quinta-feira, 7 de março de 2013

COLUNA DO PAULO TIMM(Torres-RS) - Há evidências de que EUA teriam induzido câncer em Hugo Chávez'





Há evidências de que EUA teriam induzido câncer em Hugo Chávez' - Eva Golinger

A declaração da advogada, escritora e apresentadora de TV Eva Golinger foi ao ar no canal russo Actualidad RT. Golinger é uma admiradora do chavismo e do agora ex-presidente Hugo Chávez, que produziu dois livros sobre ele: "El Código Chávez: Descifrando la Intervención de Estados Unidos en Venezuela (2005)" e "Bush vs. Chávez: la Guerra de Washington contra Venezuela(2006)".
Há evidências concretas de que EUA contam com a tecnologia necessária para atentar contra a vida do presidente venezuelano Hugo Chávez, assim o assegurou a advogada e escritora Eva Golinger.

"Há informação que desde os anos 70 tentavam assassinar por exemplo ao presidente cubano naquele momento, Fidel Castro, com radiação, além de outros métodos. Isso não é nenhum segredo, tudo isso foi revelado em milhares de documentos desclassificados. Podemos imaginar agora a capacidade destas armas que possuem hoje em dia EUA, que têm empregado diferentes armas biológicas contra seus adversários", acrescentou Golinger.

Washington "tem alta capacidade científica e biológica. Houve também outras tentativas de atentado contra a vida de Chávez nos últimos anos. Muitos meios de comunicação, figuras políticas de EUA e seus aliados tentaram desfigurar esta informação, manipulá-la, distorcê-la e fazer de quem os denunciam como se fossem loucos ou como se se tratasse de ficção científica. No entanto, é uma realidade, há evidências de que esta capacidade existe", assegurou. [Fonte]

Assista ao vídeo, e de quebra curta o espanhol com sotaque americano de Eva Golinger...









Ricupero e "Chávez era um de nós", afirma o filósofo Slavoj Žižek

  

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"Chávez era um de nós", afirma o filósofo Slavoj Žižek


(Enviado por luisnassif, qua, 06/03/2013 - 17:40)


Em Porto Alegre, Slavoj Žižek expõe seu pessimismo e a falta de rumos da esquerda

Natália Otto
O filósofo esloveno Slavoj Žižek sentou-se frente a uma plateia lotada na Câmara Municipal de Porto Alegre minutos após o anúncio da morte do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, na noite de terça-feira (5). A fala de um dos maiores teóricos da esquerda contemporânea não poderia começar diferente: “Chávez era um de nós, independente do que se queira dizer sobre ele”, afirmou, enquanto o burburinho da notícia percorria a plateia.
“Todo mundo gosta de simpatizar com favelas, de fazer caridade. Caridade é o que existe de mais fashion no novo capitalismo global. Faz as pessoas se sentirem bem e, ao mesmo tempo, despolitiza a situação”, prosseguiu Žižek. “Todos querem fazer caridade, mas nem todos querem incluir a favela na política. Chávez viu que não incluir todos os excluídos significa viver em uma permanente guerra civil. Por isso ele viverá para sempre, acho”, sentenciou o teórico.
Nascido em Liubliana, na Eslovênia, em 1949, Žižek é considerado um dos principais nomes da teoria crítica na atualidade. Com mais de sessenta obras publicadas, o filósofo veio ao Brasil para lançar seu último livro, Menos Que Nada: Hegel e a sombra do materialismo histórico, pela editora Boitempo, que promoveu o evento.
Em uma fala inquieta e bem humorada, com espaço para longas digressões e até piadas, Žižek falou durante quase duas horas sobre os rumos – ou a falta deles – dos movimentos de esquerda contemporâneos.
Chávez e o perigo do “oportunismo de princípios”
“Sempre tento ser um pessimista. Tento resistir a esse entusiasmo estilo ‘ah meu Deus, Chávez!’”, afirmou Žižek durante a breve entrevista coletiva que concedeu antes da palestra. Perguntado sobre os governos de esquerda da América Latina, e ainda sem saber da notícia da morte de Chávez, contou que, para ele, o problema principal é sempre de ordem econômica. “Nesse sentido, acho que talvez Chávez tenha sorte demais. Os amigos dele me dizem que ele não resolve problemas, ele pode se dar ao luxo de injetar dinheiro aonde queira”, explicou.
“Acho que o maior serviço que alguém pode prestar a todos esses movimentos de esquerda, como na América Latina, é, neste momento, sermos críticos e realistas. Para ser um utópico você precisa ser realista, senão você acaba se tornando um oportunista de princípios”, disse Žižek. E explicou: “É muito fácil não fazer nada politicamente, dizendo que não quero sujar minhas mãos, que sou fiel aos meus princípios, e ainda pensar ‘que maravilha, não traí meus ideais’. Mas essa é a tragédia da esquerda radical”, lamentou.
No momento em que o filósofo acabou sua fala sobre a América Latina, foi avisado de que Chávez havia falecido. “Bom, agora é a hora de sermos menos críticos”, reiterou. “A luta continua.”
Indecisão e falta de rumo marcam ações da esquerda e das elites dominantes
“As pessoas não sabem o que querem” foi quase um lema repetido por Žižek ao longo de toda sua fala. Para ele, nem as elites dominantes, a esquerda radical, os imperialistas, os manifestantes da Primavera Árabe e de Wall Street, ou mesmo os teóricos – nenhuma dessas pessoas tem ideia clara do que busca ou que está acontecendo com o mundo.
“A lição que tiramos de experiências como as da América Latina é que ainda não temos um novo modelo. O século XX acabou, o comunismo não funcionou, a social democracia e o estado de bem estar social funcionaram bem enquanto duraram, mas estão desaparecendo”, pontuou ele.
Apesar da atual falta de rumo da sociedade, o filósofo afirmou que não é suficiente dizer que vivemos em uma crise do capitalismo. Na China e na Coreia, ele lembrou, a economia prospera, assim como na maioria dos países subdesenvolvidos. “A crise existe apenas na Europa e ainda um pouco nos Estados Unidos”, afirmou.
Žižek apontou a crise financeira de 2008 como um exemplo que prova que nem mesmo as elites têm controle sobre a sociedade. “Os marxistas têm essa antiga paranoia de que há um centro imperialista, um grupo de pessoas que se encontra de dois em dois meses em algum lugar entre Washington e Wall Street para tomar todas as decisões”, brincou. “Seria até bom se houvesse um centro assim. Quanto mais eu vejo, mais percebo que isso não existe, e que eles (elites) não sabem o que estão fazendo”.
Ele falou sobre os movimentos sociais como o Occupy Wall Street, em que “pessoas protestam contra injustiça, querem democracia, sentem que o presente sistema econômico é injusto, mas nunca fica claro para onde elas estão se movendo”, explicou. Ainda assim, a postura de Žižek não é a de descartar esses movimentos, acentuando ser crucial evitar tanto o pragmatismo político quanto o “oportunismo de princípios” no momento da ação. “Não devemos pensar que temos problemas concretos para resolver, como o racismo, então podemos deixar a batalha ideológica totalmente de lado. Por outro lado, e acima de tudo, precisamos evitar oportunismos como dizer que o grande problema é o capitalismo e ficar sentados, esperando a grande revolução que nunca acontece”, afirmou.

O que conseguimos com uma modernidade alternativa é o capitalismo alternativo”

No contexto em que a esquerda não sabe o que quer, Žižek utiliza a filosofia do alemão G.F.W. Hegel para afirmar que, de fato, é impossível compreender por completo os rumos do futuro. “Hegel proíbe a especulação do futuro. Para ele, podemos apenas prever a abertura do futuro”, explicou o teórico. “Ele fala sobre a alienação da nossa vida, em que o processo é tão aberto que, quando você faz algo, não pode incluir no que você está fazendo as consequências da própria ação”.
O filósofo também falou sobre questões de eurocentrismo e multiculturalismo. Žižek citou o conceito de “modernidades alternativas”, que sugere uma ideia que é possível pensar uma modernidade para países em desenvolvimento, pós-coloniais, que não seja eurocêntrica. “O que conseguimos com a modernidade alternativa é o capitalismo alternativo”, afirmou ele.
“Acho que essa é uma tese muito perigosa. O marxismo compreende que há certos antagonismos que são inerentes ao capitalismo. A teoria da modernidade alternativa pensa esses antagonismos como se eles não pertencessem ao capitalismo em si, e sim a alguns tipos de capitalismo”, explicou. “O capitalismo é um fenômeno global, um sistema que pode funcionar em qualquer civilização. Devemos rejeitar essa ideia de um relativismo do capitalismo, pois ele é multicultural”, pontuou o filósofo.
Žižek afirmou que mesmo o imperialismo colonial foi multicultural, e usou como exemplo a colonização britânica na Índia, que teria reintroduzido o sistema de castas no país – depois tido pelos indianos como um traço cultural seu e, portanto, fazendo com que sua manutenção ganhasse a aparência de um ato anticolonialista. “Em um processo dialético, você perde alguma coisa, mas o que você perde não precede a perda. Você perde algo e retroativamente o sonho de ter o que você perdeu emerge”, explicou Žižek.

A crise na Europa e a “ameaça liberal”

Sobre a recente crise na Europa e a decorrente ascensão do nazifascismo na região, em especial na Grécia, o filósofo afirmou que “o que está acontecendo na Europa não é um fenômeno mundial, e sim algo muito particular”. Para ele, estes grupos que buscam proteger o legado europeu são a verdadeira ameaça da região. “Há coisas no legado europeu pelas quais vale a pena lutar, como o estado de bem estar social, mas não é isso que está ocorrendo”, lamentou.
Ainda assim, Žižek lembrou do perigo de que a retórica contrária aos grupos nazifascistas consiga unir os liberais e os esquerdistas. “Eu não ficaria muito fascinado com esse perigo do novo fundamentalismo. É uma ameaça liberal, como se eles dissessem ‘esqueça as suas ideologias, temos um mesmo inimigo’, e não é tão simples assim”, explicou.

“Precisamos lembrar que são as dinâmicas do capitalismo global que geram o fundamentalismo”, ressaltou Žižek. “Então há um limite na interação entre os esquerdistas e os liberais na luta contra o fundamentalismo. Temos que permanecer esquerdistas como princípio”, pontuou.

Žižek, que diz de si mesmo não ser um “otimista fácil”, voltou à Hegel para finalizar sua fala pedindo que a esquerda não se deixe carregar “no trem da história”, aguardando passivamente um progresso futuro. “Se o capitalismo seguir no rumo em que está indo, vamos acabar com uma sociedade na qual eu não gostaria de viver”, alertou o filósofo. “Na Eslovênia, costumamos dizer que sempre há uma luz no final do túnel. E essa luz é, geralmente, o farol de um outro trem vindo na nossa direção”, sentenciou ele.


O legado de Chávez, por Rubens Ricupero


Enviado por luisnassif, qua, 06/03/2013 - 16:22

Por Fernando G Trindade

Há um artigo no jornal Valor de hoje, do Embaixador Rubens Ricúpero, que me surpreendeu pela compreensão do fenômeno Chávez. Uma excelente análise que termina com uma comovente lembrança da história de 'Nuestra América'.


Do Valor Econômico


O legado de Chávez

Rubens Ricupero

Hugo Chávez passará à história como a manifestação mais inconfundível da afirmação de um ator político novo na América Latina: as periferias das metrópoles nascidas da urbanização explosiva das últimas décadas. Ele foi um dos primeiros a intuir que essas periferias não se sentiam representadas pelos partidos tradicionais dado o fracasso destes em melhorar a vida das maiorias. Preenchendo esse vácuo, seu gênio foi tentar dar às periferias expressão própria, canalizando assim o descrédito desses partidos e instituições para um movimento de redistribuição imediata de benefícios tangíveis aos mais carentes: saúde, educação pública, moradia, alimentos.

O tempo histórico de Chávez é diferente do que prejudicou muitos líderes populares anteriores no continente. Ele é o primeiro a surgir após a Guerra Fria e o fim do comunismo. Isso e a concentração estratégica americana no Oriente Médio explicam que os Estados Unidos tenham se acomodado, embora de mau grado, a seu anti-imperialismo.

Sua circunstância nacional também contrasta com a da redemocratização na Argentina, no Brasil e no Chile no início dos anos 1980. Ele não teve de reagir contra uma ditadura militar (a última terminara na Venezuela em 1958). Seu duplo alvo eram os partidos desmoralizados da democracia tradicional e a ortodoxia econômica do Consenso de Washington, que impusera o pacote de ajuste econômico acertado com o Fundo Monetário Internacional (FMI) pelo presidente Carlos Andrés Pérez (1989). O violento protesto popular contra o pacote, o "caracazo", e sua brutal repressão estão na raiz da ascensão que, depois de muitas peripécias, levaria o jovem oficial paraquedista ao poder (1999).

Entende-se assim que suas prioridades fossem a refundação da República e uma política econômica e social de signo oposto ao consenso neoliberal. A palavra refundação sugere que a independência promovida por Simón Bolívar havia sido confiscada pela oligarquia. Impunha-se, portanto, abandonar as instituições tradicionais mediante reformas que rompessem os mecanismos eleitorais, legislativos e judiciais de perpetuação da oligarquia no poder.

A refundação visava reinventar uma democracia nova, de participação direta, não mais do tipo clássico de partidos e representação indireta. A participação se efetivaria por meio de mecanismos inovadores e pelo recurso frequente a referendos e consultas diretas aos cidadãos. Uma das consequências é a autorização de reeleições sucessivas do presidente, que não escondia a aspiração de governar até 2031. Desaparece na prática o sistema de pesos e contrapesos e a verdadeira possibilidade de alternância no poder, características da democracia representativa.

Na visão chavista, seria essa a única maneira de transformar a economia no sentido de uma radical redistribuição da riqueza e dos recursos naturais em favor da maioria pobre e mestiça. Para isso criaram-se mais de 20 programas assistenciais ou de transferência de renda, as chamadas "misiones bolivarianas". Os preços altos do petróleo forneceram a Chávez os meios para realizar esse programa, conquistando o apoio dedicado de mais da metade da população.

Multiplicaram-se nacionalizações e intervenções nas atividades produtivas sem que tivesse havido real transformação das estruturas da economia. Apesar do ambicioso objetivo de construir o "Socialismo do Século XXI", a Venezuela continua a ser o que sempre foi ao longo desses cem anos: uma economia rentista de petróleo. O que mudou foi o setor que se apropria agora da maior parcela dessa renda.

O petróleo financiou também a ajuda a Cuba, aos caribenhos e a criação da Alba, Aliança Bolivariana. Embora haja alguma semelhança entre os bolivarianos, as diferenças são ainda mais acentuadas. No fundo, o modelo chavista não se mostrou exportável devido à especificidade petrolífera venezuelana.

Dotado de grande habilidade tática, Chávez sobreviveu ao golpe de 2002, à greve geral daquele ano e à derrota de sua reforma constitucional de 2007. A maioria do chavismo é indiscutível, mas a oposição oscila em torno de significativa parcela de 40% do eleitorado, expressão de sociedade polarizada e radicalizada em dois segmentos diferenciados pela classe social e até pelo grau de miscigenação racial.

O desaparecimento de Hugo Chávez não significará a extinção do movimento de genuína base social que fundou, da mesma forma que não se apagaram os legados de Getúlio Vargas, Juan Perón ou Haya de La Torre. Não é impossível que, num primeiro momento, sua morte gere (como no suicídio de Getúlio ou na morte de Néstor Kirchner) um efeito de simpatia em favor dos sucessores. É o que parece ter ocorrido nas eleições regionais de dezembro, em que a oposição só conseguiu manter três dos sete governos estaduais que detinha. O desafio do chavismo virá mais adiante, devido ao seu fracasso na economia e na efetivação de muitas das reformas que tentou introduzir.

Ainda assim, seria pecar por superficialidade subestimar Chávez devido a seus dotes histriônicos ou descartá-lo como mais um caudilho populista latino-americano, ignorando a profunda aspiração de transformação social e cultural à qual buscou dar expressão. A ascensão dos setores populares próximos da linha de pobreza, sua exigência de dignidade e vida melhor, continuarão a alimentar na Venezuela e na América Latina movimentos que só se esgotarão quando se realizar sua promessa. Como o surgimento de um ator novo acarreta mudanças na posição de outros, é provável que isso gere desestabilização por décadas como aconteceu na Europa do século XIX.

Não compreender por que milhões de venezuelanos rezam por Chávez é repetir a experiência narrada por Ernesto Sabato sobre a queda de Perón em 1955. O escritor comemorava com amigos intelectuais e profissionais liberais o fim do ditador que envergonhava a Argentina até que, em certo momento, teve de entrar na cozinha. Lá, todos os empregados choravam...

Rubens Ricupero foi ministro da Fazenda (1994) e atualmente é diretor da Faculdade de Economia da Faap






























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