sexta-feira, 3 de maio de 2013

Dengue em Visconde do Rio Branco ficou sem números definidos






      

      Uma coisa podemos deduzir: o número de pessoas afetadas pela Dengue no Município foi alto. Mesmo depois de baixar a temperatura, surgem casos isolados com os seus sintomas.  Muitas pessoas tomam as precauções comuns do uso de soro várias vezes ao dia, os analgésicos e antitérmicos. Dão tempo ao tempo, até que o desarranjo intestinal e os vômitos se normalizem, as dores no corpo diminuam e a febre ceda. 

         Há aqueles que procuram tratamento particular e fazem os exames fora da assistência do SUS – Sistema Único de Saúde.  Se tivesse havido divulgação sistemática do número de notificação e casos confirmados pela Secretaria da Saúde, poder-se-ia estimar a incidência pelo menos ao dobro dos dados oficiais, levando-se em conta os que superaram a fase por conta própria indo ao médico ou não.  A divulgação contribuiria para despertar a população nos hábitos diários para erradicar focos e demais causas que produzem seus efeitos a médio e longo prazo, quando a doença deixa de ser endemia para atingir a abrangência de epidemia.

         Quando a doença toma contornos alarmantes, principalmente se provoca hemorragia e causa óbito, cria-se um clima de terror e se intensificam as ações para descobrir focos de propagação de mosquito Aedes aegypti.  E cada agente de saúde se transforma em um Sherlock Holmes a procurar o inimigo público número 1 tupiniquim.

         Caixa d’água, pneus velhos, latinhas abandonadas, garrafas quebradas sob matagais... todos se tornam suspeitos até prova em contrário. Ainda que seja uma tampinha de garrafa de boca para cima tem de passar pelo visor da Lupa, até se comprovar que não há ovos nem larvas do terrível inimigo.  É recomendável a todos os habitantes verificar se não há vizinho suspeito de deixar a sua caixa destampada. Chega-se ao ponto de criar um “disk-mosquito”, com sigilo garantido para quem denunciar.  Passa o carro fumacê do município, logo depois o do estado. É aconselhado retirar animais das varandas, das janelas no combate feroz ao inimigo oculto.  Só falta chamar as forças armadas a combater por terra e por ar o perigo dengoso, com tanques e aviões de guerra. Tanto foco incógnito que precisa trazer de volta o terrível SNI da Ditadura Militar, ou mais do que isto: agentes da CIA – a espionagem de inteligência dos Estados Unidos. Se os instrumentos da lógica e da ciência fracassam,  às vezes se apela pelas causas na administração passada.

         Nessa mistura da vida imitando a arte, damos um passeio pela cidade, e aparecem vestígios aos olhos de todos, longe dos matagais, fora dos fundos de quintal, das lajes das casas, dos vasos de flores, em plenas vias públicas: as poças de água das chuvas, às vezes caídas há vários dias, e que permanecem onde todo mundo passa.  Não só nas estradas de chão da zona rural, ou das ruas descalçadas da periferia.  Mas nos buracos do calçamento danificado. 

         Há um corredor dessas poças: a trilha formada pela estrada de ferro, nos espaços sem drenagem, entre trilhos de ferro e dormentes, nas suas várias depressões.  A Rua Major Felicíssimo é um exemplo, que por várias outras razões e por mais esta precisa ser pavimentada onde só em meia pista é aproveitada e calçada. 
Rua Major Felicíssimo, próximo ao antigo Beco do Antônio Aleixo. CM 14/04/2013


          Como “um único mosquito desses em toda a sua vida (45 dias em média) pode contaminar até 300 pessoas”(Wikipédia), não dá para se ter ideia de quando o perigo tenha sido erradicado.  Pela incidência explícita no Município e pela sua repetição periódica, fica a impressão de que Visconde do Rio Branco tornou-se um ‘habitat’ natural do Aedes Aegypti.  E alguns médicos acham que no último surto haja aparecido um vírus diferente, ou transformado geneticamente.  E sobre essa provável transmutação a ciência ainda não demonstrou ter chegado a uma conclusão. Poderia haver hipoteticamente um fenômeno genético enquadrado na teoria da evolução da espécie.  Se for, a ciência tem que avançar muito para produzir vacinas tão logo seja detectada nova forma do vírus.   

         Quando se teme aglomeração de pessoas, como nas festas de carnaval, nas passagens de ano e nos estádios de futebol, alguns acham que as pessoas transmitam umas para as outras.  Não é bem assim.  Um mosquito pode infetar várias pessoas ao mesmo tempo.  Nunca uma pessoa transmite o vírus a outra.   

(Franklin Netto – viscondedoriobrancominasgerais@mail.com)

Nenhum comentário:

Postar um comentário