“O Hotel Braga
deveria ser revitalizado e não demolido, como foi o caso da Casa Telles”, disse
Luiza Miranda,
leitora do Jornal Consciência da Mata, nesta manhã de quarta-feira, 6 de março de
2013, às 06:21, ao ver a
imagem daquele tradicional prédio, com as placas de aço a interditar a fachada
na esquina de Praça 28 de Setembro com Rua Presidente Antônio Carlos. A interdição corresponde à sua parte sujeita a
desmoronamento, conforme vistoria do Corpo de Bombeiros, de Ubá, nas vésperas
do Carnaval. O lado que dá frente para a Praça Getúlio Vargas(Estação)
encontra-se fora de perigo.
Hotel Braga e placa de interdição. Imagem: Site da Prefeitura.
Hotel Braga, Fachada para Praça Getúlio Vargas(Estação). Lateral para Rua Presidente Antônio Carlos. Imagem: Danton Ferreira
Por
coincidência, a parte condenada faz divisa com o lote vazio onde existiu a Casa
Telles, durante muito tempo a casa comercial mais importante do Município,
fundada por Adriano Telles e Abílio Mesquita no Século XIX. Esses portugueses “compravam todo o café, feijão, milho
etc. da vasta Zona a Mata. Construíram na cidade três engenhos de café e fundaram
o Banco Mineiro para financiar os lavradores da região”(Edgard Amin). O prédio
onde funcionou o Banco Mineiro ainda se encontra como testemunha dos tempos no
terreno dessa Casa, de frente para a Praça da Estação.
Divisa do Hotel Braga com o lote da Casa Telles. Imagem: Site da Prefeitura
Divisa do Hotel Braga com o lote da Casa Telles. Imagem: Site da Prefeitura
Lote vazio, o que restou da Casa Telles. CM
Praça da Estação. Prédio com meia sombra: antigo Banco Mineiro. CM
Banco Mineiro - Praça Getúlio Vargas(Estação). Imagem: Danton Ferreira
Quando havia tentativa de preservar a fachada da Casa Telles,
o bisneto de Adriano Telles, Artur Galvão Teles Tomé, escreveu-nos de Portugal:
“Considero
lamentável se não for possível salvaguardar a fachada da Casa Telles. É um
marco de uma época e em termos de arquitectura é por demais óbvio que tem
interesse.”
Praça 28 de Setembro. À esquerda, fachada da Casa Telles escorada. CM
Correspondência de Edgard Amin nos diz:
“A Casa fornecia mercadorias para toda a Zona da Mata, tornando-se forte
politicamente, tanto que elegeu os Deputados Carlos Peixoto Filho, Celso
Machado e Eugênio de Melo na ocasião.”
Edgar ainda nos informa que em “Portugal, oito casas,
filiais, denominadas “A BRASILEIRA”, onde vendiam em todo o país, produtos
brasileiros como carne seca, café, farinha de mandioca, pimenta, entre outros. Visconde
do Rio Branco tornou-se conhecida em todo canto de Portugal.”
Dona
Theresinha de Almeida Pinto,Fundadora e
Diretora Voluntária do Museu Municipal de Visconde do Rio Branco e
Ex-Presidente do Conselho
Consultivo Municipal para Fins de Tombamento do Patrimônio Histórico de
Visconde do Rio Branco(MG) fala com tristeza sobre a Casa Telles:
“Quem
abrir a história do prof. Oiliam José e ler o capítulo dedicado à Casa Telles e
seu fundador Adriano Telles, por certo, compreenderá a razão de nosso interesse
em preservar um pedacinho daquela parede. Tudo em vão. A luta de muitos anos
teve fim insatisfatório. A parede centenária foi destruída da noite para o dia,
ficando um vácuo na Praça 28 de Setembro, que roubou parte de sua identidade
física e histórica.”
Imagem: Rita Lopes
Casa Telles(Ao Preço Fixo). Imagem: Cristóvão Ferreira
O Hotel Braga, por sua vez - salvo
correção que receberíamos com prazer - pode ter sido a hospedagem do Presidente
Antônio Carlos, quando de visita a Visconde do Rio Branco. Talvez por esta razão aquela Rua desde a Praça
28 de Setembro até a Rua Dr. Linch, depois da Ponte do Carrapicho, tenha
recebido o seu nome. Não temos dados comprobatórios. Esperamos que nossos
historiadores nos informem.
Há imensa riqueza de depoimentos sobre
o furor de destruição da cultura, da história, da arquitetura deste Município.
Há rumores
de fontes confiáveis, embora não confirmados, de que se pretende demolir o
prédio do Hotel Braga, para erguer ali um centro comercial.
Do mesmo
modo, as três casas inventariadas na Rua Floriano Peixoto, que sofreram embargo
judicial no processo de demolição, tiveram relaxado o embargo, não por
conclusão do ritual processual, mas por pressão de bastidores a esmo dos
trâmites normais.
E ali também
se anuncia que será construído um centro comercial.
Casa do Sr. Chicre Amin. Imagem: Isah Baptista
Casa da Mariazinha. Imagem: Isah Baptista
As três casas inventariadas e demolidas. Imagem: Isah Baptista
Ponto de embargo da demolição. CM
O Centro da cidade, notadamente a Praça
28 de Setembro e seu entorno, já se encontra com o espaço saturado para
circulação e manobras de veículos. A revitalização do prédio do Hotel Braga,
como sugere nossa leitora Luiza Miranda, é o que há de mais sensato. Se não
houver interesse da iniciativa privada em utilizá-lo, poderá ser bem
aproveitado como centro de educação pública, uma faculdade ou escola de tempo
integral. A cidade está carente nessa
área. E é um local de fácil acesso para estudantes e educadores, além de sua
função histórica. Os espaços ideais para levantamento de edifícios e de
construção de centros comerciais são, preferencialmente as avenidas, como a São
João Batista e a Dr. Carlos Soares(Rua Nova), ambas em linha reta
e planas. Toda avenida com edifícios laterais
ganham excelente estética e belo visual.
Ainda há muitos pontos apropriados na periferia para receberem os ares
do progresso. Leve-se em conta que as pistas de rodagem
do Centro têm sofrido muito com o trânsito pesado e intenso, e apresentam
defeitos constantemente.
Vem de longo tempo a visão de que é
preciso descentralizar as atividades em Visconde do Rio Branco. O Hospital São João Batista foi o primeiro
exemplo, no começo do Século Passado. A construção
do Terminal Rodoviário no final do Século, e, recentemente, as obras do novo
Fórum.
Na Praça Jorge Carone Filho. Imagem: Danton Ferreira
Terminal rodoviário. Entre Final da Rua Nova e Rua General Ozório Imagem: Isah Baptista
Obras do Novo Fórum. Rua Eugênio de Melo. CM 12/02/2013
Essa persistência em destruir a
história, a arquitetura e a identidade da área central choca-se com o
bom-senso, o amor à terra, e o respeito à sua população.
(Franklin Netto – viscondedoriobrancominasgerais@gmail.com)
Para mim, os crimes ao patrimônio histórico tinham de ser considerados inafiançáveis e sob pena de prisão perpétua sem regalia, extensiva aos políticos.
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