terça-feira, 25 de setembro de 2012

Enchentes são os maiores problemas da cidade



           

          Ao ver retratadas as construções em áreas de risco, alguém perguntou:

- E agora, quem vai tirá-las daí?

De fato é um desafio. 

          Se é difícil tirar, os administradores têm ao menos que evitar a sua proliferação.  São muitas as áreas de risco. Não deveriam ter chegado a esse ponto.  Faltou planejamento? Faltaram medidas preventivas?

- Claro que sim.

Diante do perigo para vidas, os novos administradores têm que evitar o comportamento do avestruz, de enfiar a cabeça na areia para não ver o que está acontecendo.  Além dos riscos, há os prejuízos das obras de constante reparação das vias públicas construídas no espaço das matas ciliares e que sofrem erosão a cada cheia.
Trecho da Av. Beira-Rio, após enchente de 02/01/2012



Trecho da Av. Beira-Rio, após enchente de 02/01/2012


As casas construídas abaixo dos níveis de segurança e com alicerces dentro dos rios Piedade e Chopoto podem ruir a qualquer tempo, como já aconteceu com uma na confluência dos dois cursos d’água.

Falamos dos rios, porque neles convergem todas as precipitações de chuva vindas dos morros urbanizados, em muitos casos dentro de um processo de favelização sem obedecer técnicas de segurança para construções em aclives fortes, onde teriam de ser consideradas a consistência do solo em relação a rachaduras e erosão.  Tanto o ressecamento, quanto a força das enxurradas tornam vulneráveis as obras nos píncaros do perímetro urbano.

As áreas de risco às margens dos rios são mais visíveis, porque se encontram no centro da cidade e expostas aos olhos de todos os que passam no alinhamento dos cursos d’água, principalmente a via de trânsito em que foi transformada a estrada de ferro, antes denominada Melo Barreto em toda a sua extensão, agora fracionada em Major Felicíssimo, Eugênio de Melo e Melo Barreto.  São construções de um passado recente, erguidas totalmente no leito dos rios, ou algumas antigas feitas em espaços considerados normais, e que tiveram complementação para além dos limites da passagem das águas nas cheias.  
Construções dentro do Rio Piedade.

Construções dentro Rio Chopotó



Na obstrução do curso fluvial, transformaram-se também em áreas de risco.

Se o poder público deu concessão para essas construções, cabe a ele reparar os erros cometidos, independente de quais sejam os agentes titulares das suas funções. O Estado é permanente.  Os mandatários são transitórios. Se o Estado(Prefeitura e Câmara) errou por negligência, estas instituições têm que buscar soluções para evitar que o problema se multiplique. Juntamente com a correção dos erros anteriores, tem de haver a prevenção para evitar a repetição dos erros no futuro. Sai caro, é verdade. Mas sai caro ao contribuinte a perpetuação desse estado de coisas. O órgão que não preveniu, tem que remediar em curto prazo, e dar solução a médio, senão o preço se torna impagável.  E as tragédias vão entrar na rotina de cada ano de chuvas.
Construções dentro do Rio Chopotó. Da Ponte do Carrapicho para baixo

Construções dentro do Rio Chopotó. Da Ponte do Carrapicho para baixo



Construções dentro do Rio Chopotó. Da Ponte do Carrapicho para cima




Os poderes constituídos terão de encontrar lugar seguro para oferecer construções aos que ocupam áreas de risco por sua concessão; demolir e proibir novas obras naqueles lugares.  Definir e declarar aquelas áreas impróprias ao uso que não seja o escoamento livre das águas fluviais e pluviais.  Fazer o mesmo com as vias públicas construídas indevidamente às suas margens, comprovadas onerosas e perigosas durante e depois de todas as últimas enchentes. E replantar as matas ciliares nos pontos onde elas foram destruídas.
Obras de recuperação de trecho da Av. Beira-Rio, após enchente de 2006


O Chopotó foi considerado rio morto, ao tempo das usinas de açúcar, devido ao despejo de produtos químicos no seu leito. E que tornavam impossível a vida de peixes e demais espécies aquáticas no seu “habitat”. Era um dos três do Brasil, nessa condição, ao lado do Paraíba do Sul, no Estado Rio de Janeiro, e do Tietê, em São Paulo.

Suas águas de agora são parecidas com as daquele tempo, devido ao excesso de detritos de esgoto doméstico misturado aos resíduos das indústrias, causados pelo crescimento urbano e pelas empresas que não possuem esgotamento sanitário próprio.

Sem as medidas necessárias, com as considerações sociais e ecológicas próprias, ele que foi o rio morto, pode se transformar no “rio das mortes”, com o desmoronamento de prédios a suas margens, e o afundamento de veículos nas pistas de rolamento ribeirinhas.

Poderíamos estar livres destes problemas, se os cuidados tivessem sido tomados a tempo.  Estamos a apenas 15 quilômetros das nascentes.  Somente temos o Chopotó e o Piedade e uns poucos córregos a formarem nosso curso fluvial.  O drama real vai acontecendo a partir de Guidoval devido aos afluentes que  se juntam em direção ao mar.

 (Franklin Netto – viscondedoriobrancominasgerais@gmail.com)

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