COLUNA DO TIMM
Drops maio 30/31 - Informativo Diário paulotimm.com.br : CORPUS CHRISTI
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CORPUS CHRISTI Homilia laica | ||
Hoje, muito
simples: Feriado de Corpus Christi.
"Este é o meu corpo... isto é o
meu sangue... fazei isto em memória de mim".
(Cristo, Ultima Ceia)
Duvido que alguém saiba exatamente o
que isto significa. Dizem que é um feriado religioso, da Igreja Católica. Vou
conferir. Também não sei do que se trata. Mas antes de achar o significado da
data descubro duas barbaridades cometidas pela mesma Igreja: A morte na
fogueira de Jerônimo de Praga e Joana D ‘Arc. Pura coincidência, pois a
celebração do Corpus Christi é uma data móvel , enquanto os assassinatos são
datados. Azar da Igreja, que melhor faria enfrentar a coincidência falando
sobre o assunto, de resto já consertado ao reconhecer a falha dos processos
contra os dois mártires. O silêncio, no caso, é mais um pecado... Ou seria
outra? Afinal , não sou muito versado em assuntos religiosos, embora não me
faça disso motivo de orgulho. Grandes intelectuais contemporâneos como Max
Weber e Karl Yung, além de meu preferido, ..., dedicaram longos anos à obras
sobre o gênero. Conclusão: O homem não vive sem uma dimensão mística,
religiosa, capaz de explicar o que ninguém explica. Daí a fé.
Eis, rapidamente, os pecados
cristãos desta data há alguns séculos, antes da proclamação da virtude:
1416 - Jerônimo de Praga é condenado
à morte na fogueira por heresia, pelo Concílio de Constança, realizado na
cidade de Constança, na Alemanha.
Jerônimo de Praga (1379 — 30 de maio
de 1416) foi o principal discípulo e o mais devotado amigo de Jan Huss, o
célebre reformador religioso tcheco.
Formação acadêmica
Nasceu em Praga, filho de família de
posses. Após tornar-se bacharel na Universidade de Praga em 1398, no ano
seguinte iniciou viagens por boa parte da Europa. Em 1402 visitou a Inglaterra
e esteve na Universidade de Oxford, onde estudou e copiou as obras Dialogus e
Trialogus de John Wycliffe e interessou-se pelo movimento lolardo, inspirado
pelo mesmo Wyclif no século anterior. Em 1403 ele foi a Jerusalem e em 1405
estudou naUniversidade de Paris, onde obteve o grau de Mestre. Em 1406 Jerônimo
de Praga obteve o mesmo grau na Universidade de Colônia e, um pouco depois, na
Universidade de Heidelberg, ambas na atual Alemanha.
Defendendo a Reforma Religiosa
Em 1407 esteve por pouco tempo em
Oxford novamente, para voltar novamente a Praga nos anos seguintes, onde suas
posições nacionalistas começavam a provocar perseguições por parte da Igreja.
Em janeiro de 1410, fez pronunciamentos em favor das filosofias de Wyclif, o
que foi citado contra si no Concílio de Constança, quatro anos mais tarde. Em
março de 1410, foi editada uma bula papal contra os escritos de Wyclif, o que
causou a prisão de Jerônimo em Viena e sua excomunhão da Igreja pelo Bispo de
Cracóvia. Conseguindo escapar, voltou a Praga, passando a defender publicamente
as teses de reforma da Igreja pregadas por Jan Huss, que por sua vez reforçavam
muitas das teses de John Wyclif. Em 1413 Jerônimo de Praga visitou as cortes da
Polônia e da Lituânia, causando profunda impressão por seu diferenciado saber e
eloqüência.
No Concílio de Constança
Martírio de Jerônimo de Praga, do
Livro de Mártires de John Foxe (1563)
Quando Jan Huss viaja para o Concílio
de Constança, em outubro de 1414, Jerônimo lhe assegura que o seguiria para
ajudá-lo, caso fosse necessário, promessa que logo lhe faria chegar a
Constança, em 4 de abril de 1415. Ao contrário de Huss, que obtivera um
salvo-conduto para proteger-se, Jerônimo nada possuía para defender-se, razão
pela qual os amigos insistiam para que voltasse a Praga. Em 20 de abril foi
preso e enviado a Sulzbach, retornando a Constança em 23 de maio para ser
imediatamente processado pelo Concílio.
Sua condenação, como a de Huss, já
estava pré-determinada, tanto em conseqüência de seu apoio a muitas das idéias
de Wyclif (embora discordasse de algumas) quanto por sua aberta admiração por
Huss. Assim, não teve a oportunidade de defender-se em um julgamento justo. As
condições de sua prisão eram tão severas que ele ficou seriamente doente, tendo
sido induzido a retratar-se em duas reuniões públicas do Concílio (11 e 23 de
setembro de 1415). As palavras colocadas em sua boca nessas ocasiões fizeram-no
renunciar aos ensinos de Wyclif e Huss. A mesma saúde abalada o fez escrever
cartas ao rei da Boêmia e à Universidade de Praga em que declarava estar
convencido de que era justa a condenação de Huss à morte na fogueira por
heresia, o que havia ocorrido em 6 de julho daquele ano. Nem mesmo essa conduta
rendeu sua libertação, nem mesmo qualquer diminuição da sua pena. Em maio de
1416 Jerônimo de Praga foi posto novamente em julgamento pelo Concílio. Em 28
de maio, ele veementemente retratou-se de sua retratação, sendo finalmente
condenado por heresia em 30 de maio e queimado na fogueira ainda no mesmo dia.
Legado ]
Suas extensas viagens, sua ampla
erudição, sua eloquência, sua inteligência e sabedoria fizeram dele um
formidável crítico da degenerada Igreja daqueles tempos, que chegou a possuir
três papas ao mesmo tempo (ver Cisma Papal). Foram essas qualidades que fizeram
repercutir suas profundas críticas à Igreja, contribuindo, mais que qualquer
heresia, para sua condenação à morte. Sua morte ocorreu menos de um ano após a
morte de Huss, contribuindo para inflamar o movimento nacionalista da Boêmia,
que resultou em uma série de movimentos armados conhecidos como guerras
hussitas. Jerônimo de Praga, assim como Jan Huss e John Wyclif, é considerado
precursor da Reforma Protestante que ocorreria no século XVI. Jerônimo morreu
cantando salmos na fogueira.
1431 - Em Ruão, na França, Joana
d'Arc é queimada na fogueira aos 19 anos por bruxaria.
Joana foi presa em uma cela escura e
vigiada por cinco homens. Em contraste ao bom tratamento que recebera em sua
primeira prisão, Joana agora vivia seus piores tempos.
O processo contra Joana teve início
no dia 9 de janeiro de 1431, sendo chefiado pelo bispo de Beauvais, Pierre
Cauchon. Foi um processo que passaria à posteridade e que converteria Joana em
heroína nacional, pelo modo como se desenvolveu e trouxe o final da jovem, e da
lenda que ainda nos dias de hoje mescla realidade com fantasia.
Dez sessões foram feitas sem a
presença da acusada, apenas com a apresentação de provas, que resultaram na
acusação de heresia e assassinato.
No dia 21 de fevereiro Joana foi
ouvida pela primeira vez. A princípio ela se negou a fazer o juramento da
verdade, mas logo o fez. Joana foi interrogada sobre as vozes que ouvia, sobre
a igreja militante, sobre seus trajes masculinos. No dia 27 e 28 de março,
Thomas de Courcelles fez a leitura dos 70 artigos da acusação de Joana, e que
depois foram resumidos a 12, mais precisamente no dia 5 de abril. Estes artigos
sustentavam a acusação formal para a Donzela buscando sua condenação.
No mesmo dia 5, Joana começou a
perder saúde por causa de ingestão de alimentos venenosos que a fez vomitar.
Isto alertou Cauchon e os ingleses, que lhe trouxeram um médico. Queriam
mantê-la viva, principalmente os ingleses, porque planejavam executá-la.
Durante a visita do médico, Jean
d’Estivet acusou Joana de ter ingerido os alimentos envenenados conscientemente
para cometersuicídio. No dia 18 de abril, quando finalmente ela se viu em
perigo de morte, pediu para se confessar.
Os ingleses impacientaram-se com a
demora do julgamento. O Conde de Warwick disse a Cauchon que o processo estava
demorando muito. Até o primeiro proprietário de Joana, Jean de Luxemburgo,
apresentou-se a Joana fazendo-lhe a proposta de pagar por sua liberdade se ela
prometesse não atacar mais os ingleses. A partir do dia 23 de maio, as coisas
se aceleraram, e no dia 29 de maio ela foi condenada por heresia.
A morte [editar]
Joana d'Arc sendo queimada viva.
Joana foi queimada viva em 30 de maio
de 1431, com apenas dezenove anos. A cerimónia de execução aconteceu na Praça
do Velho Mercado (Place du Vieux Marché), às 9 horas, em Ruão.
Antes da execução ela se confessou
com Jean Totmouille e Martin Ladvenu, que lhe administraram os sacramentos da
Comunhão. Entrou, vestida de branco, na praça cheia de gente, e foi colocada na
plataforma montada para sua execução. Após lerem o seu veredito, Joana foi
queimada viva. Suas cinzas foram jogadas no rio Sena, para que não se tornassem
objeto de veneração pública. Era o fim da heroína francesa.
Após a morte de Joana d'Arc [editar]
A revisão do seu processo começou a
partir de 1456, quando foi considerada inocente pelo Papa Calisto III, e o
processo que a condenou foi considerado inválido, e em 1909 a Igreja Católica autoriza
sua beatificação. Em 1920, Joana d'Arc é canonizada pelo Papa Bento XV.
Agora, o “Corpus Christi”:
A data pretende celebrar o Corpo e
Sangue de Cristo na Eucaristia, um momento importante da ligurgia cristã
referido à última ceia de Jesus com os apóstolos, na quinta-feira anterior à
Paixão, quando lhes distribuiu o pão e o vinho. Foi instituída pelo
Papa Urbano IV com a bula Transiturus de hoc mundo, em 11 de agosto de 1264 –
embora decretada cinco anos depois - , devendo cair na quinta-feira após
a Festa da Santíssima Trindade que ocorre no domingo depois de Pentecostes ou
60 dias após a Páscoa. Aos leigos, tudo isto soa entre o desconhecido e o
misterioso. Mas a verdade é que a tradição foi se consagrando em toda a Europa
Cristã, especialmente na Diocese de Colônia, hoje Alemanha. Em Roma já se tem
dela notícia desde 1350
“O papa Urbano IV, na época o cônego
Tiago Pantaleão de Troyes, arcediago do Cabido Diocesano de Liège, na Bélgica,
recebeu o segredo das visões da freira agostiniana Juliana de Mont Cornillon,
que teve visões de Cristo demonstrando desejo de que o mistério da Eucaristia
fosse celebrado com destaque.
Por solicitação do papa Urbano IV, que,
na época, governava a Igreja, os objetos milagrosos foram para Orviedo em
grande procissão, sendo recebidos solenemente por sua santidade e levados para
a Catedral de Santa Prisca. Esta foi a primeira procissão do Corporal
Eucarístico. A 11 de agosto de 1264, o papa lançou de Orviedo para o mundo
católico através da bula Transiturus de hoc mundo o preceito de uma festa com
extraordinária solenidade em honra do Corpo do Senhor.”
As procissões de Corpus Christi , no
Brasil, iniciaram-se no Período Colonial em Ouro Preto. Hoje disseminam-se por
várias cidades nas quais são feitos desenhos litúrgicos com flores, folhas e
serragem. nas ruas por onde passam.
No Brasil, a tradição manda enfeitar
as ruas com flores e serragem de cores vivas, que formam desenhos simbólicos.
Isso acontece principamente nas cidades históricas e nas capitais, como Pirenópolis,
em Goiás, São Paulo capital, Jacobina, na Bahia, e Castelo, no Espírito Santo.
Mas o costume também se estende por todo o país.
A celebração religiosa do Corpo de
Cristo merece, porém, uma homilia laica, vez que remete à comunhão de toda a
humanidade em torno do pão e do vinho. A homilia é sempre a preleção de um
religioso – homiliasta - no decorrer de uma celebração, normalmente após a
leitura de alguma parte da Bíblia. Consta que era muito usado do período
inicial do cristianismo, seguindo o exemplo do Mestre, tendo sempre um
caráter coloquial no tratamento das questões de fé, Deus e a religião,
embora assumindo várias intenções: explicativa, exegética, quando isso é feito
através das Escrituras e exortativo, caso em que procura exaltas as verdades aí
contidas. Nada impede, porém, que se tome de empréstimo da liturgia esta boa
prática que fez com a Igreja Católica tivesse o êxito que teve ao longo dos
séculos.
Há na celebração três importantes
considerações:
Primeiro, a idéia mesma da comunhão
como um ato simbólico da confraternização, em que o sagrado se liga
misticamente ao profano – o pão e o vinho – entregando-lhes um significado
imaterial. Esta comunhão não se restringe ao Profeta ou seus clérigos mas
pretende disseminar-se a todos os fiéis.
E aqui, a segunda observação: Estes
fiéis não se restringem ao povo eleito de Deus, como na tradição judaica, de
onde nasceu o Cristianismo, mas se estende urbi e orbi, a todos os lugares e a
todos, tal como na bênção dominical até hoje feita pelo Papa no Vaticano.
Sendo destinada a toda a humanidade,
a fé cristã, ao contrário da judaica, aqui também, devia ser divulgada através
do proselitismo – pregação - , instituído, aliás, por Paulo e levado a cabo
depois da Reforma Religiosa com grande afinco por diversas Ordens,
principalmente jesuítas.
Muitas das considerações acima foram
assumidas, também, por Luthero e os reformadores da Igreja de Roma e se
converteram em verdadeiros ideias de reorganização da sociedade O caso mais
clássico, curiosamente, foi o das 13 Colônias Americanas que mais tarde
dariam origem aos Estados Unidos.
Desde sua origem, a sociedade americana foi
constituída com base em valores cristãos os quais lhe davam um sentido de
conversão da humanidade inteira ao seu modelo de organização e vida. Daí à
arrogância do “Consenso de Washington” que consagra pela força a Pax
Americana foi um pulo...
A celebração de Corpus Christi não se
esgota, portanto, apenas na valorização da figura de Jesus no campo da doutrina
e fé cristãs. Ele remete para a Comunhão da Humanidade como um corpo que deve
ser reunido em torno de valores fundamentais, começando pela fraternidade em
torno da mesa. Só os mamíferos superiores compartem o produto da caça, muitas
vezes obtido pela cooperação coletiva, com sua espécie ou clã. E tivemos que
chegar ao Império Romano para aprendermos a comer à mesa. Falta-nos,
entretanto, alguns passos para que façamos sentar ao cardápio da civilização,
hoje, a humanidade inteira, com emprego para todos e alimento à mesa sem
discriminações e exclusões. Este o verdadeiro sentido do cristianismo, cujo
significado é exatamente universalização da condição humana.
Em boa hora, Sua Santidade o Papa,
talvez interpretando desta forma a celebração de Corpus Christi, desferiu nos
últimos dias 21 de maio, na cozinha ( ! ) do Vaticano e 22, na Casa Dom
de Maria (!!), também no Vaticano, explícita crítica ao capitalismo sem
face, selvagem, que mantém 26 milhões de desempregados na União Europeia
enquanto trilhões de dólares, cada vez mais concentrados, não ultrapassando se
controle a 0,35% da população mundial são entesourados em Paraísos Fiscais, à
salvo de impostos, e de qualquer sentido social. Para não falar no bilhão de
pessoas que passam fome no mundo, enquanto os celeiros das tradigns estão
repletos de commodities na forma de alimentos convertidos em fontes de
lucro.
Cidade do Vaticano, 22 mai 2013
(Ecclesia) – O Papa deixou críticas ao “capitalismo selvagem” durante uma
visita à casa ‘Dom de Maria’, dirigida pelas religiosas de Madre Teresa de
Calcutá, que acolhe pessoas necessitadas, no Vaticano.
“O capitalismo selvagem ensinou a lógica
do lucro a qualquer custo”, disse Francisco, numa intervenção divulgada hoje
pelo portal de notícias ‘news.va’.
A visita, que decorreu na tarde de
terça-feira, visou assinalar o 25.º aniversário da entrega da gestão desta casa
de acolhimento a Madre Teresa por João Paulo II.
O Papa Francisco elogiou a hospitalidade
“sem distinção de nacionalidade ou religião” que se vive na instituição,
pedindo que se recupere o “sentido do dom”, da gratuidade e da solidariedade.
A intervenção sublinhou a importância de
travar a “exploração que não olha às pessoas”.
“Vemos os resultados nesta crise que
estamos a viver”, acrescentou.
A data, portanto, é um bom momento de
reflexão sobre a fé mas, também, sobre a esperança de que o cristianismo, com
sua força massiva e inequívoca capacidade de persuasão, ultrapasse os limites
da liturgia para ajudar a encontrar uma saída para o difícil momento por que
passa a Humanidade.
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