terça-feira, 4 de setembro de 2012

Queimadas: a Natureza chora. Pessoas se intoxicam.





Moradores do bairro Nova Rio Branco estão assustados com queimadas nos pontos altos daqueles terrenos. O matagal seco nas áreas sem construção facilitou a propagação do fogo. As labaredas chegaram a quase atingir o interior de lotes habitados. Muita fumaça provocou desconforto a moradores, com risco de asfixia. 

A senhora Ivone de Barros disse que ficou apavorada e pensou em chamar o Corpo de Bombeiros(Ubá), com medo de a propagação se alastrar para limites imprevisíveis e poder atingir residências.  Neste início de setembro ainda estamos sujeitos à ventania comum de agosto. Se desse uma onda de vento o perigo seria maior.
Imagem: Roberta Melo


Ninguém sabe se o incêndio foi acidente natural por falta de chuvas e baixa umidade do ar; se foi programado com a intenção de eliminar a vegetação; ou se foi ato criminoso.

Uma ou outra pessoa tentava com uma simples mangueira de quintal debelar as chamas, que eram mais fortes que o jato de água.

O temor é que essas queimadas venham a se repetir e se alastrar, com grande risco sobre cercas e materiais inflamáveis no interior dos terreiros e das casas.  Veículos, cortinas e madeiras ficam expostos ao perigo, em bairro populoso e movimentado.  

Aquele imenso bairro se encontra entre os limites da Chácara, da Rua Vigário Varela(Capim Cheiroso), Rua do Rosário, divisas dos quintais da Rua Dr. Altino Peluso e Av. São João Batista.  Seus pontos mais altos estão acima de onde existia a antiga caixa d’água, que recebia o precioso líquido canalizado desde a Serra de São Gerado, e distribuía para a cidade até primeiros anos de 1970, quando ocorreu a primeira tentativa de tratamento de água para consumo no município, com a construção da ETA – Estação de Tratamento de Água, no Morro do Musungu. 

As queimadas preocupam, além de seu perigo imediato, pelo impacto ambiental.  Visconde do Rio Branco ainda sofre as consequências das três últimas enchentes(2006, 2010 e 2012).  E vivemos desde antes dos anos 80 do século passado uma escalada de agressão à Natureza, com o crescimento urbano desordenado, sem planejamento. Bairros e construções isoladas vêm surgindo em qualquer lugar, a partir das margens dos rios até os píncaros das colinas que circundam o centro da cidade.

Com o que aqui acontece, não vemos justificativa para existência do ministério das cidades e as secretarias do meio ambiente. Estas têm mais exercido o papel de multar quem corta uma árvore por falta de informação, ou um inocente pescador que ignora as normas técnicas da piscicultura. 

Reservas ecológicas teriam de haver em todo bairro e loteamento, de maneira a manter a consistência do solo, com a permeabilidade das águas de chuva em espaços alternados com as construções.  O solo ressecado provoca erosão, que põe em risco as próprias obras erguidas na sua área.

A pouca vegetação existente, queimada, diminui essa proteção natural para a firmeza da terra, e mata a biodiversidade restante.  Cada área queimada perde a fertilidade e a capacidade de evaporação da umidade que provoca chuvas.

Quando vemos imagens da Seca do Nordeste, entendemos o quanto precisamos proteger o lugar onde vivemos contra essas agressões que prejudicam a formação das nuvens que se transformam em chuva.

Terra seca é causa e efeito.  Causa da chuva que não vem. Efeito da que deveria ter vindo.

Nós, que ainda gozamos de certo equilíbrio, precisamos cuidar, prevenir, ao invés de agredir a Natureza. Esta dá a resposta conforme provocada.  E já temos exemplos concretos de alguma resposta.  “O sol nasce pra todos”. A
 chuva também.  Todos estão sujeitos às suas causas e efeitos.  Na verdade, a Natureza não se vinga. Tudo são consequências.  Todos são responsáveis.


(Franklin Netto – viscondedoriobrancominasgerais@gmail.com)
    

Um comentário:

  1. Parabéns pela matéria. É muito importante conscientizar as pessoas da necessidade de cuidar da natureza, de evitar práticas que agridam o meio ambiente. É a primeira vez que entro nesse blog e achei muito interessante.

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