Quem vem pela Rua Eugênio de Melo, da Barra dos Coutos para o
centro da cidade, vai ver três obras públicas com aspecto diferente: O novo
Fórum, a Creche Municipal Maria de Lourdes Ferraz Lopes e a Unidade de Pronto
Atendimento 24 horas – UPA.
O Fórum teve lançada a pedra fundamental em 24 de novembro de
2011, com a presença dos Desembargadores rio-branqueses Luciano e Tiago Pinto,
da Juíza Vilma Lúcia Gonçalves Carneiro, sendo presidente do Tribunal de
Justiça do Estado o Desembargador Cláudio Costa. Segundo registro na Placa de Lançamento, a
pedra foi conduzida àquele local pelo então Prefeito João Antônio de Souza.
Desembargadores Tiago e Luciano Pinto, Prefeito João Antônio de Souza, e Juíza Vilma Lúcia Gonçalves Carneiro
As imagens mostram o estado adiantado da obra, como sinal de que
o trabalho funciona de maneira dinâmica, a despertar confiança de que as
atividades forenses da Comarca de Visconde do Rio Branco brevemente desafogarão
o centro da cidade, altamente congestionado.
Decorre de uma mentalidade compatível com nossa época, quando a
descentralização da vida pública e comercial precisa expandir-se para pontos mais afastados.
Obras do Fórum - Rua Eugênio de Melo
Obras do Fórum - Rua Eugênio de Melo
Perto dali, a Creche Municipal Maria de Lourdes Ferraz Lopes,
inaugurada em fins do ano passado, encontra-se em estado de abandono, com o
crescimento de capim, sem funcionamento e sem o mobiliário necessário. Uma obra pronta, desativada, com tantas
crianças a depender de seus trabalhos para abrigo, convivência com outras
crianças e o aprendizado elementar no seu desenvolvimento psico-motor.
Rua Eugênio de Melo-Creche Municipal Maria de Lourdes Ferraz Lopes. CM 23/12/2013
Estado de abandono da Creche. Imagem: Marcus Fernandes
No quarto mês da nova administração, constitui desperdício de
uma obra pública daquela envergadura, que, vazia, fica mais exposta ao desgaste
do tempo. Razões político-partidárias
para esse descaso são injustificáveis.
Na mesma rua, mais próxima do centro da cidade, encontra-se
completamente abandonada a obra da UNIDADE DE PRONTO ATENDIMENTO 24 h – UPA, ao
lado do Clube dos Bancários.
Logo depois da posse, a nova administração alegou, em Nota
Oficial, que aquela obra fora paralisada por motivo de 53 “irregularidades”
apontadas pela Secretaria Estadual da Saúde, incluindo incompatibilidade entre
o tamanho da obra e a área destinada à construção: o terreno seria menor do que
a UPA.
Vista frontal da obra iniciada da UPA. Rua Eugênio de Melo. CM 14/04/2013
Vista lateral da obra iniciada da UPA. Rua Eugênio de Melo. CM 14/04/2013
Vista à distância da obra iniciada da UPA. Rua Eugênio de Melo. CM 14/04/2013
Vista interna e externa da obra iniciada da UPA. Rua Eugênio de Melo. CM 14/04/2013
Pesquisas em documentos oficiais, revelaram que havia 53 “inadequações”
e sem referência à incompatibilidade do tamanho da obra com a extensão do
terreno. As mesmas pesquisas mostravam
que, ao contrário, a continuidade da construção estava autorizada desde 03 de
dezembro de 2012. Isto quer dizer que, na data da alegação de proibição, após a
posse em 01 de janeiro deste ano, não havia impedimento para a continuidade dos
trabalhos.
E a paralisação veio prejudicar toda a população, quando,
logo a seguir, começou um surto de Dengue no Município que parecia ameno e
somente se agravou. No dia 12,
sexta-feira, a Secretaria Municipal de Saúde confirmou 2.156 casos notificados.
E havia versões de que se aproximavam de 700 os casos confirmados. Esses números
são muito maiores, porque os pacientes atendidos em caráter particular para consulta
e exames não constam dos dados oficiais.
Na prática constatamos que, em cada casa, há pelo menos uma pessoa
afetada.
Diante dessas considerações, é evidente que a UPA, se
estivesse funcionando, amenizaria o problema.
É sensato pensar que não teria havido tempo para a sua conclusão
agora. No entanto, essa epidemia
acontece periodicamente no Município. E,
fora os casos de Dengue, a população precisa desse serviço de emergência
constantemente. Os atendimentos que
podem ser resolvidos nessa unidade evitam maior dependência das vagas
hospitalares, que deveriam ser reservadas para situações mais graves que dependessem de maior
tempo de tratamento.
Mas o que se vê na obra iniciada da UPA causa espanto e
perplexidade. Se houvesse razão técnica
para a sua paralisação, a responsabilidade com os problemas de saúde da
população procuraria sanar essas razões e impulsionar a conclusão da obra, onde
quer que fosse. Infelizmente, há o simples descaso, desinteresse pelo problema,
que nega ao povo o seu direito à saúde, como disposição constitucional.
As três obras da Rua Eugênio de Melo revelam maneira diferente
como os responsáveis encaram o uso dos bens públicos.
Tudo decorre dos impostos que o povo paga, para os
vencimentos dos gestores desse patrimônio, e para a maneira como têm o dever de
usar com responsabilidade tanto o dinheiro, quanto as obras que pertencem ao
Estado e ao Município.
(Franklin
Netto – viscondedoriobrancominasgerais@gmail.com)
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