terça-feira, 9 de abril de 2013

Mais uma relíquia arquitetônica vai abaixo na Praça 28 de Setembro: A antiga Casa Primavera


                   

         

      Na tarde desta sexta-feira, diante da desolação do vazio do Hotel Braga e da Casa Telles, formos informados pelo Sr. Luiz Carlos(Ticá), herdeiro do saudoso Juquita Caxiné e dona Santinha, que seu prédio da antiga Casa Primavera, hoje funcionando como loja Kastelo,  fora vendido para o Sr. Luciano de Carvalho, da Farmácia América.  E que o plano do novo proprietário é demolir aquele imóvel com toda a arquitetura artística para dar lugar a uma nova construção aonde deverá funcionar a Farmácia.  Esse prédio fica muito próximo dos outros dois demolidos.

         Mais tarde, fizemos contato com o Sr. Luciano, que confirmou a informação, justificando que a estrutura do prédio se encontra em precárias condições de segurança.  Sua intenção é estender a nova obra até a Rua Major Felicíssimo, para comportar a expansão da Farmácia.  O imóvel da família Ferreira, onde as suas atividades começaram há mais de 50 anos, não comporta mais o seu crescimento.  A saída para duas vias públicas facilita o acesso de veículos dos consumidores e as manobras de carga e descarga, com menor  obstrução do trânsito. 

         Ao contornarmos a Praça, percebemos que o tempo tem sido implacável com as construções históricas. Os da esquina com a Rua Presidente Antônio Carlos ganham maior visibilidade por sua estratégia na movimentação de veículos e pela posição marcante que teve a própria Casa Telles durante a sua história.

         Há, nesse contorno, a ausência da que ficou conhecida como “loja do Laveque”, embora este fosse funcionário da casa; sumiram o sobrado da Papelaria Império(João de Brito), a Padaria do Acácio Mota, metade do Aero Clube (a outra metade divide-se com a Luminosa); desapareceu o Éden Clube, para dar lugar à construção onde funcionaram a Minas Caixa e a Caixa Econômica Federal, separadas pela Galeria do Éden; desapareceu o sobrado da dona Piquita, na esquina com Rua Cel. Geraldo – que deu luar ao Big House; não existe mais a casa que pertenceu a maestrina Catarina Soares de Moura(Bouchardet),  que, segundo alguns, pertencera anteriormente, ao Sr. Mário Bouchardet.  No seu lugar funciona um estacionamento de veículos, que prejudica a estética do lugar.  Logo depois, está o prédio construído para o Banco de Crédito Real, no lugar de uma obra artística, que exibia detalhes neoclássicos na fachada, ao lado do Grupo Carlos Soares.  A Caixa Econômica Federal acabou com o belo jardim francês à frente da Mansão dos Carone. A Casa Paroquial tinha suas formas harmoniosas com  arquitetura de época, junto ao poste artístico à sua frente. Um imenso canteiro ligava a sua frente à pista de rolamento que contornava a parte de cima da Praça.  E, à direita, na esquina havia a casa que pertenceu ao tabelião João Batista Cândido, pai das senhoras Mariângela e  Nazareth.  Na sequência ficavam outros prédios de arquiteturas harmônicas entre si, entre elas a casa de outro tabelião: Sylvio Barreto Braga.  Desapareceu o prédio da Cadeia e do Fórum velhos, onde hoje existe um supermercado.  Do outro lado, a casa que pertencera à família de Jeová Benati deu lugar a um edifício.  A seguir a série que serviu de cenário ao filme O Menino e o Vento tem em seu lugar o Banco do Brasil e um hotel.  Depois do Cine Brasil, um sobrado antigo foi substituído pelo prédio da família de Sylvio Benati.  E, do outro lado da esquina Nestor Gomes, no lugar do sobrado dos Alvim Gomes foi erguido um edifício.  

         Cobrindo a vista Casa Paroquial, no canteiro foi construído um prédio de dois pavimentos, onde se encontra a Rádio Comunidade no térreo, e parte da Casa Paroquial no superior. Em frente,  foram levantados gigantescos edifícios que quebram a harmonia entre o novo e o antigo.  E ferem a vista de cartão postal que era a torre da Igreja Matriz.  

         Há que se lembrar o Terminal Rodoviário construído em parte do jardim, sobre o qual existe a Associação Comercial e Industrial de Visconde do Rio Branco.  Essa obra, mais o coreto atual quebraram o aspecto bucólico do jardim, que fora criado como Parque Municipal Peixoto Filho, com seus canteiros gramados, floridos, e suas gigantescas árvores e palmeiras.

         Até os românticos passeios em torno do jardim, na calçada, com moças por dentro no sentido horário, e rapazes por fora no sentido anti-horário, tornaram-se inibidos com o embarque e desembarque de passageiros dos ônibus, e a movimentação do Bar da Rodoviária.  A calçada obstruída impedia o contorno que fluía leve e descontraidamente, desde o anoitecer até as 22 horas, quando as famílias determinavam o recolhimento das moças, porque às 23 horas(11 da noite), a polícia liberava a circulação das mulheres da difícil “vida fácil”.

         Tudo vai mudando sem método em sem planejamento.  Naturalmente o número de veículos cresce nas ruas do município. E os espigões provocam a concentração no contorno da Praça, com suas ruas saturadas e frágeis para tanto volume.  O asfalto fica quebradiço, cheio de trincas. Os bloquetes e paralelepípedos saem do nível.  A cada reparo dos defeitos de pista ocorre um engarrafamento.  

         Tem que haver planejamento, para o progresso dirigir-se à periferia. Muito perto do centro ainda existe uma área vazia, ideal para edificações: à direita da Rua Marechal Floriano no sentido à Voluntários da Pátria, logo depois da entrada para o Bairro Centenário.  O sensato é descentralizar, com preferência para construir em áreas planas, à distância razoável dos rios e dos barrancos, onde seja possível circularem linhas de ônibus.  As margens das estradas que ligam o município às zonas rurais e a outros municípios oferecem muitos trechos favoráveis para loteamentos e bairros, fora dos morros e margens de rios. O centro da cidade precisa ser preservado para os seus limites que já foram atingidos.

(Franklin Netto – viscondedoriobrancominasgerais@gmail.com)                 

2 comentários:

  1. Parabéns Franklin F.Netto, muito boa sua narrativa. Paulo César

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    1. Cada demolição dessas preciosidades leva um pouco de nós! Que fazer? A paisagem pública. Mas a propriedade é particular...

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