A identidade de gênero - Um processo em formação
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EDUCAÇÃO INFANTIL
O desenvolvimento dos papéis de gênero e a
construção da identidade são socialmente construídos e aprendidos desde o
nascimento, com base em relações sociais e culturais que se estabelecem a
partir dos primeiros meses de vida, mas é na educação infantil que a criança
começa a perceber a diferença entre o feminino e o masculino. A família e o
professor assumem um papel importante neste processo, pois eles servirão de
referência a esta construção.
Na educação infantil esta construção de papéis e de
identidade ocorre visivelmente por meio das atividades lúdicas e pelas
contingências que envolvem a situação do brinquedo, como a estimulação por
parte das professoras em relação à forma de brincar e restrições em relação ao
ambiente do brinquedo. Acredita-se que na medida em que a criança desenvolve o
conceito de gênero, ela também aprende o que acompanha ou deve acompanhar cada
gênero em específico. Por isso, nessa fase a criança costuma atribuir uma série
de valores de certo e errado para os comportamentos de papel sexual, como, por
exemplo, menino brinca com carrinho e menina com bonecas. Portanto, a
sexualidade deve ser vista como uma construção social.
Estas questões gênero e sexualidade - normalmente não são
discutidas nem exploradas pela escola, as famílias são resistentes a este
assunto e muitos professores não são preparados, nem foram formados para
abordar tais questões, sendo elas um tabu no campo familiar e educacional.
Em pesquisas realizadas no Brasil, observa-se que
os professores, mesmo sem perceberem, acabavam reforçando comportamentos estereotipados
sexualmente, como por exemplo, quando uma professora solicita a presença da
auxiliar junto aos meninos durante a rodinha, porque eles estão sempre
agitados, diferente das meninas que são mais calmas. De acordo com
especialistas da área, os estereótipos relacionados ao gênero são muito
discriminatórios, pois já está impregnado na sociedade que meninos são mais
agressivos e agitados, enquanto as meninas são mais frágeis e sentimentais, e
tais comportamentos são representados dentro da escola.
Alguns professores tomam para si a tarefa de
orientar o comportamento sexual das crianças, especialmente o dos meninos,
garantindo que sigam o padrão o correto, não utilizando maquiagens, nem roupas
e comportamentos femininos. Existe uma visão estereotipada sobre os papéis
socialmente aceitos e recomendados para meninos e meninas, levando os
professores à designar tarefas específicas e assumir condutas distintas na
relação com meninos e meninas.
A construção da identidade e do gênero é vivida
pelas crianças da educação infantil através das brincadeiras, das palavras, dos
gestos, das atividades reconhecidas como masculinas e femininas. Por meio das
brincadeiras as crianças internalizam e reproduzem as relações estabelecidas
por homens e mulheres, sendo que algumas são caracterizadas pela reprodução de
estereótipos socialmente atribuídos aos gêneros. A este respeito, acredita-se
que a atividade lúdica é identificada como fundamental para o desenvolvimento
infantil, pois permite à criança integrar várias dimensões de sua identidade,
assimilar a realidade e vivenciar papéis.
Portanto, o professor e professora da educação
infantil devem estar muito bem preparados para trabalharem estes conceitos em
sala de aula com crianças tão pequenas, pois embora já tenham constituído o
núcleo de sua identidade de gênero até os três anos de idade, a construção da
identidade de gênero é um processo que se desenvolve por toda a vida.
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