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CLASSE MÉDIA E CONSUMO CONSPÍCUO
Por Paulo Timm – Copyleft – Autorizada publicação todos os meios
Torres 16 de maio 2013
A mídia está concentrada na Medida Provisória que redefine a regulação dos portos no Brasil.
Curioso: Ninguém sabe direito do que trata a dita Medida Provisória. Provavelmente, sequer os dignos parlamentares, os quais votam, em sua maioria, influenciados por interesses menores ou influência de seus respectivos líderes. A mídia, até para poder manter altos índices de audiência, evita entrar em detalhes. E a inteligência do país, perplexa, já bastante ressabiada com a “Década da Inserção”, não pelos seus belos feitos, mas pelo discurso que se lhe segue, restringe-se aos blogs. Aí podemos perceber que a MP é, na verdade, uma nova “Abertura dos Portos”, que fere a consciência nacional; que o recurso à Medida Provisória, para tal fim, é uma excrescência do centralismo de Poder no Executivos; que o assunto, pela gravidade das lacunas na infra-estrutura, deveria ter sido tratado há mais tempo; que o conceito de Base Aliada, tal como vem se sustentando, é altamente pernicioso e certamente excessivo para os fins a que se pretende o Governo; que medidas privatizantes encontrariam muito mais respaldo na Oposição do que na própria Base Aliada. Enfim, como diz um dos maiores especialistas no tema dos Portos- Samuel Gomes e que se debruçou na análise da MP em pauta: “Que bom que a dita MP está por um fio...” e explica em artigo publicado nowww.cartamaior.com.br:
A quem serve a MP dos Portos? Por José Augusto Valente e Samuel Gomes*
A principal consequência da MP 595 – e a mais nociva – é a possibilidade de prestação de serviço público de exploração de portos por empresas privadas sem licitação. Ele põe fim ao modelo vigente, conhecido como 'Land Lord Port', que tem apenas 20 anos de implantação e é praticado em todo o mundo.
Escancarados ou não nossos portos, a verdade é que as pessoas saem com mais facilidade para o exterior do que as mercadorias. Ainda não são commodities.Mas provocam, com suas idas e vindas , atos de comércio, com reflexos no câmbio e Balança de Pagamentos. .E o movimento de brasileiros para o exterior irá, certamente, se acentuar nos próximos anos. Nossos gastos por lá excedem em muito, apesar de nossa riqueza turística interna, os “deles”por aqui e vem alcançando recordes mês a mês:
Gastos de brasileiros em viagens ao exterior são recorde para março
Brasília – Os gastos de brasileiros em viagem ao exterior chegaram a US$ 1,870 bilhão em março deste ano, segundo dados do Banco Central (BC), divulgados hoje (24). É o maior resultado para o período na série histórica do BC, iniciada em 1969. Em março de 2012, as despesas ficaram em US$ 1,627 bilhão.
No primeiro trimestre deste ano, os gastos de brasileiros em viagem ao exterior somaram US$ 6,022 bilhões, contra US$ 5,381 bilhões de igual período de 2012. As despesas do primeiro trimestre de 2013 também são recorde para o período.
De acordo com avaliação do chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, o aumento da renda dos brasileiros tem “favorecido” as viagens ao exterior. Segundo ele, os dados parciais de abril, até o dia 22, indicam continuidade do crescimento dessas viagens.
Em abril, até o dia 22, os gastos de brasileiros no exterior ficaram em US$ 1,513 bilhão, enquanto as receitas de estrangeiros que visitaram o Brasil chegaram a US$ 454 milhões.
Não me ocorre sugerir restrições à livre movimentação dos brasileiros para o exterior. Afinal, é nossa liberdade de “ir e vir”... Mas de trazer este fato à borda dos acontecimentos, problematizando-o. Para isto servem os intelectuais. Eles existem, como diria o Chacrinha, para “confundir”...
Esta seria- o déficit - uma conseqüência, como afirma o chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, da elevação do nível de renda dos brasileiros, ligado – isso ele não aventura dizer -, à incorporação de 30 milhões de pobres à classe média?Digo que não. Por duas razões: Primeiro, nossa sociedade continua, como afirma Jessé Souza, o único acadêmico que estuda a questão da classe média no Brasil, a mesma de sempre. Divida em quatro grandes “classes”: A elite, que não chega a 1% da população portadora de um patrimônio econômico considerável, na forma do controle da propriedade e de grande parte das receitas públicas, através de direitos aos rendimentos no Mercado Financeiro; a classe média tradicional, pouco maior do que 5% , detentora de um patrimônio cultural; as classes populares emergentes, em torno de 40%, beneficiadas pela estabilização da moeda, da elevação dos salários médio e mínimo, na Era PT, e das transferências do Estado; e a grande massa restante. Estas duas últimas não estão fazendo viagens nem à Disneylandia , nem ao Louvre...Quais são as classes sociais do Brasil?Basicamente, quatro. A alta, que tem capital econômico. Tem a classe média, que não é tão privilegiada quanto a alta, mas se apropria de um capital cultural valorizado, saber científico, pós-graduação, línguas estrangeiras, um conhecimento que tem valor econômico. Essas duas são as classes do privilégio. Para a classe alta, o mais importante é o capital econômico, embora o capital cultural tenha uma função. E, para a classe média, o que prevalece é o capital cultural, embora algum capital econômico também seja necessário. Os dois segmentos sociais “superiores”, nos quais “a segunda” mimetiza o “mais superior” em estilos de vida, ambições e comportamentos sociais são os que viajam para o exterior. A classe média alta recolheu do berço das monarquias européias, o fino trato nos modos do culto da nobreza de gestos e o bovarismo . Daí porque se constitui como detentora de um patrimônio cultural, num processo de diferenciação crescente da cultura popular. “Quando pessoas sem origem precisam tomar posição em meio a outras percebidas como donas do lugar, a cultura torna-se signo de ascensão social e terreno real da luta por reconhecimento”. Seus filhos, aliás, indo para a Europa ou Estados Unidos , depois de algum tempo, livres do efeito subserviente de seus ancestrais à imagem da Casa Grande, dão-se conta do caráter perdulário de suas famílias no Brasil e se ajustam a um estilo de vida mais simples lá vigente. Tenho comigo uma infinidade de depoimentos no FACEBOOK a respeito, mas recomenda a leitura desta reportagem :
30/10/2010 || MULHERES PELO MUNDO
Outro fator exclui as classes pobres, seja a classe média precarizada, recém ingressa no mercado e os que dela ainda estão longe: uma herança de privações e estilos de vida que a torna menos propensa ao servilismo. Pesquisa do próprio Jessé Souza o demonstram.
As viagens ao exterior, portanto, se inserem naquilo que Veblen, ao final do século XIX já advertia como consumo conspícuo em sua análise sobre a classe média americana. Um exagero, acentuado pelo caráter da produção capitalista para uma sociedade de objetos, a que as classes emergentes se entregavam como necessidade de afirmação social, dando origem à “querela do luxo”, que está, segundo Lacan, na origem dos três ideais modernos: autonomia, independência e amor concluído (autenticidade). “. O processo de escolha soa vulgar, a decisão de compra figura imprópria, a performance de uso é inautêntica, e o conjunto cai como ‘mostração’.” Isto porque o consumo se fundamenta em três exigências que assim se expressam: autenticidade, autonomia e não dependência. Elas impõem correspondentes soluções à forma como nos desligamos de um lugar de origem (não dependência), subjetivamos um complexo de desejos (autonomia) e destinamos o resíduo que acompanha a operação de consumo (autenticidade):
(Christian Dunker - A querela psicanalítica do consumo
Nos últimos anos, com a revolução eletrônica, a sociedade de objetos entremeou-se com a sociedade de serviços e o consumo conspícuo, antes restrito à bens, estendeu-se, do conforto às sensações, entre os quais o divertimento e o lazer. Na verdade, o consumo durante os momentos de lazer são mais direcionados ao “consumo de sensações”do que ao consumo de bens tangíveis. Uma autora bem descreve esta mudança que reforça o desejo da classe média alta às viagens internacionais:
1. Os laços entre lazer e consumo tendem a manter-se e a estreitar-se em algumasAs lojas de departamento promoveram uma revolução na estrutura do comércio varejista e associaram um novo elemento às características do consumo: o prazer. Seu casamento tende a ser duradouro desde que se ajuste a algumas tendências da sociedade e do mercado.
2. O advento da Internet muda a estrutura do lazer na área relacionada ao consumo de produtos culturais.
3. A cultura do consumo tem um espectro mais amplo que o acesso efetivo a itens de consumo ou de lazer pela população - Há muita gente excluída do lazer e de muitas formas de consumo, apesar de participar da cultura do consumo . Em outros segmentos, que são e – ao que tudo indica – tendem a permanecer particularmente abundantes em países do Terceiro Mundo, estaremos propensos a encontrar camadas de baixa renda ou sem emprego que não têm acesso significativo ao mercado real de consumo – especialmente ao consumo de lazer – apesar de participarem da cultura doconsumo (por exemplo, o office-boy que usa um tênis Nike comprado a prestação e o pivete que o obtém por meio do roubo).
(Iúri Novaes Luna - SERES HUMANOS,TRABALHO E UTOPIAS- Universidade do Sul de Santa Catarina, Florianópolis, Brasil)
Diante disso, é evidente que a abertura do país ao exterior, se bem fundamental à construção de uma sociedade livre, tem evidenciado, no caso brasileiro, herdeiro de profundas diferenças sociais, um privilégio da elite e da classe média tradicional, comprovando-se isto pelo números de turistas brasileiros no exterior. Os gastos destes turistas é elevado, mais elevado do que a média européia e países asiáticos, mas em números relativos ao tamanho da nossa população, ínfimo. Número, aliás, próximo dos grupos sociais mais privilegiados.
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DENISE LUNA
LUCAS VETTORAZZO
DO RIO
LUCAS VETTORAZZO
DO RIO
Com a venda de todos os blocos ofertados na parte marítima da Bacia do Espírito Santo, a 11ª rodada da ANP (Agência Nacional do Petróleo) ultrapassou o recorde anterior em arrecadação, ao atingir R$ 2,3 bilhões, valor acima do estimado pela agência reguladora.
A ANP previa que, no mínimo, R$ 2 bilhões seriam arrecadados com o leilão. O setor já esperava arrecadação recorde.
A nona rodada de licitações da ANP, ocorrida em 2007, arrecadou R$ 2,1 bilhões. Com a conclusão do leilão da bacia do Espírito Santo, cinco de onze bacias já foram licitadas.
A Bacia Marítima do Espírito Santo ofertou 6 blocos e arrecadou R$ 494 milhões, com investimentos de R$ 1,2 bilhão.A Statoil levou todos os blocos da bacia, em parceria com a Petrobras e outras empresas. Em dois blocos, as duas petroleiras tiveram a parceria da Queiroz Galvão. Em outros dois, as companhias se associaram à francesa Total. E em um terceiro bloco, Statoil e Petrobras dividiram a sociedade meio a meio.
OUTRAS BACIAS
A Bacia do Parnaíba ofertou 20 áreas em terra e arrecadou R$ 61,3 milhões, com investimentos previstos de R$ 443,4 milhões. A grande vencedora foi a brasileira Petra Energia, que levou nove blocos na regão. A bacia tem potencial para descobertas de gás natural. Todas as áreas foram vendidas.
A Bacia da Foz do Amazonas localizada na costa do Amapá, região norte do país, totalizou ofertas de R$ 750,1 milhões, com previsão de investimento de R$ 1,5 bilhão. A região foi a que recebeu a maior oferta na história dos leilões da ANP, com lance de R$ 345,9 milhões, feito pelo consórcio formado pela francesa Total (40%), Petrobras (30%) e a britânica BP (30%).O lance superou oferta ocorrida na nona rodada, em 2007, feita pela OGX, de Eike Batista, para uma área na Bacia Santos, por R$ 344 milhões. A bacia ofertou 97 blocos, dos quais 14 foram adquiridos e 83 não tiveram oferta. As grandes petroleiras se interessaram pelos ativos na região norte da área concedida pela ANP. O local fica próximo da Guiana Francesa, onde recentemente ocorreram importantes descobertas.
A Bacia de Barreirinhas arrecadou R$ 304 milhões e promessa de investimentos de R$ 364 milhões. Foram ofertados 26 blocos, dos quais 12 em águas rasas e 14 em águas profundas. A novidade da bacia foi a compra de quatro blocos pela estreante Chariot. A empresa originária de Guernesei, uma ilha no Canal da Mancha independente do Reino Unido, comprou quatro lotes por R$ 4,2 milhões.
A Bacia de Potiguar, no Rio Grande do Norte, arrecadou R$ 127,6 milhões, incluindo blocos no mar e em terra. A Petrobras, que, até então, só tinha entrado no leilão com participação minoritária em outros consórcios, pagou R$ 1,4 milhão por dois blocos.
As cinco bacias ofertadas até o momento têm 15 dos 23 setores que serão leiloados. Ao todo, os setores têm 289 blocos, totalizando 155,8 mil km2.
Este é o primeiro leilão após cinco anos de espera da indústria. Iniciados em 1999 e realizados anualmente, os leilões com a oferta de áreas expressivas de petróleo e gás foram suspensos em 2007, após as descobertas de reservatórios gigantes do pré-sal, que levaram o governo brasileiro a reformular suas ofertas.Confira, abaixo, onde as bacias estão.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
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