quarta-feira, 22 de maio de 2013

COLUNA DO PAULO TIMM(Torres-RS) - Drops maio 22 - Indicador defasado 'esconde' 22 milhões de miseráveis do país PUBLICIDADE JOÃO CARLOS MAGALHÃES DE BRASÍLIA





COLUNA DO TIMM

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COLUNA DO TIMM
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ASSIM SEJA!

Minha coluna de hoje poderia parecer apenas uma homenagem a um velho amigo, Vicente Britto Pereira, pelo lançamento, ontem, na Livraria Cultura de Porto Alegre, onde ele reside há dez anos, do seu livro  Ensaios sobre a Embriaguez – Ed. Record, cujos primeiros capítulos devorei (bebi?) imediatamente. Na verdade, foi esta leitura que me levou a falar sobre o assunto. Traz ele , aí , não um depoimento pessoal, que , como ele me disse, seria mais uma história de bêbado... ( E quantas...?) Vicente prefere deixar isso subentendido. E se volta a pensar a embriaguez numa abordagem mais complexa, na qual se misturam reflexões sobre a economia do segmento bebidas alcoólicas; a irresponsabilidade social frente ao crescente consumo de álcool, sempre tomada como uma droga menor, permitida, até estimulada na celebração de grandes ocasiões;  e motivações profundas do embriagado. Tudo com refinada ilustração, como se fosse uma boa tese de doutorado: Abundam citações e referências bibliográficas, as quais aproveitarei em futuros artigos. Aos interessados, deixo , pois a recomendação de leitura. Mais: Aconselhável... Alguém já disse que a porta do inferno está bem ao lado da porta do céu e nenhuma tem tabuleta. Por isso é sempre bom conhecer os detalhes da entrada...

Vou comentar, apenas, alguns elementos que acompanham o vício – ou os vícios – na vida contemporânea.

Primeiro deles, perdemos a noção dos ritos que acompanharam a humanidade desde sempre. Hoje, os ritos são remetidos às datas de celebração da Formatura, do Natal, do Aniversário. Mas já não damos a essas celebrações o caráter de sacralidade – pagã ou religiosa – que nossos antepassados davam. Mesmo o carnaval, tinha seu momento próprio, provavelmente ligado às festividades da colheita. Hoje em dia emendamos tudo no dia-a-dia transformando-o , crescentemente em celebração  sem cerimônia de alguma coisa. A grande virada dos anos 70, quando “o sonho acabou”, no dizer de John Lennon, àquela época, trouxe ao mundo ocidental um inusitado valor ao indivíduo e seus atributos, aos quais as academias, as cirurgias plásticas e a moda, valorizariam ao extremo. Com ele o direito ao corpo, transformado em máquina libertadora capaz de dar um novo sentido à existência humana. E com este direito a busca desenfreada do prazer. Não por acaso, Vicente Britto inicia seu livro com uma referência à esta busca.

A segunda, questão, ligada à busca do prazer fácil é o desejo. O que é o desejo, senão o olho do prazer? A sociedade de consumo fez da sedução pelos objetos uma de suas molas de projeção. Um velho amigo meu, assumindo certa vez a Diretoria da ANFAVEA – o lobby das montadoras de automóvel, quase perde a vez porque em sua brilhante explanação à Diretoria do órgão, esquecera-se de dizer que o automóvel é, sobretudo, um objeto de desejo... Estamos e vivemos, todos , seduzidos pelas belas imagens que envolvem a divulgação dos produtos despejados no mercado. Antes, mulher pelada, só em “Folhinhas” (calendários),  nas borracharias. Hoje, lá estão elas por todos os lados... Juntos com elas, o acesso às grandes obras plásticas de todos os tempos, músicas pra todo o gosto, “letras”, nem tanto... E qual o resultado? Estamos enfarados. Queremos cada vez mais. Mais...Mais...E viramos súditos genuflexos do bio-prazer  imediato: a droga, em suas distintas expressões, a mais barata, a mais aceita e legal, a mais acessível, o álcool. Já não o álcool nativo da caverna, celebrante do rito de passagem, mas o lenitivo diário do stress e das frustrações de um mundo fácil, mas difícil. Tal como na definição de Brasil e Estados Unidos do Tom Jobim: “Lá é bom mas é ruim; aqui é ruim mas é bom...?

Vi outro dia um belo programa de recuperação de drogados em uma Universidade americana. Sabem qual o processo? Redescoberta dos prazeres infantis soterrados no “crescimento”. Quem sabe, antes que se percam definitivamente, abrindo caminho ao monopólio da droga sobre o prazer, devessem sem mais estimulados pelos Pais, pela Escola, pelo Estado.

Finalmente, o Ser. Quem somos, o que queremos da vida, como manejamos com nossos atributos físicos, espirituais e psíquicos? Os antigos se voltavam muito à essas indagações, procurando, aí , um sentido para a vida. E acabaram cunhando um conceito de virtude associados à prática do bem como caminho do bom e do belo. Hoje dificilmente um jovem distingue com precisão o que é “bom”  do que é  o “bem”, como , quase sempre confunde o “mal”com o “mau”. Estes ,aliás, são grafados  da mesma forma, como se significassem a mesma coisa. Andamos muito no caminho do conhecimento e fizemos do nosso sistema educacional uma máquina de calcular a distância entre as estrelas. Mas não nos ensinam mais sobre o brilho mágico do firmamento e sua capacidade de despertar inusitados desejos, paixões e até delírios. E quando alguém acerta a distância entre a estrela XPT2314E e a outra denominada YJX 4457S, lhe damos um NOBEL de Física, chamando INVENTOR. Ora, ele apenas descobriu o que sempre lá esteve à espera de um contador. Perdeu-se um espírito criativo na ilusão da matemática. O mundo da droga, enfim, é o mundo dos desencantados, que encontram no bio-poder o que já não conseguem com as secreções férteis da própria alma.

Como vencer tudo isso?

Náo sei. Nem sei se no mundo ocidental nos estamos dando conta da gravidade do problema. Meu amigo Jesualdo, orientalista, entretanto, acha que tudo depende da Força de Vontade e que esta é filha da Paciência: Ei-lo:


“A  força de vontade nasce da mãe paciência pois esta é quem contém o ser em sua dispersividade mental e sensorial. Ela é o elemento yin que vai gerando e nutrindo o yang ativo que é a vontade. Mas eles se fortalecem mutuamente

O Principium Individuationis é a regra de ouro na administração da fenomenologia do Ente no microcosmo que é a Morada do Ser. Mas toda esta dinâmica é regida por uma espécie de Feng Shui ôntico, que é a plena circulação do QI ( também transcrito como Chi e Ki ), a energia vital. Para que a Morada do Ser funcione harmonicamente ( na melhor da hipóteses, já que em geral esse é um ideal impossível, como a plena impecabilidade ) é necessário que os elementos constitutivos do Ente sejam eles mesmos, DEPURADAMENTE, e que se esvazie o papel charmoso e sedutor do ego e das representações do mental. Para que tal ocorra é necessário que exista uma espécie de Mordomo, chefe de cerimonial, que vai colocando as coisas em ordem, fazendo com que o ser humano se instale de volta em si mesmo e a partir daí comece a efetivamente crescer, rumo a sua mais nobre função para si mesmo, e para o outro, na Pólis, e mais adiante rumo ao Soleil Absolut!!

Portanto, seja pelos caminhos do Ocidente, seja pelos do Oriente: Assim Seja!

Tempos Pos Modernos

                                                                    Paulo Timm –

                              Inspirado na obra de Elizabeth Rudinesco ,pasicanalista francesa.

Em lugar do sujeito,

A lógica narcísica.

Depois a história do sujeito inencontrável.
Depois, a nostalgia do sujeito perdido.
A depressão,
Contorcendo-se impotente frente ao biopoder injetável.

Em lugar do desejo,
A ciclópica compulsão.
Depois a história  do desejo corrompido.
Depois, a nostalgia do brinquedo extraviado.
O mercado,
Plasmando-se como duto inflexível de fluxos manipulados.

Em lugar do amor ,
O prazer alucinante.
Depois a história  do amor-perfeito.
Depois, a nostalgia do amor desfeito.
O sexo,
Impondo-se como fatalidade despótica sobre  corpos suplicantes.

Em lugar do nexo ,
A racionalização resiliente.
Depois a história do discurso sem sentido.
Depois, a nostalgia do conteúdo perdido.
A razão cativa,
Ludibriando as mais ingênuas manifestações do humano amplexo.

Em lugar da energia,
A velocidade vazia.
Depois a história da energia devorada.
Depois, a nostalgia do azul devastado.
A entropia  insinuante,
Sobrepondo-se como uma sombra num planeta outrora ensolarado.



Em lugar da história,

O fim da história.

Depois do fim da história o nada.
Depois a dor nostálgica da pristina flor.
A saudade espiralada
Calando violácea sobre o verso triste do trovador.

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JOÃO CARLOS MAGALHÃES
DE BRASÍLIA
O número de miseráveis reconhecidos em cadastro pelo governo subiria de zero para ao menos 22,3 milhões caso a renda usada oficialmente para definir a indigência fosse corrigida pela inflação.
É o que revelam dados produzidos pelo Ministério do Desenvolvimento Social, a pedido da Folha, com base no Cadastro Único, que reúne informações de mais de 71 milhões de beneficiários de programas sociais.
Desde ao menos junho de 2011 o governo usa o valor de R$ 70 como "linha de miséria" --ganho mensal per capita abaixo do qual a pessoa é considerada extremamente pobre.
Ele foi estabelecido, com base em recomendação do Banco Mundial, como principal parâmetro da iniciativa de Dilma para cumprir sua maior promessa de campanha: erradicar a miséria no país até o ano que vem, quando tentará a reeleição.
Editoria de Arte/Folhapress
miserável inflação
Mesmo criticada à época por ser baixa, a linha nunca foi reajustada, apesar do aumento da inflação. Desde o estabelecimento por Dilma da linha até março deste ano, os preços subiram em média 10,8% --2,5% só em 2013, de acordo com o índice de inflação oficial, o IPCA.
Corrigidos, os R$ 70 de junho de 2011 equivalem a R$ 77,56 hoje. No Cadastro Único, 22,3 milhões de pessoas, mesmo somando seus ganhos pessoais e as transferências do Estado (como o Bolsa Família), têm menos do que esse valor à disposição a cada mês, calculou o governo após pedido da Folha por meio da Lei de Acesso à Informação.
Esse número corresponde a mais de 10% da população brasileira e é praticamente a mesma quantidade de pessoas que tinham menos de R$ 70 mensais antes de Dilma se tornar presidente e que ela, com seis mudanças no Bolsa Família, fez com que ganhassem acima desse valor.
Os dados possibilitam outras duas conclusões. Primeiro, que um reajuste da linha anularia todo o esforço feito pelo governo até aqui para cumprir sua promessa, do ponto de vista monetário.
Segundo, que os "resgatados" da miséria que ganhavam no limiar de R$ 70 obtiveram, na quase totalidade, no máximo R$ 7,5 a mais por mês --e mesmo assim foram considerados fora da extrema pobreza.
Além do problema do reajuste, o próprio governo estima haver cerca de 700 mil famílias vivendo abaixo da linha da miséria e que estão hoje fora dos cadastros oficiais.
outro cenário.
A reportagem pediu outra simulação ao governo, usando agosto de 2009 como o início do estabelecimento da linha de R$ 70. Nessa época, um decreto determinara o valor para definir miséria no Bolsa Família.
Nesse outro cenário (inflação acumulada de 23,4%), o número de extremamente pobres seria ainda maior: 27,3 milhões de pessoas. A data marcou a adoção do valor no Bolsa Família, mas não em outros programas, diz o governo.

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