Até setores bem intencionados das novas
gerações sofrem inconscientemente os efeitos nefastos da despolitização causada
pela Ditadura Militar.
É procedimento natural nos jovens a
rebeldia e o inconformismo com a situação de cada tempo que sempre tem motivos
para a busca de transformações diante das injustiças e, principalmente, a
corrupção de cada época. O aniquilamento
de lideranças, o controle do sistema de ensino com supressão de matérias como Sociologia
nas universidades, a transformação da metodologia em matérias que desenvolviam
o raciocínio nos cursos básicos, como a matemática, a implantação de Moral e
Cívica dentro do princípio distorcido de Segurança Nacional enquadrado na
ideologia de quartel, enquanto o país vivia 21 anos sob censura de imprensa, e
subordinado ao imperialismo estadunidense, criaram uma consciência alienada e
confusa nas pessoas que cresciam condicionadas a esse complexo político militar
de informação deformada e condicionada.
Depois da Ditadura explícita, os 19
anos de formal democracia, com a qualidade precária do sistema educacional, e a
imprensa de massa a servir de braço direito aos interesses dos grupos econômicos
dominantes, há uma confusão ideológica reinante na cabeça de quem não viveu os
tempos anteriores ao desastre político de 1964.
A situação angustiante de falta de
perspectiva para os jovens; o custo de vida muito alto para o nível de salários
e das rendas dos pequenos e médios empresários; o ensino básico de má qualidade
nas escolas públicas, e caro nas particulares, para quem sonha com aprovação
nos vestibulares e alcançar um curso superior – desperta a insatisfação geral e
o desejo de mudanças. Mas que
mudanças?
O imediatismo leva à ilusão de que
basta a mudança de governo, dos quadros do governo, sempre o último é que serve
de alvo do desgaste.
A mudança em
vista corresponde à troca de seis por meia dúzia. A falta de politização
programada pela estratégia ditatorial institucional, e perpetuada pelas forças
dominantes do Grande Capital impede a visibilidade básica de que a causa de
todas as distorções se encontram, sobretudo, no modelo econômico adotado nesses
quase 40 anos de arrocho sobre as classes trabalhadoras e sobre os grupos
pensantes do país.
Os mega empresários e os estrategistas
militares brasileiros e estrangeiros tiraram do centro da cena os conhecidos
defensores do neoliberalismo econômico, e colocaram em seu lugar falsos
esquerdistas e alguns ex-esquerdistas suscetíveis ao brilho das pepitas de
outro e às pompas do poder. Na prática,
criaram Lula e o PT e cooptaram Fernando Henrique Cardoso, José Serra e alguns
de seus clones. Para promovê-los tiveram sempre a mídia venal a seu serviço.
Todos tinham imagem fácil de ser vendida ao povo com o empurrão de marqueteiros
do camarim político. Muitos de aparentes campos opostos têm história em comum,
na luta armada, ou na passagem pelo exílio, e também nas campanhas ao lado dos
trabalhistas históricos: FHC – exilado com aposentadoria compulsória aos 38
anos de idade(filho de general); José
Serra – Presidente da UNE, ao lado de Jango no Comício de 13 de Março na Central
do Brasil; José Dirceu no exílio; José Genuíno e Dilma Roussef, na luta armada;
Aécio Neves não é desse tempo, seu avô
Tancredo Neves, foi Ministro da Justiça de Getúlio, negociador com os militares
para a posse de Jango, e seu Primeiro Ministro no Parlamentarismo de calça curta
derrubado por plebiscito em 06 de janeiro de 1963. Esse arco é muito maior. Aí estão os mais notórios no ato do momento
desse teatro, neles incluídos Lula e o PT que foram crias diretas do próprio
regime militar, das classes empresariais brasileiras e estrangeiras a quem o
regime servia.
As gerações que vieram depois daquele
marco divisório de 1964, que passaram pelas escolas e faculdades que não contam
os bastidores da história, às vezes trocam alhos por bugalhos. É compreensível porque elas não entendam a
razão de as escolas terem piorado tanto de qualidade, e de todo o tumulto
social expresso na violência urbana de agora.
Vários segmentos dessas gerações querem mudanças e defendem o mesmo
neoliberalismo econômico, causador de todos os grandes problemas sociais. Os tecnocratas são os mesmos na execução
desse modelo, sob a cartilha do FMI, as bênçãos do Ti Sam, o aval do Banco
Mundial e o beneplácito do Consenso de Washington. Os signatários desse Consenso recebem diploma
de fato para se habilitarem a governar os países latino-americanos que
aceitaram derrubar governos democráticos e implantar as ditaduras militares nas
décadas de 60 e 70. As únicas exceções foram Venezuela – que preferiu manter a
democracia, e Cuba que já se encontrava há dez anos sob bloqueio econômico
imposto pelos Estados Unidos no clima da Guerra Fria. Esse é um dos motivos de
a Venezuela vir sendo discriminada e combatida por esse tempo todo e terem
feito de Hugo Chávez o bode expiatório para a guerra midiática.
Hugo Chávez
conquistou todos os mandatos por eleições populares com voto direto e
secreto. As reformas na Constituição de
seu país se realizaram através de plebiscito.
Mesmo assim, a imprensa de massa chama de Ditadura o governo para o qual
foi eleito várias vezes, e que fez do seu vice Maduro o sucessor, depois de uma
morte com cheiro de assassinato, como parece terem sido as de Jango e
Juscelino.
As novas
gerações precisam também estudar a participação popular no governo de Cuba que,
apesar de ser um país pobre, não tem fome, nem menino de rua; com um dos menores índices de mortalidade
infantil, sem analfabetismo, e a maioria da população formada em cursos
superiores.
Tem
indicadores sociais superiores aos países considerados do Primeiro Mundo, como
em expectativa de vida supera a Dinamarca, Taiwan, os Estados Unidos e, de
longe, o Brasil. Na lista o primeiro é o
Japão. A relação está publicada na Wikipédia – Enciclopédia Livre. E foi elaborada pela ONU.
Quem desejar
ver a lista completa, pesquise no Google “lista de países por esperança média
de vida”. Provavelmente as escolas
convencionais e as faculdades escondem esses detalhes. Mostramos abaixo os países que citamos.
Lista da ONU
(2005-2010)
Expectativa de
vida ao nascer em anos
|
|||||||||||||||||||||||||||||
#
|
Estado/Território
|
Expectativa
|
Masculina
|
Feminina
|
|||||||||||||||||||||||||
1
|
82.73
|
79.29
|
86.96
|
||||||||||||||||||||||||||
|
A indignação da juventude e seu desejo
de mudanças se justificam e são necessários.
Somente serão viáveis e factíveis, entretanto, fora de preconceitos
ideológicos. Há detalhes para serem
analisados e compreendidos na busca dos caminhos de transformações, para se evitar
patinar, na ilusão de que se está caminhando. Exemplo: Lula, Dilma e PT têm
tomado posições aparentemente acertadas no plano externo, como quem busque
constar no mapa mundial integrantes das esquerdas. Na política interna, entretanto, são
extremamente conservadores, neoliberais, opressores dos trabalhadores da mesma
maneira que Fernando Henrique, José Serra e sua ala: privatizam os bens do
estado, submetem-se aos grupos econômicos, privilegiam o mundo financeiro especulativo,
desprezam a educação para o povo, mantêm os mesmos moldes da política
econômica, corrompem parlamentares e eleitores.
Até no Mensalão os grupos de FHC
e Lula são iguais. Os de FHC
começaram em Minas com Eduardo Azeredo em 1998; os de LULA/PT explodiram há
mais de 20 anos e vieram à tona com o assassinato sob tortura do Prefeito de
Santo André(SP), Celso Daniel. O
Mensalão PT foi condenado pelo STF. O de
FHC/Tucanos está em processo investigatório.
Concluindo: para mudança efetiva é
necessária isenção de ânimo; limpar as
lentes e tirar as pedras do caminho.
(Franklin Netto – viscondedoriobrancominasgerais@gmail.com)
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