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Anular a Reforma da Previdência - por Luciana Genro
Imagem: jesocarneiro.com.br
Proposta ao Diretório Nacional do PSOL,
A todos os militantes do Partido:
A todos os militantes do Partido:
Em 2013 completa-se 10 anos da histórica luta contra a Reforma da Previdência. Para nós do PSOL a votação da Reforma da Previdência tem uma importância ímpar. Não só por que ela atacou direitos dos servidores, instituindo a cobrança de contribuição previdenciária dos aposentados e implementando, para os servidores públicos, o mesmo teto que FHC havia imposto aos aposentados pelo INSS. Aquele momento político também tem uma importância especial por que o PSOL nasceu desta luta. Foi por votar contra a Reforma da Previdência que eu, Heloísa Helena, Babá e João Fontes fomos expulsos do PT. Foi no calor da greve e das passeatas dos servidores em Brasília que plantamos a semente da qual brotou o PSOL. O partido, portanto, nasceu da nossa recusa em trair os interesses dos trabalhadores.
O julgamento do mensalão ainda não terminou, mas alguns fatos já emergiram, claros como o dia: o mensalão existiu, houve compra de votos de parlamentares, esta compra de votos ocorreu durante votações importantes, sendo a mais controversa delas, a reforma da previdência, em 2003. Estes fatos indignaram o Brasil, empurrando o STF a acelerar o julgamento dos réus e, ao que parece, a decidir por penas elevadas.
Ainda não há trânsito em julgado, mas a tese sobre a qual repousam as condenações é que houve compra de votos de parlamentares durante aquelas votações, e esta tese não vai ser alterada até o trânsito em julgado de todas as condenações.
A constatação de que a aprovação de mudanças legislativas foi contaminada pela compra de votos não é um fato de menor importância. Diante disso a bancada do PSOL no Congresso Nacional já anunciou a importante iniciativa de ingressar com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade ( ADin)junto ao Supremo Tribunal Federal pedindo a anulação da Reforma da Previdência.
A constatação de que a aprovação de mudanças legislativas foi contaminada pela compra de votos não é um fato de menor importância. Diante disso a bancada do PSOL no Congresso Nacional já anunciou a importante iniciativa de ingressar com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade ( ADin)junto ao Supremo Tribunal Federal pedindo a anulação da Reforma da Previdência.
Esta ação jurídica tem que ser o gancho para uma grande campanha encabeçada pelo PSOL. Agora que está provado que esta Reforma foi comprada, o PSOL precisa, novamente, tomar a frente da luta em defesa dos interesses dos servidores públicos, no caso, através de uma bandeira que é conectada com todos os que não aceitam a corrupção e a compra de votos como mais um método para atacar os interesses do povo . É hora de uma grande campanha pela anulação da Reforma da Previdência, junto com os sindicatos e movimentos sociais, buscando ampliar com apoio de outros setores políticos, como o PSTU por exemplo.
Esta é, além disso, uma campanha com caráter pedagógico. Temos que interferir contra a consolidação da ideia de que o STF é o grande guardião dos interesses do povo. Esta é uma ideologia que foi, propositadamente, fortalecida com as condenações. É uma forma de fortalecer o regime, e o PSOL tem que ser o partido anti-regime.
Nossa campanha vai colocar os Ministros do STF contra a parede pois eles, em nome da “segurança jurídica”, vão buscar os argumentos para justificar a manutenção das leis e mudanças constitucionais votadas durante o mensalão. Isso é inaceitável. Exigimos também o julgamento dos outros mensalões , particularmente o do PSDB, origem de todo o esquema, e exigimos a anulação de todas as votações compradas. É tão evidente que estas leis são ilegítimas que o ministro Celso de Mello, durante um de seus votos no julgamento, afirmou que a compra de votos pode sim configurar inconstitucionalidade formal. “É o mesmo que ocorre com um juiz corrupto, no qual suas sentenças podem ser anuladas mesmo que estejam em trânsito julgado”, disse. O Ministro Lewandowski também foi explícito: “Se este plenário decidir que houve fraude na reforma tributária e reforma previdenciária, a consciência dos parlamentares foi comprada. Aí cabe a nulidade. É uma afirmação muito séria.”
Em instâncias inferiores do Judiciário o questionamento da reforma já começou a acontecer. Em Minas Gerais a viúva de um pensionista conseguiu anular os efeitos da medida e conquistou a restituição do valor integral do benefício que recebe em função da aposentadoria do marido. Na sentença o Juiz de Minas, Guilherme Arantes afirma:
“A votação da Emenda 41 de 2003 foi fruto da aprovação dos parlamentares que se venderam, culminando na redução de direitos previdenciários de servidores e a privatização de parte do sistema público de seguridade”.
“A votação da Emenda 41 de 2003 foi fruto da aprovação dos parlamentares que se venderam, culminando na redução de direitos previdenciários de servidores e a privatização de parte do sistema público de seguridade”.
Os advogados do PSOL podem cumprir um papel objetivo nesta luta, ajuizando ações de caso concreto,pedindo por exemplo a suspensão da cobrança de contribuição dos aposentados e a devolução de tudo o que foi pago. Podemos aumentar o debate que já ocorre dentro do Poder Judiciário sobre a situação destas leis, e através da nossa campanha influenciar a discussão.
Através da realização de atos em todas as capitais e nas principais cidades de cada Estado o PSOL pode ser a ponta de lança deste movimento, e ele pode crescer, cumprindo um papel objetivo na conjuntura política do país. Me coloco à disposição da Direção Nacional para ajudar no planejamento deste movimento e em conjunto com as Direções Estaduais do partido fazer uma grande agenda de atos pelo país.
Saudações socialistas,
Luciana Genro
Luciana Genro
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