Tudo começa com os
bens de sobrevivência. A terra produz os grãos, as verduras e os frutos para
alimentar a vida. Se em cada município
os espaços produtivos forem aproveitados para a agricultura de sobrevivência,
com certeza seus habitantes terão alimentação de primeira qualidade, puros,
livres dos agrotóxicos que comprometem a saúde.
Para tanto, seria indispensável o poder
público fazer parceria com os agricultores. Oferecer-lhes assistência técnica
no estudo de cada área agricultável, realizado por agrônomos, que orientassem,
sobretudo, os pequenos proprietários em relação à natureza de suas terras, à
composição do subsolo, com indicação de quais seriam os produtos mais apropriados
para serem cultivados em cada porção de suas propriedades. Dessa parceria, além da orientação técnica,
a mão de obra para plantar e colher, o oferecimento de tratores e outras
máquinas contribuiriam para tirar dos agricultores o temor de lutar contra as
intempéries do mau tempo, e da queda de preço.
A terra de cada região é produtiva, nem
sempre para os mesmos produtos. Aos agrônomos cabe orientar o que dá melhor
resultado em cada parte. Quanto mais se
usarem os insumos naturais, melhor a
qualidade. Evitar os agrotóxicos produz
alimentos mais saudáveis no sabor, e será uma forma de praticar medicina
preventiva. Os fertilizantes químicos
fazem parte de atividades de grupos econômicos proprietários de laboratórios
associados para provocarem a doença e produzirem o remédio. É uma especulação que usa o povo como cobaia,
ao mesmo tempo vítimas daqueles crimes que estão por trás de cada fortuna.
A agricultura de sobrevivência, via de
regra, está fora do agronegócio onde não existe preocupação ética, nem moral sobre a saúde e o bem estar da população. Nessa agricultura, o que se planta e colhe
visa à alimentação dos pequenos donos de terra, com suas famílias. E a sobra é
direcionada para o pequeno comércio, ou diretamente para os consumidores.
Se o município zelar pelo
aproveitamento de seu território nessa atividade não especulativa, estará
preservando sua população dos males que a indústria de fertilizantes químicos
introduz nos seus habitantes. E estará
poupando as despesas que terá de fazer para tratar de doenças possíveis de
serem evitadas.
A mídia, associada e dependente dos
anunciantes produtores desses venenos químicos, procura induzir, principalmente
grandes proprietários de terra, a buscarem alta produtividade, para alcançarem
alta lucratividade, em negócios diretamente nocivos à vida humana.
A zona rural vai ficando vazia, por
motivo do abandono em que vive o homem do campo, na sua luta de sobrevivência
naquilo que sabe. E, quanto mais vazio,
mais se torna alvo da especulação dos investidores da cidade, que vão comprando
pequenas propriedades a baixo preço e formando latifúndios para a especulação com o
agronegócio.
O resultado é que municípios como
Visconde do Rio Branco, que já foi grande produtor de grãos, legumes e
hortaliças, em nossos dias mostra extensões de terras produtivas, sem qualquer
plantação. Isto faz com que a população
consuma produtos vindos de longe, mal conservados, e de aspecto visivelmente
comprometido para a alimentação. Raras
são as frutas e legumes dos grandes mercados que não estejam deterioradas, manchadas,
de sabor sem pureza, e sem aproveitamento integral. São os alimentos resultantes da alta
produtividade, que parecem chegar barato ao consumidor. No entanto, quando se apura sua parte
digerível, vê-se que, pelo aproveitamento, sai pelo dobro do preço
nominal. E ainda comprometem a
saúde. A incidência de câncer nos
índices ocorridos em nossos tempos é sintoma de alerta.
Ao mesmo tempo em que se esvazia o
campo, cresce a população da zona urbana.
Isto seria saudável, se as atividades na cidade oferecessem meios de
vida completos para esses moradores. Mas os empregos e oportunidades de
trabalho autônomo são poucos. A educação é falha e deixa muita gente à margem
da evolução humana. Nesta cidade
estima-se um déficit habitacional em torno de duas mil moradias, apesar de cada
administração alardear construções de casas populares ao longo dos tempos. Essas habitações formam núcleos fora dos
quesitos básicos de inclusão social.
Quando consideramos esta série de
fatores, pensamos na necessidade de uma ação administrativa do poder público de
maneira a promover uma integração social, que observe as possibilidades de o
município se tornar auto-suficiente na produção dos bens de consumo, com as
qualidades naturais que protejam a saúde da população. Se houver empenho na produção desses bens, com
aproveitamento das terras ociosas, parte do desemprego estará sendo
eliminada. Essa produção aumentará a
oferta de produtos e o consequente barateamento. Haverá motivos para os proprietários
cultivarem sua terra, mesmo que morem na cidade. Os trabalhadores empregados estarão
fortalecendo o mercado interno e contribuindo para o crescimento das pequenas e
médias empresas. Será uma forma de distribuição
de renda. O crescimento de cada
atividade alimenta o crescimento de outras.
O município estará arrecadando mais, com tantas atividades em marcha. Poderá
remunerar melhor os professores, aparelhar as escolas, implantar o Tempo
Integral. O nível de cultura e de
ocupação crescerá. São formas de
diminuir e eliminar a ociosidade alimentadora do crime e dos vícios. A sociedade estará caminhando para a justiça social,
para o bem-estar geral, para a aquisição de cultura e do nível maior de
conhecimento.
Isto é plenamente factível, realizável.
Somente resta uma dúvida: será que as
classes dominantes, que usam a ignorância popular para manipular as massas, querem essa evolução?
Neste ponto é que o povo tem que tomar
consciência de si mesmo, dotar-se de amor próprio e trabalhar sua auto-estima,
para libertar-se.
(Franklin Netto – viscondedoriobrancominasgerais@gmail.com)
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