Parece que chegou ao fim a expectativa do tormento das
enchentes, com a entrada do Outono. A
temperatura dá sinais baixa. As nuvens
carregadas no céu fazem cara feia, mas desabam em chuvas moderadas e de pouca
duração. A não ser que haja alteração na
ordem natural das coisas, podemos respirar até outubro chegar, quando o período
chuvoso recomeça a ameaçar o nosso ambiente, cheio de áreas de risco, de casas
construídas dentro dos rios, e às margens da Avenida Beira Rio, um grande erro
de concepção e de construção, que tem consumido muito dinheiro público em vão.
Queremos acreditar que a Dengue atingiu
o pico e tende agora a baixar. A
ocorrência de óbito deste período, oficialmente omitida, veio à tona no fim da
semana passada. As ações mostradas pelos meios de comunicação do portal do
executivo transmitiram mais aspectos promocionais, em estilo de propaganda, do
que propriamente ações de trabalho combativo sobre as causas da proliferação do
mosquito aedes aegypti.
As atividades efetivas nesse sentido a
população percebe claramente quando os agentes do setor se apresentam na casa
de cada um, com vistorias nos quintais e nas caixas d’água. As imagens fotográficas dos focos onde o inseto se
prolifera, são mais convincentes e esclarecedoras do que as poses dos chefes de
governo a fazer corpo a corpo com os moradores dos bairros, como se estivessem
em campanha eleitoral.
Depois da posse, os governantes fazem
melhor quando estabelecem esquema de trabalho para os funcionários de cada área
produzirem resultados sobre os problemas existentes. E a maioria dessas
atitudes está em pesquisar as causas dos problemas de cada pasta, de maneira
preventiva. No momento, a Saúde é o
maior desafio, tanto para as questões imediatas, quanto para aquelas de médio e
longo prazos. A carência de vagas nas unidades de saúde se
escancara. Oportunidades para a solução estão sendo desperdiçadas, com
postergação, o adiamento, o “deixar como está para ver como fica”, em relação à
continuidade da construção da UPA 24h, e a inviabilização do Hospital Público
beneficente.
Sobre a Unidade de Pronto Atendimento,
os motivos do seu “aborto” se esvaziaram, depois da aprovação da obra em 03 de
dezembro de 2012. Tudo o que se alegou
posteriormente soa falso. Ignorar aquela
aprovação não se justifica, diante do funcionamento da equipe de transição, que
teria de ter essa informação, em momento tenso da mudança de administração,
quando todos os detalhes sobre Saúde eram de interesse de uns e outros, por
motivos opostos talvez.
O leque da saúde abrange várias
facetas, quando a vida das pessoas está na sua dependência desde a concepção
até a morte. Se os bebês dependem de
cuidados especiais, como alimentação adequada, vacinação e acompanhamento
especial para terem uma vida sadia, os adultos em idade ativa precisam de
condições físicas favoráveis. No processo de solidariedade entre gerações, quem
trabalha e produz, faz a manutenção dos menores e dos que chegam à
velhice. Os que chegam à idade avançada
dependem de medicamentos, exames periódicos, aparelhos para correção de
deficiências. O Estado(administração
pública) é o instrumento institucional destinado a equilibrar essas necessidades
e obrigações. Por estes motivos, a
população precisa de administradores íntegros, porque a força de trabalho, além
de manter as gerações dependentes, tem ainda de sustentar a máquina pública,
cujos integrantes muitas vezes se arrogam donos do erário.
Entre tantas atribuições dos prefeitos
e vereadores, está o problema crucial da educação, da qual depende toda a
evolução da sociedade. E dessa tarefa
pouco se cuida, porque a formação de uma geração é maior do que um mandato
eletivo. Os políticos visam a próxima
eleição. As tarefas mais nobres e necessárias dependem de estadistas, qualidade
rara em nossos dias. Quem vê o quadro do
Congresso Nacional, onde José Sarney teve quatro mandatos de presidente, e
Renan Calheiros recebeu o segundo, vê que o Legislativo maior é composto de
bandidos. Não se podem esperar leis
saudáveis desse poder. Nem um, nem outro
chegou à presidência de avião. A maioria do Senado os elevou àquelas
alturas. Então, é o corpo da casa que se
identifica em qualidades com eles. E a
Câmara dos Deputados nada fez para repudiar a eleição de um ou de outro. A
cumplicidade é geral.
Quando vemos a maneira de funcionar das
Assembleias legislativas(estados), na composição de mesas, nas negociações de
comissões, na formação governista, percebemos o uso do mesmo cachimbo que faz a
boca tora. As câmaras municipais
dispensam comentários. Os conchavos
deixam perplexos os freqüentadores da casa, diante do voto secreto, das
proibições de manifestação, da burocracia que boicota gesto interpretado como
inconveniente, a critério da mesa.
Acima de tudo, nos três poderes da
República, falta transparência na movimentação dos recursos públicos, no
patrimônio, nas folhas de pessoal, no fluxo de caixa e em tudo que o povo paga
e lhe é negado saber.
Em Visconde do Rio Branco percebemos
uma situação bem parecida com os altos poderes da República. Sobre a Saúde já temos falado muito. Sobre a Educação só prevalece e se dá publicidade
às versões oficiais. Nunca sabemos como
se encontram os professores, os pais de alunos, e a evolução do processo
cognitivo: o que aprendem, como aprendem, se aprendem.
Bom seria que os professores tivessem
uma tribuna, um veículo de comunicação para divulgar suas necessidades e suas
reivindicações. Mas acreditamos que fiquem constrangidos sob ameaça de
perseguições, de transferências prejudiciais e outros tipos de represália.
O sonho de uma administração limpa,
isenta, quase se torna uma miragem, uma utopia, como a vista do horizonte que
tanto mais se afasta, quanto mais caminhamos.
Entretanto, vale a pena persegui-la.
Por mais que se afaste, mais estaremos avançando. O tempo não pára. Nós também não podemos
parar.
(Franklin Netto – viscondedoriobrancominasgerais@gmail.com)
Nenhum comentário:
Postar um comentário