sexta-feira, 22 de março de 2013

O fim do mundo e dos nossos sonhos - Pedro Porfírio

BLOG DO PEDRO  PORFÍRIO






sexta-feira, 22 de março de 2013


O fim do mundo e dos nossos sonhos


Enquanto o povo morre em replay na serra e na baixada, Dilma vai a Roma com séquito nababesco

É o fim da picada. O fim do mundo. É muito sofrimento. E muita indiferença. Isso por que estamos no gozo da democracia. Democracia? Sim, é de que se ufanam os próceres e os escribas.

Tragédia anunciada: só em Petrópolis, o número de mortos chega a 31 
O panorama visto da serra e da baixada é a insólita repetição de tragédias recentes. De avalanches mortais ao primeiro aguaceiro. As mesmas, com as mesmas dores e os mesmos prenúncios. Filme que se repete como uma afronta, numa sequência macabra horripilante.  CRIMINOSA.

Antes das águas, milhões de reais rolaram por lá. Grana preta.  Dos nossos impostos. Do nosso sacrifício. Para onde foram? Para a reconstrução? Não. São raras e insignificantes as notícias de algo  sério e consistente.  Foram, como sempre, provavelmente,  para uma rede de quadrilhas famigeradas, de canalhas bem sucedidos na política e na vida empresarial.  Canalhas que deitam e rolam. Alguns até pilhados e afastados.  Mas quem está por cima da carne seca parece ter o único propósito: o enriquecimento fácil pela apropriação indébita do alheio, sem ligar para as consequências, por mais trágicas que sejam.

Tragédias em sequência

O antigo Hospital de Bonsucesso, que já foi excelência, deixou de fazer transplantes de rins em crianças por falta de médicos. Não há outro preparado para esse tipo de atendimento. Só depois do leite derramado o Ministério da Saúde resolveu correr atrás.  

Casas e apartamentos para vítimas de desabamentos em Niterói e Duque de Caxias ameaçam desabar. Obras que saíram de programas rocambolescos - dinheiro jogado fora. E não são as únicas nesse desmazelo.

Duas grandes redes privadas de ensino deram cano nos funcionários e nem iniciaram as aulas, afetando milhares de estudantes.  E a divulgação de redações com notas máximas no ENEM exibe erros grosseiros de ortografia, desprezados pelos examinadores.

No poder pelo poder para si

Essas são apenas algumas erupções de um organismo social e político em adiantado estado de putrefação.

Esses podres poderes se tornaram um fim pessoal para cada um dos seus pretendentes.  E nada mais. Sejam de direita, do centro, da esquerda ou das variáveis idas e vindas multicores. Só isso. Ganhar uma nesga qualquer do poder para dele se servir, servir os amigos, pagar "dívidas de campanha", locupletar-se descaradamente.

Já passei por esse chiqueiro. Resisti e hoje estou "queimado".  Nunca aceitei propinas, nem negociei por fora. Fui mal pra essa súcia de corruptos. Mas ao lado se fazia tudo do que se condenava quando fora do poder . No caso das obras públicas, as práticas desonestas se repetem. O empreiteiro pode fazer uma obra de borra, pode até não fazer obra nenhuma, nas se receber morre em 30%: 10 pra ganhar a "concorrência", 10 na fiscalização e 10% pra receber. É da práxis desde priscas eras, devidamente compensada no chamado BDI - boletim de despesas indiretas de 30% incluído no orçamento.  

Uma comitiva nababesca no beija-mão do papa

Enquanto o temporal castigava, madame Dilma se deslumbrava que nem rainha tropical com um séquito de fazer inveja aos sultões de Dubai no beija-mão do papa Francisco, numa extravagância perdulária que ninguém pode aceitar calado. Nem seus companheiros de sonhos perdidos.


O que fazia o ministro da Educação na viagem a Roma?
O que o Aloísio Mercante fazia lá no Vaticano? Aliás, como o ministro da Educação faz companhia à presidenta em suas viagens internacionais. Certamente ele não é a Rosemary da Dilma, mas certamente também não acrescenta bulhufas ao brasão tupiniquim no além-mar.

Se fosse só ele: essa viagem de três dias a Roma para ver o papa foi tão vexaminosa que para realizar o transporte de bagagens e equipamentos do  séquito foram necessários um caminhão-baú e dois furgões.

O que é isso, companheira? Os relatos não desmentidos mostram que a Dilma de hoje  não tem nada com a jovem rebelde que comia pão com linguiça nos "aparelhos" da luta armada. Mudou mais da conta, e mudou numa hora em que mais precisava ser modesta.

Veja lá, companheiro de pretéritos embates utópicos: a viagem que a presidente Dilma Rousseff fez junto à sua comitiva para acompanhar a missa inaugural do papa Francisco no Vaticano precisou do aluguel de 52 suítes de hotel e 17 veículos.

Dilma levou a tiracolo quatro ministros, assessores próximos e seguranças, que ficaram hospedados em 30 suítes do hotel Westin Excelsior, na Via Veneto, um dos mais luxuosos da Itália, comendo do bom e do melhor às nossas custas. Ma era tanta aspônio que alugaram ainda outros 22 apartamentos em hotéis próximos. Só faltou o Cabralzinho, que só não deve ter ido porque o Vaticano não é em Paris.

A diária de uma suíte presidencial no Westin Excelsior custa R$ 7.700: já o apartamento mais em conta sai por R$ 910. A frota que foi alugada incluía sete veículos sedans com motoristas, um carro de luxo e blindado, quatro vans executivas com capacidade para 15 pessoas cada uma, um micro-ônibus e um veículo destinado para os seguranças. 

Pra que essa caravana toda? Pra medir força com os argentinos? Pra dizer que Deus é brasileiro?

Tomasse uma lição de modéstia e austeridade com o companheiro Pepe Mujica, presidente do Uruguai, a nossa ex-"guerrilheira", como ele, não teria se prestado a esse fausto desnecessário, tão fora de esquadro, tão direitista e tão afrontoso.

Pobre povo brasileiro. Governista por uma migalha qualquer, acha muito natural esse contraste alegórico entre o que passa o povo trabalhador com suas lideranças subornadas e o lumpesinato do bolsa-família nos barrancos de risco enquanto rola lépida e fagueira a esbórnia dos áulicos de Brasília.

 Pobre massa crítica que se evaporou no tempo e no espaço graças à mágica das milhares de ongs penduradas nas tetas de uma vaca sagrada, que sobrevive heroicamente a todos os farsantes e a todos os impostores de todos os matizes.

Pobre da história pobre dos nossos dias, onde se correr o bicho pega, se ficar o bicho  come.
Pobre de quem, como eu,  sonhou acordado e sacrificou a juventude e o futuro por um mundo melhor para todos. E não apenas para a panelinha da corte e para os senhores dos podres poderes locais que vão aproveitar as últimas tragédias para engordar seus haveres, em conluio com a elite insaciável que assedia os cofres públicos.





Nenhum comentário:

Postar um comentário