Ao ver
retratadas as construções em áreas de risco, alguém perguntou:
- E agora,
quem vai tirá-las daí?
De fato é um
desafio.
Se é difícil
tirar, os administradores têm ao menos que evitar a sua proliferação. São muitas as áreas de risco. Não deveriam
ter chegado a esse ponto. Faltou
planejamento? Faltaram medidas preventivas?
- Claro que
sim.
Diante do
perigo para vidas, os novos administradores têm que evitar o comportamento do
avestruz, de enfiar a cabeça na areia para não ver o que está acontecendo. Além dos riscos, há os prejuízos das obras de
constante reparação das vias públicas construídas no espaço das matas ciliares
e que sofrem erosão a cada cheia.
Trecho da Av. Beira-Rio, após enchente de 02/01/2012
Trecho da Av. Beira-Rio, após enchente de 02/01/2012
As casas
construídas abaixo dos níveis de segurança e com alicerces dentro dos rios
Piedade e Chopoto podem ruir a qualquer tempo, como já aconteceu com uma na
confluência dos dois cursos d’água.
Falamos dos
rios, porque neles convergem todas as precipitações de chuva vindas dos morros
urbanizados, em muitos casos dentro de um processo de favelização sem obedecer
técnicas de segurança para construções em aclives fortes, onde teriam de ser
consideradas a consistência do solo em relação a rachaduras e erosão. Tanto o ressecamento, quanto a força das
enxurradas tornam vulneráveis as obras nos píncaros do perímetro urbano.
As áreas de
risco às margens dos rios são mais visíveis, porque se encontram no centro da
cidade e expostas aos olhos de todos os que passam no alinhamento dos cursos d’água,
principalmente a via de trânsito em que foi transformada a estrada de ferro,
antes denominada Melo Barreto em toda a sua extensão, agora fracionada em Major
Felicíssimo, Eugênio de Melo e Melo Barreto.
São construções de um passado recente, erguidas totalmente no leito dos
rios, ou algumas antigas feitas em espaços considerados normais, e que tiveram
complementação para além dos limites da passagem das águas nas cheias.
Construções dentro do Rio Piedade.
Construções dentro Rio Chopotó
Na obstrução do curso fluvial,
transformaram-se também em áreas de risco.
Se o poder
público deu concessão para essas construções, cabe a ele reparar os erros
cometidos, independente de quais sejam os agentes titulares das suas funções. O
Estado é permanente. Os mandatários são
transitórios. Se o Estado(Prefeitura e Câmara) errou por negligência, estas instituições
têm que buscar soluções para evitar que o problema se multiplique. Juntamente
com a correção dos erros anteriores, tem de haver a prevenção para evitar a
repetição dos erros no futuro. Sai caro, é verdade. Mas sai caro ao
contribuinte a perpetuação desse estado de coisas. O órgão que não preveniu,
tem que remediar em curto prazo, e dar solução a médio, senão o preço se torna
impagável. E as tragédias vão entrar na
rotina de cada ano de chuvas.
Construções dentro do Rio Chopotó. Da Ponte do Carrapicho para baixo
Construções dentro do Rio Chopotó. Da Ponte do Carrapicho para baixo
Construções dentro do Rio Chopotó. Da Ponte do Carrapicho para cima
Os poderes
constituídos terão de encontrar lugar seguro para oferecer construções aos que
ocupam áreas de risco por sua concessão; demolir e proibir novas obras naqueles
lugares. Definir e declarar aquelas
áreas impróprias ao uso que não seja o escoamento livre das águas fluviais e
pluviais. Fazer o mesmo com as vias
públicas construídas indevidamente às suas margens, comprovadas onerosas e
perigosas durante e depois de todas as últimas enchentes. E replantar as matas
ciliares nos pontos onde elas foram destruídas.
Obras de recuperação de trecho da Av. Beira-Rio, após enchente de 2006
O Chopotó
foi considerado rio morto, ao tempo das usinas de açúcar, devido ao despejo de
produtos químicos no seu leito. E que tornavam impossível a vida de peixes e
demais espécies aquáticas no seu “habitat”. Era um dos três do Brasil, nessa
condição, ao lado do Paraíba do Sul, no Estado Rio de Janeiro, e do Tietê, em
São Paulo.
Suas águas
de agora são parecidas com as daquele tempo, devido ao excesso de detritos de
esgoto doméstico misturado aos resíduos das indústrias, causados pelo
crescimento urbano e pelas empresas que não possuem esgotamento sanitário
próprio.
Sem as
medidas necessárias, com as considerações sociais e ecológicas próprias, ele
que foi o rio morto, pode se transformar no “rio das mortes”, com o
desmoronamento de prédios a suas margens, e o afundamento de veículos nas
pistas de rolamento ribeirinhas.
Poderíamos
estar livres destes problemas, se os cuidados tivessem sido tomados a
tempo. Estamos a apenas 15 quilômetros
das nascentes. Somente temos o Chopotó e
o Piedade e uns poucos córregos a formarem nosso curso fluvial. O drama real vai acontecendo a partir de
Guidoval devido aos afluentes que se juntam em direção ao mar.
(Franklin Netto –
viscondedoriobrancominasgerais@gmail.com)
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