de nosso governo e sociedade, para nos ajudar a deter a perda
dolorosa de gerações e gerações de crianças, completamente desprotegidas.                      
Estamos ao seu inteiro dispor, inclusive, para irmos até Brasília, expormos nosso trabalho.
Também gostaria de passar o fone do Sr. Igor Shimura de Curitiba, que 
trabalha ajudando muito os ciganos e é profundo conhecedor do drama da etnia.
. Seu fone é:  ............................
Também o Sr. Carlos, que é cigano, e mora em BH, cuidando de 70 famílias
que estão há quase 30 anos no Bairro São Gabriel.   Ele conhece  quase 
todos os grupos de ciganos de Minhas Gerais e é uma pessoa
correta e lutadora.
Abaixo, nosso Vídeo para a Rio + 20, já que a causa é global.
 
 
(Este foi o primeiro Manifesto que enviamos,  a partir  de maio 2011)
 
A Toda Sociedade Brasileira.
                    Abaixo, manifesto nacional por melhoria da condição de um povo com o estigma doloroso de vidas - 800000 pessoas, 90% analfabetos, segundo o IBGE -  relegadas ao abandono e à execração pública diária. Resolvemos apelar para a compaixão e a responsabilidade civil de todos os segmentos da sociedade, por puro cansaço de anos de tentativa inglória de amenizar a dor do despertencimento.             
                   Estamos enviando-lhes este manifesto de pedido de socorro imediato ao Povo Cigano, para que todos se sensibilizem e interfiram  junto aos órgãos competentes,  para incluí-los nas políticas públicas de saúde, educação, erradicação da miséria e de  comportamentos preconceituosos que causam tanto sofrimento a esses seres à margem da vida.               
                  Nós,  voluntários do Conselho dos Direitos da Criança e do Adolescente, APAC, Casa de Passagem, e  na cidade de Viçosa, Minas Gerais, além do  Forum Mundial Social - Mineiro  e diversas outras entidades requeremos as medidas emergenciais de inclusão destes brasileiros,  cujos 90%  já nascem massacrados pelo fardo vitalício da dor do aviltamento e segregação atávica em nossa sociedade, desabrigados que são da prática do  macroprincípio da dignidade da pessoa humana,  telhado da Constituição.
 
                   Cliquem no link abaixo, no artigo da SEPPIR,  que confirma a situação deles:    
 
                                        
                   Se nosso país tornou-se referência em crescimento econômico, certamente conseguirá sê-lo também em compaixão e acolhimento dessa causa universal.
                                            DE GENTE ESTRANHA,em caravana.          
                                             Dolorosamente incômoda.            
   Ciganos. Descobrimos, perplexos, que suas famílias são excluídas dos programas de bolsa-família, saúde, educação, profilaxia dentária, vacinas etc. Sua existência se torna mais dramática, pois não conseguem os benefícios do governo por não terem endereço fixo. Segundo o IBGE, são cerca de 800.000, 90% analfabetos.  E é dessa parcela  excluída de  que trata esse Manifesto.                     
   Há seis anos, resolvemos visitar um acampamento temporário de ciganos, perto de nossa cidade.
 E o que vimos foi estarrecedor: idosas, quase cegas, com catarata. Pais silenciosamente angustiados, esperando os filhos aprenderem a ler em curto espaço de tempo, até serem despejados da cidade. Levamos ao médico crianças que “tinham problema de cabeça”. E eram normais. Apenas sofriam um tipo diferente de bullyng, ignoradas, invisíveis que são. 
Passamos a visitar acampamentos em várias cidades e descobrimos também, pasmem, que os homens jamais saem das barracas, onde ficam fazendo escambo, artesanato- e não entram em farmácias, supermercados, lojas,  pois entendem que a sociedade incluída só não bate em mulheres e crianças. Vimos chefes de família com pressão altíssima e congelados pelo medo de deixarem os seus ao desamparo.          
  Vida itinerante.  Numa bolha, impermeável. Forasteiros no próprio país. Dor sem volta. Passamos a visitar todos acampamentos que encontramos. E a conviver com o drama de mulheres grávidas, anêmicas e sem enxoval. Crianças analfabetas aos dez, onze anos. E os que se aventuram a se fixar, a ter endereço, são expulsos pela própria comunidade que não conhece seu drama ou pelos donos do imóvel, quando os descobrem ciganos.          
   
     Como pessoas reféns do analfabetismo, execradas publicamente todos os dias de suas vidas, amordaçadas pelo preconceito e com filhos para alimentar conseguirão lutar por algo? Vide a Pirâmide de Maslow.  Quem tem que gritar somos nós. Para eles não sobra tempo de aprender o ofício da libertação, já que são compulsoriamente nômades - sempre partem porque os donos dos terrenos ou algum prefeito pressionado expede a ordem de saída. A gente descobre, atordoada, que desde a primeira diáspora,  quando  passaram a viver à deriva, sempre expulsos, eles vivem numa cápsula do tempo. Conservam os mesmos hábitos daquela época, ou seja, sociedade patriarcal, vestuário, casamento prematuro, a prática de escambo e a mesma língua dos antepassados. Tudo isto porque essa parcela (90%) NÃO PARTICIPA DAS TRANSFORMAÇÕES DA CIVILIZAÇÃO. Jamais tem acesso às benesses das pesquisas tecnológicas e científicas, aos programas governamentais de erradicação da miséria, às celebrações civis agregadoras ou sequer a proposta  de ao menos um olhar de compaixão.  Este, então,  é o maior desafio de nossos governantes: nenhuma ação será eficaz se não for deflagrada,  JÁ,  uma Campanha Nacional de Esclarecimento, conclamando a população  a não  discriminá-los em atendimento médico, escolas,  estabelecimentos comerciais, repartições públicas, vias públicas, etc.
     ENQUANTO HOUVER  NA TERRA  SERES HUMANOS IMPEDIDOS DE SUPRIR SUAS NECESSIDADES BÁSICAS  E DESTITUÍDOS DO SAGRADO DIREITO À LIBERDADE, AO CONHECIMENTO,  À INSERÇÃO, ESTAREMOS, JUNTOS,  APRISIONADOS PELO 
FLAGELO DA OMISSÃO. 
          Agradecemos a todos que se sensibilizarem com essa causa.
        
Profª.Bernadete Lage Rocha
031-88853369
Voluntariado:APAC - Viçosa-MG
Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente
Conselho de Segurança Alimentar
Mulheres Pela Paz
YouTube - Vídeos desse e-mail

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