quinta-feira, 18 de julho de 2013

COLUNA DO PAULO TIMM(Torres-RS) - Drops julho 18 - GEOPOLITICA DO PETRÓLEO



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GEOPOLITICA DO PETRÓLEO

Paulo Timm – Torres, julho 18 - copyleft

Segundo Zykbersztajn, produção de petróleo é coisa de países atrasados: "Infelizmente, o que o governo tem mostrado é uma estratégia de futuro que transforma o petróleo, sujo e finito, no principal agente de crescimento econômico, a exemplo do que acontece em governos autocráticos do Oriente Médio". http://exame.abril.com.br/meio-ambiente-e-energia/noticias/ha-muito-ilusionismo-volta-pre-sal-afirmam-especialistas-597962 
Por Reuters, Reuters, Atualizado: 08/07/2013


Vocês estão dando conta do que vai acontecer em novembro, com o leilão do campo de Libra, a joia da coroa do pré-sal? O campo tem reservas comprovadas no valor de 1,5 trilhão de dólares. As empresas que ganharem ficarão com 90% da receita e pagarão 10% em impostos. O governo espera arrecadar 15 bilhões de dólares com a venda. É só isso que o governo do PT está preparando, depois de fazer uma campanha presidencial em que acusava o adversário de ter intenções de privatizar o petróleo. Vamos deixar isso acontecer?
Cesar Benjamin no FACE- julho 2013

 Três matérias mostram o por quê dessa pressão internacional sobre o pré-sal: o gás de Xisto é um blefe, a Arábia Saudita não tem as reservas que lhe são atribuídas e já atingimos o pico de produção do óleo convencional. A insegurança energética dos países desenvolvidos é uma grande preocupação deles e consequentemente, nossa. 
Fernando Siqueira  - www.desenvolvimentistas.com.br


Há tempos a questão Petróleo saiu das manchetes, dos cartazes que defendiam O PETROLEO É NOSSO! , até das conversas do café quando se tratava de avaliar se era melhor: um carro a álcool ou a gasolina. Para ser justo, a passeata do 11 de julho passado, convocada pelas Centrais Sindicais e apoiada pelos Sindicatos ditos petroleiros, levantou a bandeira do fim dos leilões de jazidas de petróleo à iniciativa privada. Passou quase despercebido...Até mesmo o recente falecimento do físico Bautista Vidal, o Pai do Proalcool , crítico mordaz da dependência de combustíveis fósseis, não foi suficiente para trazer o assunto à baila. Poucos se interessam pelo tema. Apenas especialistas, como Ildo Sauer e Fernando Siqueira, entre meus preferidos. É como se já estivéssemos em outra era em termos de fonte de energia. Não obstante, não só o petróleo ainda impera, como, no Brasil, em função do PRÉ SAL, estamos vivendo momentos cruciais de decisão sobre a exploração do diamante negro, que afetam gerações vindouras. O alerta veio-me, outro dia, pelo Facebook, esta odiosa ferramenta tecnológica inventada e controlada pelos gringos:

Vocês estão dando conta do que vai acontecer em novembro, com o leilão do campo de Libra, a joia da coroa do pré-sal? O campo tem reservas comprovadas no valor de 1,5 trilhão de dólares. As empresas que ganharem ficarão com 90% da receita e pagarão 10% em impostos. O governo espera arrecadar 15 bilhões de dólares com a venda. É só isso que o governo do PT está preparando, depois de fazer uma campanha presidencial em que acusava o adversário de ter intenções de privatizar o petróleo. Vamos deixar isso acontecer?

Cesar Benjamin no FACE- julho 2013

Pois é isto: O Governo, premido pelos déficits externos e por uma eventual contração na entrada de capitais, com sérios riscos de explosão cambial e inflação, vem se apressando em fazer leilões para exploração de campos petrolíferos do Pre Sal. Torra, por meia dúzia de dólares, com aplauso da mídia conservadora e da Oposição liberal, que vêem na medida uma abertura à privatização, uma riqueza  que, no futuro não muito distante, valerá bilhões. E lá se vão, precocemente,  nossas reservas, enquanto discutimos para onde deverão ir os parcos rendimentos desta orgia. Pior: como diz D.Zylbersztajn, lamentando o tratamento oficial que tem sido dispensado à questão: "Infelizmente, o que o governo tem mostrado é uma estratégia de futuro que transforma o petróleo, sujo e finito, no principal agente de crescimento econômico, a exemplo do que acontece em governos autocráticos do Oriente Médio.
As licitações para exploração do petróleo haviam sido suspensas há cinco anos e foram retomadas em maio. A próxima, do chamado Libra será a maior de todas, prevendo-se a possibilidade de exploração de 1 milhão de barris-dia, para um depósito superior a 10 bilhões, ou seja, metade do que hoje o país já produz:

A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) estima reservas recuperáveis no prospecto de Libra, na bacia de Santos, de 8 a 12 bilhões de barris. Tal volume superaria Tupi, com jazidas que foram estimadas em 2007 entre 5 e 8 bilhões de barris de óleo equivalente.
Considerando a grande reserva, o governo ainda estabeleceu, na semana passada, que o bônus de assinatura --valor que garante a participação das empresas na licitação-- será de 15 bilhões de reais.
http://dinheiro.br.msn.com/governo-v%C3%AA-produ%C3%A7%C3%A3o-m%C3%A9dia-de-12-mil-b-d-por-po%C3%A7o-em-libra-fonte-3

Um manancial desta ordem já exigiria maior debate nacional sobre a matéria. Um dos pontos é o valor a ser cobrado pelo governo no leilão de Libra.

“Campo já descoberto, com perspectivas de reservas de 15 bilhões de barris, com risco zero é absurdo”, denuncia Fernando Siqueira

O Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) publicou no Diário Oficial da União, dia 4 de julho, portaria sobre o contrato de partilha para o primeiro leilão no pré-sal, marcado para o dia 21 de outubro, em Libra na Bacia de Santos (RJ), fixando o percentual mínimo de óleo bruto destinado à União em 40%.

Para Fernando Siqueira, ex-presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobrás (Aepet), atual vice-presidente da entidade e do Clube de Engenharia, a portaria atende à grita geral das petroleiras estrangeiras, inclusive de gerentes do Ministério de Minas e Energia, contra a proposta do deputado André Vargas, que introduziu no projeto do governo sobre os royalties para a Educação um adendo, aprovado pela Câmara, que fixava esse percentual mínimo em 60%. A média mundial é de 83%.

“Fixar 40% para Libra, um campo já descoberto, com perspectivas de reservas de 15 bilhões de barris, com risco zero é absurdo. Imagina o que acontecerá com os demais campos ainda não descobertos”, declarou Siqueira.

Enquanto isto, o cenário do petróleo no mundo vai se modificando rapidamente. Rubens Barbosa, escreveu recentemente um artigo sobre esta nova Geopolítica do Petroleo e destaca duas grandes mudanças:
1.as fontes de produção do petróleo sofrerão profundas mudanças
 2.  demanda global, em especial da China, Índia e Oriente Médio,deverá crescer de 35% a 46% entre 2010 e 2035.

No tocante às fontes, um novo desenho vai substituindo o mapa que adveio do fim da I Grande Guerra, quando os vencedores retalharam o Oriente Médio, grande matriz do produto, a seu bel prazer, sob os escombros do Imperio Turco. Doravante,  o Oriente Médio deixará de ser o grande foco produtor e Noruega, Reino Único, México e Irã deverão ter  queda na capacidade produtiva, deslocando-se o  maior potencial de produção  no Iraque, nos EUA, Canadá e Brasil. Em contrapartida, as maiores importações do produto, mesmo com alguma queda nos respectivos ritmos de crescimento, deverão se deslocar da Europa e USA para o Extremo Oriente: China e India. Não por acaso, portanto, o olhar  estratégico do Pentágono se desloca cada vez mais para a Ásia.

Em 2015, os EUA deverão superar a Rússia e se transformar no maior produtor mundial de gás natural. Até 2017, os mesmos EUA devem  superar a Arábia Saudita e se tornará assim um dos maiores produtores de petróleo do mundo.  De importadores, passarão, até 2025, a ser exportadores de liquido de combustível, graças a um significativo aumento na produção de gás (20% de 2008 a 2012)e de petróleo(37% nesse período)

Mesmo assim, há inúmeras dúvidas sobre o novo cenário: Afinal, as reservas americanas do xisto serão, realmente, aproveitáveis, mesmo com a evidência de grandes desastres ambientais que sua exploração implica? Como se comportarão os futuros preços diante deste novo cenário e na perspectiva de profundas inovações em tecnologias alternativas e concorrentes com o combustível fóssil? O que acontecerá com a energia nuclear, depois do desastre de Fukushima e do crescimento das campanhas contra o uso deste tipo de combustível? Questões estratégias à espera de um grande debate nacional, mais além do clamor das ruas.

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