Entre outras pessoas estimadas que
faleceram no último fim de semana, Milinho merece um registro especial, pelo
que tentou, ensinou e trabalhou na vida cultural do Município.
Desde os tempos quando regressou do Rio
de Janeiro, sua paixão pela cultura e pela arte se fez notar, já nos anos 50 do
Século Passado, ao assumir a direção artística da Rádio Cultura Rio Branco.
Criou e apresentou o programa “No Mundo da Música”, de 11:30 ao meio dia.
Sua
divulgação tinha grande interesse pela cultura e acha que o povo precisava conhecer
as músicas dos mestres de todos os tempos, e tocava óperas e sinfonias dos
internacionais Léonin;
Pérotin; Bach;Häendel;Telleman;Scarlatti; Haydn;Mozat;
Mendelsson; Beethoven; Chopin; Liszt; Grieg;
Ravel; Bizet; Debussy; Brahms; Schumman; Schubert; Scriabin; Prokofiev; Rachmaninoff;
Tchaikovsky; Mossakovsky; Moskovsky; Ginaestera; John
Willians.
De cada obra contava a
história com palavras simples na tentativa de fazer o povo entender e gostar.
Pouco lhe importava a audiência. Era um
idealista que procurava fazer aquilo de que gostava e acreditava que faltava
divulgação da música de qualidade para alcançar as camadas mais simples da
população.
Dos nomes nacionais, dava importância a Chiquinha Gonzaga, Ernesto Nazareth; Villa-Lobos
e Carlos Gomes.
Àquele tempo não havia Chico
Buarque; Tom Jobim; Toquinho; Baden Powell que, para os dias
de hoje, podem se enquadrar entre clássicos populares, mas não, necessariamente,
eruditos. Parece que os especialistas no
assunto separam clássico de erudito, dando à erudição um sentido mais profundo
de músicas que tenham vencido séculos e milênios, nascidas da inspiração de compositores
considerados gênios, cada um único no seu estilo e perfeição.
No seu amor pela arte,
Milinho organizou e conduziu peças teatrais, com amigos amadores, a exemplo de
O Diletante e Judas em Sábado de Aleluia, comédias de Martins Penna,
apresentados em palco no Aero Clube, e no Bairro de Lourdes. Fez dos amigos e
amigas atores e atrizes, como Luiz Violão, Ilnéia Cacilhas, João Coutinho dos
Santos, Altino Osvaldo
e o próprio
Milinho.
Como diretor
da Rádio Cultura, preparou muitos locutores, com exercícios de colocação de voz,
em uma persistência incansável, acompanhada de muita paciência. Perseguia de maneira determinada a perfeição
de cada um. Apesar de jovem, era dotado
de elevada capacidade intelectual. Mas
na convivência amistosa revelava intensa humildade como quem quisesse deixar
todos à vontade, sem qualquer constrangimento.
Foi professor de História e diretor do Colégio Municipal Rio Branco. De sua passagem por aquele educandário, tornou-se referência para todos os seus alunos que dizem sempre ter aprendido com muita lição de vida, além da matéria professada.
Com seu
físico frágil, tinha também uma voz frágil, um tanto presa na garganta. Mas muito afinada. E com desembaraço contava tangos e boleros em
castelhano, e alguma canção napolitana em perfeito domínio italiano. Também gostava de cantar música brasileira de raiz, ou alguma “dor de cotovelo”
romântica do repertório boêmio. Uma de
suas preferidas era “A noite do meu bem”, de Dolores Duran. Entretanto, ficou marcante na sua voz a “Casa
de Caboclo” (Heckel Tavares e Luiz Peixoto) –
composta em 1928 ,
apesar do desfecho dramático de sua letra, arrancou gargalhadas da platéia em
uma apresentação no Cine Brasil, com o seu final: “Numa casa de caboclo, um é
pouco, dois é bom, três é demais”.
Milinho, o
Valdomiro Vianna Filho, o amigo que o tempo levou, mas que fica em nossa
saudade, com toda a simplicidade, com tanta cultura, com tanto talento que
viveu aprendendo e ensinando, sem qualquer ambição de vaidade pessoal. Este é um vazio que não se preenche, porque
Milinho foi único. A ninguém imitou. E ninguém o imitará. Forte personalidade que deixou muitos amigos
e um sem número de admiradores. A
cultura e a arte de Visconde do Rio Branco ficaram menores. E a sua lembrança
será eterna!
Milinho Vianna, entre o Sr. Manoel Aguiar e o Prefeito Joaquim Cardoso - Anos 60. Imagem: Getúlio Teixeira de Aguiar
Em 19 de março de 2013 08:10, Gustavo Soares Sabioni escreveu:
ResponderExcluirCaro Franklin,
VRB ficou mais triste na semana passada. Gostaria de acrescentar na biografia do Milinho que, este também foi professor de História na Escola Estadual Dr. Celso Machado, tive o privilegio de ser seu aluno entre 73 e 74,
abcs
Gustavo