As altas temperaturas que tivemos no
começo deste mês trouxeram desconforto de um modo geral, e pânico localizado em
alguns pontos da cidade, em plena vigência teoricamente do Inverno que só termina
na transição de 22 para 23 de Setembro, quando começa a Primavera.
Vínhamos das baixas temperaturas, de
quando precisávamos usar agasalhos, para, de repente, vermos os termômetros
passarem dos 30ºC, que realmente não são
comuns nesta época do ano, e com plena falta de chuvas.
O tempo seco diante do calor
insuportável trouxe problemas respiratórios a muita gente que teve de ir ao
médico, e influiu na movimentação dos hospitais.
Embora este fato faça parte da rotina
das pessoas, altera o estado de ânimo, provoca despesas e incômodo.
O pânico
ficou por conta das queimadas na Chácara, no Bairro Nova Rio Branco e no Sito
da família Vianna, situado na colina do lado direito do Rio Chopotó(Xopotó), em
frente ao início do Bairro de Lourdes.
Fogo no Bairro Nova Rio Branco. Imagem: Ivone Barros.
Fogo no Bairro Nova Rio Branco. Imagem: Jefferson Coelho
Fogo no Sítio da Família Vianna. Imagem: Roberta Melo
Felizmente, na última quarta-feira houve
uma queda de temperatura, coincidente com formação de nuvens escuras, o que
chega a ser um contraste dentro da evolução normal do processo climático. Mas, seja lá por que cargas d’água, para nosso
alívio aconteceu uma tímida precipitação pluviométrica.
Às árvores ressecadas e nuas tiveram leve recuperação e
exibem folhas novas para vivificante respiração e exalação do oxigênio como em
ato de solidariedade aos outros elementos animais e vegetais que dependem desse
equilíbrio para uma existência saudável.
Se olharmos o ceu, vem aquela impressão
que os poetas chamam de “cara feia” por causa das nuvens plúmbeas, algumas
escuras. Pode ser sinal de mais chuva.
Mas a temperatura está boa, agradável, leve, sem depender de agasalho ou
ventilador. Está confortável e permite uma respiração natural, suave.
Não se pode negar que, no Município, o
tempo nublado traz certa preocupação que pode parecer paranóia para quem não se
lembra das últimas enchentes e suas consequências. Vivemos diante de um contraste: a falta de
chuvas, com a baixa umidade do ar, diante de calor intenso, ameaça o surgimento
de queimadas; o excesso traz o transbordamento dos rios Chopotó e
Piedade, cheios de áreas de risco, com tantas construções habitacionais
avançadas no seu leito. Os bairros e
loteamentos erguidos nos píncaros dos morros que circundam a zona urbana estão
cheios de áreas sujeitas à erosão e desmoronamento.
Talvez por causa mesmo do crescimento
urbano desordenado e sem planejamento, tenha deixado de haver estudos sobre a
topografia, os graus de aclive sem risco, a preservação de espaços ecológicos
para retenção de parte da águas de pluviais e permeabilidade do solo para
manter a umidade e consistência da terra.
Esses e outros fatores vêm tornando
mais volumosas as enchentes e estreitando o espaço entre uma e outra. Por isto,
a população vive uma preocupação constante.
Quase sempre, o período das chuvas começa em plena Primavera, no mês de
Outubro, que se aproxima. Basta olhar o céu:
nuvens escuras parecem mau prenúncio, principalmente para quem mora ou tem
atividades às margens dos rios. É uma
tensão constante.
O tempo que passa, depois das
enchentes, parece pequeno para se ter tranquilidade. Esta tensão faz muita gente esquecer que as
chuvas são importantes para a lavoura, na produção dos bens de primeira
necessidade. As pessoas somente dão valor à água quando ela falta. Há outras regiões do País, sobretudo o Nordeste,
onde a calamidade é a Seca – morrem
gado, plantações; rios secam, o solo racha, o sertanejo vai embora, as aves
desaparecem. A letra do Xote Asa Branca, de Luiz Gonzaga,
é uma boa mostra para se entender o drama da seca naquela região.
Aqui em
Visconde do Rio Branco há necessidade de os administradores públicos fazerem um
levantamento dos problemas provocados pelas chuvas, corrigir o que for
possível. Delimitar as áreas de risco e
criar alternativas para seus ocupantes em lugares seguros. Se houver condições técnicas e econômicas, a medida principal seria aumentar a capacidade
cúbica dos rios Chopotó e Piedade para, no mínimo o dobro da atual, desde o
início do perímetro urbano até chegar à zona rural nos limites de Guidoval.
Dentro de
uma lógica natural, esta cidade não deveria ter problemas com enchentes. Estamos a apenas 15 quilômetros(aproximadamente)
das nascentes da Serra da Piedade e da de São Geraldo. De Guidoval em diante
vão se somando afluentes e os problemas crescem.
No momento,
estamos vivendo a bonança, depois do susto do fogo, e antes da probabilidade
das enchentes, quase previsíveis.
Compensa tomarmos uma atitude existencialista: Viver o presente. O
passado não interessa. E o futuro ninguém sabe.
Segue a
letra original do xote, no linguajar do sertanejo, para reflexão sobre a realidade nordestina.
Asa Branca
Quando "oiei" a terra ardendo
Qual a fogueira de São João
Eu perguntei a Deus do céu, ai
Por que tamanha judiação
Qual a fogueira de São João
Eu perguntei a Deus do céu, ai
Por que tamanha judiação
Eu perguntei a Deus do céu, ai
Por que tamanha judiação
Por que tamanha judiação
Que braseiro, que fornaia
Nem um pé de "prantação"
Por farta d'água perdi meu gado
Morreu de sede meu alazão
Nem um pé de "prantação"
Por farta d'água perdi meu gado
Morreu de sede meu alazão
Por farta d'água perdi meu gado
Morreu de sede meu alazão
Morreu de sede meu alazão
Inté mesmo a asa branca
Bateu asas do sertão
"Intonce" eu disse, adeus Rosinha
Guarda contigo meu coração
Bateu asas do sertão
"Intonce" eu disse, adeus Rosinha
Guarda contigo meu coração
"Intonce" eu disse, adeus Rosinha
Guarda contigo meu coração
Guarda contigo meu coração
Hoje longe, muitas légua
Numa triste solidão
Espero a chuva cair de novo
Pra mim vortar pro meu sertão
Numa triste solidão
Espero a chuva cair de novo
Pra mim vortar pro meu sertão
Espero a chuva cair de novo
Pra mim vortar pro meu sertão
Pra mim vortar pro meu sertão
Quando o verde dos teus "óio"
Se "espaiar" na prantação
Eu te asseguro não chore não, viu
Que eu vortarei, viu
Meu coração
Se "espaiar" na prantação
Eu te asseguro não chore não, viu
Que eu vortarei, viu
Meu coração
Eu te asseguro não chore não, viu
Que eu vortarei, viu
Meu coração
Que eu vortarei, viu
Meu coração
(Franklin Netto – viscondedoriobrancominasgerais@gmail.com)
Nenhum comentário:
Postar um comentário