terça-feira, 26 de março de 2013

A felicidade está nas coisas simples. E as pessoas complicam


    


      Tudo começa com  os bens de sobrevivência. A terra produz os grãos, as verduras e os frutos para alimentar a vida.  Se em cada município os espaços produtivos forem aproveitados para a agricultura de sobrevivência, com certeza seus habitantes terão alimentação de primeira qualidade, puros, livres dos agrotóxicos que comprometem a saúde.

         Para tanto, seria indispensável o poder público fazer parceria com os agricultores. Oferecer-lhes assistência técnica no estudo de cada área agricultável, realizado por agrônomos, que orientassem, sobretudo, os pequenos proprietários em relação à natureza de suas terras, à composição do subsolo, com indicação de quais seriam os produtos mais apropriados para serem cultivados em cada porção de suas propriedades.   Dessa parceria, além da orientação técnica, a mão de obra para plantar e colher, o oferecimento de tratores e outras máquinas contribuiriam para tirar dos agricultores o temor de lutar contra as intempéries do mau tempo, e da queda de preço. 

         A terra de cada região é produtiva, nem sempre para os mesmos produtos. Aos agrônomos cabe orientar o que dá melhor resultado em cada parte.  Quanto mais se usarem os insumos naturais,  melhor a qualidade.  Evitar os agrotóxicos produz alimentos mais saudáveis no sabor, e será uma forma de praticar medicina preventiva.  Os fertilizantes químicos fazem parte de atividades de grupos econômicos proprietários de laboratórios associados para provocarem a doença e produzirem o remédio.  É uma especulação que usa o povo como cobaia, ao mesmo tempo vítimas daqueles crimes que estão por trás de cada fortuna.

         A agricultura de sobrevivência, via de regra, está fora do agronegócio onde não existe preocupação ética, nem moral  sobre a saúde e o bem estar da população.  Nessa agricultura, o que se planta e colhe visa à alimentação dos pequenos donos de terra, com suas famílias. E a sobra é direcionada para o pequeno comércio, ou diretamente para os consumidores.

         Se o município zelar pelo aproveitamento de seu território nessa atividade não especulativa, estará preservando sua população dos males que a indústria de fertilizantes químicos introduz nos seus habitantes.  E estará poupando as despesas que terá de fazer para tratar de doenças possíveis de serem evitadas. 

         A mídia, associada e dependente dos anunciantes produtores desses venenos químicos, procura induzir, principalmente grandes proprietários de terra, a buscarem alta produtividade, para alcançarem alta lucratividade, em negócios diretamente nocivos à vida humana.  

         A zona rural vai ficando vazia, por motivo do abandono em que vive o homem do campo, na sua luta de sobrevivência naquilo que sabe.  E, quanto mais vazio, mais se torna alvo da especulação dos investidores da cidade, que vão comprando pequenas propriedades a baixo preço e formando latifúndios para a especulação com o agronegócio.

         O resultado é que municípios como Visconde do Rio Branco, que já foi grande produtor de grãos, legumes e hortaliças, em nossos dias mostra extensões de terras produtivas, sem qualquer plantação.  Isto faz com que a população consuma produtos vindos de longe, mal conservados, e de aspecto visivelmente comprometido para a alimentação.  Raras são as frutas e legumes dos grandes mercados que não estejam deterioradas, manchadas, de sabor sem pureza, e sem aproveitamento integral.   São os alimentos resultantes da alta produtividade, que parecem chegar barato ao consumidor.  No entanto, quando se apura sua parte digerível, vê-se que, pelo aproveitamento, sai pelo dobro do preço nominal.  E ainda comprometem a saúde.  A incidência de câncer nos índices ocorridos em nossos tempos é sintoma de alerta.

         Ao mesmo tempo em que se esvazia o campo, cresce a população da zona urbana.  Isto seria saudável, se as atividades na cidade oferecessem meios de vida completos para esses moradores. Mas os empregos e oportunidades de trabalho autônomo são poucos. A educação é falha e deixa muita gente à margem da evolução humana.  Nesta cidade estima-se um déficit habitacional em torno de duas mil moradias, apesar de cada administração alardear construções de casas populares ao longo dos tempos.  Essas habitações formam núcleos fora dos quesitos básicos de inclusão social.

         Quando consideramos esta série de fatores, pensamos na necessidade de uma ação administrativa do poder público de maneira a promover uma integração social, que observe as possibilidades de o município se tornar auto-suficiente na produção dos bens de consumo, com as qualidades naturais que protejam a saúde da população.  Se houver empenho na produção desses bens, com aproveitamento das terras ociosas, parte do desemprego estará sendo eliminada.  Essa produção aumentará a oferta de produtos e o consequente barateamento.  Haverá motivos para os proprietários cultivarem sua terra, mesmo que morem na cidade.  Os trabalhadores empregados estarão fortalecendo o mercado interno e contribuindo para o crescimento das pequenas e médias empresas.  Será uma forma de distribuição de renda.  O crescimento de cada atividade alimenta o crescimento de outras.  O município estará arrecadando mais, com tantas atividades em marcha. Poderá remunerar melhor os professores, aparelhar as escolas, implantar o Tempo Integral.  O nível de cultura e de ocupação crescerá.  São formas de diminuir e eliminar a ociosidade alimentadora do crime e dos vícios.  A sociedade estará caminhando para a justiça social, para o bem-estar geral, para a aquisição de cultura e do nível maior de conhecimento.

         Isto é plenamente factível, realizável. Somente resta uma dúvida:  será que as classes dominantes, que usam a ignorância popular para manipular as massas, querem essa evolução?

         Neste ponto é que o povo tem que tomar consciência de si mesmo, dotar-se de amor próprio e trabalhar sua auto-estima, para libertar-se.

(Franklin Netto – viscondedoriobrancominasgerais@gmail.com)

           

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