quinta-feira, 23 de maio de 2013

Contrastes sociais no Município




         Visconde do Rio Branco passa pelos mesmos problemas de outros municípios do Brasil e da América Latina: a concentração de renda e o domínio das oligarquias. São heranças do colonialismo oriundo da Península Ibérica(Espanha e Portugal).

         De certa maneira, os espanhóis, que se apossaram das demais terras desta parte das Américas, tiveram menor crueldade com os povos nativos. Na Bolívia, por exemplo, dois terços da população são sobreviventes indígenas, dos quais um agora é seu presidente: Evo Morales.  No Brasil, todos os rebeldes à escravidão foram exterminados, como os negros dos quilombos e os silvícolas em geral.  Os poucos que restam dos milhões que havia são sobreviventes que conseguiram escapar da chacina.

         A forma desumana do colonialismo produziu uma cultura de domínio pela força do poder, ou pelo poder da força, que atravessou a Monarquia, as variáveis da República e chega aos nossos dias com semelhantes parâmetros de dependência.  Os despossuídos, a troco da sua força de trabalho, vivem em núcleos de “casas populares” compulsoriamente, como os trabalhadores sob regime escravo se abrigavam nas senzalas.  Recebem menos de um quarto do salário que seria necessário para construírem suas próprias casas à sua imagem e a seu gosto, se pudessem comprar o material e escolher o lugar para o abrigo de sua família, conforme suas conveniências e vontade.  Tudo como resultado das desigualdades sociais, na distribuição da renda que todos produzem e das propriedades territoriais tomadas dos antigos habitantes naturais de antes do ano de 1.500.

         Quando falamos em distribuição ou concentração de renda, alguns ainda interpretam como utopia de comunista ou socialista. Mas os países mais bem colocados na distribuição de renda são capitalistas, como o Japão, 2ª maior economia do Mundo que oscila em 1º ou 2º colocado, conforme a fonte.  A exemplo, há uma lista de 126 países, elaboradas pelo critério de Coeficiente de Gini(uma medida de desigualdade desenvolvida pelo estatístico italiano Corrado Gini), onde os 10 primeiros colocados são países capitalistas e ex-componentes da antiga União Soviética. Pela ordem: Dinamarca, Japão, Suécia, República Checa, Eslováquia, Noruega, Bósnia e Herzegovina, Finlândia, Hungria e Ucrânia.  Logo, nada a ver com preconceitos ideológicos “comunismo ou capitalismo”. Estados Unidos aparecem na posição 73; e o Brasil em 116º lugar. A fonte: Wikipédia.

        Analistas consideram medidas compensatórias para amenizar as desigualdades programas de Fernando Henrique Cardoso e continuados por Lula com nomes diferentes conforme este parágrafo:
“Iniciado no governo FHC através de um conjunto de programas (Bolsa-Escola, Bolsa-Alimentação, o Auxílio Gás, Cartão Alimentação e o Auxílio aos Idosos), conjunto que mais tarde foi chamado de Bolsa-Família no governo Lula.

Secundo Wikipédia, o “ Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) demonstrou que a desigualdade entre os rendimentos dos trabalhadores brasileiros (população economicamente ativa) caiu quase 7% entre o quarto trimestre de 2002 e o primeiro de 2008. Nesse período, o Coeficiente de Gini na renda do trabalho, ou o intervalo entre a média dos 10% mais pobres da população e a média dos 10% mais ricos, caiu de 0,543 para 0,505. "Para um país não ser primitivo, esse índice precisa estar abaixo de 0,45", afirmou o presidente do Ipea, Márcio Pochmann, em entrevista à BBC Brasil


Desigualdade: 

Rousseau acreditava que existiam dois tipos de desigualdade: a primeira, a desigualdade física ou natural, que é estabelecida pela força física, pela idade, saúde e até mesmo a qualidade do espírito; e a segunda, moral e política, que dependia de uma espécie de convenção e que era autorizada e consentida pela maioria dos homens.
No livro Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens, ele se preocupa em mostrar a desigualdade moral e política, pois, para ele, é desnecessário se preocupar com a origem da desigualdade natural e física, pois a resposta é essa: é natural, e o que vem da natureza já está justificado. Também fala que a desigualdade não pode ser estudada tendo como ponto de partida o momento então da humanidade. Também diz que para estudar a desigualdade moral e política, deve-se "ir até a essência do homem para julgar a sua condição atual" e deve-se fazer, sem atribuir ao homem primitivo, atributos do homem civilizado. Sem esse cuidado, a busca pela origem da desigualdade estaria distorcida.”

Liberais 
“Os liberais acreditam que a desigualdade econômica é principalmente resultado de pouca liberdade econômica. Alguns defendem que a desigualdade em si não é o problema, e sim a existência da miséria. É preferido um país com maior desigualdade entre as classes sociais mas com baixíssima miséria, do que um país menos desigual com alto índice de miseráveis. A desigualdade econômica é um fato natural do mercado e das diferenças entre as pessoas e o curso de suas vidas. Sendo, para os liberais, a igualdade absoluta uma utopia, algo impraticável e até mesmo indesejável.
Ludwig von Miseseconomista defensor do livre mercado, alega que o egoísmo e a desigualdade levam ao desenvolvimento. Conforme ele, essa desigualdade foi de enorme importância na História e por causa dessa desigualdade que foi produzida a denominada "civilização ocidental moderna", que só poderia existir em um lugar onde o ideal de igualdade de renda fosse muito fraco. A eliminação da desigualdade, para Mises, destruiria qualquer economia de mercado”

Marxistas 


Karl Marx acreditava que a miséria é utilizada como um instrumento pelas classes dominantes. Acreditava também que a desigualdade é causada pela divisão de classes, dentre aqueles que tem os meios de produção, chamados de burgueses, e aqueles que contam apenas com sua força de trabalho para garantir sua sobrevivência, chamados de proletários.

Marxistas alegam que a desigualdade social é inevitavelmente produzida pelo capitalismo e não poderá ser alterada sem uma modificação no sistema capitalista. Alegam que os burgueses têm interesse em manter a desigualdade econômica, além de ser muito útil para que os assalariados possam se esforçar cada vez mais, principalmente em países desenvolvidos, fazendo com que trabalhem em um trabalho mais desagradável e pesado, para que possam alcançar um nível de consumo parecido com as classes altas, o que para os marxistas, é uma ilusão.

Conforme Karl Marx, o socialismo seria uma forma de fazer uma luta contra as desigualdades. Acreditava que o socialismo apenas estaria em um país por meio de uma revolução proletária e que seria a fase de transição do capitalismo para o comunismo, onde o comunismo que seria uma sociedade sem classes sociais em que as riquezas seriam divididas ao povo e que todos iriam contribuir com a sua força de trabalho.

Anarquistas
“O Anarquismo defende o fim de qualquer autoridade política, econômica e religiosa, ou seja, defende uma sociedade baseada na liberdade total, mas responsável.  Também defende a igualdade entre todas as pessoas e o fim da propriedade privada, sendo assim uma forma de sair da exploração capitalista.

Os principais teóricos que influenciaram o anarquismo foram William Godwin, que publicou em 1973 o seu livro Indagação relativa à justiça políticaPierre-Joseph Proudhon, que em 1840 publicou o livro Que é a propriedade? e Max Stirner, que publicou o livro O indivíduo e sua propriedade.
(Fonte: Wikipédia)

        Essas várias correntes de pensamento ajudam na reflexão sobre as desigualdades sociais que são acentuadas e visíveis nos menores municípios onde todos se conhecem. Por conseqüência do surgimento de escolas de melhor nível e do intercâmbio de cultura e de informações entre pessoas de diferentes origens, quando a população ultrapassa os 50 mil habitantes, há uma tendência para crescer a consciência de libertação das amarras do coronelismo e da perda relativa de seu domínio. 

Mas há situações atípicas, como no Maranhão onde o clã dos Sarney controla todo o estado, em grande parte grilado por “seu” José Ribamar à medida que se aliava a todo tipo de governo central, desde a sua militância na ultra direitista UDN.

Para conviver com o Governo Jango adotou a luva de UDN Bossa Nova, com ares de ala esquerda. Depois do Golpe tornou-se arenista e hoje seus familiares se encontram no PMDB(Sarney e Roseana), e no PV(Zequinha), sempre abertos a qualquer flanco. O PMDB é uma frente de grande leque.

        Nos municípios do Brasil estão presentes a favelização, a violência, o desemprego, os subsalários e o baixo poder de compra. Os liberais se sentem à vontade para praticar a essência de seu programa: a economia de mercado.  Controlam como querem a produção para fazerem oscilar os preços conforme os lucros desejados.

        O capitalismo tem suas variantes de acordo com a mentalidade de cada povo. Nos países colonizados fazem as maiores diferenças de renda que geram facilidade de domínio dos que têm mais sobre os que nada têm. O mercado interno é fraco. As crises acompanham os ciclos do tempo.  Nos países desenvolvidos sob um sentimento pátrio, como uma grande família, as diferenças são menores, próximas da igualdade, que proporcionam a todos participarem de um forte mercado interno e acesso aos bens de consumo que proporcionam conforto, fartura e felicidade.  Praticamente não há violência, nem exclusão.  Desfrutam de relativa estabilidade política, social e econômica.

        O país é o conjunto dos municípios, o todo das partes. Os problemas dos municípios são os problemas do país.

        Se há um momento de despertar, ele tem de partir de baixo para cima, a começar por erradicar a cultura colonialista, na cabeça dos coronéis e suas estruturas explícitas e as ocultas, às vezes com cabeça no exterior. Seria adquirir uma postura autóctone, como se esta mistura de raças, etnias e culturas tivesse uma mesma origem, a partir da concepção de liberdade do indivíduo para a coletividade.

        “Quem sabe faz a hora”.

(Franklin Netto – viscondedoriobrancominasgerais@gmail.com)

        

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