quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Enchentes: maior desafio para o prefeito que tomar posse em 2013


                       

         As enchentes de 2006, 2008, 2010(25/novembro) e 2012(02/janeiro) deixaram, a seu tempo, um rastro de lama, prejuízo e vítimas, com duas fatais. E revelaram o grande problema social do surgimento de uma variada quantidade de áreas de risco.
Áreas de risco - Rio Chopotó

Áreas de risco - Rio Piedade

Áreas de risco - Rios Chopotó e Piedade

         As principais se encontram amplamente visíveis às margens dos rios Piedade e Chopotó, onde há obras residenciais instaladas em plano avançado nas valas destinadas ao curso das águas das cheias e da estiagem.

As enchentes conhecidas desde 1932 eram evidente advertência sobre os limites de risco para construções principalmente para moradia.  Mas as obras públicas também teriam que respeitar o espaço necessário à preservação das matas ciliares, protetoras contra assoreamento por sujeira ambiental, assim como o lixo e entulho que as pessoas irresponsavelmente jogam nos rios. 
Imagem: Alexandre Peluso

Enchente de nov. de 2010. Imagem: Edgard Amin

Enchente de 02 de janeiro de 2012. Av. Beira-Rio - Posto de Saúde. Barreiro. Imagem: Edgard Amin/Jefferson Coelho


Essas matas ainda dão consistência às margens, com suas raízes penetradas no solo, e impedem erosão diante das águas volumosas.

A abertura de vias públicas, e concessão de alvarás de construção no seu curso, agrediram sobremaneira a Natureza e expuseram vidas a perigo, nos níveis historicamente atingidos pelas enchentes. 

         Essas áreas de risco são fáceis de perceber, porque se encontram em pleno centro da cidade, onde a movimentação é constante.  Mas há muitas outras, menos perceptíveis, por se encontrarem nos altos dos morros loteados, onde faltou considerar graus de aclividade com segurança contra desmoronamentos.  Estão espalhadas em locais de pouca visibilidade, esparsos, onde somente os moradores percebem o perigo.
         
        A falta de planejamento, diante do crescimento urbano previsível, provocou esses problemas.  Teriam de ser regulamentas as construções e loteamentos dentro de um Código de Posturas e do Plano Diretor, com prioridade para o plano horizontal, fora e acima dos níveis atingidos pelas enchentes do passado.

         Do mesmo modo, a preservação de espaços ecológicos teria de ser formalizada em cada bairro e áreas loteadas.  Para cada lote a ser construído, teria de haver um para vegetação, onde as águas de chuva caíssem e fossem absorvidas pela flora e pelo solo.  Seria o equilíbrio da produção de oxigênio, e da consistência da terra pela umidade, que seria liberada vagarosamente, na alimentação dos lençóis freáticos para minas e poços artesianos, cujas águas chegariam ao leito dos rios na estiagem. É um ciclo natural que evita a morte dos rios.

         Nossos Chopotó e Piedade já foram caudalosos e serviram, no passado,  até para a prática do esporte de barco e canoagem. E muita gente nadava nas suas águas, quando a cidade nem conhecia o uso das piscinas particulares e dos clubes sociais.  Os açudes da Cachoeira(Colônia) e do Matucho eram pontos de movimento no verão, como as praias das cidades litorâneas. O volume de águas desses rios de agora não chega a 20% daquilo que foi há mais de meio século.
         A criação de vias públicas às margens do Chopotó teria que ser precedida de um cálculo da sua capacidade cúbica. Bastaria olhar para o passado e saber do perigo presente.  Se houvesse condições de aumentar a sua vala por todo o perímetro urbano até desaguar na zona rural de Pombal, até as divisas guidovalenses, essas passagens para veículos seriam viáveis, e as construções possíveis às suas margens, desde que mantidas as matas ciliares.

          Largura não existe para esse aumento.  Somente poderia ser pensado no plano vertical de duvidosa possibilidade.

Se se concluísse pelo impedimento das duas hipóteses, essas vias públicas não poderiam ter sido abertas onde foram.

Os resultados mostram o erro daquelas obras.  Cada enchente destrói vários dos seus trechos. Os trabalhos de recuperação ficam caros e demorados.  E o tempo útil de sua utilização entre uma enchente e outra é pequeno. Chega-se a um ponto que a relação custo/benefício não compensa.  Sai cara e perigosa para a população. E, ecologicamente nociva.
Obras de recuperação da Av.Beira-Rio, depois da enchente de 2006

Obras de recuperação da Av.Beira-Rio, depois da enchente de 2006

Av.Beira-Rio, depois da enchente de 02/01/2012



Continua, portanto, a dúvida: se os futuros prefeito e câmara de vereadores vão enfrentar esta soma de problemas, ou se vão virar as costas para eles, e deixar seus efeitos se multiplicarem.

(Franklin Netto – viscondedoriobrancominasgerais@gmail.com) 

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