quinta-feira, 21 de março de 2013

Com o fim do Verão, dias melhores hão de vir


  

      Parece que chegou ao fim a expectativa do tormento das enchentes, com a entrada do Outono.  A temperatura dá sinais baixa.  As nuvens carregadas no céu fazem cara feia, mas desabam em chuvas moderadas e de pouca duração.  A não ser que haja alteração na ordem natural das coisas, podemos respirar até outubro chegar, quando o período chuvoso recomeça a ameaçar o nosso ambiente, cheio de áreas de risco, de casas construídas dentro dos rios, e às margens da Avenida Beira Rio, um grande erro de concepção e de construção, que tem consumido muito dinheiro público em vão.

         Queremos acreditar que a Dengue atingiu o pico e tende agora a baixar.  A ocorrência de óbito deste período, oficialmente omitida, veio à tona no fim da semana passada. As ações mostradas pelos meios de comunicação do portal do executivo transmitiram mais aspectos promocionais, em estilo de propaganda, do que propriamente ações de trabalho combativo sobre as causas da proliferação do mosquito aedes aegypti. 

         As atividades efetivas nesse sentido a população percebe claramente quando os agentes do setor se apresentam na casa de cada um, com vistorias nos quintais e nas caixas d’água.  As imagens  fotográficas dos focos onde o inseto se prolifera, são mais convincentes e esclarecedoras do que as poses dos chefes de governo a fazer corpo a corpo com os moradores dos bairros, como se estivessem em campanha eleitoral.

         Depois da posse, os governantes fazem melhor quando estabelecem esquema de trabalho para os funcionários de cada área produzirem resultados sobre os problemas existentes. E a maioria dessas atitudes está em pesquisar as causas dos problemas de cada pasta, de maneira preventiva.  No momento, a Saúde é o maior desafio, tanto para as questões imediatas, quanto para aquelas de médio e longo prazos.       A carência de vagas nas unidades de saúde se escancara. Oportunidades para a solução estão sendo desperdiçadas, com postergação, o adiamento, o “deixar como está para ver como fica”, em relação à continuidade da construção da UPA 24h, e a inviabilização do Hospital Público beneficente. 

         Sobre a Unidade de Pronto Atendimento, os motivos do seu “aborto” se esvaziaram, depois da aprovação da obra em 03 de dezembro de 2012.  Tudo o que se alegou posteriormente soa falso.  Ignorar aquela aprovação não se justifica, diante do funcionamento da equipe de transição, que teria de ter essa informação, em momento tenso da mudança de administração, quando todos os detalhes sobre Saúde eram de interesse de uns e outros, por motivos opostos talvez.

         O leque da saúde abrange várias facetas, quando a vida das pessoas está na sua dependência desde a concepção até a morte.  Se os bebês dependem de cuidados especiais, como alimentação adequada, vacinação e acompanhamento especial para terem uma vida sadia, os adultos em idade ativa precisam de condições físicas favoráveis. No processo de solidariedade entre gerações, quem trabalha e produz, faz a manutenção dos menores e dos que chegam à velhice.  Os que chegam à idade avançada dependem de medicamentos, exames periódicos, aparelhos para correção de deficiências.  O Estado(administração pública) é o instrumento institucional destinado a equilibrar essas necessidades e obrigações.  Por estes motivos, a população precisa de administradores íntegros, porque a força de trabalho, além de manter as gerações dependentes, tem ainda de sustentar a máquina pública, cujos integrantes muitas vezes se arrogam donos do erário.  

         Entre tantas atribuições dos prefeitos e vereadores, está o problema crucial da educação, da qual depende toda a evolução da sociedade.  E dessa tarefa pouco se cuida, porque a formação de uma geração é maior do que um mandato eletivo.  Os políticos visam a próxima eleição. As tarefas mais nobres e necessárias dependem de estadistas, qualidade rara em nossos dias.  Quem vê o quadro do Congresso Nacional, onde José Sarney teve quatro mandatos de presidente, e Renan Calheiros recebeu o segundo, vê que o Legislativo maior é composto de bandidos.  Não se podem esperar leis saudáveis desse poder.  Nem um, nem outro chegou à presidência de avião. A maioria do Senado os elevou àquelas alturas.  Então, é o corpo da casa que se identifica em qualidades com eles.  E a Câmara dos Deputados nada fez para repudiar a eleição de um ou de outro. A cumplicidade é geral. 

         Quando vemos a maneira de funcionar das Assembleias legislativas(estados), na composição de mesas, nas negociações de comissões, na formação governista, percebemos o uso do mesmo cachimbo que faz a boca tora.  As câmaras municipais dispensam comentários.  Os conchavos deixam perplexos os freqüentadores da casa, diante do voto secreto, das proibições de manifestação, da burocracia que boicota gesto interpretado como inconveniente, a critério da mesa.

         Acima de tudo, nos três poderes da República, falta transparência na movimentação dos recursos públicos, no patrimônio, nas folhas de pessoal, no fluxo de caixa e em tudo que o povo paga e lhe é negado saber.

         Em Visconde do Rio Branco percebemos uma situação bem parecida com os altos poderes da República.  Sobre a Saúde já temos falado muito.  Sobre a Educação só prevalece e se dá publicidade às versões oficiais.  Nunca sabemos como se encontram os professores, os pais de alunos, e a evolução do processo cognitivo: o que aprendem, como aprendem, se aprendem.

         Bom seria que os professores tivessem uma tribuna, um veículo de comunicação para divulgar suas necessidades e suas reivindicações. Mas acreditamos que fiquem constrangidos sob ameaça de perseguições, de transferências prejudiciais e outros tipos de represália.

         O sonho de uma administração limpa, isenta, quase se torna uma miragem, uma utopia, como a vista do horizonte que tanto mais se afasta, quanto mais caminhamos.  Entretanto, vale a pena persegui-la.   Por mais que se afaste, mais estaremos avançando.  O tempo não pára. Nós também não podemos parar.

(Franklin Netto – viscondedoriobrancominasgerais@gmail.com) 

      

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