A interdição da Avenida Beira Rio a
partir da Ponte da Água Limpa é resultado do erro de cálculos e falta de
planejamento na época da construção após 1992. A construção da pista com eliminação
de matas ciliares, nos limites extremos do curso de águas, deixou o solo
desprotegido contra as erosões naturais, sobretudo nos choques das enchentes,
em calha muito inferior à capacidade necessária baseada em cheias ocorridas a
partir de 1932.
Imagem: Alexandre Peluso
O trecho daquela ponte até o início da
Avenida na Rua Presidente Antônio Carlos, junto à Ponte do Carrapicho, ficou em obras durante todo o ano passado,
desde a enchente de 02 de janeiro. E,
por muita sorte, está chegando ao fim o período da ocorrência de chuvas. As aleatórias “águas de março” prenunciam a
transição para a estiagem. No ano de
2012 foi praticamente inútil a existência da pista naquele trecho. Com tantos
reparos, após os danos causados pela última enchente, apenas serviu como
instrumento de muitas despesas, cujos recursos poderiam estar sendo usados na
manutenção e melhoria de outros pontos da cidade, notadamente nas vias estratégicas
que suportam pesado volume do tráfego na área central, na integração com a
periferia e saídas para outros municípios e para a zona rural.
Ponte da Água Limpa. Av. Beira-Rio. 09/07/2012. CM
Necessitam melhor manutenção a Praça 28
de Setembro, as avenidas Dr. Carlos Soares, São João Batista, Theophille
Dubreil, Praça Jorge Carone Filho, Ruas Voluntários da Pátria, Floriano
Peixoto, Benedito Valadares, Santo Antônio, Coronel Geraldo, General Ozório,
Tabelião Orlando Costa, Dr. Altino Peluso, Diogo Braga, Teófilo Otôni, Benedito
Valadares, Said Slaibi, Dr. Linchy, do Rosário, Avelino Cardoso, Rosa Pacheco,
Conselheiro Santana, São José e os seguimentos de cada uma.
A Avenida Beira-Rio tornou-se o elefante
branco e grande geradora de áreas de risco no trecho citado, como no que fica
entre a Rua Diogo Braga(Ponte da Cooperativa) e Ponte Branca, na Avenida Oscar
Salermo, no Barreiro. Todas as atividades
comerciais e habitacionais às suas margens, se encontram, ao mesmo tempo, às
margens do Rio Chopotó(Xopotó), onde margens do rio se confundem com a pista de
rolamento da Avenida, ou das ruas do lado oposto. Qualquer observação visual revela a baixa
capacidade da calha fluvial diante do volume de qualquer cheia ocasionada por
um período de chuvas incessantes por alguns dias, ou ocasionais trombas d’água
nas nascentes das serras de São Geraldo e da Piedade de Cima. Os
transbordamentos levam pânico às populações ribeirinhas e deixam rastros
trágicos de risco de morte, prejuízos, desabrigados, e possíveis surtos de
doenças provocadas pela poluição de detritos deixados no excesso das enchentes.
Trecho entre as pontes da Água Limpa e do Carrapicho. CM 09/07/2012
Final da Av. Beira-Rio, próximo à Ponte Branca. CM 16/07/2012
As soluções para aquela obra resultante
de improvisações e insensatez se
tornaram difíceis. Literalmente, “se ficar o bicho pega, se correr o bicho come”. Acabar com aquele desastre deixa em situação
difícil quem se haja instalado às suas
margens. Manter, coloca as pessoas em
situação de risco.
Enquanto não chove, aquela curva em obra que provoca a
interdição no momento torna-se o calcanhar de Aquiles. Tanta terra exposta desde o leito do rio até
o outro lado da pista, aparentemente inconsistente, como uma ferida, quanto mais se mexe, mais aberta fica!
A curva em obra ainda. Imagem CM 23/12/2012
A curva em obra ainda. Imagem CM 23/12/2012
Se houvesse transparência dos gastos
públicos, seria interessante a população tomar conhecimento do quanto se gasta
com a manutenção dessa Avenida. E considerar a sua utilidade. Em uma avaliação
de custo-benefício, poderia ser proposto um plebiscito para saber se o povo de
Visconde do Rio Branco aprova sua manutenção ou sua extinção.
Iniciativa nesse sentido
dificilmente seria tomada por qualquer político, com temor de desgaste,
principalmente sem a população saber quanto se gasta com esse elefante branco,
que só tem servido para fazer crescer as áreas de risco existentes.
O povo não vê detalhes, porque tudo se
faz sob fortes cortinas de fumaça. Os
poderes constituídos gastam muito e mal.
Mas as cortinas que embaçam a visibilidade não impedem os seus efeitos
no bolso do contribuinte, em um Município onde 90% de seu povo “vive” com baixa
renda e paga impostos escorchantes. É
uma verdadeira camisa de força para esses muitos que bancam o desperdício e a
acumulação de riqueza que a falta de consciência cívica e humana desses 10%
privilegiados deixa acontecer.
Até parece que a polêmica infundada
sobre a continuidade da obra da UPA 24 h foi criada para desviar a atenção do
monstrengo em que se tornou a Avenida Beira Rio, acometida de um mal de
nascença, incurável durante toda a vida.
(Franklin Netto – viscondedoriobrancominasgerais@gmail.com)
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